3 de abril de 2007

Julgamentos


Sempre fui do tipo que temia terrivelmente julgar alguém e isso tinha uma gênese: quando criança, arteira que eu só, a minha sensação mais constante era a de que davam sempre motivos errados para as minhas atitudes e ações. Sempre colocavam uma intenção negativa onde eu apenas tinha querido me divertir ou descobrir algo.

Lembro que até mesmo na adolescência eu tinha quase que um assombro constante ante a incapacidade alheia de ver minhas reais intenções e isso me fazia ter um nó na garganta que não se dissolvia nunca. Lembro dessa sensação até quando eu tinha 20,21 anos...

Acho que isso contribuiu e muito para que eu não fale muito de mim. Até hoje é constante ouvir, de terceiros, teorias completas acerca dos meus comportamentos. O engraçado é que elas muitas vezes não falam absolutamente nada do que acontece aqui dentro. Eu me rio, pois entendo a necessidade das pessoas de colocarem os outros em formas das quais possam dar conta. Afinal alguém que foge ao que conhecemos por normalidade pode ser perigoso... Mas também é verdade que algumas vezes as pessoas acertam em cheio no que falam de mim e isso também não contribui muito para que eu fale mais sobre a minha pessoa. Se o outro já sabe tudo, vou falar pra quê? Só existe uma pessoa nesse mundo que tem a capacidade total e absoluta de me fazer falar...

Porém não era disso que queria falar. Queria comentar que me dei conta esses dias que quanto mais queria fugir de julgar as pessoas, mais acabava fazendo isso. E quem me fez perceber isso foi uma pessoa que fala tanto de gente chata e sem noção que acabou perdendo de vista que se tornou uma. E a coisa do julgamento funciona mais ou menos assim: pra evitá-lo você acaba o fazendo como uma espécie de marcador de onde não pisar; mas já estando pisando...

Hoje não me ocupo mais de julgar. Mesmo quando percebo que estou indo nessa direção, inverto meu percurso e procuro apenas procurar entender que seja qual for a hipótese que eu formular, ela será apenas uma hipótese, já que a verdade sobre si, só a pessoa detém.

Ficou tão mais agradável viver...

Nenhum comentário: