7 de fevereiro de 2011

Quando eu era criança, por volta dos 7 anos, eu era apaixonadinha pelo namoradinho da minha prima de 12 e fazia uma birra danada com direito a choro e ranger de dentes - nas festas de aniversário DELA - para chamar a atenção e fazer ele me dar o que eu queria: uma dança.

Já contei isso aqui.

Foram necessárias três vezes para que do alto da minha sabedoria infantil, percebesse que o que eu fazia era horrível e ao invés de fazer as pessoas - no caso ele - gostarem de mim, eu conseguia apenas que me vissem como alguém antipática, desagradável e mimada. Pior: eu conseguia até fazer com que minha prima ficasse chateada comigo!

Foi assim que aprendi, muito cedo, que se eu queria ter a atenção das pessoas seria dando o meu melhor.

Sempre fui uma pessoa expansiva, extrovertida e comunicativa. Na verdade sou extremamente tímida, porém nunca aceitei isso e então sou bem tímida ao melhor estilo "Marisa Orth" que numa entrevista disse também ser extremamente tímida, mas que antes que a esta a paralise - o que aconteceu comigo em três ocasiões ao longo da minha vida - ela joga os holofotes sobre si e faz o seu show. Idem!

Não vou negar que algumas vezes senti que roubei a cena um pouco demais e, geralmente, percebo que o fiz por estar nervosa e/ou ansiosa com algo na situação. Tipo: quando vou conhecer os pais do namorado. Mas de modo geral sou alguém que de bom grado deixa o outro brilhar, se ele tiver luz suficiente para isso, claro.

Traduzindo: raramente vou ceder meu espaço a alguém que não o ocupe por brilho próprio. Não adianta pedir, pois qualquer coisa diferente disso seria fazê-lo por pena, e né? Ninguém merece uma vez que para mim, pena é a constatação da crença na incapacidade alheia de chegar a um determinado lugar por si mesmo.

Porém se encontro alguém com domínio de cena, brilho e habilidades desenvolvidas ou a gente contracena ou saio do centro do palco e fico admiriando o espetáculo alheio. O exemplo mais recente disso a que tenho acesso foi um almoço na casa de um amigo, onde uma amiga diagnosticada como "em depressão" alegrou a tarde e brilhou orquestrando de tal forma o evento que conseguiu até que os meninos tirassem as camisas. ela garantiu a risada de todos por boa parte da tarde e tornou aquele um almoço inesquecível. Não que todos ali não tivessem sua parcela de contribuição, mas naquele dia o espetáculo foi todo dela! e nossa, como fiquei feliz de vê-la naquele momento e como fiquei feliz de estar ali vendo o brilho dela pela primeira vez!

Não tem jeito gente. As pessoas gostam de alegria, de riso, de se sentirem bem e felizes. A gente dá uma força, apoia, mas ninguém continua indefinidamente querendo estar ao lado de quem que vive num eterno "dia de Hardy: oh! Dia, oh! Vida, oh! Céus!" Nem os que estão num momento ruim querem sair com outras pessoas em igual condição por muito tempo. Pode ser pra um desabafo, acolhimento, mas não pra sair do buraco, como se diz por ai. É anti-natural. A pulsão de vida clama!

O mundo é dos fortes e exuberantes.

6 de janeiro de 2011

O dia de ontem me ensinou algumas lições que eu gostaria de não esquecer:

1) As pessoas dão valores diferentes de mim ao significado de família e amizade. Vi isso acontecer por duas vezes no dia de ontem com pessoas diferentes. Isso não é bom ou ruim, é apenas diferente. Porém implica em que eu não confie nessas pessoas justamente em decorrência dessa diferença que cria na minha vida situações com as quais não quero lidar. Parece lógico né? Porém nunca havia me dado conta que essa é a fonte da desconfiança e que eu não sou desconfiada justamente por me cercar de pessoas que têm os mesmos valores que eu em alguns setores que considero essenciais: quem é sua família e quem são seus amigos?

Tenho família e tenho amigos; e tenho amigos que são minha família. Quando esses dois se juntam numa categoria é como se fosse o laureamento do amor e confiança que nutrimos mutuamente. E eu não espero que essas pessoas não me magoem, ou que eu não as magoe; ou que a gente não vá perder o pé uma vez ou outra mutuamente. Mas espero que elas sempre venham até mim com sinceridade e honestidade. Que seja comigo que resolvam as questões que têm comigo.

E eu sei que para uma pessoa, ao menos, estou nessa mesma categoria: Guilherme Bracco. Porém não espero que num momento em que eu precise dele, e aos irmãos, sobrinhos ou os pais, a avó, uma tia e até mesmo um primo precisem dele, ele vá me escolher a eles. A família vem antes. E na minha cabeça, pelos meus valores, tem de ser assim, porque se não o fosse não haveria sentido em se chamar família. E acredito que ele pense e sinta da mesma forma.

2) Algumas pessoas não se permitem serem cuidadas. Não importa o que você faça, elas não deixam e quando você simplesmente impõe o que quer em nome de cuidar, elas se sentem ofendidas, deixadas de lado, não vistas. Ou seja: não cuidadas. Portanto, inexiste alternativa e o melhor é deixá-las a si mesmas, pois caso contrário, só conseguem se sentir bem quando levaram até a última gota de você.

Antes eu achava que apenas os vitimistas eram assim. E o são porque, né? Se receberem o que precisam, deixam de ter motivo para se sentirem vítimas.

No entanto os que têm síndrome de herói também o são. Simplesmente porque se receberem ajuda, cuidados, deixarão de se sacrificar pelos outros, portanto, de se verem como estoicos, e acreditam que os outros deixarão de vê-los como heroicos..

Eu não compactuo com isso. Sou extremamente grata e reconhecida por cada ajuda que recebo, por cada mimo que me fazem - e reconheço que 99% das vezes me permito ser mimada pelos outros, mesmo; uma vez que precisar, p-r-e-c-i-s-a-r do que me oferecem eu não preciso, mas facilita tanto a minha vida que aceito de bom grado e muito feliz. Entretanto não me defino por isso e muito menos me escravizo a isso.

Principalmente porque quando de verdade eu mais preciso do que me oferecem, não tenho ninguém para dar. E não, não considero isso uma injustiça, ou qualquer coisa de negativo. Mas antes um lembrete de Deus para que eu nunca, jamais e em tempo algum me esqueça que sou grande e forte o suficiente para cuidar de mim mesma, ainda que acredite que não vou dar conta.

O mimo tem esse lado ao qual devemos permanecer atentos: ele nos enfraquece na medida em que nos faz duvidar da nossa potência com o passar do tempo.

3) Tem coisas que a gente pensa, mas não fala. MESMO. NUNCA. Pra ninguém e em circunstância nenhuma, pois é sempre e apenas desagradável e desnecessário. E fazem com que, pela insistência na recorrência, as pessoas troquem o afeto que sentem por tolerância. E essa nunca é uma boa troca, pois se o amor não acaba, a paciência sim.

4) Descobri perto de mim uma pessoa que é, ao menos num aspecto, exatamente como quero ser: alguém que é servida pelo dinheiro e não se escraviza a ele. Que o usa para satisfazer suas vontades, não importando se isso implica em dispender dinheiro. É sempre um investimento em si mesma e no seu bem estar. E fiquei tão, tão feliz! Porque é muito mais fácil se chegar a um lugar quando você encontra alguém que já abriu uma trilha energética até ele!