31 de dezembro de 2007

Eu, por mim mesma, não posso reclamar de 2007. Nesse ano mais conquistei, ou reconquistei, construi - do que destrui - ou perdi, e isso por ser um ano 9 que costuma se caracterizar pelos finais de ciclos, términos. Pelo sair das nossas vidas das coisas que não nos faz bem. De botar a casa em ordem e até de trazer de volta o que nunca deveria ter ido. Por isso um ano de términos e reconciliações.

E eu o termino com um sorriso no rosto e o coração quentinho cheio da "presença" e do carinho de pessoas que para mim são TUDO e das quais estive separada o ano passado, ou ao longo de muitos anos... Bom demais saber que o amor verdadeiro vence tudo, MESMO!

2008 é um ano 1. Ano de recomeços, de construções, de lançar bases, de lançar sementes objetivando conquistas que começam nele, mas vão se efetivar mesmo ali na frente. Conquistas que deverão fazer parte da nossa vida por um bom período de tempo.

Porém sei que 2007 foi um péssimo ano para algumas pessoas que amo profundamente e por elas eu também desejo que ele acabe logo e que, apesar de nada acontecer de efetivo, amanhã encaremos a vida com mais esperança nesse futuro que já começou.

Que 2008 seja o ANO das lágrimas de alegria e dos sonhos realizados!

27 de dezembro de 2007

26 de dezembro de 2007

O Natal foi tranqüilo. Muita alegria, festa, cantoria e risadas como é sempre que nos reunimos na família.

Ah! E teve também comida boa que, aliás, foi feita 90% por mim. Isso foi meio triste de constatar lá pelas 21:00 horas da véspera, quando finalmente subi para tomar um banho e me arrumar: minha mãe já não é 50% da mulher que era há um ano atrás. Me assusta um tanto, porém acho que é o declínio natural. O x é que ele não avisa, sabe? Simplesmente se instala e causa um desconforto que dá vontade de chorar quando se pensa... Mas passou e agora vamos administrando.

O legal desse Natal é que teve também a presença de quem me ama - de longe ou de perto - sob a forma de telefonas e torpedos. Porque amar é isso né? Arrumar um tempo para se fazer presente, mesmo quando parece impossível.

19 de dezembro de 2007

Para reflexão:

* Você nunca mais deu oportunidade a ninguém de chegar perto. Aliás, chegar perto de você, de verdade, nunca foi muito fácil. Você baixa a guarda pra poucos, para bem poucos mesmo.

** Você sempre priorizou e valorizou a amizade. Mesmo na relação, ou se é primordialmente amigo, ou não se é nada.

17 de dezembro de 2007

Depois desse final de semana uma coisa é fato: aboli da minha vida as grandes festas. Assim: promovidas por mim.

Percebi que não vale mesmo a pena você passar o tempo todo se desculpando por não ter dado atenção à todo mundo como você gostaria...

16 de dezembro de 2007

Algumas coisas me acalmam e me devolvem à realidade do que de verdade importa: tomar um bom banho e deixar a água lavar os pensamentos que não deveriam estar aqui... Os sentimentos que se confundem no peito; esfregar a pele com o creme de limão e ao sentir o cheiro invadir as narinas lembrar que é exatamente esse o meu tom: agridoce.

Nem sempre sou quem quero ser. Nem sempre sou quem sou. Mas sempre sou eu em quem sou.

Existem coisas que não vou entender nunca, mesmo depois de muitas e muitas vidas. A mentira despropositada é uma delas... Mentir para angariar sentimentos que na verdade você não acredita merecer, pois se acreditasse não mentiria para obtê-los... Mentiras que roubam...

E, no entanto, uma coisa é fato: nunca mais nada doeu em mim como se o coração tivesse partido. Sabe aquela dor que dá vontade de arrancá-lo do peito com as mãos e o atirar longe? Essa. Nunca mais. E não sei se é por que fiquei mais forte ou se porque desiludi de vez...

13 de dezembro de 2007

"Um mar de gente"...

É isso que me faz pensar aquele mundaréu de pessoas na 25 de Março.

Poderia ser um passeio pitoresco e tinha tudo para ser por conta daquela efusiva mistura de gente. Mas no fim acaba sendo mesmo é deprimente. É triste ver os ambulantes trabalharem em absoluto sobressalto por conta do RAPA. Em questão de meia hora eles montam e desmontam suas barraquinhas de papelão no mínimo cinco vezes. E é exatamente observando essa situação que se cria a consciência de que para os filhos deste solo essa Pátria não é mãe gentil... O que fica é a sensação de que no Brasil se trama a morte da população no congresso e câmaras.

A pessoa não pode trabalhar porque não existe emprego e nem vou entrar no mérito do por que falta emprego, pois a lista de motivos correlacionados é longa e eu passaria dias escrevendo. Resumo o que quero dizer dizendo apenas que o Brasil é o país do "não pode". O cara não pode roubar por que, óbvio, é crime. Mendigar também o é, então não pode igual. Fabricar e vender produtos piratas? Crime irrefutável! Pode não! Terra para plantar e colher não tem... Então me diz: esse povo vai viver do quê? Como vai colocar comida no estômago se nada pode? Não pode ser honesto e nem pode ser bandido. Existir é que não pode e mesmo assim teimamos...

Teimamos e fazemos graça e damos risada, mesmo que não saibamos como conseguimos. Porém eles, eles que lá trabalham e lá fazem seu espetáculo a cada dia, para eles eu tiro o meu chapéu. E são absolutamente versáteis! Quando cheguei não chovia e então proliferavam as banquinhas de tudo que você imaginar: bijuterias, roupas, bonés, óculos de sol, enfeites de natal, pano de prato, bolsa, maquilagem, controle remoto,comida e bebidas. Quando sai do lugar onde almocei chovia e a única coisa que se via sendo vendido pelos ambulantes eram guarda-chuvas e capas de chuva. Juro que parecia que tinham mudado o lugar, nada lembrava o que acontecia antes da chuva.

E o povo que vai à 25 é outro espetáculo a parte. O lugar que almoçamos era pequenininho, uma casa árabe mesmo, tradicionalíssima no pedaço, e cara pra dedéu para quem acostumou pagar uma esfiha R$0,80 - lá é R$ 2,20. Porém é um lugar pequeno, o que nos "obrigou" a dividir mesa com um casal que chegou depois e no qual a moça, constatou o rapaz quando perguntou: "cadê a sacola?", já na primeira loja, esqueceu de retirar os pacotes o que obrigou o namorado a voltar lá para ver se ainda encontrava, enquanto ela se consumia em ansiedade. Começamos a conversar, já que minha irmã é imbatível no quesito simpatia, como nunca vi igual. Quando o namorado voltou trazendo triunfante as compras, ela ficou tão contente que resolveu convencê-lo a provarem o tal do Arak, aguardente árabe feita de anis. Rapaz, o troço devia ser MUITO ruim e virou motivo de risada o resto da refeição, socializando absolutamente todas as mesas em volta, enquanto a gente ria das caretas e impressões dos dois, que passaram a incentivar todos a provarem do copo deles para ver se se livravam da bebida mais depressa. Foi um almoço agradabilíssimo, mesmo que doído no bolso.

E, no entanto, nem isso ajudou a tirar esse travo amargo da alma e que me deixou entristecida o resto do dia... Fiquei pensando que se eu pudesse pedir algo de verdade para ganhar nesse Natal, eu pediria que o Brasil fosse um país para todos.

12 de dezembro de 2007

Hoje fiz algo que achei que nunca mais fosse fazer nessa vida: me benzi.

Quando eu era criança benzedeiras eram uma coisa comum e resolviam uma série de problemas, principalmente infantis. Era coisa de gente simples e "incultas" que não tendo como pagar médicos desenvolviam essa sensibilidade e, mexendo com energias sutis, influenciavam o físico.

Há anos não ouvia falar das rezadeiras e hoje descubro que no meu grupo tem uma e das boas. Ah! Mas num teve dúvida né? Lá fui eu lépida e faceira me benzer, pois acredito demais nos benefícios dessa emanação energética que hoje se traduzem em trabalhos como o Heike, Joorei e passes, vejam só vocês...

Ô bichinho engraçado esse ser humano.
Pô São Pedro! Justo no dia do pic-nic com as minhas borboletas lá do CRI tu me manda essa chuva?

Pisou hein?

Pisou!

11 de dezembro de 2007

Tá, mas se eu fosse mesmo decorar esses cômodos para viver neles, minha casa seria mais ou menos assim:





É, eu fico com o meu banheiro verde, sonho de consumo, sabe como é? Ainda terei um!
Meu banheiro colorido, mas numa só cor:

10 de dezembro de 2007

Minha cozinha colorida:

Meu quarto colorido (pero no mucho):

Minha sala colorida:

E a pessoa vai no site da Coral escolher as tintas para pintar a casa e se depara com esse simulador de ambientes que permite com que você decore o ambiente e teste absolutamnte TODAS as combinações de cores... Tem noção que depois disso eu num faço mais nada? Sorte que eu já tinha feito todas as obrigações do dia. É, mais ou menos, estão faltando os textos para quarta-feira - final de ano do grupo de Conversas e Memórias - mas disso ainda dou conta hoje...

Eu sou adepta de paredes brancas, mas num site de tintas, usar branco é quase um crime né? Então me acabei nas cores e a minha casa seria assim se eu fosse adepta delas:

Minha sala de Jantar:

9 de dezembro de 2007

Estava ali fazendo uns acertos em elementos da minha vida on-line, quando me ocorreu uma conversa que tive há meses com amigos tão ativos no meio virtual quanto eu. O assunto começou quando falamos da morbidade dos perfis de pessoas que já morreram, mas que permanecem "ativos" no Orkut recebendo visitas e mensagens - até de desconhecidos - muitas vezes, pelo fato de ninguém ter acesso à senha para poder encerrar a conta. É, a pessoa morre e tudo dela fica ali à disposição de quem quiser, pois apenas ela tinha as senhas e, geralmente, todas memorizadas de cabeça, já que a primeira regra quando se trata de senhas é: não as escreva em papéis, não as diga nunca a ninguém. Pois. E como tudo nessa vida, isso também tem um lado ruim que é justamente quando você fica impedido de acessar suas contas, por doença ou morte, e a coisa fica ali, ad-eternum, podendo até causar sofrimento aos familiares.

A Beth na época inclusive disse que essa já é uma discussão que rola há tempos em alguns grupos, e que o que a maioria dos usuários tem feito é dar suas senhas a alguém de muita confiança, para que esta pessoa se incumba de pôr fim à sua vida virtual caso algo aconteça com você. É mais ou menos como eleger um "tutor" e fazer um testamento dizendo o que quer que ele faça, caso você não possa mais ter controle sobre esse aspecto da sua vida. "Engraçado" como a internet trouxe novas necessidades e cuidados para a nossa vida, além de prazeres e possibilidades, não é mesmo?

Hoje elegi o meu "guardião" e nem sei o que ele vai achar disso, pois nem estava on-line a hora que fiz isso, mas sendo alguém que já tinha boa parte das minhas senhas o que fiz foi passar as que faltavam e deixar um recado dizendo: se algo me acontecer, ponha fim em tudo ou administre, caso eu passe por um impedimento temporário.

E por falar em morte, estou indo ali no velório e enterro do pai de um querido amigo....

7 de dezembro de 2007

Aqui em casa se fizesse uma competição para ver qual é o mais doido acho que ia ser páreo duro.

Minha irmã ontem quase me mata de rir na hora da janta com as loucuras dela por chocolate. Tenham noção: ela sempre, sempre tem chocolate. Quer comer um e não tem? Peça pra minha irmã! Ela entra no próprio quarto e sai de lá com os chocolates mais inusitados da face da terra.

Ontem ela contou que ainda tem o ovo de Páscoa que ganhou esse ano e eu nem sei porque me surpreendi, pois desde criança é assim: ela guarda o ovo dela e come o da gente. Tanto que depois que meu pai sacou isso, passou a dar-lhe o maior ovo na Páscoa. Não ele não era injusto. É que ai, lá por Outubro, começo de Novembro, um dia ele dizia à mesa: "nós ainda temos um ovo de Páscoa nessa casa"... O que fazia minha irmã emburrar na hora e eu e meu irmão sairmos numa caça louca pelo tal ovo que sempre, sempre era descoberto, por mais que a cada ano ela tentassse aprimorar o esconderijo. Voltávamos vitoriosos com o imenso ovo na mãos e este era partilhado com toda a família. Era a forma do meu pai ensiná-la que aquilo não valia a pena, mas acho que não rolou não.

Conversa vai, conversa vem, lógico que eu e meu irmão tentamos os mais variados tipos de suborno para ela pegar o ovo ontem, nem tanto pra comer, mas para vê-la abrir mão dele, porém não rolou. Ela decidiu que só vai comer esse ovo quando ganhar outro no ano que vem; pode?

6 de dezembro de 2007

E o que não faz um dia de molho pra curar a gripe hein? Hoje foi uma verdadeira "teclorragia"...

Tá, eu sei: devia fazer isso mais vezes, mas...
Ah! E nem contei como foi o reencontro com o "grande amor da minha vida" da adolescência né?

Tudo de bom!

Ele continua igualzinho, só com direito a uns cabelos grisalhos - o charme dos homens aos 40. E a amizade é algo mesmo eterno. Daquela que se traduz num abraço carinhoso e num “eu te amo, de verdade” dito na despedida e na frente da esposa que, por sinal, desabrochou e de uma menina tímida se transformou numa mulher adorável!

Nos reveremos todos em breve, muito breve...
O que me lembra do quanto as pessoas têm deturpado demais o conceito de privacidade. Queria saber quem foi que determinou que só porque você se interessa sobre um determinado assunto que este passa a ser do seu direito. Vejo as pessoas cometendo toda sorte de indiscrição e invasão de privacidade só porque querem e acham que têm o direito de saber aquilo que compete à vida alheia.

E daí que você quer saber, já notou, ou até está suspeitando de algo? Se é sobre a minha vida eu falo quando e com quem bem entender. E se você insiste é um problema de total, completa e irrestrita falta de educação sua. Você até pode estar imbuído dos melhores sentimentos e intenções, porém é aquilo né? Deles “o inferno está cheio”! Sou eu e apenas eu quem decido com quem quero compartilhar a minha privacidade, os meus segredos, pensamentos e sentimentos, não você. Uso-me por exemplo, mas é claro que isso é aplicado à vida de qualquer pessoa, celebridade ou não.

As pessoas precisam recobrar a noção de limite, de espaço alheio e de privacidade. Precisam fazer das suas vidas mais prazerosas para que deixem de se preocupar com o verde da grama do vizinho, que parece sempre mais interessante, até mesmo quando está amarelada. Quem é feliz com a própria existência não tem tempo de cuidar da vida alheia e não, não adianta você bradar que é feliz se está o tempo todo se interessando pelo que acontece com as outras pessoas.

Atitudes valem mais do que mil palavras, digitadas ou ditas.
Ainda sobre as novas regras nos casamentos, contou-me mamãe que agora os “buffets” haviam mudado algumas coisas: nas mesas dos convidados já vem disposto um pratinho com os doces do casamento para o povo largar em paz a mesa de doces e do bolo. Também contou que no fim da festa para evitar que se carregue os doces nas bolsas, passou-se a deixar caixinhas que podem ser montadas com os doces da sua preferência e levadas para casa.

Quanto às caixinhas, nada mais sensato. Afinal se o serviço e a comida da festa foram satisfatórios vocês está mesmo sem conseguir comer um sequer daqueles docinhos e é por isso que muitas vezes sai das festas carregando-os na mão mesmo.

No entanto, isso do pratinho com os doces nas mesas no começo da festa é praticamente institucionalizar a falta de educação, não é não? Lembro de que desde muito criança, embora meus olhos brilhassem de cobiça, a mesa do bolo não era mexida até o momento certo e ninguém morreu por esperar não. Até mesmo quando a espera implicava em ficar vendo serem tiradas aquelas centenas de fotografias...

É, o imediatismo ganhou mesmo proporções e ninguém pode esperar por nada, vai avançando sobre o território alheio e tomando posso sobre tudo o que lhe apetece...
Pegando o gancho do casamento, minha mãe, a pretexto do da semana passada, me contou as novas regras da etiqueta: vestidos longos estão fora de moda! É, ela viu na TV. Pois.

Exceção feita a umas 10 mulheres, todas as outras cerca de 220 estavam absolutamente lindas em seus vestidos, mas completamente out, eu inclusa.

Moda é um troço engraçado né? E quem já assistiu O Diabo Veste Prada em algum momento se pega pensando em como pode uma dúzia de pessoas ditarem o que vestirão milhões pelo planeta. A coisa é toda muito louca!!

Por isso prefiro ter o meu próprio estilo que inclui usar vestido longo até pra ir fazer compras no supermercado. Claro que ai num modelito leve e bem arejado, condizente com o ambiente. É como eu disse para uma amiga: quem tem o corpo e as pernas dela mostra. Quem tem como eu: esconde! Mas não precisa fazê-lo de forma com que perca a elegância.
Semana passada tive o casamento da amiga querida de adolescência que eu não via há cerca de 20 anos.

Ela estava linda! Linda, linda, linda! Pensou numa noiva linda? Era ela!

Na festa maravilhosa que se seguiu, enquanto a via com aquele sorrisão que só ela tem, lembrei que sou o que poderíamos chamar de sua madrinha de beijo... Pois é. Ela é quatro anos mais nova que eu e quando resolveu dar o primeiro beijo me ligou para saber como fazer. É há 20 anos atrás a gente conseguia chegar aos 14 anos sem ter beijado ainda... Lembro que passamos dias envolvidas em longas conversas ao telefone, pois uma das coisas que mais nos apavora é o cara perceber que a gente nunca beijou além do risco de não beijarmos bem... Que agonia! Lógico que rolou muito treino na mão e na boca da garrafa, porque é assim que uma mulher ensina outra a beijar, pensaram o quê?

E isso fez lembrar do meu primeiro beijo que deve ter sido mais cedo que o dela, com uns doze anos e nasceu do inconformismo dos meus primos com o fato de eu ainda não ter beijado. Meu primo convocou o amigo, minha prima me deu as dicas e o bendito aconteceu com hora marcada e dois personagens que mais pareciam trabalhadores se livrando de uma tarefa ingrata com os chefes escondidos: uma trás da cortina e outro embaixo do sofá... Pode uma coisa dessa?

Mas acho que o melhor beijo que ganhei nessa vida, não em performance, mas por ter sido uma completa surpresa, foi o que me roubaram numa escada... Estava no cabeleireiro para fazer luzes quando entra um homem que achei lindo! Quando ele me olhou vi que se interessou tanto quanto eu, porém brochei quando vi a aliança na mão esquerda dele. Casado nem rolava né? Pois. Mas ele nem ai com a alinaça no próprio dedo. Chegou perto e na conversa entre eu, ele e minha cabeleireira, descobrimos que ambos éramos clientes do salão há mais de 5 anos e, no entanto, nunca havíamos nos cruzado por lá. Para ter idéia do quanto se falou, ele ficou em pé ao lado da minha cadeira o tempo todinho que se levou para puxar os fios do reflexo na touca, passar o descolorante e este fazer o efeito – sim, isso foi há muuuuuuuuuuuuuuuuuitos anos atrás! – só indo embora quando fui para o lavatório. Quando ele saiu minha cabeleireira disse: “acho que alguém caiu de quatro por você”... E eu claro que disse que nada a ver, que ele tinha ficado pela conversa boa, pois éramos divertidas e que Deus me livrasse né? Ele era casado!

Cortei o cabelo, fiz escova, mão e pé - algo que comumente faço eu mesma, mas que naquele dia me deu vontade de fazer lá. Paguei, me despedi e quando faço a curva para descer as escadas, já que o salão ficava em cima de um auto-elétrico, quem está sentado na escada esperando? O cabra! Pense ai num susto! Foi o que eu levei! E quando perguntei: “O que você tá fazendo aqui sentado”? O cabra levantou dizendo: “te esperando pra fazer isso”, me encostou na parede e me tascou o maior beijo. Rapaz! Eu perdi até o rumo... Nem consegui empurrar, pois sequer lembrei que o cara era casado mais e sai de lá com as pernas completamente bambas... Tem noção? rs...

E ai, e você? Me conte como foi o seu primeiro beijo ou o seu beijo mais surpeendente?
Lembrei de algo que aconteceu por esses dias e foi uma benção, pois me libertou de um sofrimento antigo. E por isso quero agora contar o que é, principalmente por que esse tipo de relato pode vir a ajudar alguém que passou pela mesma situação e sofre em segredo do mesmo modo que sofri por muitos anos: estava eu contando a alguém a história do abuso que sofri na infância quando ouvi do lado de lá: "Ah! Mas então era um garoto apaixonado..." Na hora consegui disfarçar o choque que foi ouvir aquilo. Choque porque absolutamente verdadeiro. Aquele guri me perseguiu anos, sem tentar nada sexual novamente, apenas me impedindo de brincar com outros meninos. E fez isso justamente por ser apaixonado por mim. Era um menino de 16 anos apaixonado por uma menina graúda de 6 anos. Um guri que perdeu o pé no dia em que teve uma oportunidade de ficar a sós com ela, apenas isso.

Sempre que pensava nesse assunto sentia um desconforto dentro de mim. Não era raiva, não era pena. Era como se algo simplesmente me tivesse sido roubado. E isso porque nunca consegui entender as motivações dele. Eu tinha, até mesmo pelo fato dele me vigiar constantemente, um enorme desconforto na presença dele, sempre. Lembro de, no dia que nos mudamos de lá, estar sentada na calçada e chorando por dois motivos: de tristeza por estar perdendo o que conhecia por lar e amigos desde que me entendia por gente, e de alegria porque finalmente ia ficar livre daquele olhar. A primeira coisa que fiz ao mudar-me foi esquecer tudo aquilo por mais de 10 anos.

Assim: a raiva e o desejo de que jamais me submetessem novamente àquela situação foram reais e continuaram a agir no meu corpo fazendo com que me escondesse de qualquer “olhar” de desejo. Mas a contrapartida era que, e até mesmo por não ter sido uma violência sexual e eu ter tido a curiosidade no começo e o prazer da descoberta, nunca tive dificuldade em atrair os homens com o meu jeito. Se com o corpo eu dizia: “não!”, com as atitudes sempre dizia: “venha”!

Lembrando agora, uma vez me confrontaram com o fato de que atuo para ser desejada sim. E isso é verdade mesmo. Porém a ressalva fica em que na minha fantasia sou eu quem escolho quem quero seduzir e não os homens que escolhem me seduzir. Percebem a sutileza do controle em ação?

E agora o que mudou é que não preciso dizer mais não, pois se não sei lidar muito bem com a imposição do desejo pela força - mesmo que subentendida - sei lidar com o amor. E assim o que me foi roubado, me foi restituído. E me libertou, pois aconteceu comigo na prática o que Freud chamou de resignificar o trauma.

Freud postula que nenhuma situação em si é traumática, só passando a sê-lo quando a pessoa recorda o acontecido - mesmo que segundos depois - e revivendo a situação a significa simbolicamente enquanto tal. E é justamente por isso que a terapia, a psicanálise é capaz de "curar", justamente por levar a pessoa a reviver o trauma e a resignificá-lo, só que agora de uma forma mais funcional.
Tatuagem

De repente teus lábios surgiram diante dos meus.
Aproximando-se...
Aproximaram-se.
Tocaram-me suavemente num roçar singelo e despretensioso.
Senti a curva do teu lábio inferior por entre os meus...
Não resisti a um mordisco.
Sua umidade me lambeu o centro da boca pedindo passagem.
Me abri.
Penetrou-me de uma só vez com insuspeita suavidade.
Floco de neve a descongelar...
Amoleceu e tornou úmido tudo em mim.
Transformou resistência em entrega,
E tatuou no céu da minha boca:
Serenidade.

5 de dezembro de 2007

Ah! Antes que eu me esqueça! De novo meu amigo Otávio fez um blog, só que neste ao contrário do outro ele fala mesmo é da sua vida cotidiana, como num diário.

Fiz uma crítica inicial e até achei que ele tinha ficado chateado comigo, mas que nada! Não é que ele acatou todas as minhas sugestões? O blog agora está redondinho e prontinho para ser degustado.
Resolvi mudar a cara do Blog, ou seria a minha cara no blog? Hum... (aqui caberia aquele emoticon pensativo do MSN... rs...) Enfim, mudar para uma imagem mais condizente com o meu estado de espírito atual.

Gosto muito dessa foto, pois apesar de todos acharem e - eu reconhecer - que ficou sexy, na hora em que a fiz eu estava era sentindo uma baita raiva do Brunno. Esse olhar é de vontade de esganar... rs...

É, ele tem o dom de me deixar sexy!

;o)

2 de dezembro de 2007

Outra coisa interessante de se observar é o quanto algumas pessoas são fúteis e medem o mundo pela própria futilidade.

Há por ai um número significativo de pessoas para as quais apenas os perfeitos merecem ser amados. Não, não, não, não, não!!! Não é nada disso! Os pobres, feios, gordos, tortos, magérrimos e portadores de deficiência física ou mental podem amar sim, claro que podem! O que eles não podem é ousar se interessarem pelos bonitos e perfeitos. Ah! Não né? Ai é demais! É muita falta de noção a pessoa não ser esteticamente perfeita e querer fisgar quem é. Onde vamos parar com essa miscigenação da beleza?

Mulher é muito disso né? Na maioria das vezes acha que homens só se interessam, ou deveriam interessar, pela beleza e ai quando vê aquele cabra maravilhoso grudado no que ela considera uma baranga, fica passada. Se revolta e não consegue entender. Como diria uma terapeuta minha: “quem pensa com cabeça de mulher, jamais vai entender cabeça de homem”.

E citando um outro terapeuta meu, dizia o Cristiano – homem da categoria lindíssimo por sinal - que “beleza serve pra atrair, para fazer o cara olhar. Para provocar desejo? Nem sempre. E com certeza nunca será ela que irá manter a relação, pois até de beleza se enjoa”. Da mesma forma que se você ficar olhando o feio cotidianamente encontrará nele encantos, a beleza se torna lugar comum com o costume.

Tem outras coisas que chamam a atenção de um homem. Coisas que eu, do lugar de mulher, não consigo entender, mas sei que existem e respeito. Certa “pimenta” no jeito de falar, uma certa malícia na forma como ela leva o copo à boca ou abocanha um alimento. Certo gingado quando caminha, mesmo que pra ir à igreja... Também sempre tem algo no olhar, na voz, ou na forma de sorrir que pode prender um homem. Coisas que as mulheres têm como vulgares os encanta; principalmente porque homem saudável gosta de santa é na igreja. E não, não confundam um quê de vulgaridade com a coisa em si. Aqui o que vale é a insinuação de que ela, mesmo se portando como uma dama no convívio social, será uma puta na cama com ele.

E não se engane: um quê de inocência, outro de ingenuidade, fragilidades disfarçadas - ou não -, inteligência, bom-humor, crises de choro, de riso e de ciúmes, TPM, implicâncias e até as chatices fazem parte do pacote que encanta o homem. O x é a dosagem - ou a falta dela - de algumas coisas por parte da mulher. Tudo que é demais espanta, até ser legal.

Um culote a mais aqui, uma celulite ali, aquela gordurinha boa de apertar na hora do arrocho ou uma dobra inesperada quando ela senta podem, ao contrário do que muita mulher imagina, ao invés de afugentar o homem, aproximá-lo. Principalmente porque mulheres que não são tão preocupadas com a perfeição estética costumam ser mais companheiras na hora da diversão: topam uma cervejinha com os amigos, um churrasco no domingo, um dogão na volta da balada, uma ou mais pizzas aos sábados, ou uma partida de futebol no estádio em dia de clássico.

Porém é preciso deixar claro que não estou falando de mulheres desleixadas. Não ser obsessivamente preocupada com a perfeição física não implica em não cuidar-se. Só quer dizer que você faz isso por amor-próprio, prazer e não vaidade.

Então é preciso ter ciência que o que qualifica uma mulher para outra, não necessariamente a qualifica para um homem, embora existam, sim, aqueles que são mais exigentes que mulheres. E, no entanto, é interessante observar que geralmente são estes homens e mulheres que passam a vida praticamente sozinhos, relacionando-se esparsamente aqui e ali, já que como já diz Caetano: “de perto ninguém é perfeito”. Nada como a proximidade para acabar com toda e qualquer perfeição inclusive dos que se acham perfeitos, mesmo porque sejamos sinceros: não há nada mais chato do que a tal da perfeição.

1 de dezembro de 2007

Ando sumida, eu sei. É que andei meio assustada com "gente". Ou melhor, com um determinado tipo de "gente"; aquele que para ter algum valor precisa destruir quem à sua volta sobressai por natureza.

Passei cinco anos da minha vida convivendo com uma pessoa assim. Alguém que vivia falando mal de tudo e de todos; só apontando os defeitos alheios, só fazendo críticas. Tudo tinha milhões de senões. Quando alguém se aproximava ou era alto demais, ou criminosamente magro; ou excessivamente baixo, ou gordo em demasia; ou muito branco, ou não suficientemente preto; ou primordialmente burro, ou acintosamente inteligente; ou arrogantemente prepotente, ou muito sem noção. Enfim, todas as pessoas tinham algum defeito que as descartavam para serem qualificadas como "suficientemente boas" para se conviver.

E eu não conseguia entender aquilo... Até que um dia entendi. Entendi que a pessoa ao fazer isso se sente tão inferior a qualquer outro indivíduo que desqualificá-lo é tido como uma maneira de qualificar-se a priori; não apenas aos próprios olhos, mas também ao olhar alheio. Identificar e denunciar defeitos rapidamente são tentativas de nublar as qualidades, jogar o foco sobre o que é ruim, e assim impedir o surgimento do afeto. Ao mesmo tempo em que a pessoa faz isso, ela tem toda uma narrativa do quanto é valorosa, batalhadora, decidida, arrojada e etc. É, é exatamente o jogo inverso quando se trata dela: ressaltando ou inventando qualidades ela acha que garante o seu afeto.

Mas não pense que você, por ser amigo, está imune não. Verá seus defeitos serem enumerados mil e duzentos milhões de vezes por dia, mas com a ressalva de que - apesar deles - você é querida, porque a pessoa é, acima de tudo, benevolente e então você pode privar do seu magnífico convívio. Haja auto-estima pra sair imune a isso viu?

Depois de um tempo que percebi isso, ainda permaneci do lado da pessoa, pois com a minha mania de salvar os outros (tô me livrando disso viu gente?) achei que se eu desse bastante amor e ressaltasse as qualidades que a pessoa verdadeiramente tinha, ela iria parar com aquilo, pois iria adquirir uma auto-estima verdadeira. Doce ilusão. Aí percebi que com esse tipo de gente não tem jeito sabe? Elas só fazem ficar mais infladas. E quando vi que não tinha mesmo jeito eu fiz me afastar, cortar relações mesmo, simplesmente porque não dá pra passar a vida sendo menosprezada.

Porém viver isso foi bom, uma vez que me deixou com um faro afiadíssimo para esse tipo de gente. É, porque não pense que isso que contei acima é feito de forma descarada não, porque não é. É tudo muito sutil. Tudo dito com muita delicadeza, com muito jeito de bondade. É verdade: você jura que a pessoa é suuuuuuuuuuper bacana, que é AMIGA e, no entanto, você passa a se sentir constantemente incomodada com algo que não sabe identificar bem o que é... Até que um dia descobre.

E esse texto é só pra dizer que sei que tem gente assim me rondando de novo, só que agora sou imune.

26 de novembro de 2007

"Ninguém pensa tão mal de você quanto você pensa, porque ninguém pensa tanto em você quanto você pensa".

Oswaldo Montenegro

Sou muito fã desse cara, contei? Então imagina minha alegria em achar o blog dele?

Finalmente acho que agora descubro qual era a música que encerrava a peça "crônicas de paixões e gargalhadas"...

Deixa eu contar aqui o interesse por essa música: tinha acabado de terminar um namoro e fui assistir essa peça com uma amiga. E estava naquela fase do: "não vou mais chorar por isso, não vou mais sofrer, vou seguir em frente e viver". Rapaz! Aguentei os cutucões até a tal música começar a tocar no fim da peça. Ela falava tudo o que eu sentia e não podia sentir mais, TUDO. Ai desaguei. Imagine só que depois que todo mundo já tinha ido embora, eu ainda estava encolhida na poltrona chorando com a minha amiga ao lado. Oswaldo Montenegro, que tinha passado o espetáculo sentado no bar ao lado da entrada, botou a cabeça para dentro do teatro procurando alguma outra coisa e vendo a cena insólita perguntou se estava tudo bem e se precisávamos de algo. Minha amiga com cara de tacho disse: "fim de namoro, sabe como é né? Ele disse que sabia e saiu. Um gentleman. Logo depois eu consegui me recompôr e sair também. Nunca soube qual o nome da música e nem se ele chegou a gravá-la...

25 de novembro de 2007

O vento da mudança começou a soprar e mais uma vez me transformo em folha e me deixo levar... Para onde?

Só o tempo dirá.

23 de novembro de 2007

São 10h12min. e ainda não sai da cama. Isso mesmo. Escrevo recostada e coberta por um edredom quentinho tentando adiar ao máximo a saída do ninho.

Foram dias difíceis esses, onde me deixei atingir por coisas que sei que não deveria, mesmo que estas coisas habitem debaixo do mesmo teto que eu. Às vezes é difícil não misturar-se. Principalmente quando o resultado das escolhas alheias recai sobre a sua existência. Porém é sempre possível separar o joio do trigo. Contrariedade com as pessoas acarreta em crise de sinusite, igualzinha a essa que tive essa noite, mesmo tomando antibiótico por 7 dias seguidos a cada 8 horas...

Tenho muita dificuldade em deixar que as coisas caminhem no seu ritmo, e quero sempre poupar quem amo de sofrimento, mesmo que este seja - e sempre é - conseqüência das escolhas que cada um faz na vida. Muitas vezes queremos nos convencer que não tivemos escolha, fomos obrigados, mas isso não é verdade. O x é que, às vezes, escolhemos entre o sofrimento maior e o menor, porém sempre entre sofrimento.

21 de novembro de 2007

Os sonhos da noite não poderiam ser mais pertinentes: no primeiro havia de se atravessar um pequeno, mas bravio, pedaço de mar para se chegar à caverna que nos servia de abrigo. Nunca se fazia a travessia sozinha, pois sempre havia alguém mais frágil que nós a ser protegido das ondas durante o trajeto o que, as vezes, tornava o percurso bem mais penoso.

No segundo as pessoas brincavam de passar fluído de isqueiro em partes do corpo alheio e atearem fogo para ver até onde queimavam. Iam-se formando queimaduras por todo o corpo que depois, em alguns casos, voltavam a receber fluído e fogo novamente mesmo que já se estivesse em carne-viva... Querem imagem melhor para o sadismo que permeia muitas das relações disfarçado em amizade?

Há dias estou incomodada e triste com o que as pessoas chamam de amizade e o que elas se permitem infringir ao outro em nome disso.

O que deveria definir a amizade é o amor fraterno que se sente por alguém que não nasceu na sua família, mas que para você é como se fosse. O amigo é o irmão por eleição, por escolha, por afeto. É aquele que você carrega no coração e quer bem mesmo que não saiba porquê. É com quem você briga, para quem fala verdades duras, porém com todo o cuidado, pois o faz unicamente em nome de ajudá-lo a encontrar a felicidade que ele tanto almeja e você acredita piamente que ele mereça. É por quem você pula no pescoço de qualquer um que tente magoá-lo. É de quem se respeita o espaço, o silêncio, o não querer falar, mas se mantém ali ao lado, apenas para lembrá-lo de que ele te possui; e, no entanto, também é de quem se tenta arrancar as coisas quando se percebe que o incômodo é muito maior do que a necessidade de permanecer em quietude e que falar vai fazer bem.

A amizade é a relação de alteridade por excelência: você é você e o outro pode ser o outro com plena liberdade de serem.

Amigo é aquele a quem se perdoa a prior(i) porque sabe-se que inexiste relação sem "pisadas na bola" de ambos os lados. De quem a gente reclama para ele mesmo sem achar que coloca em risco a relação. É para quem a gente diz "nunca mais" e volta atrás na primeira oportunidade com a maior cara deslavada desse mundo. Amigo é de quem a gente corre atrás sem medo de parecer fraco, pois a nossa força está justamente em estar ao seu lado. Amigo é de quem você não desiste nunca, mesmo que ele desista de você. De quem você se afasta se assim for preciso, mas de quem você jamais esquece e para quem você jamais deixa de desejar o bem e torcer. Amigo é aquele que você segue amando mesmo que não queira, que não deva. É quem você defende em público, mesmo estando errado; por quem você compra briga mesmo que ele não peça.

Amigo e aquele a quem você confia a sua vida.

A amizade pode surgir pela paixão: você olha alguém, não sabe bem porquê, mas gosta imensamente e de pronto decide ser amigo, porém ela só se confirma no amor: a convivência a solidifica e eterniza.

20 de novembro de 2007

Em dias como o de hoje só queria poder cantar para subir. É, ser uma entidade e poder desmaterializar aqui e materializar em algum lugar bem distante e bem diferente de tudo o que conheço, sei, ou acho que sei...

19 de novembro de 2007

Eu prefiro você



Eu prefiro você a um episódio inédito da minha série preferida.
Eu prefiro você à mousse de chocolate ou pipoca com Guaraná vendo sessão da tarde em dia de chuva.
Eu prefiro você a receber rosas numa data especial.
Eu prefiro você à partida final do campeonato onde meu time está prestes a ser campeão.
Eu prefiro você a um pôr-do-sol embasbacante.
Eu prefiro você a qualquer livro.
Eu prefiro você a ouvir o CD do meu intérprete preferido, mesmo que o tenha acabado de comprar.
Eu prefiro você a dar um mergulho em dia escaldante.
Eu prefiro você a parque de diversão com algodão-doce e maçã-do-amor.
Eu prefiro você a bacalhau.
Eu prefiro você a desenhar.
Eu prefiro você a fatias geladas abacaxi, ou morango com creme de leite, ou ainda a cerejas frescas.
Eu prefiro você a boteco com amigos e cerveja.
Eu prefiro você às exposições dos artistas que mais admiro.
Eu prefiro você a meu filme preferido.
Eu prefiro você a viajar.
Eu prefiro você a bordar.
Eu prefiro você a sorvete em dias bem quentes.
Eu prefiro você à festa de aniversário.
Eu prefiro você a Coca-Cola bem gelada.
Eu prefiro você à estadia em Spa.
Eu prefiro você a sair dançando pela casa porque está tocando minha música preferida.
Eu prefiro você à gargalhada mais espontânea que eu possa dar.
Eu prefiro você a qualquer lágrima, mesmo que de alegria, que eu possa chorar.
Eu prefiro você a brincar na neve.
Eu prefiro você a qualquer tempestade elétrica que eu possa observar.
Eu prefiro você a abraçar árvores.
Eu prefiro você a tomar sopinha em dias frios.
Eu prefiro você a escrever.
Eu prefiro você a suco de morango com framboesa e pão de queijo quentinho.
Eu prefiro você a colher amora e jabuticabas no pé.
Eu prefiro você a gatos.
Eu prefiro você a estudar.
Eu prefiro você à hidroginástica.
Eu prefiro você à massagem.
Eu prefiro você ao "par perfeito”.
Eu prefiro você a Internet!!!

É, eu prefiro você!



Para Brunno com amor.

18 de novembro de 2007

Quer saber o que seu ator ou atriz, diretor, autor de novela e alguns atletas preferidos pensam e andam fazendo da vida?

Até LOG, até BLOG ou até BLOGLOG

Eu adorei a novidade!

Mas é claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaro que já tem um pessoal por ai - principalmente aqueles que portam um diploma universitário com arrogância - que estão caindo de pau dizendo que eles escrevem mal. Li vários dos blogs e só um tive de deixar de ler porque não dava, mesmo. E blog é isso mesmo: você começa a escrever aleatóriamente e com o tempo, e a prática, vai desenvolvendo o seu estilo. Do mais é bacana ver que eles são pessoas como a gente mesmo, que têm dor de barriga, mal-humor, espinha no rosto na TPM, crise de riso com piada idiota e não gostam de ter a privacidade invadida.

E é muito bom saber que não dependemos única e exclusivamente da podridão dos jornalistas de fofocas para saber o que acontece. As pessoas podem ser públicas, mas as suas vidas não o são.

17 de novembro de 2007

Ontem fui dormir com a ligação do amigo querido que contava que está apaixonado. Hoje acordei com a ligação da querida amiga de adolescência que vai casar.

Tem coisa melhor?

Tem, ô se tem! rs... Mas assim tá ó-t-e-m-o também!

16 de novembro de 2007

"Eu queria que as coisas fossem mais simples; que ser apenas a gente mesmo bastasse"...


Por que quando o amor* acaba, ou simplesmente não acontece como esperamos, tem-se necessidade de encontrar motivos para justificar o fim e estes geralmente recaem sobre o que o outro?

Por que tem de ter motivo para acabar algo que nunca sabemos ao certo como começou?

Não seria mais honesto se olhássemos apenas para nós mesmos e disséssemos: “eu quis, mas não consegui”. “Quero, mas não dou conta”?

Seria mais digno – embora não menos dolorido - se pudéssemos simplesmente dizer: “Eu quis te amar eternamente, mas não consegui. E não é por algo que você seja ou tenha feito, é simplesmente porque em mim o amor não foi assim”.

Ou:

“Quero você, amo mesmo, mas não dou conta. Não dou conta de mim nesse amor, não sei o que fazer do que sinto... Percebo que você tenta, sutilmente me convida, e eu me atrapalho pelo meu caminho... E me sinto péssima por te frustrar, pois ao fazê-lo também me frustro. Mil vezes já me amaldiçoei por não conseguir corresponder, como queria, na hora que devia. Preciso de tempo e paciência para adaptar-me à consciência desse sentimento; a estar com você nesse contexto... Às vezes percebo que minha hesitação não é apenas diante do que me habita, mas também, por não conseguir crer que você me queira. Não é fácil ver que o que a gente sempre julgou impossível se tornou real...

Preciso de paciência, mas perdi o “timer”; percebo nas coisas que vocês diz, mesmo que quase sem querer, que já não tenho mais tempo. Ficou o dito pelo não dito, o sentido pelo ressentido. As palavras que um dia foram doces, tão inesperadamente tornaram-se irritadiças e não deveria ser assim... Ainda não. Ainda deveria ser tempo de descoberta, de enlevo, de investimento e não de cobranças, aspereza, impaciência e desistência... As palavras revelam a perda do interesse, como se aquilo que um dia nos levou a ser tão assertivos, tenha ficado perdido em algum lugar do nosso passado recente. Como se o objetivo fosse apenas o momento do encontro e então tudo o que veio antes ou depois perdeu o sentido e ganhou ares de corrompido. E tudo foi tão rápido! O tempo passou voando por nós ao longo dos anos.

Culpa de quem? Minha. Queria que as coisas fossem mais simples; que ser apenas eu bastasse... E, no entanto não basta. Não que eu não seja alguém bacana, suficientemente boa, alguém que valha a pena. Sou. Mas nesse caso de nada adianta ser. Procurando nos encontrar, nos afastamos e o que deveria ser construção da relação virou cobrança. Tudo tem de ser comprovado, nada pode ser suave e ludicamente revelado. As agressões se travestiram de piadas e a gente ri pelo que na verdade deveria chorar.

*Suspiro*

Triste.

E então, para não perder, mais uma vez, o tempo certo de algo entre nós, hoje eu digo adeus. È, adeus. Adeus antes que o que um dia foi amor se transforme em indiferença”.

* amor, paixão, relação.
Eu não sei o que é pior: tomar antibiótico de 8 em 8 horas ou esse gosto de Malvona que invadiu todos os recantos da minha boca e não sai de tanto gargarejo.

Claro que as baladinhas do fim-de-semana também estão todas suspensas e logo agora que eu precisava demais de "um certo" colo e aconchego...

+

Odeio quando algumas coisas acontecem exatamente como eu sabia que iriam acontecer.

12 de novembro de 2007

Estava ali estudando e a luz se fez quanto ao fato de eu não conseguir saber com prontidão o que eu estou sentindo. Sinto um incômodo, uma pressão interna, mas geralmente se não vou atrás de nomear isso, a coisa permanece como um estado confusional apenas...

Meu tipo de personalidade é esquizóide, que se caracteriza principalmente por um distanciamento das emoções. Diz Gerda Boyesen: "... no esquizóide, e também o mesmo para o caráter rígido compulsivo, a energia não parece ter conexão com o canal emocional... ...e assim não ativa a carga emocional no canal do isto ou canal emocional*. Ao contrário, a energia parece ter-se retirado e condensado na base da coluna vertebral, no sacro (a teoria de Wilhelm Reich sobre a acumulação da energia nos ossos esponjosos). ... . Desta maneira, não há dinâmica nervosa, não há pressão dinâmica procurando saída. As pessoas de caráter esquizóide podem falar horas e horas sem emoção e intelectualizando, pois sua energia instintiva não está em contato com o canal emocional. No histérico é completamente diferente: existe uma dinâmica o tempo todo.

Hã? Pegou? Captou? Não vim dotada fisicamente, digamos assim, dos mesmos "aparelhinhos" que conectam as pessoas às suas emoções, tive de "construir" os meus e o fiz trabalhando corporalmente por mais de 15 anos e mesmo assim as emoções para mim não são tão facilmente percebidas quanto o são para outras pessoas. Preciso de tempo para percebê-las e de mais tempo para nomeá-las e de mais tempo para me resolver com elas.

* intestinos

11 de novembro de 2007

Saiu uma matéria para a qual dei minha opinião, enquanto profissional, sobre a internet, na revista Best Kids. Aproveitem para conhecer toda a revista que é feita com bastante capricho e vai agradar muito a quem, principalmente, tem filhos.
Após 12 horas de sono acordo mais por vergonha de continuar dormindo do que fim do sono. Sim, ainda há sono em mim para mais, talvez, umas duas horas.

O horóscopo dizia que esses iam ser dias de recolhimento. Pois então. Eu e meu edredon, quer maior recolhimento que isso? Nem os pensamentos têm se atrevido muito...

Sonhei muito esta noite com o casamento da amiga que irei no final do mês. Acordo e me deu conta que nele reverei a GRANDE PAIXÃO da minha adolescência que, por acaso, é irmão dela. A última vez que o vi foi na rua: ele parou o carro para me perguntar, bravo, porque eu não tinha ido ao casamento dele, isso há uns 12 anos atrás... Não, eu nem era mais apaixonada por ele. Não fui porque era um momento complicado pós-falência... E não, não tenho nenhuma expectativa afetiva em revê-lo, a não ser ver como o tempo atuou nele. Talvez perceber se continua sendo o tipo de homem que a gente ama quando é dotada de juízo, porque o cabra sempre foi naturalmente o que hoje se denomina "politicamente correto". Sério, acho que ele foi o único "coxinha" pelo qual me apaixonei na vida, e como me apaixonei! Foram anoooooooooooos arrastando as minhas e as asas da vizinhança inteira por ele...

De resto a questão que brinca dentro de mim por esses dias é: "por que, quando gostam, as pessoas querem que o outro deixe de ser justamente aquilo que lhes chamou a atenção"? "O que se ama, é o que se é, ou o que se gostaria que fosse"?

8 de novembro de 2007

Não. Não preciso sentir que sou livre, não é isso... O que preciso é poder sonhar. Veja bem: sonhar; e não me iludir.

Sempre acreditei que se você quiser realmente tirar tudo de uma pessoa, basta roubar dela a capacidade de sonhar, de ter esperança... E existem situações nas quais não nos cabe o sonho, pois a realidade nos é completamente adversa. E mesmo que saibamos disso, mesmo que aceitemos isso, ainda assim é como morrer um tanto, é como morrer em partes... E, no entanto, não viver aquilo que já está em nós é morrer também.

E já que a morte é inevitável...
Tenho fugido de escrever... É que não quero transformar esse blog em garoto de recados, pois nada do que aqui escrevo, embora pareça, é dito à você. Quero falar de mim, porém fazê-lo, hoje, é também discorrer sobre você, porém não o você você, e sim o você que me habita. Que não é real, embora o seja a ponto de despertar em mim sensações e sentimentos. É isso que você é para mim: sentimentos e sensações com as quais dialogo...

Queria, por exemplo, falar da minha fidelidade. E falar dela é me dar conta do por quê muitas vezes fujo de admitir que sinto e se sinto até para mim mesma... Sou fiel; sou caninamente fiel. Não ao outro, não ao que penso e nem mesmo a padrões culturais. Não sou fiel porque não ser é pecado ou porque quero ser boazinha. Sou fiel porque o que sinto me inunda e não sobra espaço para mais nada. Sou fiel porque o sentir em mim transborda e me toma, e me transtorna. Sou fiel porque não existe outra possibilidade.

Possibilidade...

Quanto mais distante se torna o horizonte, mais me agarro a necessidade de outras possibilidades. Preciso sentir que sou livre, que tenho escolhas e opções.

Medo...

Medo de me encerrar na espera do talvez.

E é então que não me entrego e me perco de mim mesma. Fico em cima do muro. Entro nesse oceano, e acho que é só para molhar os dedinhos. Coisa que não se parece comigo... Não sou eu! Se me dispus a entrar na água é para correr o risco de morrer afogada. Mas olha: eu sei nadar e MUITO bem. Não tenho medo do mar, de correnteza, de rio bravo e nem de profundeza. Tenho absoluto respeito por forças superiores à minha, e também tenho respeito pela minha própria força. Sei deixar o corpo leve e me deixar levar. Flutuar, submergir e voltar à tona...

E se mesmo assim no final de tudo for a morte por afogamento o que me aguarda, terá valido a pena.

1 de novembro de 2007

E você toma lá uns remédinhos pra "cortar" o processo doloroso e acha, apenas acha, assim do verbo muito bem achado, que seu corpo vai entender que você precisa de um tempo. Afinal você até colaborou e acabou promovendo mais algumas descargas para não deixá-lo com sobrecarga energética, veja bem...

Ai você acorda linda e ruiva numa quinta-feira ensolarada e vai passar hidratante nas pernocas, antes de colocar aquele shorts, e num primeiro momento acha que foi devorada por uma legião de pernilongos famintos. Olha mais de perto e percebe que não: as pernas empolaram mesmo. Você tá cheia de pequenas erupções vermelhas, no mesmo caminho da dor. Mais intenso na perna direita do que na perna esquerda, inclusive como a dor...

E as pessoas ainda duvidam da sabedoria do self e da importância do processo psicossomático.

29 de outubro de 2007

Massageando a testa ontem, me veio um insigth: lembrei que minha mãe era muito, mas MUITO nervosa e brava quando éramos crianças e que se quiséssemos atrair a sua fúria, bastava armar carranca, ou ficar de cenho carregado. Dai que muito cedo aprendi a ficar zangada, mas não trazer para o rosto. Porém, ao contrário do que muitos possam pensar, quando fico brava é facílimo de saber, pois meus olhos expressam tudo.

E existe uma correlação definitiva entre a dor na testa e a dor nas pernas embora eu não saiba qual. Bastou mexer nela ontem para as pernas voltarem a doer, insuportavelmente, a ponto de me impedirem de dormir profundamente. Segurei sem remédio até onde deu, ou seja, hoje. E embora Gui tenha sugerido que é porque eu também não podia bater as pernas fazendo birra - sim, a ÚNICA vez que fiz isso levei uns bons tabefes - não tenho impressão que seja isso... A carga de energia nas pernas é monstruosa. É como um rio que tivesse sido represado e que agora força os diques para poder fluir e por isso dói.

Eu até fiz o exercício de bater pernas e punho no colchão, mas a dor só fez aumentar. Só aliviou mesmo depois que me masturbei, e só então consegui dormir. Não que a energia contida ali seja puramente sexual - há também - mas sim porque o orgasmo promove uma das mais potentes descargas energéticas das qual nosso corpo pode se utilizar.

Agora é deixar quieto por uns dias - há de amadurecer - e ver onde esse processo vai desembocar.

28 de outubro de 2007

O corpo virou minha metáfora e hoje fala mais de mim e por mim do que eu seria capaz em qualquer tempo.

Duas descargas vegetativas poderosas livraram-me do veneno e da contenção interna e agora a pressão - que vivia sobre neurótico controle - desandou a oscilar, para cima. No livro vejo que pressão alta significa problema emocional duradouro não resolvido. Eu sei. A gente passa a vida toda tentando proteger-se... Do quê mesmo? Da dor. Mas qual dor? Já nem sei mais. Com os anos os nossos "jeitinhos" perdem significado e viram vícios, ciclos viciosos. A dor que você tenta evitar se tornou tão velha conhecida que se confunde com pertença. É você, embora não seja e nem precise ser. A letargia que proteger-se causa virou casulo que agora você precisa romper. É preciso deixar as peles, as personas, os personagens. E, no tentanto, acho que é mais fácil fazer isso aos quarenta, pois se tem uma coisa da qual passamos a ter certeza quando chegamos até aqui é que pouca coisa nesse mundo mata. Quase tudo dói, mas quase nada mata. Rejeição dói, mas não mata; perder dói, mas não mata; recomeçar dói, mas não mata. Amar dói, mas não mata; relacionar-se dói, mas não mata. Enfim, você finalmente aprendeu que viver dói e também dá muito prazer.

E o meu corpo fala dessas coisas que doem, mas não matam melhor que eu. Outro dia doíam-me as articulações dos ombros de um jeito que me faziam lamuriar; depois foram as mãos. Ontem foram as articulações dos quadris. O próximo destino há de ser os joelhos ou tornozelos e depois não mais. São as inflamações emocionais que se cristalizadas agora estão sendo desfeitas dando-me algo que há muito eu havia perdido: flexibilidade e liberdade internas.

E ontem mexendo no rosto descobri a testa dolorida como se em feridas. Massageei por muitos minutos e hoje ela ainda está bastante dolorida, requerendo cuidados. É como se eu tivesse passado muito tempo de cenho franzido, e no entanto quem me conhece sabe que isso não é verdade. Nem rugas de expressão na testa tenho. Está explicado porquê. É como se eu franzisse a alma. A pele não registrou, mas a musculatura que a sustenta congelou-se cronicamente e agora no caminho do descongelamento ela dói como um corpo que desperta de uma imobilidade prolongada. É, talvez as rugas apareçam daqui para adiante, mas finalmente né? Mais valem rugas do que botox emocional.

Tudo bem ter chegado aos quarenta sem muitas das coisas que a maioria das pessoas batalham ferrenhamente para ter. Minhas conquistas foram outras e foram muito particulares. Só eu sei o quão importante é olhar para mim mesma e ver que banco estar em relação. Aguento depender e que dependam de mim. Aguento precisar e ser precisada. Isso me faz sentir que embora seja só - quem não o é? - não estou só. Nunca estive. As pessoas sempre estiveram para mim muito mais do que eu para elas, a verdade é essa. E sei que, pela minha incapacidade de pertencer, feri muita gente. Muita gente mesmo... Ao desfilar as imagens na mente, os olhos marejam e vem uma vontade de voltar no tempo e acolher todo o amor que me dedicaram e desprezei, porém é impossível. Quem olha para trás vira estátua de sal e é momento de seguir em frente.

Não, nada de recomeçar. Desse vez estou apenas dando continuidade a um processo.

24 de outubro de 2007

Tem processos que são grandes ou profundos demais para caberem em palavras. E isso não implica em que sejam difíceis ou complicados. Simplesmente não se traduzem.

Estou nesse momento.

16 de outubro de 2007

Parte I

Era menina, cerca de oito anos, mas mesmo assim apaixonou-se perdidamente pelo menino de onze anos. Nunca vira nada mais bonito na vida do que aqueles cabelos loiros e aqueles olhos cor de mel complementados por um sorriso amplo e de dentes alvíssimos. Mas descobriu cedo que na vida nada é perfeito: ele estava enamorado de sua prima; aquela tinha a mesma idade que ele.

Aliás, foi na festinha de aniversário dela que o conheceu e descobriu o enamoramento – mútuo - pois ambos não paravam de dançar; juntos. Ao se dar conta disso, pela primeira vez sentiu uma dor aguda no peito que logo se transformou em lágrimas, fazendo com que se isolasse num canto para chorar. Queria quietude para absorver completamente aquele novo conceito que se desenhava: a impossibilidade.

Porém o canto escolhido era na mesma sala e, claro, logo vieram saber o que lhe acontecia. E ela disse. Ainda não sabia que existem coisas que por educação e amor-próprio(?) era melhor serem guardadas para si. Então, como só os adultos sabem fazer, logo providenciaram para que o menino fizesse a gentileza de dançar com ela para que cessasse aquele choro, afinal, não custava nada. Foi assim que descobriu o poder da chantagem emocional e ficou muito feliz com o seu novo super poder.

Numa segunda festa de aniversário da prima, diante das mesmas sensações, lançou mão do mesmo recurso só que agora premeditadamente. O canto foi bem escolhido e as lágrimas cuidadosamente vertidas. O resultado esperado chegou, mas não com o mesmo sabor. Se num primeiro momento ficou contente, isso logo cedeu espaço a certo incômodo, talvez decorrente do fato do menino sequer olhar para a cara dela. Terminada a dança resolveu voltar para o seu estado natural: correndo pela casa com as demais crianças. No entanto, plantara-se nela a suspeita de que forçar a barra não era lá uma coisa muito legal de se fazer...

No entanto era teimosa e houve ainda uma terceira festa de aniversário na qual lançou mão do mesmo recurso. Dessa vez foi a tristeza estampada no rosto da prima, aliada ao fato do rapaz seguir sem olhá-la e dela estar dois anos mais velha, que a fez ter noção absoluta de que tomara o caminho errado. Quis interromper a dança, mas faltou-lhe coragem. Pela primeira vez sentiu vergonha de si mesma. A tortura finalmente terminou, mas dessa vez ela não foi correr. Escolheu um canto afastado do quintal cheio de árvores e sentou para pensar no que acontecia.

Do muito que pensou o que conseguiu concluir do alto dos seus dez anos é que não valia a pena estar com quem não queria estar com ela e muito menos se isso fizesse a infelicidade de alguém; ainda mais se fizesse a infelicidade dos três. Também teve a forte sensação - mas não pela primeira vez - que no mundo não haveria par para ela. Isso doía como só as coisas inevitáveis sabem doer, mas fazer o que? Voltou a correr pela casa com os primos que vieram buscá-la.

11 de outubro de 2007




Hoje eu queria te ver
E lamber o céu da tua boca
Com gosto de amora.

Hoje eu queria beber
Do teu riso agridoce
Por várias horas.

Hoje eu queria me perder
No mel dos teus olhos
de risos constantes.

Hoje eu queria te ter
refrescante em meus braços
por muitos instantes.

Hoje eu só quero...

Você!

10 de outubro de 2007

Eu também vou falar...

...sobre o filme Tropa de Elite.

Sim, gostei imenso! Muito mesmo e não fosse todo o resto teria gostado por finalmente, como bem disse ele, o Brasil ter aprendido a fazer filmes de ação. E pro inferno com a "reserva de mercado" cultural: se uma das coisas que americano sabe fazer bem é nos emprestar a adrenalina em determinadas cenas, bom que tenhamos sabido de quem copiar!

Quanto ao conteúdo, não vou me ater a discursos sobre se o filme é fascista ou não, mesmo porque me falta gabarito para engendrar uma discussão desse nível. O que posso sim dizer, é que enquanto via o filme pensava no policial honesto finalmente representado num sistema onde, embora sejam em menor número – infelizmente – nem todo mundo é bandido e existem os que honram a farda. E no quanto é difícil carregá-la em detrimento da própria vida muitas vezes. Todos os dias, absolutamente todos os dias, morrem policiais no cumprimento do dever pelo Brasil, mas apenas às vezes essas mortes saem noticiadas nos jornais.

Ao mesmo tempo pensava com alívio que favelados não vão ao cinema, pois a impressão que se fica é que todo morador de favela, foi, é ou será bandido. E isso deve dar muita raiva em quem mora lá e ganha a vida honestamente; a imensa maioria por acaso.

Tai mais um dos discursos que me dá raiva atualmente: a bandidagem quem faz é a desigualdade social. Será? E esse bando de pobres honestos que enchem as nossas fábricas, limpam as nossas casas, varrem as nossas ruas, recolhem os nossos lixos, trabalham nas lavouras, produzem o nosso combustível e a sagrada caninha do fim de semana? Que vendem bugigangas e balas, que catam lixo pelas ruas, que dormem ao relento... Porque não se tornaram bandidos se vieram da mesma miséria? E como explicar o número crescente de jovens da classe média e da classe alta cada vez mais metidos com o mundo do crime? De qual miséria se fala afinal quando se diz que ela forma bandidos?

E não, não nego que existam os que roubem e cometam pequenos delitos por absoluta necessidade. Só quem tem fome sabe o que ela é. Mas esse não é o caso dos traficantes que lotam as nossas favelas e que arrastam para o vício e para o crime as nossas crianças. Não é o caso deles e nem nunca foi.

O x é que a favela é um território esquecido para o qual ninguém quer olhar, pois fala da nossa eterna inaptidão para lidarmos com a diferença. A favela é mais um dos nossos lixos empurrado para debaixo do tapete. Terra de ninguém que todos gostariam que simplesmente deixasse de existir. Justamente por isso os traficantes, transformando em ponto forte a fragilidade das favelas, se apossaram delas. Vantagens demográficas, facilidade de escoamento da produção e mão de obra-barata são requisitos irresistíveis para qualquer “empresário”! Triste descaso que rouba nossa paz.

E um dos questionamentos que o filme levanta e que acho vale a pena insistir e retransmitir é o que quer que o usuário se questione sobre o quanto o seu vício contribui para que cada vez mais crianças sejam aliciadas pelo tráfico. E não querendo me meter no vício alheio penso que a alternativa de quem quer usar deve ser cultivar. Sim viagem, mas afinal não é disso que se trata a droga?

Para finalizar falta dizer que o filme suscita toda uma discussão quanto a se ser um policial honesto implica em matar bandido... Talvez matar não seja a solução, no entanto, enquanto o Brasil não apresentar um sistema carcerário capaz de recuperar(?) o bandido, eu os prefiro mortos do que entrando na minha ou na sua vida.

8 de outubro de 2007



Êxtase

Guilherme Arantes

Eu nem sonhava
Te amar desse jeito
Hoje nasceu novo sol
No meu peito...

Quero acordar
Te sentindo ao meu lado
Viver o êxtase de ser amado
Espero que a música
Que eu canto agora
Possa expressar
O meu súbito amor...

Com sua ajuda
Tranqüila e serena
Vou aprendendo
Que amar vale a pena...

Que essa amizade
É tão gratificante
Que esse diálogo
É muito importante...

Espero que a música
Que eu canto agora
Possa expressar
O meu súbito amor...

Eu nem sonhava
Te amar desse jeito...


7 de outubro de 2007

Desalento

Eu não ando tanto pelas ruas mais freqüentadas dessa minha cidade porque não quero perder a esperança. Quando o faço, uso fone e ouço músicas pelo mesmo motivo. Ouvir as conversas entre jovens me causa um desalento que me faz pensar que o nosso futuro só pode ser pior do que o nosso presente. Ou na verdade tudo é apenas uma alternância: são os conhecidos (pré)conceitos de roupagem nova. E dói ver que nada mudou de verdade e dificilmente irá.

Se antes o discriminado, excluído e violentado era o homossexual, hoje é o emo. Fala-se e faz-se destes as mesmas coisas que se falava e fazia com os gays há 20 anos atrás. Se é politicamente correto aceitar e conviver com a diversidade, o emo surge como o bode expiatório daquilo que socialmente produzimos, mas não queremos admitir: a nossa incoerência.

Depois de ver um garoto ser espancado no metrô por outros jovens, no ônibus ouvi jovens contarem, com orgulho, que tratam como cachorro sarnento um outro ser humano por este ser emo; batem-lhe, jogam-lhe bebidas na cara – com as pedras de gelo. E, num dado momento da conversa, uma das garotas fez lá um questionamento ao qual também aderi: “só não entendo porque ele sempre volta”. Diferente dela eu entendo porque, pois entendo de solidão. Profunda, funda e tão dolorida solidão que tapas são, antes de tudo, toques...

E nem sei dizer do rombo que isso causa em mim. Não sei falar do desalento e ele então se transforma em lágrimas. Hoje deságuo lenta e silenciosamente enquanto a mente ronda por músicas como: “João e Maria” e “Como Nossos Pais”.

Na hora eu não chorei. Não! Pela primeira vez tive vontade de ter um revólver na bolsa e de fazer uso dele. Não para atirar e sim para conseguir que prestassem atenção em mim. E quando fizessem isso - me dessem toda a sua atenção misturada à mesma paura que eles nos fazem ter - gostaria de ter um discurso tão poderoso que primeiro os fizesse envergonharem-se de si mesmos e depois tomarem consciência. Mas consciência de quê? O que nos falta saber para começar a mudar essa realidade medíocre na qual estamos, por séculos, mergulhados até o último fio de cabelo? Porque o diferente nos amedronta tanto a ponto de nos tornar agressivo? Que ameaça é essa que sentimos diante do que não conhecemos e que nos remete à nossa instância mais primal e animalesca? Não sei. É, na verdade eu só queria ter o poder de despertar essa humanidade comatizada na própria hipocrisia; no politicamente correto que, engessadamente, tenta internalizar em nós a inerência do respeito que deveria permear todas as nossas relações. Eu não preciso gostar do que vejo, mas tenho a obrigação de respeitar, sempre.

Porém o politicamente correto também é fruto de algo que produzimos, mas não queremos admitir: nossa fobia à rejeição. Você tem de aceitar tudo e todos para, fantasiosamente, garantir que tudo e todos te aceitem. E na verdade o que queremos - já que gosto é algo que continua a não ser discutível - é só e unicamente assegurar-nos de que possamos nos sentir injustiçados quando for a nossa vez de não sermos gostados. Hipocrisia pura. Ninguém gosta de tudo ou de todos! Se assim fosse, não haveria necessidade de respeito à diversidade, pois esta inexistiria... Seriamos plasticamente feitos de mesmice e chatice.

30 de setembro de 2007

André Brito




É o calor no meio das minhas pernas que evocam suas presenças...


Dois rostos à minha frente se alternam e se fundem em mosaicos
Nasce em mim um comichão que escorre dos meus olhos até meu sexo.
Pulso.
Seis pares de mãos na ilusão do meu corpo se alternam
Traçando linhas de desejo que as línguas acalentam e transbordam.
Abrem minha pernas e lá se fincam feito posseiros.
Mar revolto sem esperança de calmaria que saciado me entrega às areias da praia.
Há uma foto 3x4 que o sol descortina...
Nela trago no canto da boca, como um cigarro ali esquecido, um sorrido lânguido.

29 de setembro de 2007





A cidade fervilha,
Revoada noturna.
Pássaros travestidos de morcegos.
Inquietude enchendo de agonia os pulmões.
Busca de um "não sei quê" que a noite promete...
E raramente entrega.
Nos corpos suores;
Nas bocas ausência de pudores;
Almas preenchem-se de angústia.
Solidão encaixada em risos desparafusados
Que escorrem goela abaixo.
No retorno o reencontro;
Vazio no espelho que não nos reflete no dia que lá fora renasce.

27 de setembro de 2007

Foto de Margarida Delgado




Não quero um amor de sonhos
Brilhando na tela em palavras belas
Não quero um amor de rimas
Ouro de tolo em incontidas linhas.

Não quero a ilusão de um amor
Que fere e maltrata a pele
Desnutre e mata de dor
Até que a gente se rebele.

Quero amor de fato
Amor de atos
De possibilidade amplas
Que me segure pelas ancas.

Amor em foto
Amor de porta de geladeira
Amor sem eira-nem-beira
Amor de colo.

Quero amor por inteiro
Feito de palavras, risos e lágrimas
E que preencha as minhas páginas
De Janeiro a Janeiro.
Crônica do retorno.

Tenho sentido falta de escrever com mais arte; às vezes isso me faz lamentar ter saído do Recanto das Letras, pois o público pretensamente mais afeito à literatura me obrigava a isso. Primeira conclusão a que chego com esse texto: o público determina o tratamento dado ao conteúdo. Segunda conclusão imediata e nada a ver com literatura: as confusões do Recanto desanimam qualquer ação nesse sentido.

Escrever com mais arte é contar as mesmas estórias de um jeito mais bonito. E isso exige de quem escreve olhar a vida sob um prisma mais belo. Ao escritor é preciso que retire beleza até do fato mais deplorável e essa é a terceira conclusão a que chego nesse texto.

Esse tema mesmo que escrevi abaixo, se fosse trabalhado com mais arte começaria contando que quando da eminente falência da empresa, meu carro foi vendido. E que no primeiro dia em que fui pro trabalho de ônibus, olhava as pessoas me perguntando se um dia eu me riria com(o) elas naquela aparente balbúrdia que se descortinava diante das minhas vistas. Questionava-me sobre como as pessoas poderiam se sentir bem e acharem normal andarem de ônibus, algo tão impossível no meu entender pequeno burguês. Consegui. Quem se utiliza de transporte público incorpora horários e esperas no trajeto. Leva a música no ouvido e a possibilidade de ler ou devanear no olhar. E de sonhar, não há lotação que impeça. Até meio espremida a mente consegue voar.

Pra quem escreve, então, é um prato cheio de tipos e estórias. Como a que ouvi ontem voltando para casa do trabalho sobre uma libanesa de trinta anos, e ainda virgem, que veio ao Brasil passar férias na casa do irmão. Conheceu cá um outro libanês e casou-se em apenas dois meses, vestida de prata e cravejada de brilhantes, levando nos acessórios da lua de mel, o tal paninho branco que deveria ser manchado e mostrado à mãe do noivo para atestar a sua pureza. Isso em pleno século 21! Ou daquela família que no metrô dava pinta daquele ser um passeio atípico dos seus Domingos. Pai, mãe, filho e namorada que, parecendo haver convencido-os a deixarem o carro em casa e irem de metrô para o centro da cidade, estava tão ansiosa que não percebia o desespero do moço para que esta se sentasse ao seu lado e ele lhe segurasse a mão, como se aquela fosse uma fantasia romântica também a ser realizada...

A quarta conclusão que este texto me traz é a do dito popular que diz que “ a oportunidade faz o ladrão”. As pessoas se habituam às suas condições de vida e procuram vivê-las da melhor forma possível, sem que isso seja comodismo. É apenas sobrevivência. Eu mesma, quando penso em passar horas parada no trânsito de São Paulo, sob um sol escaldante, me dou graças de poder ir de ônibus e metrô e chegar mais depressa ao meu destino. E a frota nem anda ruim não. Ao menos não por onde eu ando - e ando um bocado. Em algumas linhas já tem até um novo ônibus cujo espaço interno mais parece um parque de diversão, tantos são os níveis de acentos.

E agora me ocorreu que meu incômodo com o que li sobre o dia sem carro foi ver as pessoas terem dificuldade em admitir que não estão dispostas a abrir mão dos seus costumes e justificarem isso botando a culpa no outro; e nesse caso um outro facilmente culpável: o transporte público deficiente. A penúltima conclusão que tiro deste texto é que em meio à patrulha em se ser sempre politicamente correto e ecologicamente responsável, as pessoas começam a ter dificuldade de serem sinceras consigo mesmas quanto às suas reais motivações.

E é assim e então que chego à última e derradeira conclusão que posso ter com esse texto: para se escrever de forma mais artística basta querer.

26 de setembro de 2007

Eu nem ia comentar o dia sem carro - 22 de Setembro - mas depois de ler alguns blogs por ai comentando o danado - e me desculpem as pessoas queridas de verdade que contaram sobre os martírios de se andar de ônibus em São Paulo -, é engraçado ver como as pessoas justificam ter carro pela ótica de ser mais cômodo.

Assim: como o que para quem não tem carro entra na conta como tempo de espera pelo ônibus, custo, conexão e eles poderem vir cheios e tals, e que para elas entram no abuso e veja: foi um só, um único dia que pediram pra deixar o carro em casa e era Sábado! Um dos melhores dias e que por conta do programa tinha a frota quase toda na rua.

E eu dou risada porque é nessas horas que a gente vê que mesmo que a pessoa seja culta, politizada e antenada, como é difícil conceber a vida sem os seus parâmetros. Empatia é um atributo limitado pelo EU.

23 de setembro de 2007

Minha mãe não entende carinho. Acha que beijar e abraçar, que elogios enfraquecem. Ela é a típica pessoa que quando recebe um abraço ou beijo ou retesa o corpo ou olha desconfiada e pergunta:"O que você tá querendo"? Meu pai tampouco era afetivo, embora fosse mais que minha mãe. Para ele eu era aquela que tinha a péssima mania de vir abraçando as pessoas... Meus irmãos são melhores, mas é palpável que existe nas expressões afetuosas um certo desconforto, como se não se soubesse ao certo o quanto deve durar um abraço ou beijo. Na verdade eu nem sei como sai esse ser carinhoso, mas lembro que quando estava no limiar de me tornar como eles, uma amiga me disse: "deixa de bobagem"! E eu escutei. Fui salva.

Minha mãe nunca elogiou um filho para ele mesmo. As poucas vezes em que a ouvi falar bem de mim foi para ou por terceiros e confesso que nas primeiras vezes em que me contaram, custei muito a me convencer de que a pessoa não estava doida ou tinha sonhado. E, no entanto, críticas são com ela mesma. Para apontar o erro e dizer do que acha que está mal feito ela é a primeira da fila. E sabe fazer isso com uma dose de crueldade que a maioria das vezes me assusta. Assusta por que é difícil entender como dois opostos caminham tão bem juntos, já que ela é capaz de tirar a roupa do corpo para ajudar alguém - mesmo que não goste ou conheça esse alguém - e eu já a vi fazer isso; literalmente.

E o engraçado é que conheço mais gente assim; que tenho mais gente assim na minha vida...

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Hoje lembrei do ex-namorado que ao saber que, bêbadazinha, eu havia feito o maior sucesso com os homens no barzinho - rainha da simpatia que sou -, me disse que os amigos presentes disseram-lhe que eu parecia uma vagabunda. Rapaz! Precisei de muita força de vontade para não meter a mão na cara dele naquela hora. Fui tirar satisfação com os tais amigos e descobrir que ele é quem tinha-lhes dito aquilo por ciúmes, ou seja, me agrediu quando na verdade não conseguia admitir que me amava... Mas hoje eu sei disso. Na época levei muito tempo para perdoá-lo e precisei de muita, muita ajuda para isso.

Aliás, o grande problema entre nós, e que me impediram de voltar com ele quando me pediu, foram as coisas que me disse pós término de namoro me deixando insegura. Como você volta a confiar emocionalmente em alguém que diz que terminou com você porque te amava mais que a si mesmo e, de quebra, também diz em outra oportunidade que estava feliz em ter uma namorada magra, pois andava farto de ver gordura? Sim, eu sei que são coisas conversáveis, porém não houve interesse nem em se saber do que eu falava quando disse que ele trazia coisas para a minha vida que eu não queria ter de lidar...

Agora o problema entre nós são as coisas que ele não me diz, mas diz pros outros e eu fico sabendo. E o que me pega não é o fato dele falar de mim e sim ele não falar para mim quando ele sempre teve acesso livre até mim. Podia vir pra me comer, mas para conversar comigo não, sabe como é? Pois. E confesso também me incomoda ser transformada em vilã da vida dele por conta de uma história que, na verdade, não tem bandido e nem mocinho, só o medo como entre meio. Medo de ambos.

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E não sei porque esses dois temas estão interligados para mim, mas estão. Fato é que já aprendi que nem tudo precisa ter uma explicação.
Hoje descobri porque nunca me casei: nunca me iludi.
Ninguém no mundo merece que eu sinta vergonha quando vejo meus olhos refletidos no espelho. Só eu. Só eu mereço que eu abaixe o olhar para mim mesma quando fracasso com as minhas coisas... Quando me iludo com aquilo que acredito que posso, mas não posso. Erro de medida, esperança de ser melhor do que sou, enganos temporários... Basta acertar a perspectiva e se volta a caminhar dentro do possível que é o único lugar que permite reais transformações.

20 de setembro de 2007

E ai eu vou lá no Dreamule procurar uma só, só uma música do José Augusto e me deparo com um CD chamado Brega Rômantico. Rapaz é tentação demais pra um único ser humano com uma "pequena queda" por essas músicas bregas que eu ouvia em criança nas cozinhas dos restaurantes dos meus pais! Odair José, José Augusto, Márcio Greick, Fernando Mendes(?) e Amado Batista numa tacada só. E ainda era um arquivo Kinder Ovo, pois veio com uma surpresa dentro: o CD do João Mineiro e Marciano: Raízes Sertaneja!

Há!

Amei!
Hoje eu sonhei contigo
E cai da cama
Ai amor não briga
Não me castiga
Diz que me ama
E eu não sonho mais...


E eu só queria porque a gente esconde da gente mesmo o que sente...

18 de setembro de 2007

Estou baixando e assistindo todos os episódios de Sexy and the City que vi muito an passant quando estava sendo exibido na TV à cabo, pois o horário não dava.

Carrie Bradshaw me irrita profundamente. Jesus! Será que aquela mulher nunca vai se tocar de que precisa sair da própria mente e comunicar ao outro, de preferência com palavras bem articuladas e sonoras, o que se passa dentro dela? Mas sei que ela me irrita porque me reflete numa determinada época da minha vida, porém eu tive a graça de ter uma terapeuta que me dissesse: "sai da sua mente e vai confirmar suas hipóteses na realidade". E num é que foi melhor mesmo?

Tá, tudo bem que com homem as duas coisas nada funciona muito bem. Se você cala eles não têm como saber e se você fala é porque está em surto, está fazendo drama, é melindrada e mimada.

Não, não é fácil não...

17 de setembro de 2007

O final de semana não foi nada do que planejei e trouxe essa experiência nova que é ajudar a enterrar uma pessoa - eu nunca havia lidado com o lado burocrático da coisa - e algumas constatações sobre viver como a de que a ajuda e a generosidade geralmente vem de onde você menos espera mesmo. Tem muita gente cretina nesse mundo, mas é fato também que tem muita, mas muita gente bacana mesmo e que te ajudam sem serem da sua família e sem terem obrigação nenhuma. Para mim essa é uma das magias da vida e um dos motivos pelos quais se vale a pena viver.

O que mais me impressionou no processo foi o administrativo do cemitério, principalmente quando o moço sacou o livro de registro que mostrava-lhe quem está enterrado no jazigo e quando foi o último enterro que aconteceu nele. Eu passei dois dias tentando achar uma forma de explicar o que vi e lamentando estar tão passada que nem lembrei de fazer uma foto com o celular... Pense ai numa pasta de arquivo que tem as folhas pelo menos 5 cm maior que ela nas bordas. Agora imagine todas essas bordas rasgadas, dobradas, enroladas sobre si mesmas como se fosse um babado. E o cara tem de abrir o negócio com todo o cuidado porque as folhas ali são capazes de desintegrar diante dos olhos de quem estiver olhando, literalmente. Computador não é algo conhecido daquele povo, mesmo que haja um ali bem em cima de uma das mesas...

Aliás, ali eles parecem nem ter compreensão do funcionamento da coisa, pois o cara fez com que eu deslocasse minha mãe até lá - o cemitério é longe pra dedéu de onde moramos e ela estava com a pressão alta - para assinar a autorização de sepultamento sem que fosse necessário, mesmo depois de eu perguntar mil vezes e insistir muito em que eu poderia fazê-lo sendo filha. Quando fui preencher a papelada e li lá que eu realmente poderia assinar bastando que depois ela enviasse uma ratificação da autorização fui lá perguntar se ele sabia ler e se entendia o que lia. Com toda a educação do mundo, mas fui. Quando ele respondeu que obedecia ordens, pedi então que dissesse ao chefe dele que ele estava ouvindo reclamações atoa, uma vez que aquele papel era um documento e assim sendo era soberano ao que qualquer pessoa pensasse ou fizesse.

E ai você pensa no quanto se paga pelo sepultamento, mesmo os mais simples, e na estrutura que tem um dos maiores cemitérios de São Paulo e conclui que até na hora de morrer tem gente levando vantagem sobre você.

Ê Brasil!

14 de setembro de 2007

Eu não sei mentir muito bem e não quero aprender.

Não sei dizer que tudo vai dar certo quando o caminho se desenha sombrio, mesmo que lá no fundo eu saiba que nunca, nunca fica mais escuro que a meia-noite.

Não sei dizer que não vai doer quando sei que vai, mesmo que saiba que algumas vezes para curar tem de machucar.

Acho melhor ser sincera e oferecer ombro, colo, amparo. Estar ali sempre como um apoio, pois caminhar só se pode com as próprias pernas.

Não sei não sofrer quando vejo alguém que amo sofrer... Pudesse eu e arrancaria com as próprias mãos a dor dos corações que me são caros.

Hoje choro por você Aninha, pela sua dor. A vida levou sua mãe há dois anos e hoje leva seu pai... Sei que nada te consolorá por muito e muito tempo...

Estava ali conversando com a mãe e uma coisa dissemos que há de ser sempre lembrado quando pensarmos nos teus pais: eles te amaram mais do que tudo na vida deles. Enquanto muitos passam pela vida sem conhecerem o amor, você por 25 anos recebeu deles um amor pleno. E é justamente esse amor que te dará forças pra seguir em frente no momento certo.

E eu espero poder estar presente, sempre. Física, mental e afetivamente na sua vida. Como te disse: sei que nem se compara, mas sozinha você não vai ficar.

Te amo não por que você é minha prima, mas por que você é você. E vou ao teu lado enfrentar a vida e te mostrar que sim, ainda existe felicidade possível reservada para você, mesmo que por hora seja impossível você acreditar nisso.

Que Deus guarde seus pais e que de lá eles possam iluminar o seu caminho como sempre fizeram...

Beijo!

11 de setembro de 2007

Foi um feriado passado entre amores. Dos mais distantes - ao telefone - aos mais próximos, pessoalmente.

E embora alguns achem que minha vida não tem lá muita cor, enganam-se. Medem minha vida pela própria necessidade de moviment(ação). Ilusão. Meu ritmo é outro uma vez que todas essas coisas eu já fiz à exaustão. Já passei muitas madrugadas na balada; já amanheci muitos e muitos dias na rua com amigos, com amores. Tanto, mas tanto que o que me retirou disso foi justamente a mesmice. Nada era novo. Nada ainda é novo quando vez por outra me aventuro novamente na noite. É o mesmo desespero fantasiado de ilusão e ânimo de que a noite traga algo ou alguém que justifique a própria existência que se faz insípida justamente por conta da busca insana de algo que se busca fora, no par, mas só se encontra quando, derrotado, conforma-se em ser só. É somente quando estamos conosco que estamos com o outro. Matemática fácil de equação difícil.

A minha cor está justamente nos meus amores. São eles as matizes da minha existência, são eles as dores que eu escolho ter. E prefiro-os nas ruas, praças e matas, nos botecos, nas casas, no MSN, ao telefone... ao invés de na balada. A música que fala e nos cala, os corpos que se esbarram, mesmo que harmonicamente, sem nunca se encontrarem. A bebida que alucina e aproximando mantém distante...

Não. Minha necessidade é verdadeira, meu encontro é de fato. Olho no olho, coração na mão. Minha escolha, minha opção. A aquarela que me enche de prazer nada abstrato, nada fugidio, mas que nem todos são, ainda, capazes de ver.

8 de setembro de 2007

Eu nunca estive tão gorda. Eu nunca me senti tão gorda também. E nunca senti tanto o peso do meu corpo como agora. É como se eu tivesse tido suspenso o véu da imagem corporal que um dia cegou-me quanto à minha própria realidade corporal e a coisa tomou vulto aqui dentro... Finalmente.

Pois só assim pra eu me decidir radicalizar e optar pela Gastroplastia. Já me inscrevi em Julho, passei pelo primeiro estágio em Agosto e agora tenho de esperar pacientemente pela minha vez, o que não é fácil no meu caso, porque o incômodo é tão grande quanto a ansiedade. Acho que o que realmente me fez tomar pé da situação foram as dores nas pernas, joelhos, pés e na coluna na volta das minhas caminhadas. Pois é, algo que sempre fiz, de repente, começou a doer demais; a doer a ponto de precisar de remédio pra suportar.

É o peso.

E deixei de ser besta sabe? Assumi que sou indisciplinada, que embora não coma muito, como numa quantidade que para mim me faz engordar e que não consigo resistir a algumas coisas que deveria: pão, refrigerante e leite com achocolatado, por exemplo. Então o jeito é cortar o mal pela raiz. Porque se existe uma possibilidade de se morrer em conseqüência da cirurgia, existe uma certeza de fazê-lo em conseqüência da obesidade, e se é pra morrer, eu prefiro morrer lutando. Não, eu não vou morrer.

E é um processo interessante esse de se estar prestes a mudar de corpo, pois embora tenha idéia do corpo que terei, já que uma vez cheguei bem perto de estar magra, sei que minha vaidade vai ter de sumir no processo. A única certeza, à princípio é que - sem roupa - meu corpo será só pelancas e flacidez...

Então é isso pessoas: todo mundo me imaginando fazendo a cirurgia por Universo acelerar meu processo! rs..

6 de setembro de 2007

Desde ontem eu leio e releio esse post ai embaixo e me reconheço num jeito todo escudado de me relacionar com as pessoas. Um jeito escudadamente psi, se é que me entendem...

:0(
Trecho de um e-mail que acabo de enviar:

Eu não disse que meu sentimento mudou, nem o seu; disse que perdemos intimidade e que essa é uma dificuldade minha. Sempre foi assim.(...)

Eu só consigo encontrar a sós pra ficar muito tempo pessoas com quem tenha intimidade, ou esteja muito afim de ter... rs... Sim, eu sei que sou doida. Veja, eu encontro bleblebleblé e bloblobló sozinhos, mas porque temos uma conversa infinda, mesmo que não falemos todos os dias; às vezes nem nos falamos na semana, mas sei lá... Eu sei que eles estão à distância de um click, uma ligação. Que existe toda uma disponibilidade. Se minha mãe passa mal, eu deixo recado no MSN deles antes de sair pro hospital e eles quando vêm me ligam pra saber como ela está, como eu estou. E isso mesmo tendo uma festa na casa deles, eles estando com a namorada que veio de fora... Eu sou "amiga" de todas as demais pessoas(...), mas já com eles não tenho intimidade e então evito encontrar a sós... Só se for algo muito importante e pessoal a ser dito e tiver de ser assim. Até hoje aconteceu uma única vez e com blibliblibli. A outra vez que nos encontramos só os dois foi pra ver xyzxyzxyz e ai estávamos cercados de uma multidão... Onírica e concreta.

Sim, se eu encontro alguém na rua eu abraço, troco palavrinhas, até posso seguir caminhando com a pessoa por duas horas, mas com certeza não falo de mim. Escuto o que ela diz, emito opiniões sobre o que ela diz, mas da minha parte a resposta ao: "e você"? É sempre tudo bem e dou um jeito de devolver o foco da conversa pra pessoa mesmo. O que não é difícil, pois 99% das pessoas adoram falar de si... A vez mais próxima que isso aconteceu foi semana passada que na caminhada encontrei o blublublu... Falamos por duas horas de artes cênicas! Um papo ótimo de verdade!

O flaflaflá mesmo. Todas as vezes que sonho encontrá-lo, fantasio mesmo, os encontros nunca são à sós, mesmo a gente tendo uma puta intimidade "virtual" e eu tendo quase certeza de que ela seja mesmo real. Se depender de mim o encontrarei com, no mínimo, mais uma pessoa ao lado... Que poderá até se transformar num empecilho depois, quando eu ver que "Opa! Rolou! E agora quero ficar sozinha com ele pra gente falar de todas as coisas que não quer falar na frente dos outros".

E com você já não era mais assim... Eu já falava de mim, dos meus sentimentos, da minha percepção das coisas. Com você eu me abria com naturalidade, diria que até maior do que faço com o bliblibli e blobloblo, pois você é uma pessoa, por incrível que pareça, isento de critica quando a coisa é o outro ser humano e seu universo interior. E provavelmente eu não serei mais assim, mesmo que você não perceba. Na verdade acho que só eu percebo que faço isso com as pessoas... E só quis ser honesta com você. Opa! Acho que acabei sendo íntima também né? Progresso! rsrsrs...

E a questão nem é você ser arcaico. É eu não entender mesmo como algumas a-m-i-z-a-d-e-s se dão com um intervalo de tempo suficiente pra vida do outro virar do avesso e a gente não ficar sabendo e nem participar. Com colegas, que muitas vezes chamamos de amigos para dar a ilusão de serem mais íntimos do que realmente são, eu entendo que role isso. Mas AMIZADES, amizades mesmo? Não. Não entendo.

(...)


Mais desnuda que isso impossível! Sim, eu tenho problemas com falta de intimidade.