23 de setembro de 2007

Minha mãe não entende carinho. Acha que beijar e abraçar, que elogios enfraquecem. Ela é a típica pessoa que quando recebe um abraço ou beijo ou retesa o corpo ou olha desconfiada e pergunta:"O que você tá querendo"? Meu pai tampouco era afetivo, embora fosse mais que minha mãe. Para ele eu era aquela que tinha a péssima mania de vir abraçando as pessoas... Meus irmãos são melhores, mas é palpável que existe nas expressões afetuosas um certo desconforto, como se não se soubesse ao certo o quanto deve durar um abraço ou beijo. Na verdade eu nem sei como sai esse ser carinhoso, mas lembro que quando estava no limiar de me tornar como eles, uma amiga me disse: "deixa de bobagem"! E eu escutei. Fui salva.

Minha mãe nunca elogiou um filho para ele mesmo. As poucas vezes em que a ouvi falar bem de mim foi para ou por terceiros e confesso que nas primeiras vezes em que me contaram, custei muito a me convencer de que a pessoa não estava doida ou tinha sonhado. E, no entanto, críticas são com ela mesma. Para apontar o erro e dizer do que acha que está mal feito ela é a primeira da fila. E sabe fazer isso com uma dose de crueldade que a maioria das vezes me assusta. Assusta por que é difícil entender como dois opostos caminham tão bem juntos, já que ela é capaz de tirar a roupa do corpo para ajudar alguém - mesmo que não goste ou conheça esse alguém - e eu já a vi fazer isso; literalmente.

E o engraçado é que conheço mais gente assim; que tenho mais gente assim na minha vida...

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Hoje lembrei do ex-namorado que ao saber que, bêbadazinha, eu havia feito o maior sucesso com os homens no barzinho - rainha da simpatia que sou -, me disse que os amigos presentes disseram-lhe que eu parecia uma vagabunda. Rapaz! Precisei de muita força de vontade para não meter a mão na cara dele naquela hora. Fui tirar satisfação com os tais amigos e descobrir que ele é quem tinha-lhes dito aquilo por ciúmes, ou seja, me agrediu quando na verdade não conseguia admitir que me amava... Mas hoje eu sei disso. Na época levei muito tempo para perdoá-lo e precisei de muita, muita ajuda para isso.

Aliás, o grande problema entre nós, e que me impediram de voltar com ele quando me pediu, foram as coisas que me disse pós término de namoro me deixando insegura. Como você volta a confiar emocionalmente em alguém que diz que terminou com você porque te amava mais que a si mesmo e, de quebra, também diz em outra oportunidade que estava feliz em ter uma namorada magra, pois andava farto de ver gordura? Sim, eu sei que são coisas conversáveis, porém não houve interesse nem em se saber do que eu falava quando disse que ele trazia coisas para a minha vida que eu não queria ter de lidar...

Agora o problema entre nós são as coisas que ele não me diz, mas diz pros outros e eu fico sabendo. E o que me pega não é o fato dele falar de mim e sim ele não falar para mim quando ele sempre teve acesso livre até mim. Podia vir pra me comer, mas para conversar comigo não, sabe como é? Pois. E confesso também me incomoda ser transformada em vilã da vida dele por conta de uma história que, na verdade, não tem bandido e nem mocinho, só o medo como entre meio. Medo de ambos.

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E não sei porque esses dois temas estão interligados para mim, mas estão. Fato é que já aprendi que nem tudo precisa ter uma explicação.

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