30 de março de 2008

Passarinho voou


Quando a empresa faliu minha mãe começou a fazer salgado para fora. Uma das nossas gerentes arranjou para fornecermos as lanchonetes da Telefônica e com o tempo, os pedidos foram aumentando, graças a Deus, o que permitia que tivéssemos dinheiro para pagar a água, a luz e o gás, para comprar matéria-prima e comida, embora, muitas vezes, comêssemos apenas o que sobrava do preparo dos salgados, pois era o que tinha. Foi uma época difícil.

Um dia, enquanto empanava as coxinhas, fiquei observando minha mãe trabalhando e comecei a pensar no quanto aquele era um trabalho pesado mesmo para ela, talhada no ofício, pois embora me dispusesse a ajudar em tudo, era um serviço muito especializado e minha pouca prática acabava por sobrecarregá-la. Naquele dia fiz o que ainda não tinha feito até então: acabei por me revoltar com Deus. Mas revoltar mesmo. Quando fui para o banho, já debaixo d’água, tive aquela que até hoje foi a minha maior briga com Ele. Xinguei, esbravejei, tripudiei, ironizei, satirizei, chorei... A coisa foi dum tal jeito que juro, caso Ele se materializasse à minha frente naquele momento eu tinha partido pra porrada sem nem pensar duas vezes.

Quando finalmente estava em condições de sair do quarto – claro que minha mãe não aceitava que eu tratasse Deus daquela forma e eu não queria atritar-me com ela, já nos bastava os problemas que tínhamos - qual não foi minha surpresa ao chegar à cozinha e dar com a Dona Maria Ozana sentada à mesa, com minha mãe e a Fátima, a mulher com quem ela vivia há anos. Dona Maria era a resposta de Deus ao meu desespero.

Ela trabalhou durante muitos anos para os meus pais só deixando de fazê-lo quando comprou um bar. O bar com o tempo não deu certo e ela estava desempregada quando, um dia antes, encontrou algum ex-funcionário nosso e ficou sabendo do que acontecera com a minha mãe. Como se recordava vagamente de onde morávamos, “catou” a Fátima e veio andando, atravessando os bairros a pé, até chegar à nossa casa, empreitada na qual gastou seis horas de caminhada. Posta a par da situação, determinou que a partir daquele dia viria todos os dias ajudar minha mãe, e nem a nossa argumentação de que não tínhamos - e nem teríamos tão cedo - dinheiro para pagar-lhe qualquer salário fez com que ela se demovesse do seu objetivo. Respondeu apenas que tinha uma dívida de gratidão para com meus pais e que aquele era o momento de pagá-la e ela o faria. Trabalhou durante seis meses só recebendo a condução e a comida que comia conosco. Quando minha mãe arranjou emprego fixo, ela foi-se levando equipamentos o suficiente para montar um novo negócio para ela. De lá para cá nunca mais perdemos contato.

Dona Maria ousou assumir sua homossexualidade numa época em que isso não era absolutamente aceito. Sofreu toda sorte de discriminação e embora fosse uma excelente cozinheira, não havia, por conta disso, quem lhe desse emprego ou respeito. Meus pais fizeram isso. Mas não foi mérito deles apenas, foi principalmente mérito dela, pois sempre foi a mais correta das pessoas indo contra o estereótipo que incidia sobre os homossexuais na época. Como minha mãe mesmo disse hoje, em anos de labuta nunca sequer ouviu da boca da Dona Maria um “merda” dito num momento de sufoco e olha que estes foram muitos. Ela gostava da sua pinguinha e do cigarro, mas nada era capaz de fazê-la ser menos bondosa ou amável.

Foi com a Dona Maria que aprendi que não é o que as pessoas fazem na cama que determina o seu caráter. Foi ela o primeiro homossexual que conheci e amei incondicionalmente.

Há um ano dona Maria vinha mal de saúde: a diabetes e a cirrose maltratavam-na e hoje a Fátima ligou avisando que os céus retomaram a nossa guerreira. Eu entendo. Deus estava precisando de alguém para trabalhar ombro-a-ombro com Ele, seja lá qual for o trabalho a ser feito.

Leal, corajosa, companheira e divertida, são adjetivos que a exemplificam muito bem.

Nós não vamos ao velório e nem ao enterro. Já foi difícil dar a notícia para minha mãe e a pressão dela subiu muito, mesmo que medicada. Mas isso não é o mais importante, pois ela sabe que quem tem uma divida de gratidão para com ela somos nós.

MUITO obrigado por ter compartilhado a sua existência conosco.

Beijo grande e até qualquer dia companheira!



Com amor,

Jeannine

28 de março de 2008

A minha mais nova moda é sentir dor no peito quando sou contrariada. Ser contrariada é um termo amplo, muito amplo eu sei. Porém resume bem o motivo do meu peito doer: quando as coisas não saem como eu queria; quando as pessoas agem diferente do que eu esperava delas; quando me dizem algo que eu não procurei saber e não procurei porque não queria ouvir. Me contrario, geralmente com as pessoas, e me vem essa dor bem no meio do peito. Não é uma dor aguda, é crônica, como um machucado que abriu novamente e voltou a sangrar lentamente... E mesmo que eu tome algo - e às vezes recorro a calmante natural - ela só vai passar a hora que quiser, geralmente depois de dias.

Hoje fiquei bem uns vinte minutos inerte na frente do micro, olhar perdido, ensimesmada, pensando que isso começou quando decidi que não ia mais falar com ninguém sobre as coisas que sinto. Não falo, estou gostando de ser assim, mas meu peito dói. Acho que estou caçando um ataque cardíaco, mas isso eu faço há anos com o meu peso...
E estou ansiosa: amanhã tem o primeiro reencontro de turma do colégio que estudei da primeira à oitava série!

Tem noção? 99% das pessoas que encontrarei amanhã, vi pela última vez no dia do baile de formatura, há 26 anos atrás?

Muitos da turma mantiveram contato casual por morarem na mesma região, mas eu mudei de lá pra uma região distante na sexta série e acabei perdendo contato geral com todo mundo.

Já conversei com algums via Skype, outros por MSN, outros encontrei pessoalmente, mas amanhã conseguimos reunir muito mais gente do que supúnhamos à princípio e estou muito feliz porque vou rever cinco dos meus melhores amigos da época!

Não fosse o Orkut esse encontro jamais teria acontecido e é exatamente por isso que mantenho meu perfil lá.

Essas coisas valem uma vida!
Porque as mulheres deviam ser mais leais umas com as outras





Tem um texto atribuído (não achei em nenhum site das crônicas dele, mas também não encontrei nada dizendo que não seja mesmo dele) ao Arnaldo Jabor criando polêmica entre as mulheres na Internet. E essa polêmica me fez lembrar em muito uma teoria - mesmo, pois na prática têm coisas interessantes a serem levadas em consideração - que defendo há anos e que resume-se a: se os homens forem fiéis, muita mulher vai morrer sem conhecer sexo. Com isso defendo que as mulheres deveriam ser mais solidárias umas com as outras e compartilharem o homem que tem.

Vamos às vacas frias: imagine que o mundo é essa bolinha ai em cima. Nela podemos observar algumas verdades estatísticas do nosso planeta, são elas:


  1. Nascem menos homens do que mulheres (é, o troço é torto de propósito e não por falta de noção de proporção da minha parte!);
  2. Morrem mais homens do que mulheres, tanto na adolescência, em decorrência de acidentes, quanto na velhice, por doenças;
  3. Dos que sobreviveram à adolescência, um tanto está namorando, noivando e casou-se;
  4. Dos solteiros viáveis estética e intelectualmente, minimamente a metade "embichou";
  5. Já as mulheres não lesbicaram na mesma proporção.


Conclusão 1: Tem mulher solteira e carente saindo pelo ladrão do planeta!!!!

Conclusão 2: Se os homens forem fiéis, danou-se!!! Mesmo!!!

Conclusão 3: Se as mulheres comprometidas não compartilharem os seus homens, muita mulher vai morrer sem conseguir sequer ver um homem nú que não seja na TV, num site, ou na revista.

Isso é justo? Claro que não! Por isso proponho que as mulheres devem ser solidárias com a espécie e dividirem "o pão" com as mais necessitadas!!! E se resta alguma dúvida do quanto isso será benéfico para o seu próprio casamento, releia o texto do "Jabor" e constate que um marido desestressado vale por dois!!!


Obs.:Essa é uma teoria que defendo na brincadeira, mas que pode levar a uma séries de reflexões mais sérias sobre a questão, uma delas é: é interessante perceber que por mais que seja real e verdadeira a desigualdade entre a quantidade de homens e mulheres no planeta, toda mulher encontra homens solteiros com os quais pode se relacionar ao longo da vida.

27 de março de 2008

Nada como ser citada por uma amiga, Clara, para você se motivar a escrever um texto que já deveria ter escrito há muito tempo.

A estória é mais ou menos a seguinte: antigamente as pessoas tinham várias fontes de prazer: família, vida social, vida política, a religião, o trabalho, a vida acadêmica e o a vida amorosa. Todos eram peças dum quebra-cabeça que bem composto resultava numa vida cheia de prazeres. Certo? Certo.

Muito mais antigamente ainda, as pessoas sequer se casavam por amor. Os casamentos eram arranjados segundo interesses, principalmente financeiros e sociais. E foi justamente o interesse financeiro que deu início à cultura do amor romântico vivenciada hoje em dia, pois para evitar que a herança passasse a um filho ilegítimo, criou-se a noção de fidelidade feminina e o ideal romântico do “príncipe encantado” que rege as relações atualmente. Então a gente começa a entender que não foi o amor que fez surgir a fidelidade, mas sim que foi a necessidade de manter a mulher fiel que levou à concepção do amor romântico. Claro que a mulher com o passar do tempo passou a exigir isso do seu parceiro e também a ensinar aos filhos que esse era a forma de amar ideal, já que culturada, passou a acreditar piamente nisso.

Os séculos correram e chegamos aos dias atuais onde, embora tenham ocorrido várias mudanças culturais, ainda resiste e insiste essa idealização do amor que mais do que dar prazer, infelicita profundamente a existência das pessoas. Por quê? Porque o amor virou nosso Deus; pede-se ao amor o que antes se pedia a Deus. Ele se tornou nossa única e absoluta fonte de prazer. E é ao redor dele que gravita a nossa existência de tal forma, que chegamos ao absurdo de medir o nosso valor pessoal pelo sucesso ou fracasso em obter e manter relacionamentos. Nada adianta você ser inteligente, bonito, bem sucedido profissionalmente, ter um carrão, morar numa casa de sonhos, viver rodeado de amigos e familiares, viajar duas vezes por ano para qualquer lugar do mundo e ter um saldo bancário de fazer inveja se você não tiver uma relação afetiva; qualquer uma. Os outros te verão como inferior, mas principalmente, você se sentirá inferior até diante daqueles que mal conseguem ter o que comer a cada dia, mas mantêm uma relação estável com alguém.

Esperamos que a pessoa amada faça da nossa existência um evento irremediavelmente feliz, ao mesmo tempo em que tomamos a incumbência de fazer o mesmo por ela. Claro que não dá certo. E não dá certo porque começamos a tratar a vida alheia como se fosse nossa e a nossa vida passa a ser do outro. Mil atitudes são tomadas em nome do que achamos que fará o outro feliz – e geralmente são as coisas que nos fariam felizes – e quando o outro não se sente contente, alegre e saltitante como acreditamos que deveria, nosso mundo desaba.

“Como não se sente feliz depois de tudo o que fiz em nome dessa relação? Depois de eu ter aberto mão da minha existência pensando na sua felicidade! Deixei meus amigos, abri mão do futebol, não fiz mestrado, recusei aquela oportunidade de emprego no exterior só pra poder estar ao seu lado e você não está contente comigo e nem com a vida que levamos”?

Usei uma personagem masculina, mas quem não reconhece esse tipo de queixume? Quem não ouviu algo semelhante a isso em algum momento da própria existência? Quem não pensou isso em algum momento da relação?

Mais certo daríamos no amor, se voltássemos a cultivar os vários aspectos da nossa vida, pois aí estaríamos recuperando as nossas várias fontes de felicidade e tirando das nossas, e das costas alheias, esse compromisso absurdo de cuidar do que não nos compete: a vida alheia. Dessa forma o amor passaria a ser algo possível e plausível, alcançável em cada esquina, pois será apenas e simplesmente um sentimento a ser compartilhado com o outro.


Obs: Este texto e suas idéias tomaram forma e tiveram seu princípio no Grupo "Conversas e Memórias". Muitas destas idéias foram propostas pelo Gonçalo Melo que é o coordenador do projeto.

24 de março de 2008

21 de março de 2008

Essa coisa de perder alguém e se sobreviver a isso... A vida se recompõe e é esse o seu grande milagre.

A gente volta a sorrir, a rir, a cantar, a ter esperança, a não doer, mesmo que acredite que nunca mais. Volta.

Mas ai um dia, numa cena de filme aonde um filho barbeia um pai, o som de barbeador - que é daqueles antigos em que se atarrachava a gilete (e exatamente o mesmo que seu pai usava) - escanhoando a pele, te faz voltar a ser criança; ali, em pé, ao lado da pia vendo-o fazer a barba. E as lágrimas brotam de uma saudade que você nem mais sabia.

É isso sobreviver à perda: esquecer que perdeu e quando lembrar chorar e doer como se fosse ontem, para então novamente esquecer.

20 de março de 2008



Não conheci Fatoca profundamente, nem sequer bem. Nosso único contato foi na sua última visita a São Paulo, num bar, na comemoração conjunta do aniversário de Lula e Teca. Agosto de 2007(?). Vendo seu sorriso a gente via de quem o filho herdou o dele... É, Fatoca é mãe de Lemu a quem eu amo profundamente. Fatoca morreu ontem.

E mesmo sem conhecê-la choro a cada vez que lembro e lembro sempre. Choro pela dor que meu amigo está sentindo e por saber que ela sequer começou a doer, ainda. Choro também por saber que essa mesma dor provavelmente um dia sentirei. Choro por ele ser tão guerreiro e forte e sê-lo, principalmente, através da sua fragilidade. Por agora ele ser apenas fragilidade. Pela distância que impede o olhar, o abraço, o colo, pois as palavras, essas falham e morrem na garganta...

Mas sei - e ele também sabe - do amor que lhe dedicamos, pois a mim hoje se une uma legião de amigos, e que em nossos corações todas as orações e intenções são voltadas para ele...

18 de março de 2008

Canção das mulheres

Lya Luft

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silencio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco mais – em lugar de voltar logo à sua vida, indo porque lá está a sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.

Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você!”

Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”

Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Pôxa, mais um?”

Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro – filho, amigo, amante, marido – não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa – uma mulher.

17 de março de 2008

Eu até entendo que se queira ganhar algum dinheiro com o próprio blog - mas confesso que isso me cheira a quem queria o que escreve valorizado a ponto de viver da renda de. Porém nada mais chato do que blogs que para você achar o conteúdo, propriamente dito, precisa pular 973 propagandas...

16 de março de 2008

Dez da noite, toca o telefone.



Eu: Alô?

Ele: A-há! Achei você!

Eu: Quem tá falando?

Ele: Esqueceu de mim mesmo né? Nem por telefone me reconhece mais.

Eu: É bliblibli.

Ele: Está vendo como não largo do teu pé? Que vivo à sua caça? Não tem como você fugir de mim!

Eu: Já percebi.

Ele: Isso é bom ou é ruim?

Eu: Bom, claro...

Ele: Você estava dormindo? Tá com uma vozinha de quem estava descansando...

Eu: Não, é cedo ainda.

Ele: Te mandei um e-mail malcriado. Mando muitos e-mails pro seu endereço do Terra...

Eu: Meu micro tá dando defeito...

Ele: ...e nada de você responder, ai de repente me chega um e-mail do Gmail, pensei "Ah! Safada! Fez outro e-mail e nem me avisou"?!?

Eu: Isso só porque tu é louco né? Tenho o e-mail do Gmail desde que ele foi lançado, ou seja, há anos, e sempre mando mensagens por ele. Você é quem nunca reparou.

Ele: Tenho de falar rápido, porque estou no celular. Me socorre?

Eu: Diga.

Ele: Tô precisando beijar na boca. Não quero trepar, não quero relacionamento, mas quero beijar na boca.

Eu: Ô criatura, tu tem noção que estou em São Paulo e não conheço ninguém ai em Brasília para quem possa ligar e dizer: vai beijar na boca do bliblibli por que ele tá precisando?

Ele: Eu quero é você. Te vira! Toma um ônibus, um avião, pula de pára-quedas, mas chega aqui pra eu te beijar. E urgente!

Eu: O.o

Ele: Só toma cuidado para ver aonde vai pousar com o pára-quedas pra não se machucar né? rs...

Eu: Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha... Tu é um brincalhão "mermo"!!!

Ele: Agora que tu já sabe o que quero, vou desligar. Aproveita seu fim de domingo. Termina de ver o Fantástico, depois tem BBB. Tô indo para casa. Beijo.

Eu: Beijo.

TumTumTumTum...


Depois eu falo e os outros acham que invento...
A gente tende a achar que tudo o que vivemos e sentimos é inédito. Que nossas dores e amores são descobertas da humanidade e dilemas exclusivos.

Ledo engano.

Tudo nesse mundo já foi visto, vivido, sentidfo, sofrido.

12 de março de 2008

O ciúme: a formiguinha que vira elefante.

Só um ciumento sabe a tortura que o ciúme causa. Sim, o ciumento faz sofrer, porém é ele a maior vítima desse mal.

O ciumento é como o alcoolista em recuperação: há de evitar o "primeiro gole" sempre. E no entanto, há de se convir que o tratamento do ciúmes é mais difícil do que o do alcoolismo, pois muitas vezes bebe-se o tal gole sem ao menos se dar conta de que o estamos fazendo.

Ciúmes fala de insegurança. De medo. Medo de que alguém tome o lugar que se quer ter no outro. Absoluto. Eterno.

Mas o que é eterno nessa vida?

Também fala de tormento. De pensamento compulsivo causando dor tão intensa que leva à destruição, se não concreta, simbólica: quer se extirpar algo que possa nos ferir tanto. Geralmente faz-se isso fazendo doer no outro igual sangramento...

Fala ainda da consciência de que amor se sobrepõe. Sabemos que podemos ser amados e que, mesmo assim, um outro alguém passa a sê-lo ao mesmo tempo e numa intensidade de "querer" superior ao que em mim já é costume...

O ciúmes delata a certeza de sermos descartáveis e substituíveis e o desejo de não ser. A necessidade de sermos marcantes e da percepção de que somos apenas e tão somente comuns...

O ciumento anseia pela eternidade do amor na mesma medida em desacredita dela. E ele nunca tem certeza do amor que lhe dedicam, justo por conta disso. Não adianta que o outro fale, exemplifique cotidianamente: é perene nele a certeza de que um dia isso muda. E muda porque nele mesmo mudou e tantas e tantas vezes. Só não muda essa nunca sentir-se suficiente...

Ciúmes não é prova de amor. É atestado de ausência de "eu". Pois tudo se sabe, e no entanto, nada se sente que possa amenizar aquela doideira. É um desejo de consumir e ser consumido. De justificar a própria existência pelo outro que nos sente e ama, apesar de nós mesmos. É querer ser vivido para o outro e pelo outro. É a certeza de que um dia este descobrirá a farsa que somos e nos dará as costas.

Por fim (ao menos por hora), é o sentimento mais burro que existe, pois intenta controlar aquilo do que não se pode sequer ter notícias: o que o outro sente.

10 de março de 2008

Ao telefone:

Ela: Menina, não se passa um dia sequer sem que eu lembre de você!

Eu: É, porque?

Ela: Quando me separei, ia na sua casa e dizia que tinha perdido meu marido. Você então me alertava: "não diga que perdeu, pois quem perde, acha". Hoje olho para ele e penso: "bem que ela me avisou, num é que achei mesmo o empiastro de novo?".

9 de março de 2008




Domingo passado, aqui ao ladinho de casa...


Eu de nova cor de cabelo: vermelho-castanho escuro com mechas violetas (é, eu sei, parece castanho escuro na foto, câmera do celular.. nhé!).

Amanhã, se não me engano, faço as luzes cor-de-rosa...


Neto, ontem, rindo - e sem-graça demais - na cantina italiana com aquele bando de paulistanos que param de comer para cantar e bater palmas, enquanto o proprietário bate as tampas das panelas, todos acompanhando Volare e as tarantelas...



O cantor simpatíssimo!!!




Todos olhando para as tampas de panelas sendo batidas e jogadas no chão! rs..

4 de março de 2008




Eu e o Jairo Rodrigues (diretor e ator principal da peça) no dia em que nos conhecemos.
E nem contei né? Mas estou virando atriz.

Fui convidada para encenar uma peça infantil. Teatro profissional e topei o desafio. Estou aprendendo a interpretar e não é mole não. Mas tenho tenho um diretor bacanérrimo e literalmente estou suando a camisa para a coisa ficar redonda. A gente deve estrear em Meados me Abril, começo de Maio.

Lembram quando, há alguns meses, eu disse aqui que estava sentindo o vento da mudança soprar?


Era disso que eu estava falando. E esse é apenas o começo!
Decididamente: esse Big Brother Brasil é manipulado!

3 de março de 2008

Todo mundo gosta de comer algumas coisas meio trash não é? Eu também!

Uma das coisas que "adouro" é sardinha em lata. Rapaz! MUITO bom né? Mas tem de ser em óleo comestível, porém preferencialmente em água ou com limão! Hum... Pura delícia! E se misturar no macarrão então? Ontem foi meu jantar!

E enquanto comia fiquei pensando se caso fosse obrigada a passar muito tempo comendo apenas aquilo na vida - tipo me perder na ilha de Lost e nas caixas só ter macarrão e sardinha em lata - se seria algo do qual enjoaria... Porque é tipo pão com manteiga né? A gente passa a vida comendo, mas não enjôa.

2 de março de 2008

Acordo, vou ao banheiro, escovo os dentes, vou tomar meu café da manhã. Venho para a frente do micro, ligo-o e ele trava antes mesmo de sair da hibernação. Dou um boot.

Depois disso foram quatro horas de briga para ele aceitar um ponto de restauração, pois até levá-lo para a execução no modo de segurança era um Trabalho de Hércules.

Agora a cabeça e costas doem de tanta tensão, mas ele está aqui funcionando direitinho.

Viva!

Mas o cérebro está lesado. Recebo um e-mail do "staff do Terra" dizendo que após uma manutenção do sistema tenho de ir lá para validar minha conta e o que faço? Clico no link! Sorte que depois do breve lapso, me toquei na hora que era link para vírus e fechei a tela.

Rapaz! Põe fé?

1 de março de 2008

Há dias venho aqui e abro a tela aonde escrever. Penso; penso; digito algumas linhas; leio e releio. Digo: "nhé!", apago tudo e vou-me embora.

Não que não tenha nada acontecendo na minha vida ou em mim. Tem. MUITA coisa. Mas de verdade: a quem isso interessa?

Talvez seja ainda o efeito das palavras da amiga que ecoam em mim ao longo dos dias: "não havemos de dizer o que sentimos à ninguém" e a isso somasse a percepção de que demonstrar também não. Nada de ser transparente e deixar as pessoas te lerem nas entrelinhas. Ou nos olhos. Ou pelas pontas dos dedos.

O universo é feito de segredos. Eu sou parte do universo. Agora completamente integrada.

Ser sincera é uma das coisas mais doloridas da vida, porque inútil. As pessoas metem deliberadamente acerca de si. E dos outros. Se não mentem, omitem. O que, no fim das contas, dá no mesmo, já que impede que se veja, se conheça. Todo mundo é um holograma de si mesmo. Ninguém está aonde diz estar. Ninguém é o que se vê. Nem eu.

Estou aprendendo o cinismo; o ver e fingir que não vi. Ler e ouvir idem. Descaradamente deixo de responder a perguntas; mudo de assunto, ou simplesmente me calo até que o desconforto passe. Ou a raiva. Ou a tristeza.

A consciência é algo que não se perde. Uma vez que você sabe, você sabe. Nada muda isso. Nem o falar e nem o calar.

Com tudo isso, não existe mais na minha vida aquela pessoa para quem se quer correr e contar todas as coisas que te acontecem. Nem de quem ouvir tudo de bom ou de ruim que se tenha a dizer. Tem amigos, bons amigos, amigos maravilhosos. Mas aos quais também não se diz tudo...

O bom disso tudo é que não tem mais surto, reclamações, "choro e ranger de dentes" Nenhuma ligação onde acabo em lágrimas; nenhuma necessidade de consolo. Sempre está tudo bem, e eu alegre e saltitante.

Bom não é? Pois. Eu também acho ótimo!