7 de junho de 2012


Hoje estou emocionada: é a véspera dos meus 45 anos. Dia no qual geralmente sento para fazer a contabilidade do ano que passou, ver as lições aprendidas, aquelas nas quais levei bomba e traçar diretrizes para o ano vindouro; é aqui, e não no Ano Novo, que me reinvento, talvez porque o tempo tenha me ensinado que pras mudanças acontecerem é preciso amadurecer...
Mas hoje, em especial, conto os 45 anos de uma vida. Tem uma sensação estranha em fazer 45... Talvez porque, feitas as contas, com sorte, completo a metade de uma existência ou porque já vivi muito mais da metade do que me foi destinado nessa passagem pela terra, vai saber... Mas o importante aqui é que vivi, sabe? Vivo.

E vivendo aprendi que não importa o quanto eu reze, chore, brigue, me faça de vítima, a vida não me poupará do trabalho que tenho de fazer – e sim, viver é trabalhoso - não porque ela seja má ou dura, mas porque ela não gosta de me ver desperdiçada. E sim, eu, exercendo o enorme potencial humano de me acomodar, vez por outra me deixo desperdiçar em um ou outro aspecto. Em contrapartida aprendi que se rezar não me livra das situações, me dá forças e inspiração para passar por elas sem me deixar aprisionar pelo mimo e seu consequente vitimismo: “porque eu”? “Ué... Porque não eu”?

Aprendi a viver sem ilusões, mas nunca sem sonho, pois é este quem me diz a direção a seguir. As ilusões não, pois são sempre impossíveis, uma vez que não se baseiam na sua realidade pessoal. E sim, pode haver sonhos difíceis de serem conquistados, que exijam mudança, empenho e persistência, mas eles sempre se realizam se você se ama.

E me amando aprendi a não me criticar, a não falar mal de mim para mim mesma, pois não sou e jamais serei perfeita. Me aceito e vou me comprometendo com a minha própria felicidade a cada dia. Percebo o que não fiz direito, colho o resultado dos meus erros, da minha ignorância, mas hoje os entendo como parte do meu aprendizado. Isso fez com que me tornasse mais tolerante comigo e com o outro, embora não implique em achar que tenha de conviver com aspectos alheios que não me agradam, já que a única convivência irrefutável é a comigo mesma. Eu aceito, mas nos deixo livre das más palavras, pensamentos e sentimentos que a convivência poderia me gerar. Pois o que eu penso, o que eu sinto e o tempo que passo pensando e sentindo determinadas coisas é que determinam o que eu sou, não minhas ações, uma vez que essas podem ser polidas pela educação.

Consequentemente aprendi que a paz mental e afetiva é a única que importa e que só posso tê-las se me recusar a gastar meu tempo em debates mentais ruins nascidos do meu orgulho ou da minha carência – são sempre eles! Hoje é tranquilo que não gostem de mim, ou do que eu acredito e falo. Até que duvidem da minha capacidade de ser feliz porque sou obesa – e muita gente duvida - uma vez que me libertei dos parâmetros do mundo. Aprendi a ser feliz “apesar de” e não “por conta de” e isso faz toda a diferença. Mas é um exercício diário, pois o felicitômetro é algo que atrofia muito fácil se você se permite entrar nos padrões que este mundo determina.
Ao mesmo tempo, não quer dizer que eu não queira ou tenha projetos de ser mais magra, por exemplo. Quer dizer apenas, que ao contrário de muitos anos na minha vida, eu não atrelo minha felicidade a isso, mesmo porque, se o fizesse, seria por pura burrice, já que vejo à minha volta tanta gente magra e infeliz. Gente que tem tudo pra ser feliz, mas não consegue e ai vive correndo atrás de fazer dietas e mudar o corpo quando é a alma que está precisando de atenção... Aceitação. Pois só podemos mudar o que aceitamos.

Aos 45 constato que tenho muito a agradecer: primeiro a Deus por nunca ter me poupado de absolutamente nada nessa vida, por sempre ter acreditado em mim mesmo quando eu estava tão descrente que pedi pra morrer... Hoje me sinto finalmente completamente pronta pra vida. Não sei explicar essa sensação, é engraçado até, mas agora consigo entender o porquê de dizerem que a vida começa aos 40.

Em segundo a minha família pelo amor incondicional e desafios de convivência que foram minha primeira e preciosa lição sobre amar a mim mesma. E mesmo àqueles que não conseguiram me amar e me ensinaram a sobreviver ao desamor. E, principalmente, a quem aprendeu a me amar com a convivência... ;-) Tias, tios, primos e primas, sobrinhos e sobrinhas: vocês fazem parte do mosaico mais colorido da minha existência! E por isso, a vocês, o meu muito, muito obrigado;

E aos meus amigos; a cada um deles pelo tempo que conviveram comigo e me ensinaram lições preciosas de amor e aceitação, mesmo que a duração do convívio tenha sido curta, ou há muito não tenhamos mais contato. Ou que este seja acentuadamente virtual... Asseguro que cada um vive dentro de mim e tem seu espaço garantido no meu afeto. Em especial quero agradecer ao Guilherme Bracco por tudo o que apenas nós dois sabemos e que não se coloca em palavras;

Aos meus pacientes por me ensinarem amor incondicional nas diferenças;

E finalmente ao meu grande amor por ter, ao longo desses quase 21 anos me ensinado sobre amar e ser amada. Sobre seguir em frente sem jamais esquecer. Sobre paciência e persistência. Sobre lealdade aos próprios sentimentos. Sobre reencontro, conquista, companheirismo e limitações. Sobre superação e fé. Eu realmente não preciso de você para a manutenção de nenhum aspecto concreto da minha vida, mas te escolho, pois só com você e através de você tenho paz, amor e a felicidade que nem eu e nem ninguém é capaz de me dar. Você não é minha carência ou dependência ganhando voz travestidas de amor; você é meu mais puro querer... Enfim, você é AMOR.

Beijo grande meus amores!