29 de janeiro de 2010

Hoje, depois de 15 anos, consegui pedir perdão a Deus por um dia ter querido morrer a ponto de ter colocado na minha vida uma pessoa com um revolver apontado para a minha cabeça.

Estava fazendo afirmações sobre o poder do amor de Deus por mim e comecei a enumerar os motivos que tenho para ser Lhe ser profundamente grata por ter despertado por mais um dia nessa dimensão, quando me ocorreu que um dia desacreditei de tudo tão profundamente que quis morrer e pedi por isso seguidamente.

Hoje, pela primeira vez, senti vergonha desse meu ato. Ainda tenho os olhos úmidos da crise de choro pelo sentimento de arrependimento e incredulidade - diante da minha capacidade de ser incapaz - que sucedeu a tomada da consciência de que me envergonho. Vergonha diante do meu Deus pela minha profunda ingratidão. Porque mesmo quando eu perdi a fé Nele, em mim, na vida, Ele seguiu ali, firme, forte e acreditando que eu tinha forças que desconhecia para seguir em frente. Vergonha por reconhecer que Ele, em nenhum momento, deixou de acreditar em mim. Nunca. Tanto que as coisas ocorreram como ocorreram e eu aqui estou para contá-las.

E até hoje, eu nunca tinha sentido necessidade de pedir perdão por isso.

Hoje entendo que o suicídio é a materialização da falta de fé absoluta em tudo e, de uma tal grandeza, que chega a assombrar. E isso porque SEI que Deus faz o impossível para evitar que cheguemos às vias de fato - como fez comigo - e mesmo assim muita gente ainda consegue se matar... E entendo também porque o suicídio é considerado a maior ofensa a Deus: por ser o ato que torna material e palpável a perda da fé. Mas também sei que Deus não se ofende. Não. Nunca.

Deus está ali estendendo os braços para quando quisermos pegar a Sua mão e nos reerguermos; estejamos aqui ou lá. Ele só não toma nenhuma atitude enquanto não tivermos em nós o menor átomo que acredite que podemos, merecemos, pois embora esteja com os braços abertos, nós temos de erguer os nossos para alcançá-lo. É preciso sempre ter fé em si mesmo. Mesmo que não saibamos como. Por isso o suicídio é, principalmente, uma ofensa a nós; portanto, também devemos nos pedir e conceder o perdão. Perdão por desmerecer-nos desse tanto.

E eu sou grata sabe? Grata por Deus seguir acreditando em mim, mesmo quando eu duvido e sim, ainda duvido por vezes... É que tenho um enrosco grande com o livre-arbítrio; mas sei que Ele vai me ajudar a entender como Ele pode e age dentro da nossa escolha e liberdade.

Só sei que hoje, depois de 15 anos, envergonhada e arrependida, me libertei de um grilhão que sequer achava que tinha. Estou até sentido as costas doloridas como quem acaba de tirar um pedra enorme de cima. Pedir perdão e perdoar-se é verdadeiramente um dos caminhos de "purificação".

Chiquinho tem todo o enrosco do mundo com esse termo: purificação. E a argumentação dele é bem coerente, passa por todos os rituais de flagelo que a humanidade pratica em nome de purificar-se, atos selvagens contra si e contra o próximo é que exemplificam a purificação na nossa história. Mas precisamos conversar ainda mais uma vez sobre isso para eu fixar bem a diferença do que eu chamo de purificação para que então possa procurar um termo mais adequado para falar dessa sensação que tenho.

Eu uso "purificação" para falar de que precisamos de uma limpeza de intenção para acessar Deus. Ainda não sei explicar isso direito, mas cada vez sinto isso mais claro. Se você reza cheio de amargor, culpa, tristeza e raiva, você não está rezando, você está desabafando. E não é que você não seja capaz de acessar Deus quandoe stá dessa forma; é. Porém nesse estado de espírito não consegue sorver os melhores elementos Dele, aqueles que te modificarão espiritualmente apenas por estar em Sua presença... É como se você só arranhasse a potencialidade daquilo que pode usufruir de Deus quando O acessa livre de fardos, positivo...

Uma analogia que me ocorreu agora é que é como tocar piano: você consegue tocar uma música desde o primeiro dia de aprendizado, porém só consegue ser um virtuose depois de passar pelos processos mais elaborados e ter se tornado hábil. Você sempre tira de Deus os Seus sons, mas "A MÚSICA", aquela que vai engrandecer a sua alma, você só consegue tirar-Lhe, quando houver se entregado completamente a Ele e para essa entrega é preciso estar puro.

É, ainda tenho muito o que sentir para explicar isso, mas é por ai...

E tudo isso só para deixar registrado que hoje me sinto mais pura.

E Chiquinho: registrado aqui porque NADA é mais poderoso que o amor de Deus por mim. É que a Miriam me lembrou essa semana que todo o poder da inveja, obstrução e energias negativas se resume - e se desfaz - em sintonia.

;-P

Fala sério se eu não tenho os melhores amigos do Universo?

27 de janeiro de 2010

É impressionante como a vida tem andado depressa. O tempo passa numa velocidade incrível e hoje, vivê-se muitos anos em um.

E a que devemos isso?

Na minha opinião à tecnologia que propiciou que tudo seja feito muito mais rápido e comodamente o que faz com que tenhamos mais tempo para pensar do que qualquer dia tivemos. E a vida começou a girar na velocidade dos nossos pensamentos.

Há 100 anos atrás para se tomar um simples banho, era preciso buscar água no poço, esquentar no fogão - a para tanto você tinha de buscar lenha, secar lenha, ajeitar a lenha, conseguir fazê-la pegar fogo e esperá-la virar um braseiro, mesmo nos fogões domésticos de metal -, encher a tina e só então você podia passar alguns minutos ali, usufruindo do banho. Hoje basta virar uma torneira e no mesmo instante a água cai sobre seu corpo na temperatura da sua escolha e preferência.

E a gente mal se dá conta do quão a vida anda mais fácil ultimamente né? O quão é prático e cômodo que ao invés de pegarmos a galinha no galinheiro e depená-la, como nossos avós tinham de fazer ou até mesmo nossos pais na infância, para poder fazer um almoço, precisemos só ir ao mercado e, se bobear, trazemos a danada até assada; no mínimo, temperada.

Gastávamos muito tempo, até pouco tempo, em tarefas voltadas para manter a existência, subsistir. Pouco era o espaço que havia para pensar, refletir, questionar, elaborar. Tudo "viajava" a uma velocidade de baixa a moderada, como eram as tarefas a serem executadas. Uma carta levava dias, para se ir de uma cidade a outra também. Hoje temos muito tempo livre e o ocupamos com atividades que usam cada vez mais a mente e menos o corpo e é isso que faz com que o mundo, como um todo, ande mais depressa.

Em uma única vida, vivemos várias. Resolvemos muitas pendências e criamos outras que muitas vezes também serão aqui resolvidas sem ficar para depois. Os acontecimentos se sucedem numa velocidade incrível e as relações também se multiplicam e definham muitas vezes na mesma proporção.

Cada vez mais fica evidente que o apego é um atraso de vida, pois nos faz parar no tempo numa época em que o tempo já não nos dá mais tempo para amarras.

Já pensou sobre isso?

18 de janeiro de 2010

Sábado foi o casamento da Clara e no almoço de comemoração do domingo eu fiz um brinde aos noivos que reproduzo aqui, pois para além das pessoas gostarem, eu achei que ficou bem bacana e sim, são conselhos práticos e fáceis de aplicar na vida a dois, garantido a sua saúde.

Quando comecei a escrever esse brinde percebi que queria falar coisas lindas e profundas sobre o casamento e logo constatei que não posso fazê-lo, pois nunca casei e então, não sei o que é escolher alguém para compartilhar a vida e, de fato, compartilhar a vida com essa pessoa. E como já aprendi que não devo falar daquilo que não conheço, pois o “acho” é sempre mais fácil que o “sei”, lá estava eu de volta à tarefa de saber o que dizer, pois sim eu queria dizer algo aos noivos.

Para piorar fui percebendo que a idéia que faço do casamento é um tanto contaminada pela minha vida profissional. É que os casais geralmente buscam terapia quando a situação já está tão feia entre eles, que é quase impossível recuperar a relação - e eles ainda saem dizendo que a culpa é do terapeuta - conclusão: acabo lidando com o lado mais feio e triste do casamento. Mas foi ai que me dei conta que justamente essa experiência profissional é que me faz saber que existem umas coisas que funcionam e que não funcionam, não só no casamento, mas em qualquer relação a dois. Assim sendo resolvi fazer uma listinha dessas coisas, como pequenos conselhos aos noivos e aos seus amigos:

1. O primeiro deles é que vocês se lembrem sempre de dizer “EU TE AMO”. Mesmo quando a raiva, o tédio, ou a TPM parecerem maior que o amor de vocês. Os afetos se nutrem cotidianamente de gestos de amor. O outro “sabe”, mas é muito importante “ver” e “ouvir”;

2. Lembre-se sempre que a única pessoa capaz de te fazer feliz é você mesmo. Só você sabe o que você precisa e como precisa. O outro é complemento importante para a sua felicidade, mas o essencial é você;

3. Evitem discutir a relação. DR basta uma por ano e outra por engano, isso quando os ânimos ficarem acirrados e, sim, os ânimos ficarão acirrados vez por outra. É que discussões implicam em vencer por argumentação e, embora digam por ai, as relações não são guerras ou jogos. Não existem territórios a serem conquistados; ninguém tem de vencer ninguém;

4. O próximo conselho é diretamente conseqüência do anterior: conversem, conversem sempre, conversem muito. Mas conversem como melhores amigos e não como amantes. Amigos tendem a compreenderem-se melhor. E aqui um alerta para as mulheres: se você disser ao seu parceiro que “não é nada” quando ele perguntar “o que você tem”, ele vai acreditar em você e te deixar em paz. Homens são seres crédulos;

5. Saibam de forma irrevogável que vocês não são obrigados a entender, concordar ou aceitar tudo o que o seu parceiro pensa, diz, sente ou faz. Porém são obrigados a respeitá-lo em todos os seus aspectos. Respeitem-se sempre, até quando parecer impossível;

6. Ninguém muda quando casa. As pessoas mudam quando querem e porque acham que devem. Por isso acredite em cada defeito do seu parceiro. É com eles que você irá conviver até que a morte – ou o juiz - os separe;

7. E para terminar, embora eu desconheça a vida sexual do casal, mas como a lista é baseada na minha experiência profissional, lá vão dois outros conselhos:
- Aos homens: as zonas erógenas femininas compreendem não apenas o corpo dela, mas toda a casa. Uma das coisas que mais deixa uma mulher excitada é perceber que a manutenção do bem-estar dos dois não depende só dela. E isso vale para o 1º, para o 10º e para o 50º ano de casados.
- Para as mulheres: é fato: os homens têm mais necessidade sexual do que as mulheres, geralmente. E isso vale para o 1º, para o 10º e para o 50º ano de casados. Ah! E a medicina já descobriu e comprovou que sexo é o melhor remédio para dor de cabeça.

“Que nem a morte os separe”!