4 de abril de 2007

A primeira premissa religiosa que aprendi foi “Orai e vigiai” . É sobre esse pilar que se ergue a fé Cristã.

O que ele significa? Orai: tenha pensamentos castos e elevados, emita vibrações de sublime pureza e bondade para Deus. Vigiai: cuide para que os maus pensamentos não dominem e guiem a sua existência.

Quando comecei a estudar o espiritismo deparei-me com a mesma premissa e alguns acréscimos: a lei da ação e reação, que alguns entendem e denominam de Carma, no espiritismo e no Budismo, ou a tríplice lei do paganismo, ou ainda a lei da atração que vem sendo mais divulgada atualmente pelo livro e filme homônimo denominado O segredo. No que ela se resume: você envia uma carga energética pro Universo e ele te devolve essa mesma carga. Lembram da lei da física que passamos anos estudando na escola? Você aplica uma determinada quantidade de força num objeto e o objeto de devolve a mesma quantidade de força aplicada por ele em você? É isso.

Na bíblia são inúmeras as passagens que dizem que somos feitos à imagem e semelhança de Deus e que, portanto, somos deuses. Também tem a famosa frase de Jesus: “peça que te será dado; bata que a porta se abrirá”. No livro “A Gênese” de Alan Kardec este nos conta que estamos imersos num “fluído cósmico universal” que pode ser manipulado pela vontade humana e se transformar em qualquer coisa que queiramos. Os evangélicos, de todos os cristãos, são os que melhor conseguem aplicar esse princípio, embora ainda pelos motivos equivocados. Então porque tanto alvoroço quando alguém chega e traduz isso de forma simples dizendo que a somatória disso nada mais é do que a manifestação material do que pensamos, acreditamos e sentimos? Afinal, inúmeras são as correntes filosóficas que falam do poder do nosso pensamento há milênios. E isso só pra exemplificar que a mesma coisa é dita das mais diversas formas há milhares de anos, mas o homem segue cometendo os mesmos erros imbecis de sempre... Incrível!

Pensar positivo vai evitar que o que consideramos mal aconteça na sua vida? Não. Mesmo porque somos tão primitivos ainda que consideramos a morte um mal e, apesar dela bater frequentemente à nossa porta, ainda nos desesperamos diante dela. Pessoas, e muitas, vão morrer antes de você caso venhas a envelhecer dentro das expectativas consideradas normais para a atualidade referentes à nossa longevidade. Se você conseguir evitar todos os males terrenos pensando positivo, não conseguirá evitar esse e então sempre estará sujeito a que, uma hora ou outra, a sua vida tenha momentos “negativos”.

O problema é que o ser humano nunca deixa de ser um bebê de bocão aberto esperando que o alimento caia ali apenas para ser digerido. A grande ilusão que rege a nossa raça é a de que se crer em algo, esse algo retirará da nossa vida todo o mal, fazendo-nos viver num idílio sem fim. E como isso não é verdade - embora seja, mas não convém discutir isso aqui - o que as pessoas fazem então é rejeitar todo o alimento que lhes chegam à boca. A imagem é mais ou menos assim: querem beber leite, a vida manda uma papinha, uma sopinha pedaçuda e nego cospe e resolve que então o bacana mesmo é comer pedra. Sai mastigando pedregulho e ainda reclama que a vida é dura!!!!

Ele nunca percebe que apesar de estarmos todos sujeitos a que o “mal” aconteça na nossa vida por estarmos imersos numa energia onde o negativo promove equilíbrio, o tempo de atuação desse “mal” na nossa existência depende de nós. Você pode levar um tombo e se estabacar no chão, porém se você vai permanecer lá esperando que alguém venha em seu socorro e reclamando e chorando porque caiu, ou se você vai tentar se levantar e voltar a caminhar, mesmo que precise de ajuda, é você quem decide.

Não está na hora de começarmos a amadurecer não?
Existe um tipo de mulher que se assemelha demais a camaleões: sua personalidade se transformam de acordo com os homens com os quais se associam. Estas poderiam ser resumidas assim:

"Diga-me com que casas, que te direi quem és".

Não, eu nunca percebi um homem tão plástico assim... Você já?
Gente que acha que tudo o que é seu é um luxo, e que tudo que é dos outros é uma bosta, me cansam...

Pior que isso é ver essa pessoa achar que só os outros são sem noção...

3 de abril de 2007

Eu ainda me surpreendo com o modo como as pessoas agem quando acham que ninguém está vendo e como mudam quando sabem que estão sendo vistas...

E a pergunta que me faço é: elas estão enganando quem: os outros ou a si mesmas?
Julgamentos


Sempre fui do tipo que temia terrivelmente julgar alguém e isso tinha uma gênese: quando criança, arteira que eu só, a minha sensação mais constante era a de que davam sempre motivos errados para as minhas atitudes e ações. Sempre colocavam uma intenção negativa onde eu apenas tinha querido me divertir ou descobrir algo.

Lembro que até mesmo na adolescência eu tinha quase que um assombro constante ante a incapacidade alheia de ver minhas reais intenções e isso me fazia ter um nó na garganta que não se dissolvia nunca. Lembro dessa sensação até quando eu tinha 20,21 anos...

Acho que isso contribuiu e muito para que eu não fale muito de mim. Até hoje é constante ouvir, de terceiros, teorias completas acerca dos meus comportamentos. O engraçado é que elas muitas vezes não falam absolutamente nada do que acontece aqui dentro. Eu me rio, pois entendo a necessidade das pessoas de colocarem os outros em formas das quais possam dar conta. Afinal alguém que foge ao que conhecemos por normalidade pode ser perigoso... Mas também é verdade que algumas vezes as pessoas acertam em cheio no que falam de mim e isso também não contribui muito para que eu fale mais sobre a minha pessoa. Se o outro já sabe tudo, vou falar pra quê? Só existe uma pessoa nesse mundo que tem a capacidade total e absoluta de me fazer falar...

Porém não era disso que queria falar. Queria comentar que me dei conta esses dias que quanto mais queria fugir de julgar as pessoas, mais acabava fazendo isso. E quem me fez perceber isso foi uma pessoa que fala tanto de gente chata e sem noção que acabou perdendo de vista que se tornou uma. E a coisa do julgamento funciona mais ou menos assim: pra evitá-lo você acaba o fazendo como uma espécie de marcador de onde não pisar; mas já estando pisando...

Hoje não me ocupo mais de julgar. Mesmo quando percebo que estou indo nessa direção, inverto meu percurso e procuro apenas procurar entender que seja qual for a hipótese que eu formular, ela será apenas uma hipótese, já que a verdade sobre si, só a pessoa detém.

Ficou tão mais agradável viver...

1 de abril de 2007



Publicou!!!!

Eis a prova da burrice...
A pessoa acordou às 5:54 hrs., sozinha. Tomou banho, passou os cremes, protetor solar 30 no rosto e tals. Mas a pessoa esqueceu de passar protetor no resto do corpo... E andou no maior sol das 10:00 às 13:00 hrs.

Pena que o blog não tá deixando publicar imagem... Pena!

À pergunta se eu continuo branquinha, hoje eu responderia: meio-à-meio; meio branca e meio vermelho camarão!

31 de março de 2007

E ontem fui ver Scoop do Woody Allen. E tenho gostado cada vez mais do Woody; tanto quanto menos auto-biográfico ele fica. Adorei o filme! Tem sacadas incríveis e a companhia também foi super agradável!

Agora eu já devo "dois cinemas"!!! ;o)
Afff... O Blogger põe esse banner maldito do Mercado Livre nos blogs e a gente tem de ficar mexendo no layout pra ficar o menos feio possível. Mas o ruim mesmo é ter de fazer propaganda forçada de uma empresa na qual não acredito e que sei lesa muitos usuários facilitando golpes.

Começando a pensar seriamente em pagar um domínio...
Recados para o Ano Novo!

Por Zíbia Gaspareto no livro Conversando Contigo.

É tempo de renovar! Há quanto tempo você não sai da rotina? Você alega que quer mudar, mas que o momento não é favorável, que a vida está difícil e até que o plano econômico do governo está puxando seu tapete.

Até quando vau dar desculpas como essas e continuar se escondendo, não querendo ver que só você é responsável pelos problemas que tem? Que quando você realmente quer alguma coisa, consegue?

Você se queixa da vida, subestima sua capacidade, mas no fundo, no fundo mesmo, não quer deixar a posição cômoda de não ter de enfrentar os desafios que a vida traz. Fica esperando que os outros façam essa parte para você. Afirma que é prudente e prefere não se expor, nem correr riscos de fracassos. Discorre muito bem sobre os perigos do caminho. Acredita estar se defendendo, prevenindo e se livrando de sofrimentos futuros.

Quanta ilusão! A vida é feita de desafios. É como um quebra-cabeça. Ela cria situações inesperadas e pressionam para que você encontre novos caminhos, desenvolva capacidades, descubra saídas. É um jogo fascinante onde você aprende a lidar com situações novas e inesperadas, tornando-se forte.

Ninguém pode jogar esse jogo por você. Ele é pessoal e intransferível. Por isso não adianta querer ficar parada, agarrada a coisas que você já conhece e que lhe dão uma falsa sensação de segurança. No universo tudo se movimenta e se transforma. A mudança virá de qualquer forma.

Você já tem problemas nas pernas porque não quer andar, no estômago porque não aceita as coisas novas, nos intestinos porque seleciona mal seus pensamentos, na vista porque não quer ver a verdade, no corpo porque seus medos retêm gordura para proteger-se. O que está esperando para reagir? Uma doença incurável que o faça acordar?

Neste final de ano saia desse vitimismo. Enfrente seus medos. Reaja. Compre livros de auto-ajuda (ai!!!!), faça afirmações positivas, reze, peça a Deus que lhe mostre a verdade. Tenha o firme propósito de no próximo ano começar vida nova! Esclareça-se, teste sua capacidade, faça um curso, arranje novas amizades. Ao invés de queixar-se, faça alguma coisa por você!

Abra sua mente e questione seus pensamentos. Jogue fora tudo que for negativo. Você só atrai coisas boas com pensamentos positivos. Ainda não percebeu isso? Seja qual for a situação que estiver enfrentando, firme propósito de pensar só no bem. É dessa forma que você vai ligar-se com a luz, descobrir que a vida é perfeita, toma conta de tudo e que você pode confiar. Que sua segurança está em aceitar as mudanças naturais fazendo o seu melhor. É assim que você se tornará forte e capaz. Experimente! Feliz Ano Novo!

Obs.: Não esqueça que você pode começar um Ano completamente Novo para você aqui e agora nesse dia 31 de Março, basta você querer!!!

30 de março de 2007

Parênteses (1)


Uma ligação inesperada no meio do dia do ex-namorado que não se vê há oito anos pode fazer a sua tarde mais feliz. Principalmente quando finalmente conseguem conversar sobre os motivos que culminaram no término do namoro. Algumas coisas interessantes que ouvi sobre mim mesma:

“Entendi e aceitei que você é uma pessoa fechada, quieta, que não fala muito sobre si mesma, e também não é uma pessoa melada. E eu preciso que me melem. Você é carinhosa, dá atenção, mas não mela. E minhas brigas eram para ver se você começava a me melar, me adular, me paparicar. O que eu consegui foi levar um pé na bunda”.

“Você até hoje foi a única mulher que eu olhei e pensei: com ela construo uma vida, tenho filhos e envelheço. Já tive outras mulheres, já morei com uma, mas nunca mais senti isso. Você continua sendo a única mulher com quem acho que construo o meu futuro”.

“Eu brigava, discutia, mas no fim quando parava pra refletir via que você tinha razão no que me dizia sobre a minha possessividade e ciúmes. Mas é que fiquei inseguro com você. Eu era um moleque que tinha um mulherão nas mãos. Me perdi”.


O que fez bem pro meu ego:

“- Como tá seu cabelo, curto, comprido?
- Curto e vermelho.
- Vermelho? Deve estar linda “pra porra” então”...


“- E você continua branquinha?
- A ponto de uma prima minha reclamar e me mandar tomar sol.
- Essa sua prima não sabe o que fala... Você é tesuda assim.”


“- E o sorriso continua igual?
- Continua, mas agora eu sou banguela...
- Sendo você não me importa; eu quero do mesmo jeito.
- Também tô cheia de rugas, celulite e flacidez...
- Não me importa... Em você eu encaro tudo.
- Danou-se! Rs...

(E é engraçado eu ouvir isso dele, pois ele foi o namorado que me disse: “O que salva é que você tem um rosto lindo. É pra ele que eu olho quando estamos transando. Se você não tivesse ia ficar difícil”... Ah! Os anos... Passam e apagam tudo né?)

O que achei engraçado saber depois de tanto tempo:

“- Eu dei uns beijos na I. (amiga em comum) depois de uns quatro meses que terminamos. Ela queria namorar, mas eu não quis. Eu queria mesmo era me vingar de você. Namorei a A. pelo mesmo motivo...
- Afff... Mas vingança burra hein? Primeiro porque eu não fiquei sabendo e segundo porque namorar com a A. é burrice por si só e você ainda acabou ficando com ela quatro anos...
- Eu me envolvi...
- Num digo: burrice.

Obs.: A. era uma guria que transitava pela mesma turma que eu e também era obesa, mas com quem nunca troquei uma palavra. Por quê? Por que ela dava em cima de todos os meus ex...

“Nossa! Você fala palavrão”...

“- Tô afim de sair com você. Matar a saudade. Beijar sua boca...
- Também tô, mas você disse há pouco que não trai sua namorada. Então vamos ter de esperar você terminar seu namoro para nos encontrarmos.
- Eu falei isso? Tava te xavecando! Eu traio minha namorada sim, com você eu traio”.

O que achei perigoso ouvir:

“A gente ainda vai acabar casando, você sabe, não sabe”?

“- Eu não sei se consigo não me envolver com você. Você tem certa razão em estar com medo... Mas eu não vou pegar no seu pé se isso acontecer.
- Eu sei, você nunca pegou no meu pé. Mas eu não quero que você sofra. Você não merece sofrer, muito menos por mim.
- Por quê? Você se menospreza assim?
- Não. É que eu sei que não sou a mulher que você precisa. Eu ainda não sou de melar ninguém e você ainda precisa que te melem. Se a gente voltar, você vai ficar bem com isso um mês, um ano, mas um dia o que você precisa vai falar mais alto, e você não vai simplesmente me dar um pé na bunda. Você vai voltar a brigar comigo tentando me transformar no que você quer que eu seja, mas que eu não sou.
- ... Você ainda é foda”...


“- Eu gosto de ser solteira.
- Agora você resumiu bem a nossa diferença: você gosta de ser solteira e eu gosto de não ser. Gosto de ter alguém do meu lado, só me sinto completo assim.
- Eu me sinto completa. O que quero não é alguém que me complete, mas alguém que me compartilhe.
- Você não gosta de dar satisfação.
- Nem é dar satisfação. É essa coisa de ter de fazer tudo junto o tempo todo. Com a gente mesmo isso atrapalhava; eu mandava você ir pra farra com seus amigos e você dava piti, por que não queria, só queria se eu estivesse junto...
- Eu ainda sou assim. Mas isso é por que você nunca amou ninguém. Quando você ama é assim: você quer dividir sua vida com o outro...
- Eu já amei sim, mas é que esse modo que vocês costumam amar pra mim soa como reducionismo e eu não quero reduzir minha vida, quero ampliar horizontes.
- ...”.

E páro por aqui, pois o que aconteceu depois é impróprio para menores e eu não sei quem lê esse blog... rs...

:oP

O que eu acho de tudo isso:

Não estou pensando no amanhã. Estou com saudade e vontade e ele já é um cabra grandinho. Vou deixar a vida me levar.

28 de março de 2007

Mudar (2)


Nos últimos anos o que fiz foi viver. Mas viver mesmo, sem fronteiras e sem amarras. Fiz tudo o que quis, fui tudo o que pude ser. Algumas vezes acertei em cheio; em outras errei feio! Fui tantas e tão diversa que muitas vezes me surpreendi com a face minha que via refletida na pupila alheia. Bebi de todos os méis, sorvi de todos os féis; fui santa e fui profana; trai e fui fiel. Conquistei amigos eternos e perdi alguns deles. Cometi erros imperdoáveis; perdoei mesmo quando jurei que não o faria; mesmo quando não queria; mesmo quando não devia. Revelei coisas que não podia; guardei segredos inconfessos. Conheci drogas, castidade e devassidão. Dei as melhores risadas; chorei as lágrimas mais amargas. Tomei porres. Amei sabendo que amava e não sabendo também. Sonhei. Me decepcionei. Me libertei de ilusões. Bati e apanhei pesado...

A tudo, absolutamente tudo, me entreguei.

Todas as minhas ações tiveram consequências. Todas as consequências me ensinaram algo sobre mim mesma. Agora é o momento de separar o joio do trigo; ver o que reconheço como sendo pro meu bem e botar fora as ações que me são prejudiciais. Leva um tempo, implica numa visita a todos os meus cômodos, numa faxina daquelas, mas vale a pena.

27 de março de 2007

E no dia 1º de Abril eu estarei aqui com mais 120 idosos!!!




São Paulo vai dar o início das celebrações no dia 1º DE ABRIL na AVENIDA PAULISTA às 09h00, com a CAMINHADA do AGITA MUNDO 2007. Participe da caminhada e traga seus amigos e familiares para celebrar o Dia Mundial da Atividade Física junto com o grupo de São Paulo que agitou o mundo!


Não, não é mentira... rs... mas bem que ter de acordar às seis da manhã pra isso podia ser... :oS
Mudar (1)


Comecei terapia aos 16 anos por não estar conseguindo lidar com a morte do meu pai e “parei” aos 31 anos. Ao todo foram 15 anos de análise e 3 terapeutas: uma mulher, um homem e outra mulher. Em média passei cinco anos com cada.

Minha primeira terapeuta, apesar de corporal, tinha uns traços ortodoxos e não abria a boca depois que fechava a porta da sala de atendimento e então, muitas e muitas sessões eu passei no mais absoluto silêncio, mesmo que por dentro fervilhasse de coisas por dizer. A sensação que tenho hoje olhando para esses cinco anos de psicoterapia com a Wilma, é de que metade deles passei num silêncio angustiante, aflitivo e improdutivo, por minha pura inabilidade em falar de mim se o outro não me introduzisse como assunto. Porém isso serviu para que eu jamais deixe de dizer um “e ai”? no inicio dos meus atendimentos. Junto aos atendimentos ela mantinha um Grupo de Movimento e este sim me fez muito bem. Foi lá que aprendi a trocar afeto; a abraçar de verdade e de forma integral alguém. Antes disso eu era aquele tipo de pessoa que retesa o corpo e fica duro feito tábua de tensão quando o outro se aproxima e o toca de forma carinhosa... Dá pra crer?

Meu segundo terapeuta conheci na faculdade. Foi meu professor e na divisão das turmas para as aulas nas “salas pequenas”, quando ele viu que cai na sua turma, ficou tão genuinamente contente que me decidi naquele momento por me tornar sua paciente. Nunca fiquei um atendimento sequer em silêncio e ele foi a primeira relação significativa com o masculino, verdadeiramente positiva que tive. A relação sempre foi tão boa e profunda que quando me formei ele me convidou a integrar o staf do seu consultório. O Cris me ensinou que sou uma mulher de peso para além daquele que a balança marca. Ensinou-me a ver em mim qualidades e apoiou sem reservas a minha inteligência. Também me fez a pergunta que levei cerca de 12 anos para entender e conseguir responder a mim mesma para então começar a mudar: “Por que você tem de afundar junto com as pessoas que ama"? Alguns processos são lentos.

Minha terceira terapeuta foi indicação de uma prima. Também nunca permaneci em silêncio com ela, pelo contrário: foi com ela que aprendi a não ter medo da minha ira e a expressá-la integralmente. Foi no processo com ela que tive, aos 29 anos, a primeira briga com a minha mãe; mas briga mesmo, daquelas de gritar e revidar ofensas, de vomitar todos os sapos que havia engolido por anos a fio. Quase morri no dia seguinte e no outro e no outro, mas o importante é que consegui romper com a minha passividade emocional. Com ela comecei a aprender que até meus defeitos tinham de ser aceitos e amados, já que a perfeição inexiste. Aprendi que defeitos fazem parte e dão cor à vida. Com a Kaká eu vim à tona em todas as minhas facetes. Ela também me fez uma pergunta que nunca consegui responder, mas neste caso acho que esta pergunta foi feita por ela não ter conseguido me alcançar numa determinada questão. Isso nunca a diminuiu aos meus olhos, tanto que quando alguém me pede indicação de um terapeuta fodástico é a ela que encaminho.

Depois destes 15 anos estava apta a cuidar de mim mesma e nunca mais pisei num consultório enquanto analisanda. Afinal o objetivo da terapia é um dia você ser capaz de ser seu próprio terapeuta.

26 de março de 2007

No dial deste blog a música Evidências na voz de Chitãozinho e Xororó. Amo essa música, amo! Ana Carolina também ama, tanto que a gravou, mas eu prefiro colocá-la, desta vez, na forma soba qual a conheci e aprendi a cantar.

Não existem canções que te tiram a roupa e deixam nua no meio de uma avenida movimentada como a Avenida Paulista? Pois. Esta é uma que faz isso comigo.

25 de março de 2007

Piadinha boa, mas infame... rs...


Quem contou foi a Giulia, sobrinha de 7 anos:

- Tia, qual foi o peixe que subiu no prédio e se matou?

- Não sei.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA... TUM!
“A gente nem imagina que mudar de estatura muda tanto a dimensão do mundo...”
Críticos

Existem dois tipos de pessoas: as que pensam o que os outros pensam; e as que pensam a partir do que os outros pensam.

As primeiras destroem o que as outras pessoas produzem para fingirem a si mesmos que são autênticas; as segundas constroem porque são autênticas.
Do amor

Corpos se separam.
Amores se encontram onde quer que se vá.
Amor a gente carrega conosco para onde for.
Meu Epitáfio

Vivo de tal forma que espero, ao morrer, não que as pessoas chorem sobre o meu caixão, mas que ao se aproximarem de mim, ali, pensem com carinho:

"Ela me ajudou a ser mais feliz."

24 de março de 2007

Mulheres de boa safra

Existem mulheres que são como vinhos: quanto mais velhas melhores.

São mais encorpadas, têm melhores bouquets e propiciam melhores desgustações.

Eu estou em boa safra. E vc???
Partículas


O Silêncio me conta histórias que não gosto de ouvir.

O vazio me mostra coisas que não quero ver.

A verdade, por vezes, está mais no que se cala do que no que se fala.

Ser protegida, às vezes, dói mais do que ser exposta.

Dizer adeus nunca é bom mas, às vezes, é necessário.
Estou saindo do Recanto das Letras e então estou salvando no micro e deletando um a um os meus textos. Porém tem alguns pensametos que postei lá, mas que não quero salvar, quero postar aqui.

Eis um deles:


Ser singular

Ser singular tem o seu preço e este nem sempre é barato. Mas a cada vez que me deparo com a capacidade humana em ser absolutamente estúpida, certifico-me de que prefiro pagá-lo a fazer parte desse plural embrutecido.

22 de março de 2007

Hoje aconteceu uma coisa tããããão boa no atendimento, daquelas que salva o dia de qualquer mulher... Mais; salva a semana, quiçá o mês... rs...

Fui lá eu explicar uma coisa para a paciente e resolvi me usar de referência e comecei: "aconteceu assim e bliblibli, blábláblá; e eu tinha na época 30 anos e bleblebl"... E a paciente interrompeu com cara de espanto: "Pera ai!!! Quantos anos você tem agora? Por que assim: quando você foi embora semana passada minha mãe me perguntou a sua idade, pois te achou novinha, e eu disse: “ah não perguntei, mas uns 27 né mãe? Não passa de trinta. E ela concordou. Agora você vem me dizer que você tinha trinta anos numa época passada... Quantos anos você tem mulher"? E quando eu disse vou fazer quarenta no meio do ano, ela disse que nunca nessa vida ia achar que eu estava sequer perto de ter a idade que tenho...

Fala sério!!!! Conhecem elogio melhor para se fazer a uma mulher, ainda mais sendo espontâneo assim? Me faz lembrar Lemuel, que sempre fica muito bravo quando menciono minha idade, pois sempre acha que tô mentindo e roubando para mais... rs... Só Lemu mermo....

21 de março de 2007

Finalmente diagnosticada corretamente – sim por que consigo ser tão lesa às vezes, que esqueci que há mais de duas semanas eu estava com uma reforma colada à janela do meu quarto, ou seja: respirando pó de concreto e tijolo e cimento seguidamente – eu finalmente melhore da CRISE ALÉRGICA que me consumia. Sim a famosa Rinite. Mas graças à minha querida amiga médica de plantão Môniquita (vários vivas para ela!!! Viva!!! Viva!!! Viva!!! Viva!!!), eu sou um ser que respira novamente e dorme bem à noite, embora ainda não tenha conseguido repor todo o sono atrasado...

Mas quando eu tô pra pegar algo eu tô né? Bora combinar. E parece que tô na fase sabe? Infelizmente. Mal sai da crise alérgica e advinha se não me apareceu outra ...ite? Pois. Dessa vez foi a tal da Ciscite. Que costuma dar por excesso de uso, o que no meu caso, atualmente, é uma utopia perfeita sabe? Tão santa que eu ainda ando nessa minha vida. Mas quem sabe a cistite num é um prenúncio do universo... Vai que estou prestes a arrebentar a boca do balão e a coitadinha veio antes pra num ter de vir depois e estragar a festa?? Né? Otimismo a toda prova, eu sei...

Ainda mais pra alguém que, como eu, não sabe mais nem se sabe beijar... Imaginem ai... Tanto tempo faz que não dou um beijinho sequer. É como andar de bicicleta também? A gente nunca esquece, mesmo que desgoverne no começo? Mesmo que a gente ache que vai se estabacar de cara no muro? Pois.

Bom seria se tivesse um curso né? Porque veja bem, não estou querendo namorar, nem casar. Não que, caso se configure, eu fuja, mas no momento estou mais interessada mesmo em reaprender, treinar, me divertir... Tai, podia mesmo ter um curso né? rs...

Ou posso dar uma de vítima e perguntar no melhor estilo Chapollin Colorado: quem poderá me salvar nessa hora? Alguém?? rs...

11 de março de 2007

Poupem-me da falsa humildade...

E por falar em "sou humilde"... Lembrando da famigerada fala da Cláudia Raia para o Diego no dia no qual visitou a casa do BBB7: "Você tá se achando"... Gostaria de dizer - mesmo que poucos se interessem pelo que eu acho - que, na minha opinião, poucas coisas conseguem ser tão perversas quanto a falsa humildade que a dita "boa educação" prega.

Não existe nada de humilde em esconder os seus talentos. Isso é feito, aliás, em nome da mais absoluta arrogância, uma vez que a crença que existe por detrás dessa falsa humildade é: “não demonstre o quão bom você é para não diminuir o pobre coitado ao lado que nunca chegará onde você está”; fala sério minha gente! Isso lá é humildade? Achar que o outro nunca vai ser capaz de ser tão bom quanto você é em algo? Não, não é humildade, é prepotência.

Quem é bom mesmo não esconde seus talentos, não os camufla e nem pensa em fazê-lo porque tem plena consciência que qualquer pessoa pode ser tão bom quanto, ou até melhor que ele... Quem é bom em algo, o é com simplicidade e sem afetação e isso não tem nada a ver com essa pretensa humildade que todos pregam e esperam ver.

Quem é bom em algo aceita pontos de vistas adversos e até contrários, pois tem ciência que não encerra a verdade e nem o absolutismo das possibilidades. Tem tranqüilidade do que é e não a rigidez do que se pretende fingir ser.... Captou?

Assim sendo: seja você mesmo; seja bom no que você for e de verdade; não sinta vergonha disso e nem ache que não existirá no mundo pessoas tão boas quanto ou até melhores que você, porque haverão. Não esconda seus talentos, por que eles são dádivas divinas que você desenvolveu e isso não é vergonhoso e nem pode ser tratado como se fosse! Chega dessa hipocrisia que vem corrompendo a humanidade!!!

Pronto! Desabafei!

Ah! E pra você que acabou de levar um susto porque eu assisto Big Brother e gosto, me deixa hein? Rs... Tem tantas coisas ditas bregas e de mau gosto que eu curto; tu nem faz idéia...

Aliás, é a isso, justamente, que devo toda a minha singuralidade.
Depois que eu digo que não valho nada...


Bliblibli diz:
Bom dia! Super beijo!

(R)Marie(R) diz:
Bom dia!!!

(R)Marie(R) diz:
tudo certo?

Bliblibli diz:
tranquilo e vc?

(R)Marie(R) diz:
tranquila tb

Bliblibli diz:
oba! Tem um minuto?

(R)Marie(R) diz:
tenho

Bliblbli diz:
Fulana vem vindo pra cá agora... Vou te mandar um e-mail que ela me mandou

(R)Marie(R) diz:
:|

Bliblbli diz:
quero que veja uma foto dela no e-mail, tá?

(R)Marie(R) diz:
mande!

(R)Marie(R) diz:
a filha casa e a lua de mel é sua? rs

Bliblbli diz:
sim.....rssssssss

Bliblbli diz:
ciclana dormiu aqui esta noite...

(R)Marie(R) diz:
(emoticon com um cachorrinho desmaiando)

(R)Marie(R) diz:
tá praticando exorcismo?? rs

(R)Marie(R) diz:
comendo todos os demônios que conhece... rs...

Bliblbli diz:
hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha...

Bliblibli diz:
e vc nem viu demônio ainda

Bliblbli diz:
calma

Bliblbli diz:
e-mail já ta chegando

(R)Marie(R) diz:
rsrsrs.. esperando

(R)Marie(R) diz:
num chegou nada

Bliblbli diz:
foi?

(R)Marie(R) diz:
sim

Bliblbli diz:
cuidado ao abrir

Bliblbli diz:
se vc tiverum infarto peço que me perdoe......te adoro

(R)Marie(R) diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

(R)Marie(R) diz:
só posso te dizer uma coisa do fundo do meu coração.............

Bliblibli diz:
vc é a unica que pode me dizer qualquer coisa...

(R)Marie(R) diz:
tu é um cabra corajoso!!!

Bliblibli diz:
hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha

Bliblibli diz:
Chorando de rir aqui do "exorcismo"


(R)Marie(R) diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

(R)Marie(R) diz:
né? rs

(R)Marie(R) diz:
afff.. Fulana seguida de ciclana, e em menos de 24 horas, só pode ser pra desmanchar macumba! rs

Bliblibli diz:
adorei essa!!! rsssssssssssssssssss

Bliblibli diz:
to recomeçando do zero

(R)Marie(R) diz:
Mesmo né?

Bliblibli diz:
Profissionalmente, amorosamente, sexualmente... nao tem jeito.....sou humilde.....assumo

(R)Marie(R) diz:
sexualmente eu diria que tu tá recomeçando do -20.. rs
A vida tá em dívida com vc depois de hoje e uma dívida boa hein?? Pode cobrar!!

Bliblibli diz:
vc é terrivel!!!!

(R)Marie(R) diz:
(emoticon de olhinhos piscando meigamente) eu? euzinha?? imagina.. rs
Hoje, depois de um mês tentando curar a sinusite sem apelar para antibióticos me rendi. Cansei de fazer crise sobre crise. Mas o mais interessante foi o fato de a decisão por qual antibiótico tomar, foi feita junto com um amigo meu, veterinário, que me ligou momentos antes de eu ir à farmácia.

Quis saber ele qual antibiótico eu ia tomar e eu disse que ia repetir o último: amoxilina. Ele sugeriu então que eu tentasse a ampicilina que é tomada num espaço de tempo menor, mas ele acha que tem efeito melhor pra essas infecções e fez a recomendação: tomar respeitando super os horários e por no mínimo sete dias. Quando eu desliguei minha mãe diz:

- É impressão minha ou você acaba de ser receitada pelo veterinário?

- Fui sim! Preservação da espécie, sabe como é né?!

rsrsrs...

Brigadão João!!! Já estou tomando direitinho a ampicilina viu?

6 de março de 2007

Depois do post no qual falei dele, Godofredo andou eufórico.. Não sabia se andava na tela ou em mim, pulava de um no outro sem decidir-se e eu no maior esforço pra não esquecer que era ele e estapear.

Ai Godofredo sumiu. Dois dias sem dar as caras e achei que ele havia seguido seu caminho de grilo e se embrenhado na mata. Foi quando ele ressurgiu acompanhado de um grilo menor que ele... Os dois na tela, os dois em mim, os dois na tela... Hum... Entendi tudo: era a namorada de Godofredo.

Agora Godofredo raramente aparece. Quem vem aqui vez ou outra é minha nora; como que a pedir desculpas por ter levado daqui meu filho grilo ingrato, mas fica pouco como quem tem de voltar para casa pra fazer a janta...

Tem nada não Godofredo. Um dia você terá grilinhos e verá o quanto doe essa saudade...

4 de março de 2007

O final de semana foi de doçura e cores, por ter sido todo compartilhado com amigos muito queridos.

E mesmo assim, ou talvez até por isso, fiquei com um travo estranho, meio amargo, na boca. E ele começou quando na sexta, eu e um amigo com o qual peguei carona, comentávamos a dificuldade que é conseguir reunir as pessoas...

O Orkut propiciou uma onda de reencontros quando do seu começo, mas essa onda já está passando. Hoje em dia as turmas continuam agendando encontros, mas cada vez é menor o número daqueles que neles comparecem. A vida, e o que achamos que são as suas demandas, volta a “tomar” as pessoas. Porém acredito que isso é fruto de um grande engano que as pessoas se propiciam. Manter amigos – relações - implica em investimento de tempo e afeto, e se tem uma coisa da qual as pessoas hoje fogem é justo de se investirem em algo. Todos querem o benefício das relações sem se dar ao trabalho da sua manutenção que só acontece quando a gente dá de si ao outro.

E um dos meus comentários foi de que as pessoas preferem voltar a se encontrarem nos velórios e que é só ai que se dão conta de que passaram a vida investindo nas coisas erradas. E não falo isso de orelhada não, falo porque vejo isso acontecer diariamente no Centro de Referência do Idoso do qual faço parte. A queixa de 90% dos idosos é justo a solidão que acaba fazendo com que caiam em depressão e tenham muitas doenças. E a cura deles está fortemente relacionada com as novas amizades que fazem no CRI. Para além das atividades que propiciamos.

É lícito e certo dedicar-se a um relacionamento amoroso e à família. O que é enganoso é o que a maioria das pessoas fazem: esperar que estes preencham de satisfação suas vidas sem que precisem de mais nada ou ninguém. E é enganoso porque os filhos crescem e vão cuidar das suas vidas solicitando menos a nossa presença e ajuda e o cônjuge pode morrer antes da gente... E isso geralmente acontece muito antes do que a gente espera.

E é engraçado a gente perceber que encontra tempo para fazer coisas degradáveis, mas necessárias, porém que dificilmente conseguimos encontrar tempo para fazermos coisas que nos dão real prazer como encontrar amigos para um bate-papo, por exemplo.

Antes de escrever esse texto fiz uma enquête entre meus amigos e pedi que eles me relatassem coisas das quais não gostam, mas para as quais encontram tempo, porque são necessárias. Tem quem odeie academia, mas vai a uma quatro vezes por semana. Tem quem odeie bordar, mas o faz porque preenche o tempo. Tem quem odeie passar roupa, lavar cozinha... Eu e uma amiga temos paura de dentista, mas vamos sempre.

Acaba sendo incompreensível como cavamos espaço para fazer as coisas que nós acreditamos nos serem benéficas, mesmo que não gostemos delas e, no entanto, não conseguimos achar algumas horas no mês para estar com pessoas que sabidamente nos fazem bem. Como bem disse o mesmo amigo do começo deste texto brincando com a enquête: a gente acha tempo para enxugar gelo e limpar carvão, mas não consegue tempo para fazer as coisas que realmente interessam. Aqui eu falo da amizade, mas sem ser reducionista, com certeza vamos conseguir aplicar este questionamento, sim porque tudo isso não passa de um questionamento, em outros aspectos da nossa vida. Quanto tempo você tem gasto cumprindo deveres e quanto do seu tempo você tem investido na conquista da sua felicidade?

Porque não adianta se enganar: felicidade decorre de prazer. Não existe chance de ser feliz se fizermos da nossa vida um eterno cumprir de deveres que no fundo consideramos necessários, mas enfadonhos. Não tem como chegar num final feliz se o processo não for prazeroso. Sofrimento não pode nunca acarretar em alegria, por serem em essência antagônicos. Numa conquista pode haver algum desprazer, algum esforço que gere dor, mas se a coisa não for predominantemente agradável e prazerosa, a felicidade não vai aparecer como um pote do ouro no final do arco-íris.

Quem quer ser feliz tem de começar hoje; agora. E tem de fazer isso começando a ter tempo para realizar aquelas coisas que são capazes de botarem um sorriso nos nossos rostos. Não existe outra forma, não existe atalho: felicidade implica em comprometimento em dar de si mesmo a si mesmo e às coisas e pessoas que podem, não fazerem a sua felicidade, mas colaborarem para que ela aconteça.


E ai, o que você anda fazendo para se fazer feliz?

26 de fevereiro de 2007

Conquiste a felicidade

Por Zíbia Gasparetto no livro Conversando Contigo


Há muita angústia, dor e infelicidade na vida das pessoas que me escrevem. Sentem-se perdidas diante dos problemas e das dificuldades do dia-a-dia. Eu acredito que essa incapacidade de lidar com as próprias emoções vem de uma educação equivocada, alicerçada em nossa sociedade, que é de aparência, onde os valores estão completamente invertidos. Estudemos o assunto.

A vida é abundante, rica, generosa e trabalha em favor de todos nós. Mas você não se sente feliz. Por quê? Eu sei que tem se esforçado, que deseja o melhor, que se sacrifica e só quer o bem. Contudo, a conquista de sua paz e de sua harmonia interior vai além disso. É preciso perceber como as coisas funcionam para poder agir adequadamente.

A fantasia ilude e frustra. Sensibilidade em excesso faz mal. Por mais doloroso que seja um fato, quem o dramatiza, além de sofrer mais, exagera, e quem exagera foge à verdade. Ser “sensível” em excesso não é ser solidário; é ser vulnerável enfraquecendo a própria força. É criar formas-pensamentos tão poderosas que vão torná-lo escravo do medo. Se diante de qualquer acontecimento sua primeira impressão é negativa, pode crer que já criou a mantém em sua aura blocos de energias paralisantes que o estão infelicitando. É como se colocasse lentes especiais em seus olhos que só fizessem perceber o que é ruim.

Tanto a sociedade como as religiões dominantes nos classificam como errados e pecadores, colocam o Cristo como modelo e exigem que nos tornemos iguais a ele. Como não temos o mesmo grau de sua evolução, essa distância entre nós e Ele nos deprime, enfraquece e alimenta a hipocrisia. Todo mundo deseja esconder o que sente com receio de parecer ruim. Exagera, dramatiza, demonstra piedade, não porque a esteja sentindo, mas para “provar” que é bom. Como está fingindo, corrompendo sua dignidade, não se respeita, julga-se incapaz, vigia-se o tempo todo para não “errar”, carrega o peso de uma culpa imaginária.

Se você se sente assim, preste atenção e perceba quais as crenças que valoriza. Em sua maioria vieram da infância, foram aprendidas dos pais, professores, que também foram educados dentro desses valores e se sentiram tão infelizes como você está agora. Isso significa que elas não são verdadeiras e não servem para você. Se deseja fazer alguma coisa em favor da sua felicidade, é preciso libertar-se delas. Como? Primeiro identificando-as, depois as questionando. Não tenha medo do “sagrado”. Nada é intocável a ponto de dispensar a experiência. Quando um conceito verdadeiro é testado, fica mais forte.

Revolta, queixas, lamentações agravam a infelicidade. Além de fazerem de voc~e uma companhia desagradável (ninguém gosta de estar com alguém que só se queixa), criam blocos energéticos limitantes em sua aura, atraem espíritos desencarnados inconformados e sofredores, cujas energias serão adicionadas às suas, duplicando a sua insatisfação.

A causa fundamental desse estado de infelicidade reside no teor de seus pensamentos. É preciso modificá-los positivamente. Tente sair de seu padrão mental, procure idéias otimistas. Experimente coisas novas. Quando fizer isso, logo perceberá a força da reação contrária. Algo dentro de você vai protestar. A cada pensamento positivo, você vai perceber outro negativo afirmando que isso não vai funcionar, que você não vai conseguir, que tudo é ilusão porque a realidade é o sofrimento. Não dê atenção e continue tentando pensar só no Bem. É assim que funciona.

Seu inconsciente está programado negativamente e precisa de algum tempo para registrar algo diferente. Se você não ligar para os velhos pensamentos e continuar a buscar o que é bom, se, além disso, visualizar a luz divina dentro de você e cultivar a fé, grandes mudanças poderão ocorrer na sua vida. A começar pelas seguintes:

1 - Sua saúde vai melhorar. As gripes alergias, bronquites, dispepsias, gastrites, colites etc. vão desaparecer. A irritação e insônia irão embora.

2 – Vai melhorar seu relacionamento familiar, fará novos amigos e as pessoas que o perturbam desaparecerão da sua vida.


3 - Se fizer o que sente e não o que seu lado racional mandar, sua intuição vai se desenvolver. Descobrirá o que gosta de fazer e o que lhe dá prazer.


4 – Aparecerão novas oportunidades de realização profissional e afetiva. Sentirá o gosto do sucesso e a alegria da vitória.


5 – Terá prazer nas pequenas coisas, desfrutará momentos de enternecimento, encherá sua vida de beleza, harmonia, alegria de viver.

Entretanto, tudo isso só acontecerá se você quiser. Se desejar conquistar felicidade, só há esse caminho. A escolha é sua; a vida, também. Experimente. Fique atento e cuidado com a recaída. É preciso perseverar nos bons pensamentos. Não se esqueça de fazer afirmações positivas sempre. Vai dar certo!

Quando você aprende como a vida funciona, fica fácil conquistar a própria felicidade. Não tenha medo de errar para aprender.

22 de fevereiro de 2007

Aonde moro agora é muito mais próximo do Horto Florestal do que antes. Estou praticamente dentro do mesmo e o fundo da minha casa, sabe-se lá como, tem um pedacinho de mata que é cheia de grilos.

Sim, ouço grilos à noite e adoro. Agora, o que aconteceu de inédito é que tenho um grilinho de estimação que todas as noites vem pousar na tela do meu micro. Dei-lhe o nome de Godofredo, sim, pois um grilo que curte monitor, tem de ter um nome tão estranho quanto. E ele é tão minúsculo e com olhos tão imensos pro corpinho dele, que me faz pensar em como a natureza é mesmo sábia... Pois Godofredo vai crescer e os olhos não serão mais tão maiores que seu corpo. Sei disso porque Godofredo já passeou nos meus dedos e eu fiquei com ele bem perto dos meus olhos. Vi-o tão verdinho e tão, mas tão minúsculo que só peço pra ele não pular em mim num momento onde eu esteja entretida, pois ai já viu né? Vai ser um tapa de matar pernilongo e adeus Godofredo!

Mas Godofredo é tímido. Foi começar a falar dele e o danadinho se retirou pra caminha dele que não faço a menor idéia onde seja....

E o grilo não é um inseto que em algum lugar simboliza prosperidade?? No Japão né não?? Vou pesquisar...

20 de fevereiro de 2007

Sigo com a minha promessa de trasncrever e publicar alguns textos da Zíbia Gasparetto para a reflexão de algumas pessoas queridas e daqueles que se interessarem pelo assunto. O texto de hoje fala sobre a depressão e é um convite para que pensemos sobre alguns conceito que ele traz.

Obs: Os grifos são meus!


Vença da Depressão!

Por Zíbia Gasparetto no livro Conversando Contigo

A depressão é fruto da insatisfação. Se você vive infeliz, perdeu a alegria de viver e deseja encontrar uma saída, o primeiro passo é deixar a cômoda posição de vítima, seja lá do que for, e assumir a responsabilidade pela sua vida.

Você vai desfiar um rosário de queixas, alegar que a vida é “dura”, que as pessoas não a compreendem, são cruéis e que tudo para você tem sido difícil. Que você tenta, não consegue e por isso perdeu a esperança de ser feliz.

Só lhe resta “agüentar” a convivência complicada com a família, as dificuldades financeiras, os problemas de saúde, porque é sua sina. Alguns têm sorte, outros não. Para você nada dá certo.

Pensando dessa forma você vai continuar sendo infeliz e a cada dia sua situação vai piorar.

- O quê? Estou pedindo ajuda e você garante que vai piorar?

Vai, se continuar pensando dessa forma. A vida vai prosseguir “apertando o cerco” até que você chegue ao seu limite, não suporte mais viver tão infeliz, decida usar sua própria força e fazer alguma coisa por si. Neste dia vai descobrir que sua felicidade só depende de você. Vai deixar de colocar expectativas nos outros. Passará da passividade, da espera, à ação.

Deus não criou ninguém menos. Embora existam diferentes níveis de evolução e alguns estejam mais conscientes do que outros, a essência divina está em todas as pessoas. As leis universais funcionam igualmente para todos. Você tem tanto poder quanto os que “têm sorte”. A diferença está em que eles o usam de maneira adequada, enquanto você não.

Os resultados são diferentes, mas cada um colhe exatamente o que plantou. Se você está infeliz e as coisas dão errado, é hora de rever suas crenças e perceber como está atraindo isso. O fracasso não existe. A vida dá de acordo com o que recebe. Se só Crê no negativo, se só enxerga o lado negro das coisas, é isso que vai ter.

Nosso inconsciente é uma maravilhosa máquina de materializar o que acreditamos. Não o que a cabeça pensa, mas o que nos impressiona e colocamos fé. Pensar, sentir, acreditar, é criar. Acreditando no pior, vai materializar o pior. É preciso entender que todas as coisas, por mais duras que sejam têm vários lados. Buscar a lição, o lado produtivo, aprender, é resolver as dificuldades com inteligência, abreviar e até dispensar a dor.

Seu destino está em suas mãos. Só você tem o poder de mudá-lo modificando seus padrões de pensamento. Comece se perguntando: “como é que eu me deprimo?” Ai vão algumas dicas:

Se você não confia em si mesmo, espera tudo da sociedade, dos outros, está paralisando a sua criatividade, impedindo a sua realização como pessoa. Isso provoca profunda insatisfação. Você se julga menos. Não confia em seu desempenho, não quer ousar, tem medo de experimentar. Só faz o que os outros aprovam. É perfeccionista. Sonha ser herói. Não faz nada para aprender mais, porém quer ser maravilhoso, nunca errar, Adora elogios, não tolera a menor crítica. Vê a vida pelos olhos dos outros.

É assim que você se fecha, enfraquece a própria força e condena sua alma a viver infeliz. Ela deseja expressar-se, abrir-se para as grandezas para as quais foi criado, evoluir, crescer. A natureza tem seus próprios caminhos e você não vai impedi-la de realizar os seus objetivos. Quem não vai pela inteligência, vai pela dor. Quanto mais você resiste à sua verdadeira natureza, mais dor.

A alegria, o prazer, a felicidade, vêm da alma. As pessoas, a sociedade, podem lhe oferecer tudo e você continuar infeliz. Não conhece alguém assim? A depressão é um estado interior de insatisfação, provocado pela obstrução da expansão de seu eu interior. A natureza o impulsiona a evoluir, ele anseia desenvolver seus potenciais, crescer realizar-se. Quando você o impede, ele se sente infeliz e não há nada que possa substituir isso.

Seu espírito quer tornar-se mais consciente, mais verdadeiro, crescer, reciclar seus valores, fazer coisas novas, contribuir para o progresso social, pela felicidade dos outros, sentir a própria nobreza, amar. Não o impeço. Você é muito mais do que pensa, pode muito mais. Valorize-se. Os limites em sua vida é você quem põe. Abra seu coração sem medo. Olhe tudo com os olhos do bem. Não se detenha no mal, ignore-o. Acostume-se a olhar só o lado bom. Garanto que ele sempre está lá. Um dia perceberá que a depressão, a infelicidade, a tristeza foram substituídas pela alegria, pelo prazer de viver. Que para colher felicidade basta aprender a maneira adequada de plantar.

19 de fevereiro de 2007




Hoje eu senti saudades...

Enquanto passava roupa essa imagem veio em minha mente e as lágrimas desceram pelo rosto sem eu nem ter tempo de desejar detê-las. Agora mesmo, ao começar esse post elas retornam. Não são lágrimas abundantes, são lágrimas miúdas e fininhas, que escorrem silenciosas como a saudade que sinto hoje...

Fazia tanto tempo que eu não chorava pensando em você...

Vontade de saber como você está; o que anda pensando da vida, o que te alegra e o que te incomoda ultimamente...

Saudade de ler teu riso...

Saudade de te contar as coisas, o meu modo de ver o mundo e a mim mesma e ver você discordar de mim timtim por timtim, principalmente no que se refere a ver a mim mesma...

Saudade de você achar que sabe de mim mais do que eu mesma...

Saudade de ficar puta quando em algumas coisas você realmente sabe mais de mim do que eu mesma...

Saudade de você...

Falta de você...

Vontade de você...

...
..
.

15 de fevereiro de 2007

Como vai seu Carma?

Por Zíbia Gasparetto no livro Conversando Contigo!

“Casei três vezes e todos os maridos eram alcoólatras. É meu carma?”

A vida é um treinamento constante para o desenvolvimento de nossa consciência e, nesse objetivo, decodifica nossas atitudes e tece as oportunidades, os fatos.

Quando você age, está mandando mensagens para o universo, que responde de forma a facilitar seu amadurecimento interior. As pessoas, o meio, os problemas, as dificuldades com as quais convivemos neste mundo são determinadas por nossas crenças. Quando as mudamos, tudo muda em nossas vidas. A resistência, pretendendo manter as mesmas idéias, cria o carma.

O carma não é o castigo de quem pecou. O carma é o preço da resistência em mudar, é a repetição, às vezes por séculos, de idéias que você já teria condições de modificar, mas que ainda teima em conservar, na ilusão de que o novo é perigoso.

Nossa segurança está em nos agarrarmos ao que nos parece sólido e pretender ficar ali indefinidamente. A vida é ação e movimento. Por isso nossa segurança está justamente na mudança que renova. Parar é atrair a dor e sofrimentos, que aparecem sempre para quebrar o muro das nossas resistências. Depois de uma grande dor, de uma tragédia, as mudanças ocorrem naturalmente.

É fácil você sair de seu carma de infelicidade. Basta renovar as idéias, experienciar o novo, perceber o que funciona mesmo e o que era apenas uma ilusão. O pensamento positivo é muito importante para isso.

Você atrai alcoólatras em sua vida porque pretende ser piedosa e salvar pessoas. Tem pretensão de acreditar que pode mudá-las. Esta ilusão favorece que pessoas carentes emocionalmente sintam-se protegidas a seu lado. Sugam suas energias porque você se dispõe a isso. Se continuar cultivando essa crença, vai continuar atraindo não só os alcoólatras, mas também os infelizes, os incapazes, os parentes sofredores, etc., etc.

Se quer acabar com esse carma, basta perceber que você só tem o poder de mudar a si mesma. Não pode “entrar” nos sentimentos dos outros e fazê-los pensar e agir de forma diferente. Eles têm seus próprios caminhos e quanto mais você os julgar incapazes e tentar salvá-los mais estará retardando que assumam a própria responsabilidade sobre suas vidas.

Ninguém é vítima, mas sim criador de seu próprio destino. Não abdique desse poder. Cuide de seu próprio progresso interior e perceba que todas as pessoas são tão capazes quanto você e, embora por diferentes caminhos, um dia chegarão a um destino melhor. Não é essa uma determinação de Deus?

Confie e fique em paz.

Nossa segurança está justamente na mudança que renova.

14 de fevereiro de 2007

O que mais me chama a atenção na morte do João, o menino de 06 anos que foi arrastado por sete quilômetros preso pelo cinto de segurança do carro de sua mãe que acabara de ser roubado por três adolescentes de 16 a 18 anos, foram os pais dos criminosos, pelo menos de dois deles: ajudaram na prisão dos próprios filhos.

Sim, a morte do João me comove, mas comove na mesma proporção que me comove a morte de um menino de 06 anos num hospital, principalmente se o hospital for público e oferecer um atendimento precário como é a realidade na maioria dos estados do Brasil. A forma como o João morreu é que me choca, em especial pelo que ela revela, sem que ninguém faça menção a isso. Se fizeram me desculpem, pois até agora não vi.

Os pais dos assassinos mostraram com atitudes que discordam do que os filhos fizeram e que são tão vítimas destes quanto é a família do garoto João. Não foram apenas os pais deste que perderam o filho, foram três famílias. Duas destas famílias pobres, porém honestas, honradas, batalhadoras. Deram tudo o que puderam aos seus filhos: educação civil, religiosa, formal, atenção, carinho e dedicação. Um dos pais, inclusive, voltou a estudar para que o filho seguisse motivado. Ele fazia a sétima e o filho a sexta série do primeiro grau. Com essa atitude o que este pais estava dando ao filho era companheirismo, motivação. O outro sempre levava o rapaz consigo justamente para evitar as más companhias. Em nome dessas mesmas más companhias as relações vinham estremecidas.

Trocando em miúdos: esses adolescentes não são filhos do abandono e do descaso, o que geralmente se usa como justificativa para entender o desvio de comportamento que eles expressam. São de famílias pobres sim, mas pobreza não é pretexto para a marginalidade. Principalmente quando hoje em dia o que vemos de forma cada vez mais acentuada é a entrada dos jovens da classe média - aquela que “tem cultura” suficiente para fornecer aos seus filhos bons princípios morais – no submundo do crime.

Ah! Isso se dá porque eles querem aquelas coisas que a mídia diz que têm de ter para serem “dá hora” e como a classe média anda achatada e os pais sem condições de os proverem, eles recorrem ao crime. Os pobres roubam pelo mesmo motivo: querer o que os da classe média têm. Balela! Desde que o mundo é mundo o que move as pessoas é justamente a busca pelo que não possuem e, no entanto, parece ser em especial agora que as pessoas instituíram como forma de “ter”, o tomar posse do que foi conquistado pelo outro. E isso me faz perceber que o buraco é muito mais embaixo.

O que esse crime faz ver é que não é sempre que a educação, o carinho e a dedicação transformam ou educam nossos maus instintos. E isso me remete a uma sensação de insegurança, pois é confortável pensar, quando se vê criminosos na TV, que eles são assim por serem frutos de um sistema injusto. Então se o sistema se tornar justo, os criminosos deixarão de existir; dá conforto, mas é utópico, principalmente porque o mais provável é que o sistema sempre seja injusto dentro de alguma ótica individual...

Qual a solução então? Juro, juro que adoraria ter sequer uma remota idéia... E se alguém tiver, por favor, compartilhe!

11 de fevereiro de 2007

As pessoas fazem mais conta das pedras que recebem do que das que atiram. Isso é humano... Mas olhando a batalha que se desenrola frente aos meus olhos - e da qual me recuso a fazer parte - me questiono sobre aonde foi parar a generosidade...

E lembro do horóscopo de ontem que me diz que em estando recebendo muitos e variados milagres eu me ocupasse de distribuí-los, pois milagres são assim: não basta acreditar piamente neles para que aconteçam, você também tem de promovê-los, uma vez que estes necessitam de instrumentos para se materializarem.

E ainda me acodem pensamentos sobre o filme Babel que, a meu ver, trata exatamente da coisificação do ser humano em oposição à generosidade, à solidariedade que é a única capaz de nos tornar realmente humanos. Os meninos atiram no carro e no ônibus porque não conseguem fazer a ponte que leva à dedução, óbvia, de que veículos são conduzidos e que, portanto, havia seres humanos dentro deles. Eles sabem, mas não sabem; sabe como é? Os americanos do ônibus quando “presos” na vila no Marrocos, não conseguem pensar que a mulher pode morrer, querem salvar apenas os seus pescoços, e o que a salva verdadeiramente é a solidariedade do guia marroquino que a acolhe em sua casa e cede a ela e ao marido tudo de si. Da japonesinha surda que cansada de ser coisificada em nome da sua deficiência, resolve dizer ao seu mundo que é mulher e tem boceta tanto quanto qualquer outra mulher e o faz de forma literal. Da empregada mexicana que apesar de entender o momento delicado dos patrões lá no Marrocos, não consegue entender por que, em nome de ninguém querer ficar com os filhos dos mesmos, precisa perder o casamento do seu único filho. Situações que nascem da falta de compreensão das necessidades emocionais dos outros e que só conseguem se resolver quando a generosidade entra em campo.

E acho que nada existe de pior no ser humano do que ser mesquinho. A mesquinhez resseca a vida que corre nas nossas veias. Quem faz conta de prato de comida depois de ter se alimentado por meses à custa dos outros, infelizmente está fadado à miséria, pois desconhece, principalmente, não a generosidade que poderia ter para com o outro, mas aquela da qual é objeto. E se tem uma coisa que a vida não perdoa é ingratidão.

E me assola certo receio de ter minha vida envolvida em energias tão baixas, mas logo passa, pois é fato inegável que não quero, e recuso-me terminantemente, a deixar-me levar novamente pelas escolhas ruins que os outros fazem par as suas vidas.

Porém tenho de arcar com algumas delas invariavelmente, uma vez que faço parte do planeta Terra e integro o seu ecossistema. E não, não sou uma ecochata de plantão, porém não posso furtar-me a dizer que algo vai muito mal com o nosso planeta e que temo pelo que ainda virá. E o que mais me entristece é saber que muita gente não consegue ter noção do alcance do que está acontecendo. Que deixou de ser discurso de ecologista e virou realidade. Os sinais estão por todas as partes e eu fico aqui só imaginando que os madeireiros recusam-se a vê-los, pois mais vale os reais na conta bancária e os carros importados na porta e irrefutavelmente penso no que será que eles pensarão quando a temperatura estiver alta e a água potável for praticamente inexistente...

Mas não pensarão nada né? É bem o que pensei hoje enquanto zapando a TV vi numa “mesa redonda” no Faustão sobre os assuntos da atualidade, a mãe do garoto de seis anos morto no Rio de Janeiro, apelar para os políticos promoverem a reforma do judiciário. Apelo inútil, pois estes matam, das mais variadas formas, milhares de brasileiros, das mais variadas idades, todos os dias e não estão nem ai; só se preocupam com o que lhe cai nos bolsos. Se o cara tivesse capacidade para sentir a humanidade de forma diferente, ele com certeza não seria político... Não, nem todos os políticos são corruptos, mas anda beeeeeemmmm difícil separar o joio do trigo...

E não ando amarga, nem desiludida. Estou bem, só que sabendo que mudar o mundo reside em outras ações.

6 de fevereiro de 2007

Mudei!

Telefone chegou!

Speedy ainda não!

E lembrei que tenho uma mega alergia a poeira! Sábado maior calor da paróquia e seis da tarde eu estava enrolada no edredom, batendo o queixo de febre e o cara que montava os móveis olhava pra mim e dizia: "tô ficando angustiado de te ver enrolada nesse edredom"...

E isso porque fuji da desmontagem da casa lá; vim pra essa antes que o caminhão chegasse, mas mesmo assim o contato com o que veio de lá foi suficiente pra me deixar tão atacada das vias respiratórias que hoje todo mundo que me olhava dizia: "Mas o que aconteceu que vc tá tão inchada" e eu: "poeira meu povo, poeira"!

Mas logo, logo passa...

2 de fevereiro de 2007

Vou publicar aqui uma entrevista que dei pra Revista Best que tem publicação em Alphaville - São Paulo. Nela falo sobre um tema que sempre quis abordar: relações humanas que se dão via Internet.



RB: Quais são os principais motivos, conscientes ou inconscientes, que levam às pessoas a optarem, na maior parte das vezes, pela comunicação on-line? Que tipo de benefícios e prejuízos esse tipo de comunicação pode trazer?

A comunicação on-line vem atender a duas necessidades prementes do mundo moderno: economia de tempo aliada à sensação de segurança. É inegável que a possibilidade de você falar com várias pessoas das suas relações ao mesmo tempo e ainda conseguir conhecer novas pessoas no ambiente seguro que sua casa ou trabalho representa foram fatores decisivos para que essa forma de comunicação se tornasse tão popular. É claro que isso pode representar tanto aspectos negativos quanto positivos, e isso vai depender principalmente da forma como essa comunicação é entendida pelo usuário: se como meio, instrumento, ou como finalidade. Se for vista como meio, instrumento, a pessoa vai comunicar-se com os outros através da internet para mediar encontros e conversas que se darão fora dela, e nada existe de errado nisso, muito pelo contrário. Se for como finalidade, o indivíduo vai usá-la para se proteger de encontros de fato, alimentando-se de relações que existem e são reais, porém são limitadas pelo espaço e condições virtuais. Isso pode vir a ser um grande problema, que não surgiu com a internet, mas foi evidenciado por ela.



RB: Pela experiência que você tem no assunto, como as pessoas, de uma forma geral, costumam se comportar no ambiente virtual? A timidez diminui? A
mentira e a omissão prevalece nesse ambiente? Existe alguma mudança nesse quadro geral de uns cinco anos para cá? Caso tenha ocorrida alguma mudança, qual é o principal motivo que justifica a mesma?

Tudo que é novo fascina e atemoriza; com a internet não foi diferente. No começo a possibilidade de comunicar-se sem ser visto por estar detrás de uma tela de computador deu, ao usuário, uma sensação de liberdade que muitas vezes descambou para a libertinagem, pois a chance de criar uma personagem que era, a maioria das vezes, muito próxima de quem sempre se quis ser, mas de quem não se chegou muito perto de concretizar - no dito mundo real. Esta era uma tentação muito forte e muitos enveredaram pelo caminho da mentira/omissão, alegando para si mesmos que faziam isso em nome da necessidade de segurança.

E isso em decorrência de um erro de percepção: as pessoas achavam que estavam se relacionando com a máquina. Foi com o tempo, e o uso, que começaram a se dar conta de que por detrás das letras que viam surgir no seu monitor havia uma outra pessoa tão de carne e osso quanto elas mesmas e, portanto, tão capazes de sentir quanto de despertarem sentimentos. Foi neste momento que as pessoas tiveram de lidar com a constatação de que as mentiras/omissões entravavam as relações, às vezes impedindo-as, principalmente quando o outro tinha sido honesto a cerca de si mesmo... Perceberam que estar seguro na internet não significa necessariamente mentir sobre si mesmo e mais, que existem formas e formas de mentir e omitir, sem que isso signifique enganar o outro.

Porém, criar uma persona - desde que esta não seja pautada em dados irreais - ou simplesmente poder se expressar sem ser visto, pode propiciar alguns ganhos para o desenvolvimento pessoal, desde que com o tempo as características que se desenvolveram nessa brincadeira de ser alguém um tanto diferente do que eu costumo ser no mundo venha a existir também fora da internet. Como a pessoa tímida que acabou se tornando mais assertiva, pois “protegida” pelo ambiente virtual conseguiu arriscar-se mais na exposição das suas opiniões e acabou trabalhando a própria timidez ao se ver livre de que o outro constate que ela ruboriza, por exemplo, o que para quem é tímido é algo mortificante e impeditivo de expressar-se em público. Provavelmente a pessoa também ruboriza na frente do micro, fica tensa no aguardo a como reagirão à sua fala, mas com o tempo ela começa a ruborizar menos ao mostrar seus pensamentos e quando se dá conta, já o está fazendo na frente das pessoas.

Hoje diria que são basicamente os novatos que ainda se utilizam do artifício de se esconderem atrás da tela do computador utilizando-se de nicknames e inventando personas, e isso se não tiverem alguém que os oriente em sentido contrário. Os usuários de chats e sites de relacionamentos também têm esse hábito, mas basta estarem em ambientes virtuais mais pessoais, como o MSN e e-mail, por exemplo, para que se identifiquem e dêem a conhecer sua verdadeira identidade. Ao contrário do que dizem por ai, as relações podem ser muito profundas no ambiente virtual se as pessoas estiverem dispostas a; e isso porque existem o tempo e a palavra como instrumentos para não apenas conhecer o outro, mas para dar-se a conhecer, tanto a si mesmo quanto ao outro.

E, no entanto é verdade que dentro da Internet existem pessoas mal intencionadas, da mesma forma que existem fora dela. E então existem algumas regras de segurança a serem seguidas e que, no fundo, são as mesmas regras que existem para o dito “mundo real”. Acontece todo um alarmismo quando ocorre um crime relacionado com a internet, pois as pessoas sempre têm necessidade de criarem bodes expiatórios, porém a realidade é que os crimes ocorrem, na maioria das vezes, com pessoas que não se conheceram ou se relacionaram através do ambiente virtual. O ser humano sempre estará envolvido em condições delicadas e hostis, seja qual for o seu ambiente, uma vez que carrega estas características dentro de si.

Atualmente a internet ainda é uma entidade mitificada, principalmente por aqueles que resistem às mudanças e querem pautar a sua resistência em opiniões que acabam criando tabus e mitos e estes nunca são benéficos a ninguém e cabe ressaltar que quem age dessa maneira o faz também com outros aspectos da vida e não apenas em relação à internet. Porém cada vez mais pessoas estão se conectando através de microcomputadores e entendendo que estes são apenas um meio mais rápido para unir pessoas em diversas partes do planeta. Que nada existe de virtual e ilusório nos sentimentos que a gente tem despertos por aqueles que nos mandam mensagens e compartilham conosco a nossa/sua existência, e que as relações ditas virtuais vão trazer implícitas e no seu desenrolar, as mesmas complicações que as relações ditas normais. Digo isso por perceber que persiste ainda em muitos usuários a fantasia de que, por ser virtual - o que muitos ainda entendem por ilusório e fantasioso - as relações que se dão via internet só podem ser passa-tempos prazerosos como um jogo de vídeo game. Vai ficar atrasado no trem da evolução humana quem se recusar a ampliar seus conceitos pessoais e afetivos nesse sentido. Relações são relações e trazem implícitas todo o prazer e dor que relacionar-se confere.




RB: No caso do Orkut, vemos em muitos perfis, recados, deletados, você acredita que as pessoas estão se preocupando mais com a privacidade na internet?A mentalidade dos usuários estão mudando em relação à isso? Por quê?

O Orkut despertou na maioria das pessoas o “voyerismo nosso de cada dia”. É como se fosse um Big Brother, mas com a vantagem de que posso espiar, sem ser visto, pessoas que realmente me interessam, que estão próximas a mim.

A grande força do Orkut reside em dois pilares: possibilita reencontrar e retomar relações com pessoas que fizeram parte de nossa vida num determinado momento - e que provavelmente jamais reencontraríamos se não fosse o site - e poder acompanhar a vida do outro, sem necessariamente me fazer anunciar ou me tornar presente nesta. Podia, pois a coisa ganhou tal proporção que hoje existe a possibilidade de você saber quem visitou o seu perfil, caso opte também por deixar saberem quem você andou visitando.

O que me chamou a atenção foi a “paranóia” que se seguiu quando essa ferramenta foi instalada no Orkut e que, de certa forma, persiste até hoje. E chamo de “paranóia” pelo fato das pessoas ficarem muito incomodadas e sentindo-se perseguidas por quem de desconhecido chega até as suas páginas, o que a meu ver denuncia, por parte dos usuários, propostas completamente opostas ao princípio do site. Diz que Orkut nasceu da teoria de que cada pessoa é ligada a qualquer outra pessoa no planeta por no mínimo uma entre outras seis pessoas com as quais se relacione. Ou seja, entre eu e seis amigos meus, e entre o George Clooney e seis amigos deles, no mínimo dois são em comum o que faz com que a possibilidade de nos conhecermos pessoalmente seja grande, mesmo que improvável, o que, diga-se de passagem é uma pena. O Orkut foi feito sobre essa premissa e queria comprovar essa teoria.

Hoje, principalmente pela adesão maciça dos brasileiros, este se configurou como um site de relacionamentos onde você reencontra pessoas e faz novos amigos. Não é então de causar espanto que as pessoas se mostrem tão irritadas por terem seus perfis visitados por estranhos? Você está num site público, faz parte de comunidades públicas que denotam características pessoais e preferências suas; disponibiliza fotos, recebe recados e depoimentos que também ficam disponibilizados para qualquer um que acessar a sua página, e está querendo privacidade? É no mínimo incoerente. Muitos vão dizer que estão lá para estarem com os amigos, porém isso é ilusório: com os amigos se está fora do Orkut e se seu objetivo é esse mesmo, monte um site/blog senhado e forneça a senha a apenas com quem você quer compartilhar a sua vida.

Porém entendo que isso nasce do conflito que vivemos quanto ao que é de domínio público e privado e que essa é a mesma confusão que fazemos com os artistas e suas vidas; confusão esta que acaba alimentando os paparazzi e promovendo a invasão da vida destes. O artista é uma pessoa pública, porém suas vidas são de domínio privado, ou seja, deveriam só interessar a eles mesmos. O problema é que o Orkut, tanto quanto as artes, acabam por serem usados como aval para promover uma intromissão na vida alheia e em decorrência disso, no Orkut, começou-se a optar por apagar os recados assim que são lidos. Algumas pessoas não conseguem entender que existe uma diferença enorme entre saber algo e emitir opinião sobre esse mesmo algo. Também desconhecem que podemos ser responsáveis e responsabilizados apenas pelas mensagens que escrevemos e jamais pelas que recebemos, pois cada um escreve o que quer e nem sempre a pessoa do lado de lá está dotada de boas intenções. Muita gente sai do Orkut e apaga os recados na tentativa de acabar com brigas, geralmente entre cônjuges, namorados, parceiros.




RB: Como psicóloga o que mais te preocupa no mundo virtual e o que mais te agrada? Por quê?

O que mais me agrada na Internet é a possibilidade de relacionar-se rompendo com barreiras temporais e de espaço. Uma pessoa aqui em São Paulo pode conversar ao mesmo tempo com uma amiga que está em Roraima, com um outro que está em Minas Gerais, com a vizinha de rua, com a sobrinha na Suíça e com o amigo nos Estados Unidos. Vocês trocam fotos, vocês se mostram na webcam, conversam com programas de Voip e isso diminui a distância e aumenta o contato. Conseqüentemente as relações humanas tornam-se mais próximas e calorosas.

A possibilidade também de conhecer e estabelecer vínculos com pessoas que de outra forma você dificilmente contataria, pelas dificuldades financeiras do mundo moderno que não nos permite viajar tanto quando seria bom, é outro aspecto que me agrada demais.

Acho que a preocupação sempre recai sobre aqueles que usam o ambiente virtual para fugirem da vida dita real e que então acabam viciando-se. Porém quero ressaltar que a pessoa que se vicia em internet tem a mesma estrutura de personalidade do que se vicia em bebida, em drogas, em jogo ou do que se torna um fanático religioso. A internet é apenas um elemento a mais; a pessoa desenvolveria o quadro independente desta, pois a disfunção é anterior.




RB: O que define uma pessoa viciada em internet? Existem muitos casos? Qual a forma de amenizar essa situação? A ajuda dos pais pode contribuir nisso? De que forma? Você percebe uma preocupação dos pais em relação à comunicação on-line e aos perigos da internet? Eles costumam fazer algo para evitar que os filhos se exponham à esses perigos?

É ainda um quadro novo e acho temeroso definir sintomas. Porém diríamos que temos alguém disfuncional em relação ao uso da internet quando a pessoa passa a deixar de fazer coisas prazerosas, de cumprir com seus compromissos e deveres no mundo dito real, para ficar na frente da tela do computador. Deixa de sair com os amigos porque os encontrará on-line, não vai mais a shows, cai o rendimento escolar ou começa a ter problemas profissionais por não conseguir realizar o seu trabalho e justo por viver checando mensagens, verificando o Orkut e conversando no MSN.

Sim, existem muitos casos, porém nem todos os diagnósticos são pertinentes na minha opinião, uma vez que a introdução nesse universo geralmente leva a um abuso que a grande maioria das vezes acaba passando um tempo depois. É como a criança que ganhando um brinquedo novo, fica absorta por este até que ele deixe de ser novidade e então volta a ter a atenção direcionada a outras coisas. Muitos podem estar pensando agora que na criança dura menos tempo essa absorção do que no usuário da internet, porém devemos atentar para o fato de que a Internet possui opções muito maiores para serem exploradas e por isso “passar a febre” leva um pouco mais de tempo.

Não existe uma prevalecencia da infância ou da adolescência no vício da Internet, sendo este um mal que acomete qualquer um e em qualquer idade. Porém os pais devem sim monitorar e limitar o uso da mesma, visando não apenas evitar que isso aconteça, mas também e, principalmente, proteger seus filhos dos pedófilos que rondam a rede em salas de bate-papo, blogs, flogs e afins.

Na minha maneira de ver e entender, a melhor conduta para com a criança e o adolescente é estabelecer horários de uso e colocar o microcomputador em lugar onde os pais possam ver o que acontece na tela do simplesmente passando por este, ou seja: computador na ausência de ambos os pais não pode ser acessado, pois se o pai ou a mãe ao passar pelo micro notar algo que chamou a atenção, pára e verifica. Os adolescentes principalmente vão protestar, porém se ele tem atividades que o mantém fora do micro e se é incentivado a estar com a sua turma no universo concreto, este pouco se ressentirá ou terá necessidade de fazê-lo via internet. O uso do computador para o adolescente é o mesmo que fazíamos do telefone na nossa adolescência, ou seja: não posso estar com minha turma de corpo presente? Então fico com eles na Internet e ainda tenho o ganho de poder fazer novos amigos.

Aqui é fácil deduzir que muitas vezes a paranóia dos pais com o que eles chamam de “perigos do mundo” acaba prendendo o filho dentro de casa e do ambiente virtual e colaborando, muito, quando já existe a predisposição, para que este se torne um problema.




RB: Outro fator muito relevante na comunicação virtual é a linguagem. Você acredita que a linguagem utilizada nesse tipo de comunicação pode interferir no aprendizado de uma criança ou adolescente? Caso interfira, o que pode ser feito?

Acredito sim que a forma de escrever utilizada pelas crianças e adolescentes na internet interfira e muito no aprendizado. É aquela coisa: você se habitua ao errado. E se tem uma coisa difícil de mudar são os “hábitos”. Para se ter idéia, por hábito conseguimos permanecer anos em relações que nos infelicitam, quem dirá escrevendo errado... Na sala de aula, na hora de fazer as provas, a dúvida se instala: qual a forma correta de se escrever? E isso se a dúvida se instalar, pois na verdade a “ficha” geralmente só cai quando eles recebem de volta a prova e vêm lá os pontos descontados em função dos erros de português. Ai vão correr atrás do prejuízo e a maioria das vezes se dão conta que o dano está feito, uma vez que não conseguem mais ter certeza “di comu eh qui si exkvi mexmu”...

Entendo que essa forma de falar possa denotar a existência de uma “tribo”, que seja o sinalizador de um contexto social, mesmo que virtual, e que faça com que eles se sintam inseridos num contexto e pertencentes a esse grupo social específico o que é sempre um aspecto positivo por ser algo característico da adolescência. Porém acho que eles devem desenvolver outra forma de reconhecerem-se na Internet, pois acredito que essa mudança na língua pátria acabe por interferir, e em curto prazo, na noção de identidade social enquanto povo, nação. E isso num país onde o povo já tem essa identidade tão fragmentada é tão temeroso...

Somos brasileiros e nos comunicamos tanto na forma verbal quanto na escrita através da língua portuguesa que possui um conjunto de regras e normas que a estabelecem. Isso faz com que, num país territorialmente grande como o nosso e salvo as diferenças idiomáticas de cada região, a comunicação se estabeleça e eu consiga compreender qualquer pessoa que se comunique comigo se utilizando desse conjunto de regras que ordena os fonemas. O que já acontece é que se na forma verbal nada se modificou profundamente, na forma escrita a coisa anda um tanto delicada, uma vez que é quase impossível entender o que um adolescente escreve se você não se dedicar a lê-lo com muita calma e paciência.

Até ai tudo bem se os adolescentes não começassem a ter a mesma dificuldade em entender o que os outros escrevem quando o fazem na forma correta. Ou seja: é a compreensão e a comunicação entre gerações que está sendo afetada, isso para ficar apenas num âmbito mais pessoal. Se quisermos ampliar essa questão, basta pensar em como esses adolescentes terão dificuldade para compreenderem o conteúdo dos livros que rechearão as suas vidas acadêmicas e, conseqüentemente, em como será a leva de profissionais que estaremos formando em poucos anos.

Na minha opinião, os pais devem conversar com os filhos e imporem regras para minimamente limitarem esse tipo de escrita ou até mesmo aboli-la, além, é claro, de incentivar, e muito, a leitura.

Não, não é fácil, mas também não é difícil, é apenas trabalhoso; mas temos de medir o que dará menos trabalho e será menos penoso afetivamente: se limitar agora, mesmo que for mediante a imposição de regras, a forma de se usar a língua e a internet, ou ter de lidar mais tarde com a sensação de inadequação e inferioridade que certamente resultarão dessa incapacidade de compreender e se fazer compreender a contento, tanto no ambiente real quanto no virtual?

1 de fevereiro de 2007





Senta que lá vem post...


Há alguns dias atrás, conversando no MSN com uma amiga que me lê desde o Depois eu penso nisso... e que tem a paciência que me falta em reler todos os meus posts que ficaram no arquivo do Botando a boca no trombone, ela fez um comentário extremamente pertinente ao meu respeito: estou sempre recomeçando.

São inúmeras às vezes nas quais posto que vou começar tudo outra vez. Inúmeras. E essa é uma constante na minha vida que já me incomodou muito, hoje não mais. Eu sou número 1 na numerologia - é o número que determina pessoas que têm habilidade em liderar, mas também o eterno recomeço. Sou cabra no horóscopo chinês; sou Gêmeos com ascendente em Leão, Lilith em Áries; ou seja: permanecer num mesmo lugar, mesmo que interno, por muito tempo não é comigo. Mas até que alguém me associasse ao mito de Sísifo, eu não lidava nada bem com isso não. Havia em mim uma noção de que minha vida seguia assim por que eu era incapaz de seguir adiante com algo; inconstante, irresponsável, impaciente? Não.

Não vou explicar o processo, mas hoje sei que é assim porque uma das coisas que tenho de aprender nessa vida é o desapego. Então, independe da minha vontade de permanecer, as coisas ao meu redor mudam num passe de mágica. O que mudou é que se um dia “as mudanças” me eram impostas e por isso, sofridas, hoje não são mais. Hoje aprendi a perceber quando a vida começa a soprar em outro sentido e ao invés de me opor a ela, relaxo o corpo e sigo na onda. E, felizmente, me é permitida uma certa constância e vou usar como exemplo os lugares onde morei nos últimos 28 anos...

Eu rodo num espaço de cinco quilômetros quadrados. Então em cada novo lugar no qual moro, faço novas amizades, porém consigo manter laço com os antigos amigos, consigo fazer compras nos lugares de costume onde você troca dinheiro do seu cartão no caixa do mercadinho porque é freguesa; onde seu sobrinho vai comprar sorvete sem você saber num BR mania com menos dinheiro do que deveria e o traz, porque sabem que é seu sobrinho - mesmo que você não saiba como sabem, e sabem porque viram vocês dois andando na rua e mandam te dizer para depois você passar pra acertar. Onde os taxistas te chamam pelo nome da mesma forma que você também os chama, e quando você pega um taxi diferente esquece de dizer o caminho de casa tão mal acostumada que está em só ser carregada por quem sabe onde você mora. Onde você corta o cabelo há 25 anos com o mesmo cabeleireiro, mesmo que ambos tenham mudado de endereço várias vezes, e de quem conhece toda a família. Eu gosto dessa constância, dessa sensação de pertencer a um lugar.

E é como ouvi um amigo meu comentar comigo essa semana: “quem já te viu sair da garagem com o último modelo do carro sport mais cobiçado, e sempre de tanque cheio, e hoje te vê procurando uma casa mais barata pra morar”... Pois é. Minha vida teve altos e baixos e está indo para o alto de novo, mas a verdade é que me orgulho muito de mim por ser a mesma pessoa com ou sem dinheiro. Eu converso do mesmo jeito com as pessoas, não é o dinheiro que me faz.

Porém acho que o mais importante nisso tudo é dizer que estou sempre recomeçando porque nunca desisto de mim, por mais que, às vezes, me decepcione comigo mesma. Eu caio hoje, posso levar até alguns dias para levantar e sacudir a poeira, mas sempre dou a volta, se não for por cima é pelo lado, pelo meio, por baixo, mas dou a volta.

E tem aquilo né? Você vai andando e mesmo que caia, o caminho que você trilhou, você trilhou; quando você levanta e recomeça, você retoma desse ponto específico, nunca é da estaca zero, por mais que pareça ser no momento.

E falei tuuuuudo isso para contar que estou mudando de novo e, portanto, recomeçando. Mudando de casa, novamente para um lugar novo, mas próximo daqui, e isso vai implicar em passar alguns dias desconectada, até que liguem o telefone. Mas eu volto crianças, eu volto.

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E o processo de encontrar essa casa veio confirmar uma coisa que eu sei, mas estou aperfeiçoando: o que é teu, é teu. Por isso não precisa muita ansiedade, sofrimento e angústia para realizar as coisas. Porque até tudo o que tinha pra dar errado dá certo quando é a sua hora e vez. O que devemos fazer é dizer o que queremos para o universo e esperar que ele decida como aquilo chegará até nós.

A nós cabe nos mantermos abertos, alertas e em movimento para não deixar passar o que o universo nos manda achando que cairá no nosso colo. Sim, pode cair, mas isso não somos nós quem determinamos.

Ainda vou falar mais disso e quero também digitar alguns textos da Zíbia Gasparetto que falam disso de forma muito pertinente. Quem sabe enquanto estou sem conexão eu não faço isso e ai quando voltar posto...

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E a mudança me fez ver que eu sou fanática por papel, ou me fez lembrar que sou fanática por papel... Caracas! Como eu guardo papel!!!! E se for em branco então.. Das mais variadas cores, tamanhos, formatos, finalidades. Papel pra escrever, papel de origami, papel de fazer flores, papel cartão, papel laminado, papel de contas, notas fiscais, propagandas; papel, papel, papel... E pra jogar fora?? Uma dor semelhante a que sinto se vou me despedir no aeroporto de um amigo que faz parte do meu cotidiano sabendo que não o verei nos próximos 10 anos!!!!!

Mas eu venci!!!

Botei fora não só papeis, mas roupas, sapatos, coisas que nem lembrava mais que tinha. Porque eu tenho isso: esqueço que tenho se a coisa não estiver muito visível... Sinal que tenho mais do que preciso.

E o critério foi: se eu pensar: “um dia posso vir a precisar”... Tá fora! E mesmo assim ainda sobrou coisa...

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E nem contei né?

Eu vou correr a São Silvestre de 2008! Esse é o meu projeto para esse e o próximo ano e ele implica em uma reformulação total que já está acontecendo. Voltei a caminhar todos os dias – tá, agora com a mudança não, pois acabo o dia morta de cansaço de tanto empacotar e carregar caixa cheia, e sacos de roupa e lixo e etc., etc. Mas retomo na segunda sem falta!!!

E tudo graças ao Marcelo Thomé – não, vocês não o conhecem, mas deviam... rs... Que me incentivou da maneira correta no momento certo. E essa sou eu: começo o ano querendo arrumar um namorado e a vida me manda logo é um treinador... rs..

E é muito legal ver todas as pessoas que convivem comigo comentarem o quanto eu já emagreci!!! E isso com mudanças pequenas, mas significativas, na minha dieta fora a caminhada.

Porém acho que o principal mesmo foi um acordo interno que consegui fazer comigo mesma em relação ao abuso que sofri. O de que eu tenho o direito de TER O MEU CORPO. Tenho o direito de SER BONITA. Tenho o direito de SER ATRAENTE. E o PRINCIPAL: SEI ME DEFENDER MUITO BEM, pois por diversas outras vezes estive em situações declaradas de risco e nunca voltei a ser abusada, e nem fui violentada. Além do que, energeticamente, sei que aprendi a lição à qual o abuso veio ligado. Me transformei profundamente e então não preciso mais dessa lição, posso viver outras coisas.

Resumindo: eu tenho o direito, eu estou pronta e quero viver com um corpo magro, atraente e saudável.

+

Também devo ao Marcelo a minha mais nova paixão e vício: Lost!

E Jesus amado!!! O que é aquele ator que interpreta o Sawyer hein??? Ah!!!!!!!!!!! Entrou pra minha listinha dos com quem eu trairia por uma noite, mesmo que loiros não sejam o meu forte... depois eu faço aqui a listinha e conto do que se trata isso... rs... pois o sono bateu forte...

Também quero falar sobre a Meg e o rebuliço que sua falsa morte causou em parte do universo blogueiro.

Viram? Eu vou, mas deixo vários assuntos pendurados pra eu voltar e voltar postando!

Beijo crianças e se cuidem!


Hasta la vista babys!

27 de janeiro de 2007

O Blogger mudou o sitema, e a template foi pro beleléu. Estou aqui arrumando tudo, pois foi só quando precisei que vi que não tinha salvo a versão definitiva da coitadinha... Pra variar.

14 de janeiro de 2007

 


A razão do meu silêncio


Namoro letras, palavras e idéias desde um tempo do qual já não me lembro mais. Ultimamente ando distante delas... Muitos perceberam.

Sou dona de palavras fortes; palavras que machucam, que magoam, mas também que consolam, que animam, que ensinam, que fazem rir...

É que trago minhas palavras impregnadas de mim.

É o coração quem trago na ponta da caneta ou dos dedos que deslizam sobre as teclas.

E sou fidedigna ao que sinto. Simplesmente não consigo sentir uma coisa e escrever outra; não consigo. Não consigo mesmo que tenha plena certeza de que em alguns momentos seria muito melhor...

Concordo que devo aprender a esperar mais para botar para fora determinados sentimentos que, por virem à tona com muita intensidade, parecem eternos, mas são na verdade momentâneos. Logo passam... Este é o problema quando se é habitada por vulcões: a gente entra em erupção.

E, no entanto, não consigo deixar de achar graça quando sou criticada pela dureza das minhas palavras... E acho graça por ter plena consciência de estas machucam, principalmente, porque a humanidade vive a era da hipocrisia, o que faz com que as pessoas não se preocupem com o conteúdo do que é dito e sim com a forma como se diz.

Isso se traduz mais ou menos assim: pode-se dizer a qualquer pessoa os maiores absurdos desde que seu texto seja politicamente correto, desde que se traga nos lábios um sorriso e se floreie o conteúdo com palavras que denotem um afeto e cuidado que muitas vezes se está longe de sentir. Jamais seja transparente e direto quando seus sentimentos não são nada nobres. E como não sou uma pessoa de formas - e fôrmas - e sim de conteúdo, acabo me dando mal, pois nunca me importo com a maneira como algo foi me dito, e sim com o que me foi dito; seja gritado, cuspido ou entre sorrisos.

E isso porque o como não impede que algo doa. O que sempre dói, seja em mim ou em você, é exatamente o significado do que foi dito. E nada ameniza um significado. Nada. Nada diminui o peso de um tijolo e a dor que ele causa quando ele te atinge. E sim, eu sou boa em atirar tijolos. A diferença é que não finjo que não os atiro e nem desenho flores neles esperando que o outro ache que não é um tijolo e sim um buquê de rosas.

Eu posso me desculpar pelo que disse, mas jamais retiro o que disse por que você não retira um tapa que deu na face de alguém. Deu está dado. Se você se arrepender, pede desculpa. O outro te perdoa ou não, mas não existe nem como você fingir que não bateu e nem como o outro fingir que não apanhou.

É por isso que atualmente vivo um dilema: ou sigo escrevendo da forma que sempre fiz - e correndo o risco de perder pelo caminho as pessoas que não se agradam dessa minha característica - ou me calo por não conseguir tirar o coração das minhas palavras.

Como vocês podem perceber tenho me mantido calada.

9 de janeiro de 2007

O post sobre a morte do Saddan gerou uma discussão do bem nos comentários e me deu vontade de reproduzí-la aqui já que nem todo mundo acessa comentários...

Gui: Amore, você sozinha se contradisse e encontrou uma melhor opção para o enforcamento — o que, vindo de uma pessoa contra a pena de morte, não deveria ser opção. Trabalho.

Sim, Saddam morreu. A questão não é se ele é melhor vivo ou morto, ou se ele vai gerar um custo ao estado iraquiano. A questão, como você notou é bem maior e envolve, por exemplo, a averiguação detalhada (que poderia vir com o julgamento e a possível condenação) de muitos outros crimes e ligações, tanto dentro do iraque quanto relacionados com outros governos. "Ah, mas ele pagou por eles também, afinal, morreu!" É, mas historicamente perdeu-se uma chance ótima de grifar todas essas passagens vergonhosas, a fim de que não se esqueça. Com tempo se resolve e se descobre muita coisa, com uma execução não.

Nas suas palavras, deixar o Saddam vivo não derruba o imperialismo americano, por assim dizer, mas matá-lo é justamente o que eles querem: "o bichinho de estimação ficou raivoso; matemos, depois a gente compra outro".

Matar o Saddam a essa altura do campeonato e de forma tão apressada era justamente o que se devia evitar. Se não por tudo o que eu disse, então para não nos igualarmos a ele.


Marie: Não amore, eu não me contradigo. Eu só fiz uma escolha real entre as utopicas. Pois a verdade é que é tudo utopia, até mesmo que você deseja, que é até o mais correto, mas não foi feito até agora e não seria feito nunca.

O mundo ainda não está apto a lidar com sobriedade e seriedade em relação ao mal que ele mesmo produz.


Gui: Aí que tá, amore, eu não acredito que seja a melhor opção para o mundo.

Você se contradiz porque diz que o mundo "ainda" não está pronto e logo depois classifica tudo como utopia. Ao fazer isso você desacredita qualquer possibilidade do mundo ficar pronto, pois negando a utopia você bloqueia fortemente a evolução.

Se eu não me engano, assim com a esperança traz motivação ao indivíduo e o sonho tras uma meta, a utopia traz um caminho — isso é psicológico, não?

Agora, se o caminho que a humanidade decide trilhar termina na forca simplesmente porque não está pronta (será que não está?)... então vejo tão pouca utopia, quanto sonho, quanto esperança.


Marie: Não Gui a utopia não se refere a sonho, nem esperança e sim à ilusão. E ilusão fala de projetos pautados em condições irreais e por isso nunca aptos a tornarem-se realidade de fato e, portanto, em evolução. É por isso que utopias são negativas, assim como ilusões: fazem marcar passo no mesmo lugar sem se ir a lugar algum.

Sonhos são coisas que se tem e que podem ou não serem ilusórios ou utópicos. Mas a única forma de evoluir é justamente sonhando e colocando esse sonho em bases concretas para que ele possa acontecer.

A Revolução Russa mesmo naufragou porque? Baseou-se num senso de nacionalismo, solidariedade e comunidade que não existia de fato na população como um todo e muito menos nos que foram encarregados de cuidar dela e o que vimos quando ela acabou? Um país devastado por pequenos ditadores que centralizaram todo o poder econômico e mantiveram a população na miséria mais profunda por décadas a fio... Evoluíram os russos? Naquele momento não. Quando da queda do Comunismo eram um povo embebido em álcool e drogas, sem terem nenhuma condição de trabalho e ainda tendo de correr atrás de todo um avanço tecnológico para poderem participarem do mundo moderno.

Sim, os Estados Unidos foram megaultrahiperblaster utópicos em relação à invasão no Iraque e agora o mundo tem nas mãos um pepino tremendo, pois o país está sentado sobre uma bomba prestes a explodir já que lá existem três "nações" ideológicas que não se afinizam e que vão lutar até à morte para assumirem o comando do país assim que os americanos virarem as costas - o que demonstra que democracia é um processo utópico para aquele povo, sacou? - e as saídas para se evitar que isso aconteça são quase nulas...

O enforcamento de Saddan é, ao meu ver, o menor dos problemas e o que deveria chamar menos a nossa atenção embora eu entenda e acate todos os argumentos, mas a verdade é uma só: nós vivemos num mundo bárbaro, sim, e pior: essa barbarie está aqui no nosso país, mas a gente insiste em fingir que não, que isso rola só no quintal do nosso vizinho; e isso porque os nossos métodos de massacrar o outro são mais sutis, porém não menos eficazes...

O caminho para a evolução ao meu ver não é utópico, mas é torto, praticamente um milagre que vai acontecer, mas eu não sei precisar como, pois passa por cada um e implica em uma transformação pessoal profunda que deve nos tornar verdadeiramente respeitosos para conosco mesmo e para com o outro e suas diferenças. Se a gente não consegue isso ainda no âmbito pessoal, quem dirá no coletivo...

4 de janeiro de 2007

Mataram o Saddan



As pessoas se indignaram com o enforcamento do Saddan Hussein. Para mim foi o que de melhor poderia acontecer, não para ele, mas para o mundo.

Nós não temos estrutura para lidar com ditadores depostos, como não temos para lidar com bandidos; e deixá-lo mofando numa prisão sendo sustentado pelo Estado enquanto gente honesta passa fome para mim não é solução, é afronta. Não, não sou a favor da pena de morte. Sou a favor de um sistema prisional que reeduque pessoas e torne-as construtivas para a sociedade, seja esta qual for.

E enquanto alguns ficam chocados ao constatarem que vivem num mundo que ainda enforca as pessoas, eu fico por me dar conta de que faço parte de uma humanidade que ainda produz gente que pela força e matando milhares, impõe para milhões as suas ideologias. E por todos olharmos isso e fazermos de conta que nada tem a ver com a nossa vida. Saddam morreu, mas a África está cheia de pequenos ditadores que matam milhares por ano submetendo seus semelhantes a condições de vida degradantes e ninguém faz nada. Em nome do vil metal ninguém faz nada.

Fico emputecida em fazer parte de uma espécie que inventa tantas coisas, mas que até agora não conseguiu descobrir uma maneira efetiva e saudável de cuidar daqueles que apresentam desvios de personalidade que causam danos a terceiros. Os sistemas carcerários do mundo inteiro estão lotados de pessoas que passam à vida toda lá, a maioria sem conseguir transformar a forma como consideram o próximo. As cadeias geralmente funcionam apenas como faculdade de aprimoramento de vilania.

Cansei dos discursos politicamente corretos e vazios. Se não se sabe o que fazer com os Saddans do mundo melhor matar do que ficar sustentando-os pelo resto de seus dias. Que o dinheiro que seria gasto com ele seja empregado para manter crianças na escola lá no Iraque.

Sim, utópico. Mas entre essa minha utopia e aquela que quer que o imperialismo americano seja deposto pela manutenção de um Saddam vivo e inerte, prefiro a minha. Se ao menos ele fosse posto para trabalhar, reconstruir o que foi destruído... Sim, sou adepta de que o trabalho dignifica o homem. Sempre.