10 de outubro de 2007

Eu também vou falar...

...sobre o filme Tropa de Elite.

Sim, gostei imenso! Muito mesmo e não fosse todo o resto teria gostado por finalmente, como bem disse ele, o Brasil ter aprendido a fazer filmes de ação. E pro inferno com a "reserva de mercado" cultural: se uma das coisas que americano sabe fazer bem é nos emprestar a adrenalina em determinadas cenas, bom que tenhamos sabido de quem copiar!

Quanto ao conteúdo, não vou me ater a discursos sobre se o filme é fascista ou não, mesmo porque me falta gabarito para engendrar uma discussão desse nível. O que posso sim dizer, é que enquanto via o filme pensava no policial honesto finalmente representado num sistema onde, embora sejam em menor número – infelizmente – nem todo mundo é bandido e existem os que honram a farda. E no quanto é difícil carregá-la em detrimento da própria vida muitas vezes. Todos os dias, absolutamente todos os dias, morrem policiais no cumprimento do dever pelo Brasil, mas apenas às vezes essas mortes saem noticiadas nos jornais.

Ao mesmo tempo pensava com alívio que favelados não vão ao cinema, pois a impressão que se fica é que todo morador de favela, foi, é ou será bandido. E isso deve dar muita raiva em quem mora lá e ganha a vida honestamente; a imensa maioria por acaso.

Tai mais um dos discursos que me dá raiva atualmente: a bandidagem quem faz é a desigualdade social. Será? E esse bando de pobres honestos que enchem as nossas fábricas, limpam as nossas casas, varrem as nossas ruas, recolhem os nossos lixos, trabalham nas lavouras, produzem o nosso combustível e a sagrada caninha do fim de semana? Que vendem bugigangas e balas, que catam lixo pelas ruas, que dormem ao relento... Porque não se tornaram bandidos se vieram da mesma miséria? E como explicar o número crescente de jovens da classe média e da classe alta cada vez mais metidos com o mundo do crime? De qual miséria se fala afinal quando se diz que ela forma bandidos?

E não, não nego que existam os que roubem e cometam pequenos delitos por absoluta necessidade. Só quem tem fome sabe o que ela é. Mas esse não é o caso dos traficantes que lotam as nossas favelas e que arrastam para o vício e para o crime as nossas crianças. Não é o caso deles e nem nunca foi.

O x é que a favela é um território esquecido para o qual ninguém quer olhar, pois fala da nossa eterna inaptidão para lidarmos com a diferença. A favela é mais um dos nossos lixos empurrado para debaixo do tapete. Terra de ninguém que todos gostariam que simplesmente deixasse de existir. Justamente por isso os traficantes, transformando em ponto forte a fragilidade das favelas, se apossaram delas. Vantagens demográficas, facilidade de escoamento da produção e mão de obra-barata são requisitos irresistíveis para qualquer “empresário”! Triste descaso que rouba nossa paz.

E um dos questionamentos que o filme levanta e que acho vale a pena insistir e retransmitir é o que quer que o usuário se questione sobre o quanto o seu vício contribui para que cada vez mais crianças sejam aliciadas pelo tráfico. E não querendo me meter no vício alheio penso que a alternativa de quem quer usar deve ser cultivar. Sim viagem, mas afinal não é disso que se trata a droga?

Para finalizar falta dizer que o filme suscita toda uma discussão quanto a se ser um policial honesto implica em matar bandido... Talvez matar não seja a solução, no entanto, enquanto o Brasil não apresentar um sistema carcerário capaz de recuperar(?) o bandido, eu os prefiro mortos do que entrando na minha ou na sua vida.

Nenhum comentário: