4 de janeiro de 2007

Mataram o Saddan



As pessoas se indignaram com o enforcamento do Saddan Hussein. Para mim foi o que de melhor poderia acontecer, não para ele, mas para o mundo.

Nós não temos estrutura para lidar com ditadores depostos, como não temos para lidar com bandidos; e deixá-lo mofando numa prisão sendo sustentado pelo Estado enquanto gente honesta passa fome para mim não é solução, é afronta. Não, não sou a favor da pena de morte. Sou a favor de um sistema prisional que reeduque pessoas e torne-as construtivas para a sociedade, seja esta qual for.

E enquanto alguns ficam chocados ao constatarem que vivem num mundo que ainda enforca as pessoas, eu fico por me dar conta de que faço parte de uma humanidade que ainda produz gente que pela força e matando milhares, impõe para milhões as suas ideologias. E por todos olharmos isso e fazermos de conta que nada tem a ver com a nossa vida. Saddam morreu, mas a África está cheia de pequenos ditadores que matam milhares por ano submetendo seus semelhantes a condições de vida degradantes e ninguém faz nada. Em nome do vil metal ninguém faz nada.

Fico emputecida em fazer parte de uma espécie que inventa tantas coisas, mas que até agora não conseguiu descobrir uma maneira efetiva e saudável de cuidar daqueles que apresentam desvios de personalidade que causam danos a terceiros. Os sistemas carcerários do mundo inteiro estão lotados de pessoas que passam à vida toda lá, a maioria sem conseguir transformar a forma como consideram o próximo. As cadeias geralmente funcionam apenas como faculdade de aprimoramento de vilania.

Cansei dos discursos politicamente corretos e vazios. Se não se sabe o que fazer com os Saddans do mundo melhor matar do que ficar sustentando-os pelo resto de seus dias. Que o dinheiro que seria gasto com ele seja empregado para manter crianças na escola lá no Iraque.

Sim, utópico. Mas entre essa minha utopia e aquela que quer que o imperialismo americano seja deposto pela manutenção de um Saddam vivo e inerte, prefiro a minha. Se ao menos ele fosse posto para trabalhar, reconstruir o que foi destruído... Sim, sou adepta de que o trabalho dignifica o homem. Sempre.

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