27 de janeiro de 2008

Estava pensando nas coisas que quero e espero num homem depois que uma amiga me perguntou no MSN:

1)sinceridade: sim, eu aprendi e sei que existem algumas coisas que a gente não fala para o parceiro porque destruiriam a relação. Não preciso saber que ele acha alguém muito interessante do ponto de vista sexual ou que deu uma pulada de cerca, mas preciso saber que se interessou além da conta por outra pessoa se isso acontecer... Muito bonito quem tem e pratica a relação aberta. De verdade. Mas comigo não rola. Então a sinceridade da qual falo é a crucial: aquela que me prioriza e me põe a par dos riscos que corro;

2) cumplicidade: quero que o homem que me ama me deixe conhecê-lo verdadeiramente. Que ele compartilhe-se comigo para além das histórias cotidianas. Sonhos, anseios, medos, angústias, dificuldades, vícios. Que a gente possa conversar de verdade um com o outro sobre as coisas das nossas vidas. Se um homem quer o meu amor ele precisa se oferecer a mim a partir de algum momento, pois, caso contrário, vou perder o interesse nele;

3)revele-se: preciso que "meu homem" saiba me fazer sentir amada em pequenos gestos e em palavras, porque só amar não basta. Como qualquer pessoa preciso me sentir segura na relação e isso nada tem a ver com medo de rejeição. Preciso sentir que ele me quer, que tenta me conquistar. Que me valoriza a esse ponto...

4) motivador: é, no meu caso em específico, preciso de um homem que me incentive, me dê forças. Mas carinhosamente. Suspeito fortemente que funciono melhor sob carinho do que sob mão firme e pressão que é o que eu geralmente recebo.

+

Outro amigo vive dizendo que não faço sexo por sexo, que preciso dum romance no meio. Não é verdade: se for para só trepar com alguém, eu trepo. Porém não é isso que ando procurando mesmo, e há muito tempo, na minha vida. Quando decidi parar de ter sexo casual foi justamente porque era só isso que vinha acontecendo e estava muito vazia. Sei lá, o sexo casual é bom, mas parece que tira algo da nossa alma quando se é mulher.... Então sim, eu quero um amor e, principalmente, ser amada. Relação mais do que trepar por trepar.

25 de janeiro de 2008

Uma vez ele ligou completamente alterado dizendo que ia se separar, pois não aguentava mais. Que tinha feito a maior burrada da vida casando e que estava voltando pro lugar que nunca deveria ter deixado, e para a pessoa de quem nunca deveria ter aceito um não como resposta definitiva.

E eu na maior calma desse mundo disse que não, que não fizesse aquilo. Claro que ele perguntou se não o amava mais, e a resposta foi: "Amo. Você sabe que amo". "Então por que não"? insistiu ele. "Porque você tem um filho, um bebê ainda, e eu te conheço. Sei que você vem e não vai levar muito tempo, vai começar a sentir falta dele, a se culpar pela sua ausência e isso vai dividir seu coração, vai te fazer sofrer e querer voltar. E você vai voltar. E ai eu vou te perder pela segunda vez. E esta é uma coisa à qual eu não sobreviveria. Não de novo".

Ele nunca voltou.

24 de janeiro de 2008

Pelas mensagens que vim recebendo ao longo da semana, de pessoas muito queridas que se preocuparam comigo, eu já havia constatado o que o Pádua disse no comentário do post abaixo: não posso simplesmente deixar de escrever nessa bodega não!

Então aqui vai uma explicação: entrei numa crise existencial, da qual ainda não sai, porém na qual já me sinto melhor, mais senhora da situação. Perdi um tanto da referência de quem sou, pois me percebi não sendo em diversos setores da minha vida e então me senti como uma fraude. Ainda não sei se não sou. Fato é que estou me ajustando no sentido de passar a parecer mais comigo mesma, sendo mais sincera com minhas aspirações, potencialidades, capacidades e limitações.

Num primeiro momento doeu muito, chorei durante dois dias. No terceiro dia entorpeci e no quarto elaborei o que deu. A partir do quinto dia comecei a me sentir e descobri que algumas coisas são bem reais em mim e que é a partir delas que eu poderei me transformar. Mas o mais interessante desse processo é que cada vez mais me liberto de ter "uma velha opinião formada sobre tudo" e que tudo o que você acha que jamais fará ou farão, faz e fazem. "Não sei" passou a ser meu eixo.

Ter certezas nessa vida se torna, a cada dia, mais burrice.

18 de janeiro de 2008


Eu acho, apenas acho, que esse blog entrou num período de silêncio profundo... Porque todas as palavras morreram em mim ontem.

16 de janeiro de 2008

Ela escrevia o "Balde de gelo" com o Marco Aurélio, blog que virou livro. Hoje ela escreve o Enzimas Virtuais, onde conta a sua batalha contra o câncer de mama.

Daniela Macedo é sempre uma leitura cativante porque ela tem humor até diante da catástrofe que se abateu sobre a sua vida. E esse seu blog é uma leitura necessária, mesmo para quem não tem o problema.
Baixei Cd's com músicas de festivais e dentre elas estava Purpurina!

Amo!

Purpurina

Composição: Jerônimo Jardim

Se você pensa que vai me seduzir
Se você pensa que vai me arrepiar
Pode ser, mas eu sou feito purpurina
Se uma luz não ilumina
Não há jeito de brilhar

Se você só chega por chegar
Nem uma lanterna no olhar
Nosso show não pode acontecer
Sem o palco se acender
Eu não vou representar

Se você pensa que vai me seduzir
Se você pensa que vai me arrepiar
Pode ser, pois eu sou feito bailarina
Se a ribalta se ilumina
Fico roxa pra dançar

Se você pensa que vai me seduzir
Se você pensa que vai me arrepiar
Pode ser, mas eu sou feito purpurina
Se uma luz não ilumina
Não há jeito de brilhar

Pode ser, pois eu sou feito bailarina
Se a ribalta se ilumina
Fico roxa pra dançar
Ontem num seriado: "Tem algo interessante sobre o amor: é o único jogo que você só perde se não jogar".

15 de janeiro de 2008

Pádua! Impossível ver isso aqui e não lembrar de tu!!! rs..

Kamasutra tecnológico!

Aliás, fica aqui a dica: excelente blog tecnológico!
Eu canso. É, eu canso. Canso de algumas coisas de um jeito que nem sei explicar. Canso sabe? Assim de pegar gastura e não querer mais? Como quem comeu tanto de um determinado tipo de coisa que depois pode nem ouvir falar que tem ânsia? Pois. É bem assim que algumas coisas me cansam.

Não, e não tenho aviso de que estou cansando. Me dou conta ali, no momento em que a coisa está acontecendo de novo pela milionésima vez e então percebo de modo irreversível que não, nada vai mudar. Não adianta nem que eu mude, as coisas seguirão sempre da mesma forma.

Está sendo assim com falar. Sim, sei que uma psicóloga dizer que cansou de comunicar-se é, no mínimo, psicótico, mas cansei. Porque falar se ninguém vai te ouvir de verdade? Se causa tantas confusões desnecessárias? Enquanto tenho, e expresso, um milhão de dúvidas e incertezas, as pessoas têm o mesmo milhão de certezas absolutas e estapafúrdias, mesmo que não seja sobre a própria vida...

E isto tem me cansado sobretudo na internet. É, nunca pensei que fosse dar o braço a torcer, mas estou dando: tem algo na comunicação virtual que nunca se equipara à real. É como se o fato de conhecer a pessoa - mesmo que a tenha visto infinitamente menos do outros falaram - dá um aval que nunca tê-la visto retira. É uma barreira que tentei de todas as formas romper e não consegui. Estou jogando a toalha. Vou guardar minhas palavras para quem pode olhar no meu olho e saber quem sou de verdade.

Volto a não me interessar pela vida alheia, nem na medida do dito “saudável”. É; um dos motivos de eu não fazer perguntas é justo esse: a vida de ninguém me interessa profundamente. Lembro de alguém que certa vez ligou e perguntou: “quer saber aonde está a minha esposa para eu poder te ligar a uma hora dessas?” e que se magoou com a minha sincera e impensada resposta: ”não me interessa”. “Ah, então tá explicado porque você nunca pergunta nada: eu não te interesso”. “Não. VOCÊ me interessa. O que não me interessa é o porquê de você poder me ligar. Você está comigo ao telefone agora; só isso me basta” foi minha resposta tentando consertar a impressão errada que causei e causo com a minha ausência de perguntas. Porque é claro: eu não perguntar é que é estranho, e não o fato das pessoas se acharem no direito de devastar a vida alheia como se fosse a própria através destas...

As pessoas me interessam verdadeira e genuinamente. Estou aberta para o que elas queiram me dar de si, mas não sou garimpeira para ficar de marreta em mão tentando arrancar o que muitos tratam como tesouros ocultos e na grande maioria das vezes é apenas lixo... E nem me venham com a conversinha de que a pessoa não é espontaneamente o que é se você deixá-la livre. As pessoas são em função de com quem se relacionam. Cada pessoa traz à tona aspectos nossos e é na interação do que sou com o que a pessoa é, que me dou. E se você está ai batendo no peito e dizendo que é a mesma pessoa com todas, saiba que isso só acontece porque você não tem a menor capacidade de percepção alheia. E isso não é qualidade. E se, ao contrário, você vive escondendo dos outros quem você realmente é por conveniência, me diga: o que de real existe na relação que você estabelece com o outro? Eu mesma respondo: N-A-D-A para além da sua necessidade absurda e fantasiosa de controle.

Eu tentei, juro que tentei ser um pouco do que esperavam de mim, um pouco mais parecida com a massa, mas ah! Deu não hein? Deu não!

Quanto a falar de mim... Sempre haverá o blog!
Bye Bye Tristeza

Sandra de Sá

Ninguém aqui é puro, anjo ou demônio
Nem sabe a receita de viver feliz
Não dá prá separar o que é real do sonho
E nem eu de você
E nem você de mim.

Eu não tô aqui pra sofrer
Vou sentir saudade pra que?
Quero ser feliz, bye! Bye! Tristeza! Não precisa voltar...

Já sei errar sozinha sem pedir conselhos
Se eu sofrer quem é que vai chorar por mim?
Já sei olhar pra mim sem precisar de espelhos.
Não me diga que não
E nem me diga sim,

Eu não tô aqui pra sofrer
Vou sentir saudade pra que?
Quero ser feliz, bye! Bye! Tristeza! Não precisa voltar...

13 de janeiro de 2008

Ando pensando no excesso ultimamente... Comecei com o meu excesso de peso e dai divaguei para um monte de outros excessos: de informação, de exposição, de contato, de capacidade para amar, de gente ocupando um mesmo coração...

E a questão que tem me tomado é: quando há várias vertentes convergindo sobre vários pontos do "eu", sentimos tudo com a intensidade devida, ou privilegiamos alguns em detrimento de outros? Pior: deixamos de sentir como deveríamos alguns, pois outros se sobressaem naturalmente? Exemplifico: sei que temos a possibilidade de amar várias pessoas da mesma forma e ao mesmo tempo, porém ao fazê-lo e termos reciprocidade, desfrutamos verdadeiramente da vivência desse amor?

Acho que não. Alguns se sobressaem e acabam levando com eles a nossa atenção e dedicação... E deve ser dai - do reconhecimento da nossa própria incapacidade de viver de maneira igual vários amores concomitantes - que vem a nossa necessidade de sermos exclusivos, escolhidos... Nossa ânsia de fidelidade. Porque se assim não for, que importa sermos únicos se todos receberão seu quinhão?

11 de janeiro de 2008

IMPORTANTE

Guillermo Vargas Habacuc é um costarriquenho que diz ser "artista". Em agosto de 2007 ele participou de uma exposição em uma galeria em Manágua (Nicarágua). Capturou um cão adoentado e abandonado que estava pela rua da cidade, prendeu o pobre animal em uma das paredes da galeria com uma corda curta e atada ao pescoço, sem comida e sem água, deixando o animal em sofrimento até a morte.... Segundo o "artista", o ato de covardia e de sadismo praticado por ele, significa "arte"! O assassino foi convidado a participar da prestigiosa BIENAL CENTRO AMERICANA DE HONDURAS 2008.

Existe uma campanha internacional solicitando assinaturas de todas as pessoas revoltadas com esse crime para que a presença do assassino "artista" seja vetada na BIENAL.Participe dessa campanha junto com a SUIPA e divulgue a todos os seus amigos.

O link para assinar a petição é www.petitiononline.com/13031953

up-date Então, tentei arrumar o link e embora ele esteja correto na postagem, não está correto na hora de carregar, porém como é uma causa muito importante, peço que copiem-no no navegador e assinem a petição.
Mamãe tem um ditado que diz: "homem bom é o que está na barriga da mãe".

Cada dia eu ponho mais fé nisso.

10 de janeiro de 2008

estou numa fase de muitos filmes... Muitos.

O amor não tira férias é uma comédia romântica que me fez sorrir o tempo todo. Gostosinha, bem sessão da tarde e que não levanta nenhuma questão existencial, mas a gente fica com aquela sensação de que a vida dá certo, sabe?

Um verão para toda a vida é um filme que faz pensar na amizade em todos os sentidos: quando somos honestos e quando não somos querendo levar vantagem, mesmo que o amor pelo amigo seja real. E também para quem quiser ver o Daniel Radcliffe - o Harry Potter - em outra atuação.

E Morte no funeral é uma comédia inglesa sobre as confusões que uma família é capaz de protagonizar no funeral do patriarca. Boa, muito boa porque conta com um roteiro engenhoso que trabalha de forma inédita algo como quando a outra aparece para reivindicar seus direitos...

Vão por mim: são boas dicas de filmes pra quem tá querendo ficar de pernas pro alto!

9 de janeiro de 2008

Uma das coisas que acho mais engraçada é a pessoa manter um blog pessoal e falar mal dos participantes do Big Brother!

Rá!

A capacidade do ser humano em ser ironicamente obtuso - mesmo que porte lá seus 25 diplomas de graduação e afins - e de não conseguir ver que é tal e qual a quem se põe a criticar. No sense? Não, falta de noção absoluta! E o que tem de bloqgueiro metendo o pau no BBB. E eu só queria entender o que as leva a pensar que eles se exporem na Internet os torna diferentes de quem se expõe na TV...
Psicólogos são uma racinha defendida, decididamente.

Fiquei pensando que muito do meu jeito de lidar com as pessoas está contaminado pela minha profissão. Como se fosse um vício sabe? Porque só um psi para contar algo e achar que o interlocutor não tem de perguntar ou falar nada sobre, assim como só um psi acha que as pessoas falarão sobre tudo espontâneamente se você der espaço, ou respeitarão o fato de que, mesmo sendo evidente, você não quererá falar sobre algum aspecto pessoal da sua vida...

8 de janeiro de 2008

Semana passada vendo a Ophra descobri que a incidência de alcoolismo nas pessoas que fazem a cirurgia bariátrica, ou gastroplastia, é imensa. Parece que além de embebedar mais depressa depois da cirurgia, as pessoas trocam o hábito de comer pelo de beber...


Porque ninguém fala sobre essas coisas?

7 de janeiro de 2008

É bom, muito bom, quando o primeiro compromisso da primeira segunda-feira do ano é um atendimento.

Amém!
Em 2007 dois filmes nacionais tiveram como títulos, respectivamente, os seguintes nomes: "Saneamento básico" e "O cheiro do ralo", pode? Pôde! E eu queria saber se eles combinam essas coisas...

Achei o primeiro filme engraçado. Me arrancou boas risadas, coisa difícil de acontecer em filmes; já o segundo... Nem consegui terminar de ver!

Porque no cinema nacional o que me deixa puta da vida logo de cara é a adoração por pobreza. Rapaz! Que coisa mais chata! E eu já começo vendo o filme me perguntando de quem é aquele Brasil ali retratado, porque meu não é. E nem daquelas pessoas que vão ao cinema. Muito menos da maioria que não vai. A mulher que faz a faxina aqui em casa tem uma televisão de 29 polegadas e tá de olho numa de plasma. Põe na tela umas locações feias, umas coisas velhas, uns ambientes decrépitos... Meu Deus num país fanático por novidades tecnológicas, os cineastas insistem em retratar as velharias... Depois ninguém sabe porque lá fora acham que somos um país caindo aos pedaços e sem a menor noção do que seja tecnologia.

E sim, eu entendi que tudo no "o cheiro do ralo" era a analogia ao fato do cara ser um grande m***** - até o marrom insistente de todos os cenários - mas não, nem assim teve graça.

5 de janeiro de 2008

Pensando no quanto nos armamos armadilhas, estava lembrando da ligação do ex que, ano passado, me pegou desarmada e carente dando início ao que poderia ter sido a maior burrada da minha vida, não fosse o cabra bundão. Tá, desta vez abençoadamente bundão, é verdade.

Quando o ouvi declarando um amor que persistia a 8 anos de esparsos contatos – já ai comprovando irrefutavelmente a ilusão que é – comecei a me perguntar se teria na vida outra pessoa que acreditaria me amar como ele. Foi exatamente ai que comecei a tecer a armadilha na qual cairia minutos depois. Em seguida me perguntei se não seria burrice minha deixar passar aquela que poderia ser a minha última oportunidade de ser feliz no amor! Imagine ai que prestes a fazer 40 anos, naquele dia me arremessei no declínio existencial. E isso quando, no mínimo, ainda me sobram tantos outros 40 anos de vida... Enfim, enquanto ouvia as coisas todas que ele dizia, também deu tempo de pensar que eu não desgostava dele, terminei porque ele tornara-se muito implicante e então a relação tinha virado um eterno “discutir”. Depois de tudo isso ainda me perguntei sobre se haveria mal em tentarmos novamente, desde que em bases mais sólidas, ou seja: conversando desde o princípio sobre as coisas que sabíamos, já de ante-mão, que não funcionavam com a gente. Quando me respondi não foi que disse sim a ele.

Graças a Deus a coisa não seguiu muito adiante, porém tive a oportunidade de perguntar - quando meses depois mais uma vez ele ligou na madrugada motivado pela bebida - o porquê dele não bancar sóbrio o que dizia alcoolizado. A resposta não podia ser mais esclarecedora: ”Tenho medo de você. Sei que você vai me fazer sofrer muito mais do que já fez”. É a pura verdade. Gosto dele, tenho até tesão, mas não é amor. Nunca foi. E ele sabe disso tanto quanto eu. E, no entanto, num momento de insegurança e de carência quase faço uma daquelas bobagens das quais temos muito tempo para nos arrepender depois. Sim, porque caso ele tivesse levado adiante o que propunha, eu iria me empenhar em tornar realidade o que até então era apenas fantasia e assim iria passar um bom período da minha vida investindo no que não tem chances de dar certo.

E agora, escrevendo, comecei a pensar no porque insistimos em querer das pessoas aquilo que, caso elas se disponham a nos dar, não bancaremos. Porque querer ser amado por alguém se você não vai poder usufruir dessa vivência? Porque querer sinceridade se você não dá conta de ouvir a opinião alheia? Porque querer receber carinho se você não consegue retribuí-lo? Porque queremos ter – como quem coleciona itens expostos numa estante – coisas que necessitam ser nutridas para manterem-se, mesmo que não consigamos determinar como elas nascem em nós? Por vaidade, egoísmo? Talvez.

Mas acho que é principalmente por carência que eu vacilei, não só afetiva, mas de algo de relevante acontecendo na vida. Por que querer estas coisas todos queremos. Só que alguns têm certo pudor em pedir aquilo que sabem não vão utilizar, enquanto outros acham absolutamente natural fazê-lo. Talvez porque não conseguem dar-se conta de que não vão corresponder à altura; que o grau de reciprocidade que conseguem alcançar beira á inanição. Quem já passou por isso sabe que é horrível doar-se e só receber de volta o vazio. E mesmo sabendo, mesmo conhecendo os dois lados dessa moeda, estive prestes a deslizar novamente e fazer sofrer alguém que jurei nunca mais machucar.

É, a carência é mesmo capaz de nos levar a arrependimentos profundos. E isso me faz pensar que o tal do lance de pedir em namoro e ter tempo pra pensar no que se quer fazer pode ser, no fundo, uma grande sacada...

4 de janeiro de 2008

Ontem senti saudade...

Por um segundo ou dois estive novamente dentro daquele carro tendo teu rosto diante do meu. Nossos olhos, já tão acostumados uns com os outros, ora mergulhavam-se, ora brincavam de fixar ainda mais o contornos dos rostos que as pontas dos dedos suavemente percorriam. Nenhuma palavra era dita, pois sabíamos... Sabíamos do amor que sentíamos e de que este seria infindo.

E então chorei. Depois de 15 anos mais uma vez eu chorei.

2 de janeiro de 2008

Nunca fiz uma lista de resoluções. Sei lá porque; deve ser a tal da indisciplina... Fato é que nunca fiz uma lista para ter objetivos e metas no ano. E, no entanto, este ano estou tentada. Há dias que penso nisso. Porém vejo as listas das pessoas e penso: "não, não é isso que eu quero"... Porque o que preciso vem de me transformar dentro.

Então em 2008 eu quero:

  • Ser mais doce e carinhosa;
  • Ser mais compreensiva;
  • Evitar julgamentos baseados nas minhas deduções;
  • Ser menos impulsiva;
  • Ser mais amplamente determinada;
  • Ser persistente;
  • Procrastinar menos;
  • Lidar melhor com a possibilidade de rejeição;
  • Ter mais fé racional;
  • Ser verdadeira e constantemente positiva;
  • Tratar as pessoas de forma mais igualitária;
  • Me interessar mais pelas pessoas;
  • Meditar;
  • Ponderar;
  • Conquistar disciplina, disciplina e disciplina;
  • Acreditar menos nas pessoas. Muito menos.
  • Amar!

1 de janeiro de 2008

E aqui a churrasqueira segue funcionando, mesmo depois do carvão ter acabado há duas horas... Não me perguntem como, pois também não faço idéia e temo ir lá descobrir.

E gosto demais da risada, da música, da conversa, das piadas e brincadeiras, das frutas, dos drinks inventados de última hora e até mesmo do karaokê que resistiu bravamente a funcionar - mesmo com três microfones, sendo dois novos - e do que povo se manteve lá: lendo as letras das músicas e cantando em coro. Minha família!

31 de dezembro de 2007

Eu, por mim mesma, não posso reclamar de 2007. Nesse ano mais conquistei, ou reconquistei, construi - do que destrui - ou perdi, e isso por ser um ano 9 que costuma se caracterizar pelos finais de ciclos, términos. Pelo sair das nossas vidas das coisas que não nos faz bem. De botar a casa em ordem e até de trazer de volta o que nunca deveria ter ido. Por isso um ano de términos e reconciliações.

E eu o termino com um sorriso no rosto e o coração quentinho cheio da "presença" e do carinho de pessoas que para mim são TUDO e das quais estive separada o ano passado, ou ao longo de muitos anos... Bom demais saber que o amor verdadeiro vence tudo, MESMO!

2008 é um ano 1. Ano de recomeços, de construções, de lançar bases, de lançar sementes objetivando conquistas que começam nele, mas vão se efetivar mesmo ali na frente. Conquistas que deverão fazer parte da nossa vida por um bom período de tempo.

Porém sei que 2007 foi um péssimo ano para algumas pessoas que amo profundamente e por elas eu também desejo que ele acabe logo e que, apesar de nada acontecer de efetivo, amanhã encaremos a vida com mais esperança nesse futuro que já começou.

Que 2008 seja o ANO das lágrimas de alegria e dos sonhos realizados!

27 de dezembro de 2007

26 de dezembro de 2007

O Natal foi tranqüilo. Muita alegria, festa, cantoria e risadas como é sempre que nos reunimos na família.

Ah! E teve também comida boa que, aliás, foi feita 90% por mim. Isso foi meio triste de constatar lá pelas 21:00 horas da véspera, quando finalmente subi para tomar um banho e me arrumar: minha mãe já não é 50% da mulher que era há um ano atrás. Me assusta um tanto, porém acho que é o declínio natural. O x é que ele não avisa, sabe? Simplesmente se instala e causa um desconforto que dá vontade de chorar quando se pensa... Mas passou e agora vamos administrando.

O legal desse Natal é que teve também a presença de quem me ama - de longe ou de perto - sob a forma de telefonas e torpedos. Porque amar é isso né? Arrumar um tempo para se fazer presente, mesmo quando parece impossível.

19 de dezembro de 2007

Para reflexão:

* Você nunca mais deu oportunidade a ninguém de chegar perto. Aliás, chegar perto de você, de verdade, nunca foi muito fácil. Você baixa a guarda pra poucos, para bem poucos mesmo.

** Você sempre priorizou e valorizou a amizade. Mesmo na relação, ou se é primordialmente amigo, ou não se é nada.

17 de dezembro de 2007

Depois desse final de semana uma coisa é fato: aboli da minha vida as grandes festas. Assim: promovidas por mim.

Percebi que não vale mesmo a pena você passar o tempo todo se desculpando por não ter dado atenção à todo mundo como você gostaria...

16 de dezembro de 2007

Algumas coisas me acalmam e me devolvem à realidade do que de verdade importa: tomar um bom banho e deixar a água lavar os pensamentos que não deveriam estar aqui... Os sentimentos que se confundem no peito; esfregar a pele com o creme de limão e ao sentir o cheiro invadir as narinas lembrar que é exatamente esse o meu tom: agridoce.

Nem sempre sou quem quero ser. Nem sempre sou quem sou. Mas sempre sou eu em quem sou.

Existem coisas que não vou entender nunca, mesmo depois de muitas e muitas vidas. A mentira despropositada é uma delas... Mentir para angariar sentimentos que na verdade você não acredita merecer, pois se acreditasse não mentiria para obtê-los... Mentiras que roubam...

E, no entanto, uma coisa é fato: nunca mais nada doeu em mim como se o coração tivesse partido. Sabe aquela dor que dá vontade de arrancá-lo do peito com as mãos e o atirar longe? Essa. Nunca mais. E não sei se é por que fiquei mais forte ou se porque desiludi de vez...

13 de dezembro de 2007

"Um mar de gente"...

É isso que me faz pensar aquele mundaréu de pessoas na 25 de Março.

Poderia ser um passeio pitoresco e tinha tudo para ser por conta daquela efusiva mistura de gente. Mas no fim acaba sendo mesmo é deprimente. É triste ver os ambulantes trabalharem em absoluto sobressalto por conta do RAPA. Em questão de meia hora eles montam e desmontam suas barraquinhas de papelão no mínimo cinco vezes. E é exatamente observando essa situação que se cria a consciência de que para os filhos deste solo essa Pátria não é mãe gentil... O que fica é a sensação de que no Brasil se trama a morte da população no congresso e câmaras.

A pessoa não pode trabalhar porque não existe emprego e nem vou entrar no mérito do por que falta emprego, pois a lista de motivos correlacionados é longa e eu passaria dias escrevendo. Resumo o que quero dizer dizendo apenas que o Brasil é o país do "não pode". O cara não pode roubar por que, óbvio, é crime. Mendigar também o é, então não pode igual. Fabricar e vender produtos piratas? Crime irrefutável! Pode não! Terra para plantar e colher não tem... Então me diz: esse povo vai viver do quê? Como vai colocar comida no estômago se nada pode? Não pode ser honesto e nem pode ser bandido. Existir é que não pode e mesmo assim teimamos...

Teimamos e fazemos graça e damos risada, mesmo que não saibamos como conseguimos. Porém eles, eles que lá trabalham e lá fazem seu espetáculo a cada dia, para eles eu tiro o meu chapéu. E são absolutamente versáteis! Quando cheguei não chovia e então proliferavam as banquinhas de tudo que você imaginar: bijuterias, roupas, bonés, óculos de sol, enfeites de natal, pano de prato, bolsa, maquilagem, controle remoto,comida e bebidas. Quando sai do lugar onde almocei chovia e a única coisa que se via sendo vendido pelos ambulantes eram guarda-chuvas e capas de chuva. Juro que parecia que tinham mudado o lugar, nada lembrava o que acontecia antes da chuva.

E o povo que vai à 25 é outro espetáculo a parte. O lugar que almoçamos era pequenininho, uma casa árabe mesmo, tradicionalíssima no pedaço, e cara pra dedéu para quem acostumou pagar uma esfiha R$0,80 - lá é R$ 2,20. Porém é um lugar pequeno, o que nos "obrigou" a dividir mesa com um casal que chegou depois e no qual a moça, constatou o rapaz quando perguntou: "cadê a sacola?", já na primeira loja, esqueceu de retirar os pacotes o que obrigou o namorado a voltar lá para ver se ainda encontrava, enquanto ela se consumia em ansiedade. Começamos a conversar, já que minha irmã é imbatível no quesito simpatia, como nunca vi igual. Quando o namorado voltou trazendo triunfante as compras, ela ficou tão contente que resolveu convencê-lo a provarem o tal do Arak, aguardente árabe feita de anis. Rapaz, o troço devia ser MUITO ruim e virou motivo de risada o resto da refeição, socializando absolutamente todas as mesas em volta, enquanto a gente ria das caretas e impressões dos dois, que passaram a incentivar todos a provarem do copo deles para ver se se livravam da bebida mais depressa. Foi um almoço agradabilíssimo, mesmo que doído no bolso.

E, no entanto, nem isso ajudou a tirar esse travo amargo da alma e que me deixou entristecida o resto do dia... Fiquei pensando que se eu pudesse pedir algo de verdade para ganhar nesse Natal, eu pediria que o Brasil fosse um país para todos.

12 de dezembro de 2007

Hoje fiz algo que achei que nunca mais fosse fazer nessa vida: me benzi.

Quando eu era criança benzedeiras eram uma coisa comum e resolviam uma série de problemas, principalmente infantis. Era coisa de gente simples e "incultas" que não tendo como pagar médicos desenvolviam essa sensibilidade e, mexendo com energias sutis, influenciavam o físico.

Há anos não ouvia falar das rezadeiras e hoje descubro que no meu grupo tem uma e das boas. Ah! Mas num teve dúvida né? Lá fui eu lépida e faceira me benzer, pois acredito demais nos benefícios dessa emanação energética que hoje se traduzem em trabalhos como o Heike, Joorei e passes, vejam só vocês...

Ô bichinho engraçado esse ser humano.
Pô São Pedro! Justo no dia do pic-nic com as minhas borboletas lá do CRI tu me manda essa chuva?

Pisou hein?

Pisou!

11 de dezembro de 2007

Tá, mas se eu fosse mesmo decorar esses cômodos para viver neles, minha casa seria mais ou menos assim:





É, eu fico com o meu banheiro verde, sonho de consumo, sabe como é? Ainda terei um!
Meu banheiro colorido, mas numa só cor:

10 de dezembro de 2007

Minha cozinha colorida:

Meu quarto colorido (pero no mucho):

Minha sala colorida:

E a pessoa vai no site da Coral escolher as tintas para pintar a casa e se depara com esse simulador de ambientes que permite com que você decore o ambiente e teste absolutamnte TODAS as combinações de cores... Tem noção que depois disso eu num faço mais nada? Sorte que eu já tinha feito todas as obrigações do dia. É, mais ou menos, estão faltando os textos para quarta-feira - final de ano do grupo de Conversas e Memórias - mas disso ainda dou conta hoje...

Eu sou adepta de paredes brancas, mas num site de tintas, usar branco é quase um crime né? Então me acabei nas cores e a minha casa seria assim se eu fosse adepta delas:

Minha sala de Jantar:

9 de dezembro de 2007

Estava ali fazendo uns acertos em elementos da minha vida on-line, quando me ocorreu uma conversa que tive há meses com amigos tão ativos no meio virtual quanto eu. O assunto começou quando falamos da morbidade dos perfis de pessoas que já morreram, mas que permanecem "ativos" no Orkut recebendo visitas e mensagens - até de desconhecidos - muitas vezes, pelo fato de ninguém ter acesso à senha para poder encerrar a conta. É, a pessoa morre e tudo dela fica ali à disposição de quem quiser, pois apenas ela tinha as senhas e, geralmente, todas memorizadas de cabeça, já que a primeira regra quando se trata de senhas é: não as escreva em papéis, não as diga nunca a ninguém. Pois. E como tudo nessa vida, isso também tem um lado ruim que é justamente quando você fica impedido de acessar suas contas, por doença ou morte, e a coisa fica ali, ad-eternum, podendo até causar sofrimento aos familiares.

A Beth na época inclusive disse que essa já é uma discussão que rola há tempos em alguns grupos, e que o que a maioria dos usuários tem feito é dar suas senhas a alguém de muita confiança, para que esta pessoa se incumba de pôr fim à sua vida virtual caso algo aconteça com você. É mais ou menos como eleger um "tutor" e fazer um testamento dizendo o que quer que ele faça, caso você não possa mais ter controle sobre esse aspecto da sua vida. "Engraçado" como a internet trouxe novas necessidades e cuidados para a nossa vida, além de prazeres e possibilidades, não é mesmo?

Hoje elegi o meu "guardião" e nem sei o que ele vai achar disso, pois nem estava on-line a hora que fiz isso, mas sendo alguém que já tinha boa parte das minhas senhas o que fiz foi passar as que faltavam e deixar um recado dizendo: se algo me acontecer, ponha fim em tudo ou administre, caso eu passe por um impedimento temporário.

E por falar em morte, estou indo ali no velório e enterro do pai de um querido amigo....

7 de dezembro de 2007

Aqui em casa se fizesse uma competição para ver qual é o mais doido acho que ia ser páreo duro.

Minha irmã ontem quase me mata de rir na hora da janta com as loucuras dela por chocolate. Tenham noção: ela sempre, sempre tem chocolate. Quer comer um e não tem? Peça pra minha irmã! Ela entra no próprio quarto e sai de lá com os chocolates mais inusitados da face da terra.

Ontem ela contou que ainda tem o ovo de Páscoa que ganhou esse ano e eu nem sei porque me surpreendi, pois desde criança é assim: ela guarda o ovo dela e come o da gente. Tanto que depois que meu pai sacou isso, passou a dar-lhe o maior ovo na Páscoa. Não ele não era injusto. É que ai, lá por Outubro, começo de Novembro, um dia ele dizia à mesa: "nós ainda temos um ovo de Páscoa nessa casa"... O que fazia minha irmã emburrar na hora e eu e meu irmão sairmos numa caça louca pelo tal ovo que sempre, sempre era descoberto, por mais que a cada ano ela tentassse aprimorar o esconderijo. Voltávamos vitoriosos com o imenso ovo na mãos e este era partilhado com toda a família. Era a forma do meu pai ensiná-la que aquilo não valia a pena, mas acho que não rolou não.

Conversa vai, conversa vem, lógico que eu e meu irmão tentamos os mais variados tipos de suborno para ela pegar o ovo ontem, nem tanto pra comer, mas para vê-la abrir mão dele, porém não rolou. Ela decidiu que só vai comer esse ovo quando ganhar outro no ano que vem; pode?

6 de dezembro de 2007

E o que não faz um dia de molho pra curar a gripe hein? Hoje foi uma verdadeira "teclorragia"...

Tá, eu sei: devia fazer isso mais vezes, mas...
Ah! E nem contei como foi o reencontro com o "grande amor da minha vida" da adolescência né?

Tudo de bom!

Ele continua igualzinho, só com direito a uns cabelos grisalhos - o charme dos homens aos 40. E a amizade é algo mesmo eterno. Daquela que se traduz num abraço carinhoso e num “eu te amo, de verdade” dito na despedida e na frente da esposa que, por sinal, desabrochou e de uma menina tímida se transformou numa mulher adorável!

Nos reveremos todos em breve, muito breve...
O que me lembra do quanto as pessoas têm deturpado demais o conceito de privacidade. Queria saber quem foi que determinou que só porque você se interessa sobre um determinado assunto que este passa a ser do seu direito. Vejo as pessoas cometendo toda sorte de indiscrição e invasão de privacidade só porque querem e acham que têm o direito de saber aquilo que compete à vida alheia.

E daí que você quer saber, já notou, ou até está suspeitando de algo? Se é sobre a minha vida eu falo quando e com quem bem entender. E se você insiste é um problema de total, completa e irrestrita falta de educação sua. Você até pode estar imbuído dos melhores sentimentos e intenções, porém é aquilo né? Deles “o inferno está cheio”! Sou eu e apenas eu quem decido com quem quero compartilhar a minha privacidade, os meus segredos, pensamentos e sentimentos, não você. Uso-me por exemplo, mas é claro que isso é aplicado à vida de qualquer pessoa, celebridade ou não.

As pessoas precisam recobrar a noção de limite, de espaço alheio e de privacidade. Precisam fazer das suas vidas mais prazerosas para que deixem de se preocupar com o verde da grama do vizinho, que parece sempre mais interessante, até mesmo quando está amarelada. Quem é feliz com a própria existência não tem tempo de cuidar da vida alheia e não, não adianta você bradar que é feliz se está o tempo todo se interessando pelo que acontece com as outras pessoas.

Atitudes valem mais do que mil palavras, digitadas ou ditas.
Ainda sobre as novas regras nos casamentos, contou-me mamãe que agora os “buffets” haviam mudado algumas coisas: nas mesas dos convidados já vem disposto um pratinho com os doces do casamento para o povo largar em paz a mesa de doces e do bolo. Também contou que no fim da festa para evitar que se carregue os doces nas bolsas, passou-se a deixar caixinhas que podem ser montadas com os doces da sua preferência e levadas para casa.

Quanto às caixinhas, nada mais sensato. Afinal se o serviço e a comida da festa foram satisfatórios vocês está mesmo sem conseguir comer um sequer daqueles docinhos e é por isso que muitas vezes sai das festas carregando-os na mão mesmo.

No entanto, isso do pratinho com os doces nas mesas no começo da festa é praticamente institucionalizar a falta de educação, não é não? Lembro de que desde muito criança, embora meus olhos brilhassem de cobiça, a mesa do bolo não era mexida até o momento certo e ninguém morreu por esperar não. Até mesmo quando a espera implicava em ficar vendo serem tiradas aquelas centenas de fotografias...

É, o imediatismo ganhou mesmo proporções e ninguém pode esperar por nada, vai avançando sobre o território alheio e tomando posso sobre tudo o que lhe apetece...
Pegando o gancho do casamento, minha mãe, a pretexto do da semana passada, me contou as novas regras da etiqueta: vestidos longos estão fora de moda! É, ela viu na TV. Pois.

Exceção feita a umas 10 mulheres, todas as outras cerca de 220 estavam absolutamente lindas em seus vestidos, mas completamente out, eu inclusa.

Moda é um troço engraçado né? E quem já assistiu O Diabo Veste Prada em algum momento se pega pensando em como pode uma dúzia de pessoas ditarem o que vestirão milhões pelo planeta. A coisa é toda muito louca!!

Por isso prefiro ter o meu próprio estilo que inclui usar vestido longo até pra ir fazer compras no supermercado. Claro que ai num modelito leve e bem arejado, condizente com o ambiente. É como eu disse para uma amiga: quem tem o corpo e as pernas dela mostra. Quem tem como eu: esconde! Mas não precisa fazê-lo de forma com que perca a elegância.
Semana passada tive o casamento da amiga querida de adolescência que eu não via há cerca de 20 anos.

Ela estava linda! Linda, linda, linda! Pensou numa noiva linda? Era ela!

Na festa maravilhosa que se seguiu, enquanto a via com aquele sorrisão que só ela tem, lembrei que sou o que poderíamos chamar de sua madrinha de beijo... Pois é. Ela é quatro anos mais nova que eu e quando resolveu dar o primeiro beijo me ligou para saber como fazer. É há 20 anos atrás a gente conseguia chegar aos 14 anos sem ter beijado ainda... Lembro que passamos dias envolvidas em longas conversas ao telefone, pois uma das coisas que mais nos apavora é o cara perceber que a gente nunca beijou além do risco de não beijarmos bem... Que agonia! Lógico que rolou muito treino na mão e na boca da garrafa, porque é assim que uma mulher ensina outra a beijar, pensaram o quê?

E isso fez lembrar do meu primeiro beijo que deve ter sido mais cedo que o dela, com uns doze anos e nasceu do inconformismo dos meus primos com o fato de eu ainda não ter beijado. Meu primo convocou o amigo, minha prima me deu as dicas e o bendito aconteceu com hora marcada e dois personagens que mais pareciam trabalhadores se livrando de uma tarefa ingrata com os chefes escondidos: uma trás da cortina e outro embaixo do sofá... Pode uma coisa dessa?

Mas acho que o melhor beijo que ganhei nessa vida, não em performance, mas por ter sido uma completa surpresa, foi o que me roubaram numa escada... Estava no cabeleireiro para fazer luzes quando entra um homem que achei lindo! Quando ele me olhou vi que se interessou tanto quanto eu, porém brochei quando vi a aliança na mão esquerda dele. Casado nem rolava né? Pois. Mas ele nem ai com a alinaça no próprio dedo. Chegou perto e na conversa entre eu, ele e minha cabeleireira, descobrimos que ambos éramos clientes do salão há mais de 5 anos e, no entanto, nunca havíamos nos cruzado por lá. Para ter idéia do quanto se falou, ele ficou em pé ao lado da minha cadeira o tempo todinho que se levou para puxar os fios do reflexo na touca, passar o descolorante e este fazer o efeito – sim, isso foi há muuuuuuuuuuuuuuuuuitos anos atrás! – só indo embora quando fui para o lavatório. Quando ele saiu minha cabeleireira disse: “acho que alguém caiu de quatro por você”... E eu claro que disse que nada a ver, que ele tinha ficado pela conversa boa, pois éramos divertidas e que Deus me livrasse né? Ele era casado!

Cortei o cabelo, fiz escova, mão e pé - algo que comumente faço eu mesma, mas que naquele dia me deu vontade de fazer lá. Paguei, me despedi e quando faço a curva para descer as escadas, já que o salão ficava em cima de um auto-elétrico, quem está sentado na escada esperando? O cabra! Pense ai num susto! Foi o que eu levei! E quando perguntei: “O que você tá fazendo aqui sentado”? O cabra levantou dizendo: “te esperando pra fazer isso”, me encostou na parede e me tascou o maior beijo. Rapaz! Eu perdi até o rumo... Nem consegui empurrar, pois sequer lembrei que o cara era casado mais e sai de lá com as pernas completamente bambas... Tem noção? rs...

E ai, e você? Me conte como foi o seu primeiro beijo ou o seu beijo mais surpeendente?
Lembrei de algo que aconteceu por esses dias e foi uma benção, pois me libertou de um sofrimento antigo. E por isso quero agora contar o que é, principalmente por que esse tipo de relato pode vir a ajudar alguém que passou pela mesma situação e sofre em segredo do mesmo modo que sofri por muitos anos: estava eu contando a alguém a história do abuso que sofri na infância quando ouvi do lado de lá: "Ah! Mas então era um garoto apaixonado..." Na hora consegui disfarçar o choque que foi ouvir aquilo. Choque porque absolutamente verdadeiro. Aquele guri me perseguiu anos, sem tentar nada sexual novamente, apenas me impedindo de brincar com outros meninos. E fez isso justamente por ser apaixonado por mim. Era um menino de 16 anos apaixonado por uma menina graúda de 6 anos. Um guri que perdeu o pé no dia em que teve uma oportunidade de ficar a sós com ela, apenas isso.

Sempre que pensava nesse assunto sentia um desconforto dentro de mim. Não era raiva, não era pena. Era como se algo simplesmente me tivesse sido roubado. E isso porque nunca consegui entender as motivações dele. Eu tinha, até mesmo pelo fato dele me vigiar constantemente, um enorme desconforto na presença dele, sempre. Lembro de, no dia que nos mudamos de lá, estar sentada na calçada e chorando por dois motivos: de tristeza por estar perdendo o que conhecia por lar e amigos desde que me entendia por gente, e de alegria porque finalmente ia ficar livre daquele olhar. A primeira coisa que fiz ao mudar-me foi esquecer tudo aquilo por mais de 10 anos.

Assim: a raiva e o desejo de que jamais me submetessem novamente àquela situação foram reais e continuaram a agir no meu corpo fazendo com que me escondesse de qualquer “olhar” de desejo. Mas a contrapartida era que, e até mesmo por não ter sido uma violência sexual e eu ter tido a curiosidade no começo e o prazer da descoberta, nunca tive dificuldade em atrair os homens com o meu jeito. Se com o corpo eu dizia: “não!”, com as atitudes sempre dizia: “venha”!

Lembrando agora, uma vez me confrontaram com o fato de que atuo para ser desejada sim. E isso é verdade mesmo. Porém a ressalva fica em que na minha fantasia sou eu quem escolho quem quero seduzir e não os homens que escolhem me seduzir. Percebem a sutileza do controle em ação?

E agora o que mudou é que não preciso dizer mais não, pois se não sei lidar muito bem com a imposição do desejo pela força - mesmo que subentendida - sei lidar com o amor. E assim o que me foi roubado, me foi restituído. E me libertou, pois aconteceu comigo na prática o que Freud chamou de resignificar o trauma.

Freud postula que nenhuma situação em si é traumática, só passando a sê-lo quando a pessoa recorda o acontecido - mesmo que segundos depois - e revivendo a situação a significa simbolicamente enquanto tal. E é justamente por isso que a terapia, a psicanálise é capaz de "curar", justamente por levar a pessoa a reviver o trauma e a resignificá-lo, só que agora de uma forma mais funcional.
Tatuagem

De repente teus lábios surgiram diante dos meus.
Aproximando-se...
Aproximaram-se.
Tocaram-me suavemente num roçar singelo e despretensioso.
Senti a curva do teu lábio inferior por entre os meus...
Não resisti a um mordisco.
Sua umidade me lambeu o centro da boca pedindo passagem.
Me abri.
Penetrou-me de uma só vez com insuspeita suavidade.
Floco de neve a descongelar...
Amoleceu e tornou úmido tudo em mim.
Transformou resistência em entrega,
E tatuou no céu da minha boca:
Serenidade.

5 de dezembro de 2007

Ah! Antes que eu me esqueça! De novo meu amigo Otávio fez um blog, só que neste ao contrário do outro ele fala mesmo é da sua vida cotidiana, como num diário.

Fiz uma crítica inicial e até achei que ele tinha ficado chateado comigo, mas que nada! Não é que ele acatou todas as minhas sugestões? O blog agora está redondinho e prontinho para ser degustado.
Resolvi mudar a cara do Blog, ou seria a minha cara no blog? Hum... (aqui caberia aquele emoticon pensativo do MSN... rs...) Enfim, mudar para uma imagem mais condizente com o meu estado de espírito atual.

Gosto muito dessa foto, pois apesar de todos acharem e - eu reconhecer - que ficou sexy, na hora em que a fiz eu estava era sentindo uma baita raiva do Brunno. Esse olhar é de vontade de esganar... rs...

É, ele tem o dom de me deixar sexy!

;o)

2 de dezembro de 2007

Outra coisa interessante de se observar é o quanto algumas pessoas são fúteis e medem o mundo pela própria futilidade.

Há por ai um número significativo de pessoas para as quais apenas os perfeitos merecem ser amados. Não, não, não, não, não!!! Não é nada disso! Os pobres, feios, gordos, tortos, magérrimos e portadores de deficiência física ou mental podem amar sim, claro que podem! O que eles não podem é ousar se interessarem pelos bonitos e perfeitos. Ah! Não né? Ai é demais! É muita falta de noção a pessoa não ser esteticamente perfeita e querer fisgar quem é. Onde vamos parar com essa miscigenação da beleza?

Mulher é muito disso né? Na maioria das vezes acha que homens só se interessam, ou deveriam interessar, pela beleza e ai quando vê aquele cabra maravilhoso grudado no que ela considera uma baranga, fica passada. Se revolta e não consegue entender. Como diria uma terapeuta minha: “quem pensa com cabeça de mulher, jamais vai entender cabeça de homem”.

E citando um outro terapeuta meu, dizia o Cristiano – homem da categoria lindíssimo por sinal - que “beleza serve pra atrair, para fazer o cara olhar. Para provocar desejo? Nem sempre. E com certeza nunca será ela que irá manter a relação, pois até de beleza se enjoa”. Da mesma forma que se você ficar olhando o feio cotidianamente encontrará nele encantos, a beleza se torna lugar comum com o costume.

Tem outras coisas que chamam a atenção de um homem. Coisas que eu, do lugar de mulher, não consigo entender, mas sei que existem e respeito. Certa “pimenta” no jeito de falar, uma certa malícia na forma como ela leva o copo à boca ou abocanha um alimento. Certo gingado quando caminha, mesmo que pra ir à igreja... Também sempre tem algo no olhar, na voz, ou na forma de sorrir que pode prender um homem. Coisas que as mulheres têm como vulgares os encanta; principalmente porque homem saudável gosta de santa é na igreja. E não, não confundam um quê de vulgaridade com a coisa em si. Aqui o que vale é a insinuação de que ela, mesmo se portando como uma dama no convívio social, será uma puta na cama com ele.

E não se engane: um quê de inocência, outro de ingenuidade, fragilidades disfarçadas - ou não -, inteligência, bom-humor, crises de choro, de riso e de ciúmes, TPM, implicâncias e até as chatices fazem parte do pacote que encanta o homem. O x é a dosagem - ou a falta dela - de algumas coisas por parte da mulher. Tudo que é demais espanta, até ser legal.

Um culote a mais aqui, uma celulite ali, aquela gordurinha boa de apertar na hora do arrocho ou uma dobra inesperada quando ela senta podem, ao contrário do que muita mulher imagina, ao invés de afugentar o homem, aproximá-lo. Principalmente porque mulheres que não são tão preocupadas com a perfeição estética costumam ser mais companheiras na hora da diversão: topam uma cervejinha com os amigos, um churrasco no domingo, um dogão na volta da balada, uma ou mais pizzas aos sábados, ou uma partida de futebol no estádio em dia de clássico.

Porém é preciso deixar claro que não estou falando de mulheres desleixadas. Não ser obsessivamente preocupada com a perfeição física não implica em não cuidar-se. Só quer dizer que você faz isso por amor-próprio, prazer e não vaidade.

Então é preciso ter ciência que o que qualifica uma mulher para outra, não necessariamente a qualifica para um homem, embora existam, sim, aqueles que são mais exigentes que mulheres. E, no entanto, é interessante observar que geralmente são estes homens e mulheres que passam a vida praticamente sozinhos, relacionando-se esparsamente aqui e ali, já que como já diz Caetano: “de perto ninguém é perfeito”. Nada como a proximidade para acabar com toda e qualquer perfeição inclusive dos que se acham perfeitos, mesmo porque sejamos sinceros: não há nada mais chato do que a tal da perfeição.

1 de dezembro de 2007

Ando sumida, eu sei. É que andei meio assustada com "gente". Ou melhor, com um determinado tipo de "gente"; aquele que para ter algum valor precisa destruir quem à sua volta sobressai por natureza.

Passei cinco anos da minha vida convivendo com uma pessoa assim. Alguém que vivia falando mal de tudo e de todos; só apontando os defeitos alheios, só fazendo críticas. Tudo tinha milhões de senões. Quando alguém se aproximava ou era alto demais, ou criminosamente magro; ou excessivamente baixo, ou gordo em demasia; ou muito branco, ou não suficientemente preto; ou primordialmente burro, ou acintosamente inteligente; ou arrogantemente prepotente, ou muito sem noção. Enfim, todas as pessoas tinham algum defeito que as descartavam para serem qualificadas como "suficientemente boas" para se conviver.

E eu não conseguia entender aquilo... Até que um dia entendi. Entendi que a pessoa ao fazer isso se sente tão inferior a qualquer outro indivíduo que desqualificá-lo é tido como uma maneira de qualificar-se a priori; não apenas aos próprios olhos, mas também ao olhar alheio. Identificar e denunciar defeitos rapidamente são tentativas de nublar as qualidades, jogar o foco sobre o que é ruim, e assim impedir o surgimento do afeto. Ao mesmo tempo em que a pessoa faz isso, ela tem toda uma narrativa do quanto é valorosa, batalhadora, decidida, arrojada e etc. É, é exatamente o jogo inverso quando se trata dela: ressaltando ou inventando qualidades ela acha que garante o seu afeto.

Mas não pense que você, por ser amigo, está imune não. Verá seus defeitos serem enumerados mil e duzentos milhões de vezes por dia, mas com a ressalva de que - apesar deles - você é querida, porque a pessoa é, acima de tudo, benevolente e então você pode privar do seu magnífico convívio. Haja auto-estima pra sair imune a isso viu?

Depois de um tempo que percebi isso, ainda permaneci do lado da pessoa, pois com a minha mania de salvar os outros (tô me livrando disso viu gente?) achei que se eu desse bastante amor e ressaltasse as qualidades que a pessoa verdadeiramente tinha, ela iria parar com aquilo, pois iria adquirir uma auto-estima verdadeira. Doce ilusão. Aí percebi que com esse tipo de gente não tem jeito sabe? Elas só fazem ficar mais infladas. E quando vi que não tinha mesmo jeito eu fiz me afastar, cortar relações mesmo, simplesmente porque não dá pra passar a vida sendo menosprezada.

Porém viver isso foi bom, uma vez que me deixou com um faro afiadíssimo para esse tipo de gente. É, porque não pense que isso que contei acima é feito de forma descarada não, porque não é. É tudo muito sutil. Tudo dito com muita delicadeza, com muito jeito de bondade. É verdade: você jura que a pessoa é suuuuuuuuuuper bacana, que é AMIGA e, no entanto, você passa a se sentir constantemente incomodada com algo que não sabe identificar bem o que é... Até que um dia descobre.

E esse texto é só pra dizer que sei que tem gente assim me rondando de novo, só que agora sou imune.

26 de novembro de 2007

"Ninguém pensa tão mal de você quanto você pensa, porque ninguém pensa tanto em você quanto você pensa".

Oswaldo Montenegro

Sou muito fã desse cara, contei? Então imagina minha alegria em achar o blog dele?

Finalmente acho que agora descubro qual era a música que encerrava a peça "crônicas de paixões e gargalhadas"...

Deixa eu contar aqui o interesse por essa música: tinha acabado de terminar um namoro e fui assistir essa peça com uma amiga. E estava naquela fase do: "não vou mais chorar por isso, não vou mais sofrer, vou seguir em frente e viver". Rapaz! Aguentei os cutucões até a tal música começar a tocar no fim da peça. Ela falava tudo o que eu sentia e não podia sentir mais, TUDO. Ai desaguei. Imagine só que depois que todo mundo já tinha ido embora, eu ainda estava encolhida na poltrona chorando com a minha amiga ao lado. Oswaldo Montenegro, que tinha passado o espetáculo sentado no bar ao lado da entrada, botou a cabeça para dentro do teatro procurando alguma outra coisa e vendo a cena insólita perguntou se estava tudo bem e se precisávamos de algo. Minha amiga com cara de tacho disse: "fim de namoro, sabe como é né? Ele disse que sabia e saiu. Um gentleman. Logo depois eu consegui me recompôr e sair também. Nunca soube qual o nome da música e nem se ele chegou a gravá-la...

25 de novembro de 2007

O vento da mudança começou a soprar e mais uma vez me transformo em folha e me deixo levar... Para onde?

Só o tempo dirá.

23 de novembro de 2007

São 10h12min. e ainda não sai da cama. Isso mesmo. Escrevo recostada e coberta por um edredom quentinho tentando adiar ao máximo a saída do ninho.

Foram dias difíceis esses, onde me deixei atingir por coisas que sei que não deveria, mesmo que estas coisas habitem debaixo do mesmo teto que eu. Às vezes é difícil não misturar-se. Principalmente quando o resultado das escolhas alheias recai sobre a sua existência. Porém é sempre possível separar o joio do trigo. Contrariedade com as pessoas acarreta em crise de sinusite, igualzinha a essa que tive essa noite, mesmo tomando antibiótico por 7 dias seguidos a cada 8 horas...

Tenho muita dificuldade em deixar que as coisas caminhem no seu ritmo, e quero sempre poupar quem amo de sofrimento, mesmo que este seja - e sempre é - conseqüência das escolhas que cada um faz na vida. Muitas vezes queremos nos convencer que não tivemos escolha, fomos obrigados, mas isso não é verdade. O x é que, às vezes, escolhemos entre o sofrimento maior e o menor, porém sempre entre sofrimento.

21 de novembro de 2007

Os sonhos da noite não poderiam ser mais pertinentes: no primeiro havia de se atravessar um pequeno, mas bravio, pedaço de mar para se chegar à caverna que nos servia de abrigo. Nunca se fazia a travessia sozinha, pois sempre havia alguém mais frágil que nós a ser protegido das ondas durante o trajeto o que, as vezes, tornava o percurso bem mais penoso.

No segundo as pessoas brincavam de passar fluído de isqueiro em partes do corpo alheio e atearem fogo para ver até onde queimavam. Iam-se formando queimaduras por todo o corpo que depois, em alguns casos, voltavam a receber fluído e fogo novamente mesmo que já se estivesse em carne-viva... Querem imagem melhor para o sadismo que permeia muitas das relações disfarçado em amizade?

Há dias estou incomodada e triste com o que as pessoas chamam de amizade e o que elas se permitem infringir ao outro em nome disso.

O que deveria definir a amizade é o amor fraterno que se sente por alguém que não nasceu na sua família, mas que para você é como se fosse. O amigo é o irmão por eleição, por escolha, por afeto. É aquele que você carrega no coração e quer bem mesmo que não saiba porquê. É com quem você briga, para quem fala verdades duras, porém com todo o cuidado, pois o faz unicamente em nome de ajudá-lo a encontrar a felicidade que ele tanto almeja e você acredita piamente que ele mereça. É por quem você pula no pescoço de qualquer um que tente magoá-lo. É de quem se respeita o espaço, o silêncio, o não querer falar, mas se mantém ali ao lado, apenas para lembrá-lo de que ele te possui; e, no entanto, também é de quem se tenta arrancar as coisas quando se percebe que o incômodo é muito maior do que a necessidade de permanecer em quietude e que falar vai fazer bem.

A amizade é a relação de alteridade por excelência: você é você e o outro pode ser o outro com plena liberdade de serem.

Amigo é aquele a quem se perdoa a prior(i) porque sabe-se que inexiste relação sem "pisadas na bola" de ambos os lados. De quem a gente reclama para ele mesmo sem achar que coloca em risco a relação. É para quem a gente diz "nunca mais" e volta atrás na primeira oportunidade com a maior cara deslavada desse mundo. Amigo é de quem a gente corre atrás sem medo de parecer fraco, pois a nossa força está justamente em estar ao seu lado. Amigo é de quem você não desiste nunca, mesmo que ele desista de você. De quem você se afasta se assim for preciso, mas de quem você jamais esquece e para quem você jamais deixa de desejar o bem e torcer. Amigo é aquele que você segue amando mesmo que não queira, que não deva. É quem você defende em público, mesmo estando errado; por quem você compra briga mesmo que ele não peça.

Amigo e aquele a quem você confia a sua vida.

A amizade pode surgir pela paixão: você olha alguém, não sabe bem porquê, mas gosta imensamente e de pronto decide ser amigo, porém ela só se confirma no amor: a convivência a solidifica e eterniza.

20 de novembro de 2007

Em dias como o de hoje só queria poder cantar para subir. É, ser uma entidade e poder desmaterializar aqui e materializar em algum lugar bem distante e bem diferente de tudo o que conheço, sei, ou acho que sei...

19 de novembro de 2007

Eu prefiro você



Eu prefiro você a um episódio inédito da minha série preferida.
Eu prefiro você à mousse de chocolate ou pipoca com Guaraná vendo sessão da tarde em dia de chuva.
Eu prefiro você a receber rosas numa data especial.
Eu prefiro você à partida final do campeonato onde meu time está prestes a ser campeão.
Eu prefiro você a um pôr-do-sol embasbacante.
Eu prefiro você a qualquer livro.
Eu prefiro você a ouvir o CD do meu intérprete preferido, mesmo que o tenha acabado de comprar.
Eu prefiro você a dar um mergulho em dia escaldante.
Eu prefiro você a parque de diversão com algodão-doce e maçã-do-amor.
Eu prefiro você a bacalhau.
Eu prefiro você a desenhar.
Eu prefiro você a fatias geladas abacaxi, ou morango com creme de leite, ou ainda a cerejas frescas.
Eu prefiro você a boteco com amigos e cerveja.
Eu prefiro você às exposições dos artistas que mais admiro.
Eu prefiro você a meu filme preferido.
Eu prefiro você a viajar.
Eu prefiro você a bordar.
Eu prefiro você a sorvete em dias bem quentes.
Eu prefiro você à festa de aniversário.
Eu prefiro você a Coca-Cola bem gelada.
Eu prefiro você à estadia em Spa.
Eu prefiro você a sair dançando pela casa porque está tocando minha música preferida.
Eu prefiro você à gargalhada mais espontânea que eu possa dar.
Eu prefiro você a qualquer lágrima, mesmo que de alegria, que eu possa chorar.
Eu prefiro você a brincar na neve.
Eu prefiro você a qualquer tempestade elétrica que eu possa observar.
Eu prefiro você a abraçar árvores.
Eu prefiro você a tomar sopinha em dias frios.
Eu prefiro você a escrever.
Eu prefiro você a suco de morango com framboesa e pão de queijo quentinho.
Eu prefiro você a colher amora e jabuticabas no pé.
Eu prefiro você a gatos.
Eu prefiro você a estudar.
Eu prefiro você à hidroginástica.
Eu prefiro você à massagem.
Eu prefiro você ao "par perfeito”.
Eu prefiro você a Internet!!!

É, eu prefiro você!



Para Brunno com amor.

18 de novembro de 2007

Quer saber o que seu ator ou atriz, diretor, autor de novela e alguns atletas preferidos pensam e andam fazendo da vida?

Até LOG, até BLOG ou até BLOGLOG

Eu adorei a novidade!

Mas é claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaro que já tem um pessoal por ai - principalmente aqueles que portam um diploma universitário com arrogância - que estão caindo de pau dizendo que eles escrevem mal. Li vários dos blogs e só um tive de deixar de ler porque não dava, mesmo. E blog é isso mesmo: você começa a escrever aleatóriamente e com o tempo, e a prática, vai desenvolvendo o seu estilo. Do mais é bacana ver que eles são pessoas como a gente mesmo, que têm dor de barriga, mal-humor, espinha no rosto na TPM, crise de riso com piada idiota e não gostam de ter a privacidade invadida.

E é muito bom saber que não dependemos única e exclusivamente da podridão dos jornalistas de fofocas para saber o que acontece. As pessoas podem ser públicas, mas as suas vidas não o são.

17 de novembro de 2007

Ontem fui dormir com a ligação do amigo querido que contava que está apaixonado. Hoje acordei com a ligação da querida amiga de adolescência que vai casar.

Tem coisa melhor?

Tem, ô se tem! rs... Mas assim tá ó-t-e-m-o também!

16 de novembro de 2007

"Eu queria que as coisas fossem mais simples; que ser apenas a gente mesmo bastasse"...


Por que quando o amor* acaba, ou simplesmente não acontece como esperamos, tem-se necessidade de encontrar motivos para justificar o fim e estes geralmente recaem sobre o que o outro?

Por que tem de ter motivo para acabar algo que nunca sabemos ao certo como começou?

Não seria mais honesto se olhássemos apenas para nós mesmos e disséssemos: “eu quis, mas não consegui”. “Quero, mas não dou conta”?

Seria mais digno – embora não menos dolorido - se pudéssemos simplesmente dizer: “Eu quis te amar eternamente, mas não consegui. E não é por algo que você seja ou tenha feito, é simplesmente porque em mim o amor não foi assim”.

Ou:

“Quero você, amo mesmo, mas não dou conta. Não dou conta de mim nesse amor, não sei o que fazer do que sinto... Percebo que você tenta, sutilmente me convida, e eu me atrapalho pelo meu caminho... E me sinto péssima por te frustrar, pois ao fazê-lo também me frustro. Mil vezes já me amaldiçoei por não conseguir corresponder, como queria, na hora que devia. Preciso de tempo e paciência para adaptar-me à consciência desse sentimento; a estar com você nesse contexto... Às vezes percebo que minha hesitação não é apenas diante do que me habita, mas também, por não conseguir crer que você me queira. Não é fácil ver que o que a gente sempre julgou impossível se tornou real...

Preciso de paciência, mas perdi o “timer”; percebo nas coisas que vocês diz, mesmo que quase sem querer, que já não tenho mais tempo. Ficou o dito pelo não dito, o sentido pelo ressentido. As palavras que um dia foram doces, tão inesperadamente tornaram-se irritadiças e não deveria ser assim... Ainda não. Ainda deveria ser tempo de descoberta, de enlevo, de investimento e não de cobranças, aspereza, impaciência e desistência... As palavras revelam a perda do interesse, como se aquilo que um dia nos levou a ser tão assertivos, tenha ficado perdido em algum lugar do nosso passado recente. Como se o objetivo fosse apenas o momento do encontro e então tudo o que veio antes ou depois perdeu o sentido e ganhou ares de corrompido. E tudo foi tão rápido! O tempo passou voando por nós ao longo dos anos.

Culpa de quem? Minha. Queria que as coisas fossem mais simples; que ser apenas eu bastasse... E, no entanto não basta. Não que eu não seja alguém bacana, suficientemente boa, alguém que valha a pena. Sou. Mas nesse caso de nada adianta ser. Procurando nos encontrar, nos afastamos e o que deveria ser construção da relação virou cobrança. Tudo tem de ser comprovado, nada pode ser suave e ludicamente revelado. As agressões se travestiram de piadas e a gente ri pelo que na verdade deveria chorar.

*Suspiro*

Triste.

E então, para não perder, mais uma vez, o tempo certo de algo entre nós, hoje eu digo adeus. È, adeus. Adeus antes que o que um dia foi amor se transforme em indiferença”.

* amor, paixão, relação.
Eu não sei o que é pior: tomar antibiótico de 8 em 8 horas ou esse gosto de Malvona que invadiu todos os recantos da minha boca e não sai de tanto gargarejo.

Claro que as baladinhas do fim-de-semana também estão todas suspensas e logo agora que eu precisava demais de "um certo" colo e aconchego...

+

Odeio quando algumas coisas acontecem exatamente como eu sabia que iriam acontecer.

12 de novembro de 2007

Estava ali estudando e a luz se fez quanto ao fato de eu não conseguir saber com prontidão o que eu estou sentindo. Sinto um incômodo, uma pressão interna, mas geralmente se não vou atrás de nomear isso, a coisa permanece como um estado confusional apenas...

Meu tipo de personalidade é esquizóide, que se caracteriza principalmente por um distanciamento das emoções. Diz Gerda Boyesen: "... no esquizóide, e também o mesmo para o caráter rígido compulsivo, a energia não parece ter conexão com o canal emocional... ...e assim não ativa a carga emocional no canal do isto ou canal emocional*. Ao contrário, a energia parece ter-se retirado e condensado na base da coluna vertebral, no sacro (a teoria de Wilhelm Reich sobre a acumulação da energia nos ossos esponjosos). ... . Desta maneira, não há dinâmica nervosa, não há pressão dinâmica procurando saída. As pessoas de caráter esquizóide podem falar horas e horas sem emoção e intelectualizando, pois sua energia instintiva não está em contato com o canal emocional. No histérico é completamente diferente: existe uma dinâmica o tempo todo.

Hã? Pegou? Captou? Não vim dotada fisicamente, digamos assim, dos mesmos "aparelhinhos" que conectam as pessoas às suas emoções, tive de "construir" os meus e o fiz trabalhando corporalmente por mais de 15 anos e mesmo assim as emoções para mim não são tão facilmente percebidas quanto o são para outras pessoas. Preciso de tempo para percebê-las e de mais tempo para nomeá-las e de mais tempo para me resolver com elas.

* intestinos

11 de novembro de 2007

Saiu uma matéria para a qual dei minha opinião, enquanto profissional, sobre a internet, na revista Best Kids. Aproveitem para conhecer toda a revista que é feita com bastante capricho e vai agradar muito a quem, principalmente, tem filhos.
Após 12 horas de sono acordo mais por vergonha de continuar dormindo do que fim do sono. Sim, ainda há sono em mim para mais, talvez, umas duas horas.

O horóscopo dizia que esses iam ser dias de recolhimento. Pois então. Eu e meu edredon, quer maior recolhimento que isso? Nem os pensamentos têm se atrevido muito...

Sonhei muito esta noite com o casamento da amiga que irei no final do mês. Acordo e me deu conta que nele reverei a GRANDE PAIXÃO da minha adolescência que, por acaso, é irmão dela. A última vez que o vi foi na rua: ele parou o carro para me perguntar, bravo, porque eu não tinha ido ao casamento dele, isso há uns 12 anos atrás... Não, eu nem era mais apaixonada por ele. Não fui porque era um momento complicado pós-falência... E não, não tenho nenhuma expectativa afetiva em revê-lo, a não ser ver como o tempo atuou nele. Talvez perceber se continua sendo o tipo de homem que a gente ama quando é dotada de juízo, porque o cabra sempre foi naturalmente o que hoje se denomina "politicamente correto". Sério, acho que ele foi o único "coxinha" pelo qual me apaixonei na vida, e como me apaixonei! Foram anoooooooooooos arrastando as minhas e as asas da vizinhança inteira por ele...

De resto a questão que brinca dentro de mim por esses dias é: "por que, quando gostam, as pessoas querem que o outro deixe de ser justamente aquilo que lhes chamou a atenção"? "O que se ama, é o que se é, ou o que se gostaria que fosse"?

8 de novembro de 2007

Não. Não preciso sentir que sou livre, não é isso... O que preciso é poder sonhar. Veja bem: sonhar; e não me iludir.

Sempre acreditei que se você quiser realmente tirar tudo de uma pessoa, basta roubar dela a capacidade de sonhar, de ter esperança... E existem situações nas quais não nos cabe o sonho, pois a realidade nos é completamente adversa. E mesmo que saibamos disso, mesmo que aceitemos isso, ainda assim é como morrer um tanto, é como morrer em partes... E, no entanto, não viver aquilo que já está em nós é morrer também.

E já que a morte é inevitável...
Tenho fugido de escrever... É que não quero transformar esse blog em garoto de recados, pois nada do que aqui escrevo, embora pareça, é dito à você. Quero falar de mim, porém fazê-lo, hoje, é também discorrer sobre você, porém não o você você, e sim o você que me habita. Que não é real, embora o seja a ponto de despertar em mim sensações e sentimentos. É isso que você é para mim: sentimentos e sensações com as quais dialogo...

Queria, por exemplo, falar da minha fidelidade. E falar dela é me dar conta do por quê muitas vezes fujo de admitir que sinto e se sinto até para mim mesma... Sou fiel; sou caninamente fiel. Não ao outro, não ao que penso e nem mesmo a padrões culturais. Não sou fiel porque não ser é pecado ou porque quero ser boazinha. Sou fiel porque o que sinto me inunda e não sobra espaço para mais nada. Sou fiel porque o sentir em mim transborda e me toma, e me transtorna. Sou fiel porque não existe outra possibilidade.

Possibilidade...

Quanto mais distante se torna o horizonte, mais me agarro a necessidade de outras possibilidades. Preciso sentir que sou livre, que tenho escolhas e opções.

Medo...

Medo de me encerrar na espera do talvez.

E é então que não me entrego e me perco de mim mesma. Fico em cima do muro. Entro nesse oceano, e acho que é só para molhar os dedinhos. Coisa que não se parece comigo... Não sou eu! Se me dispus a entrar na água é para correr o risco de morrer afogada. Mas olha: eu sei nadar e MUITO bem. Não tenho medo do mar, de correnteza, de rio bravo e nem de profundeza. Tenho absoluto respeito por forças superiores à minha, e também tenho respeito pela minha própria força. Sei deixar o corpo leve e me deixar levar. Flutuar, submergir e voltar à tona...

E se mesmo assim no final de tudo for a morte por afogamento o que me aguarda, terá valido a pena.

1 de novembro de 2007

E você toma lá uns remédinhos pra "cortar" o processo doloroso e acha, apenas acha, assim do verbo muito bem achado, que seu corpo vai entender que você precisa de um tempo. Afinal você até colaborou e acabou promovendo mais algumas descargas para não deixá-lo com sobrecarga energética, veja bem...

Ai você acorda linda e ruiva numa quinta-feira ensolarada e vai passar hidratante nas pernocas, antes de colocar aquele shorts, e num primeiro momento acha que foi devorada por uma legião de pernilongos famintos. Olha mais de perto e percebe que não: as pernas empolaram mesmo. Você tá cheia de pequenas erupções vermelhas, no mesmo caminho da dor. Mais intenso na perna direita do que na perna esquerda, inclusive como a dor...

E as pessoas ainda duvidam da sabedoria do self e da importância do processo psicossomático.

29 de outubro de 2007

Massageando a testa ontem, me veio um insigth: lembrei que minha mãe era muito, mas MUITO nervosa e brava quando éramos crianças e que se quiséssemos atrair a sua fúria, bastava armar carranca, ou ficar de cenho carregado. Dai que muito cedo aprendi a ficar zangada, mas não trazer para o rosto. Porém, ao contrário do que muitos possam pensar, quando fico brava é facílimo de saber, pois meus olhos expressam tudo.

E existe uma correlação definitiva entre a dor na testa e a dor nas pernas embora eu não saiba qual. Bastou mexer nela ontem para as pernas voltarem a doer, insuportavelmente, a ponto de me impedirem de dormir profundamente. Segurei sem remédio até onde deu, ou seja, hoje. E embora Gui tenha sugerido que é porque eu também não podia bater as pernas fazendo birra - sim, a ÚNICA vez que fiz isso levei uns bons tabefes - não tenho impressão que seja isso... A carga de energia nas pernas é monstruosa. É como um rio que tivesse sido represado e que agora força os diques para poder fluir e por isso dói.

Eu até fiz o exercício de bater pernas e punho no colchão, mas a dor só fez aumentar. Só aliviou mesmo depois que me masturbei, e só então consegui dormir. Não que a energia contida ali seja puramente sexual - há também - mas sim porque o orgasmo promove uma das mais potentes descargas energéticas das qual nosso corpo pode se utilizar.

Agora é deixar quieto por uns dias - há de amadurecer - e ver onde esse processo vai desembocar.

28 de outubro de 2007

O corpo virou minha metáfora e hoje fala mais de mim e por mim do que eu seria capaz em qualquer tempo.

Duas descargas vegetativas poderosas livraram-me do veneno e da contenção interna e agora a pressão - que vivia sobre neurótico controle - desandou a oscilar, para cima. No livro vejo que pressão alta significa problema emocional duradouro não resolvido. Eu sei. A gente passa a vida toda tentando proteger-se... Do quê mesmo? Da dor. Mas qual dor? Já nem sei mais. Com os anos os nossos "jeitinhos" perdem significado e viram vícios, ciclos viciosos. A dor que você tenta evitar se tornou tão velha conhecida que se confunde com pertença. É você, embora não seja e nem precise ser. A letargia que proteger-se causa virou casulo que agora você precisa romper. É preciso deixar as peles, as personas, os personagens. E, no tentanto, acho que é mais fácil fazer isso aos quarenta, pois se tem uma coisa da qual passamos a ter certeza quando chegamos até aqui é que pouca coisa nesse mundo mata. Quase tudo dói, mas quase nada mata. Rejeição dói, mas não mata; perder dói, mas não mata; recomeçar dói, mas não mata. Amar dói, mas não mata; relacionar-se dói, mas não mata. Enfim, você finalmente aprendeu que viver dói e também dá muito prazer.

E o meu corpo fala dessas coisas que doem, mas não matam melhor que eu. Outro dia doíam-me as articulações dos ombros de um jeito que me faziam lamuriar; depois foram as mãos. Ontem foram as articulações dos quadris. O próximo destino há de ser os joelhos ou tornozelos e depois não mais. São as inflamações emocionais que se cristalizadas agora estão sendo desfeitas dando-me algo que há muito eu havia perdido: flexibilidade e liberdade internas.

E ontem mexendo no rosto descobri a testa dolorida como se em feridas. Massageei por muitos minutos e hoje ela ainda está bastante dolorida, requerendo cuidados. É como se eu tivesse passado muito tempo de cenho franzido, e no entanto quem me conhece sabe que isso não é verdade. Nem rugas de expressão na testa tenho. Está explicado porquê. É como se eu franzisse a alma. A pele não registrou, mas a musculatura que a sustenta congelou-se cronicamente e agora no caminho do descongelamento ela dói como um corpo que desperta de uma imobilidade prolongada. É, talvez as rugas apareçam daqui para adiante, mas finalmente né? Mais valem rugas do que botox emocional.

Tudo bem ter chegado aos quarenta sem muitas das coisas que a maioria das pessoas batalham ferrenhamente para ter. Minhas conquistas foram outras e foram muito particulares. Só eu sei o quão importante é olhar para mim mesma e ver que banco estar em relação. Aguento depender e que dependam de mim. Aguento precisar e ser precisada. Isso me faz sentir que embora seja só - quem não o é? - não estou só. Nunca estive. As pessoas sempre estiveram para mim muito mais do que eu para elas, a verdade é essa. E sei que, pela minha incapacidade de pertencer, feri muita gente. Muita gente mesmo... Ao desfilar as imagens na mente, os olhos marejam e vem uma vontade de voltar no tempo e acolher todo o amor que me dedicaram e desprezei, porém é impossível. Quem olha para trás vira estátua de sal e é momento de seguir em frente.

Não, nada de recomeçar. Desse vez estou apenas dando continuidade a um processo.

24 de outubro de 2007

Tem processos que são grandes ou profundos demais para caberem em palavras. E isso não implica em que sejam difíceis ou complicados. Simplesmente não se traduzem.

Estou nesse momento.

16 de outubro de 2007

Parte I

Era menina, cerca de oito anos, mas mesmo assim apaixonou-se perdidamente pelo menino de onze anos. Nunca vira nada mais bonito na vida do que aqueles cabelos loiros e aqueles olhos cor de mel complementados por um sorriso amplo e de dentes alvíssimos. Mas descobriu cedo que na vida nada é perfeito: ele estava enamorado de sua prima; aquela tinha a mesma idade que ele.

Aliás, foi na festinha de aniversário dela que o conheceu e descobriu o enamoramento – mútuo - pois ambos não paravam de dançar; juntos. Ao se dar conta disso, pela primeira vez sentiu uma dor aguda no peito que logo se transformou em lágrimas, fazendo com que se isolasse num canto para chorar. Queria quietude para absorver completamente aquele novo conceito que se desenhava: a impossibilidade.

Porém o canto escolhido era na mesma sala e, claro, logo vieram saber o que lhe acontecia. E ela disse. Ainda não sabia que existem coisas que por educação e amor-próprio(?) era melhor serem guardadas para si. Então, como só os adultos sabem fazer, logo providenciaram para que o menino fizesse a gentileza de dançar com ela para que cessasse aquele choro, afinal, não custava nada. Foi assim que descobriu o poder da chantagem emocional e ficou muito feliz com o seu novo super poder.

Numa segunda festa de aniversário da prima, diante das mesmas sensações, lançou mão do mesmo recurso só que agora premeditadamente. O canto foi bem escolhido e as lágrimas cuidadosamente vertidas. O resultado esperado chegou, mas não com o mesmo sabor. Se num primeiro momento ficou contente, isso logo cedeu espaço a certo incômodo, talvez decorrente do fato do menino sequer olhar para a cara dela. Terminada a dança resolveu voltar para o seu estado natural: correndo pela casa com as demais crianças. No entanto, plantara-se nela a suspeita de que forçar a barra não era lá uma coisa muito legal de se fazer...

No entanto era teimosa e houve ainda uma terceira festa de aniversário na qual lançou mão do mesmo recurso. Dessa vez foi a tristeza estampada no rosto da prima, aliada ao fato do rapaz seguir sem olhá-la e dela estar dois anos mais velha, que a fez ter noção absoluta de que tomara o caminho errado. Quis interromper a dança, mas faltou-lhe coragem. Pela primeira vez sentiu vergonha de si mesma. A tortura finalmente terminou, mas dessa vez ela não foi correr. Escolheu um canto afastado do quintal cheio de árvores e sentou para pensar no que acontecia.

Do muito que pensou o que conseguiu concluir do alto dos seus dez anos é que não valia a pena estar com quem não queria estar com ela e muito menos se isso fizesse a infelicidade de alguém; ainda mais se fizesse a infelicidade dos três. Também teve a forte sensação - mas não pela primeira vez - que no mundo não haveria par para ela. Isso doía como só as coisas inevitáveis sabem doer, mas fazer o que? Voltou a correr pela casa com os primos que vieram buscá-la.

11 de outubro de 2007




Hoje eu queria te ver
E lamber o céu da tua boca
Com gosto de amora.

Hoje eu queria beber
Do teu riso agridoce
Por várias horas.

Hoje eu queria me perder
No mel dos teus olhos
de risos constantes.

Hoje eu queria te ter
refrescante em meus braços
por muitos instantes.

Hoje eu só quero...

Você!

10 de outubro de 2007

Eu também vou falar...

...sobre o filme Tropa de Elite.

Sim, gostei imenso! Muito mesmo e não fosse todo o resto teria gostado por finalmente, como bem disse ele, o Brasil ter aprendido a fazer filmes de ação. E pro inferno com a "reserva de mercado" cultural: se uma das coisas que americano sabe fazer bem é nos emprestar a adrenalina em determinadas cenas, bom que tenhamos sabido de quem copiar!

Quanto ao conteúdo, não vou me ater a discursos sobre se o filme é fascista ou não, mesmo porque me falta gabarito para engendrar uma discussão desse nível. O que posso sim dizer, é que enquanto via o filme pensava no policial honesto finalmente representado num sistema onde, embora sejam em menor número – infelizmente – nem todo mundo é bandido e existem os que honram a farda. E no quanto é difícil carregá-la em detrimento da própria vida muitas vezes. Todos os dias, absolutamente todos os dias, morrem policiais no cumprimento do dever pelo Brasil, mas apenas às vezes essas mortes saem noticiadas nos jornais.

Ao mesmo tempo pensava com alívio que favelados não vão ao cinema, pois a impressão que se fica é que todo morador de favela, foi, é ou será bandido. E isso deve dar muita raiva em quem mora lá e ganha a vida honestamente; a imensa maioria por acaso.

Tai mais um dos discursos que me dá raiva atualmente: a bandidagem quem faz é a desigualdade social. Será? E esse bando de pobres honestos que enchem as nossas fábricas, limpam as nossas casas, varrem as nossas ruas, recolhem os nossos lixos, trabalham nas lavouras, produzem o nosso combustível e a sagrada caninha do fim de semana? Que vendem bugigangas e balas, que catam lixo pelas ruas, que dormem ao relento... Porque não se tornaram bandidos se vieram da mesma miséria? E como explicar o número crescente de jovens da classe média e da classe alta cada vez mais metidos com o mundo do crime? De qual miséria se fala afinal quando se diz que ela forma bandidos?

E não, não nego que existam os que roubem e cometam pequenos delitos por absoluta necessidade. Só quem tem fome sabe o que ela é. Mas esse não é o caso dos traficantes que lotam as nossas favelas e que arrastam para o vício e para o crime as nossas crianças. Não é o caso deles e nem nunca foi.

O x é que a favela é um território esquecido para o qual ninguém quer olhar, pois fala da nossa eterna inaptidão para lidarmos com a diferença. A favela é mais um dos nossos lixos empurrado para debaixo do tapete. Terra de ninguém que todos gostariam que simplesmente deixasse de existir. Justamente por isso os traficantes, transformando em ponto forte a fragilidade das favelas, se apossaram delas. Vantagens demográficas, facilidade de escoamento da produção e mão de obra-barata são requisitos irresistíveis para qualquer “empresário”! Triste descaso que rouba nossa paz.

E um dos questionamentos que o filme levanta e que acho vale a pena insistir e retransmitir é o que quer que o usuário se questione sobre o quanto o seu vício contribui para que cada vez mais crianças sejam aliciadas pelo tráfico. E não querendo me meter no vício alheio penso que a alternativa de quem quer usar deve ser cultivar. Sim viagem, mas afinal não é disso que se trata a droga?

Para finalizar falta dizer que o filme suscita toda uma discussão quanto a se ser um policial honesto implica em matar bandido... Talvez matar não seja a solução, no entanto, enquanto o Brasil não apresentar um sistema carcerário capaz de recuperar(?) o bandido, eu os prefiro mortos do que entrando na minha ou na sua vida.

8 de outubro de 2007



Êxtase

Guilherme Arantes

Eu nem sonhava
Te amar desse jeito
Hoje nasceu novo sol
No meu peito...

Quero acordar
Te sentindo ao meu lado
Viver o êxtase de ser amado
Espero que a música
Que eu canto agora
Possa expressar
O meu súbito amor...

Com sua ajuda
Tranqüila e serena
Vou aprendendo
Que amar vale a pena...

Que essa amizade
É tão gratificante
Que esse diálogo
É muito importante...

Espero que a música
Que eu canto agora
Possa expressar
O meu súbito amor...

Eu nem sonhava
Te amar desse jeito...


7 de outubro de 2007

Desalento

Eu não ando tanto pelas ruas mais freqüentadas dessa minha cidade porque não quero perder a esperança. Quando o faço, uso fone e ouço músicas pelo mesmo motivo. Ouvir as conversas entre jovens me causa um desalento que me faz pensar que o nosso futuro só pode ser pior do que o nosso presente. Ou na verdade tudo é apenas uma alternância: são os conhecidos (pré)conceitos de roupagem nova. E dói ver que nada mudou de verdade e dificilmente irá.

Se antes o discriminado, excluído e violentado era o homossexual, hoje é o emo. Fala-se e faz-se destes as mesmas coisas que se falava e fazia com os gays há 20 anos atrás. Se é politicamente correto aceitar e conviver com a diversidade, o emo surge como o bode expiatório daquilo que socialmente produzimos, mas não queremos admitir: a nossa incoerência.

Depois de ver um garoto ser espancado no metrô por outros jovens, no ônibus ouvi jovens contarem, com orgulho, que tratam como cachorro sarnento um outro ser humano por este ser emo; batem-lhe, jogam-lhe bebidas na cara – com as pedras de gelo. E, num dado momento da conversa, uma das garotas fez lá um questionamento ao qual também aderi: “só não entendo porque ele sempre volta”. Diferente dela eu entendo porque, pois entendo de solidão. Profunda, funda e tão dolorida solidão que tapas são, antes de tudo, toques...

E nem sei dizer do rombo que isso causa em mim. Não sei falar do desalento e ele então se transforma em lágrimas. Hoje deságuo lenta e silenciosamente enquanto a mente ronda por músicas como: “João e Maria” e “Como Nossos Pais”.

Na hora eu não chorei. Não! Pela primeira vez tive vontade de ter um revólver na bolsa e de fazer uso dele. Não para atirar e sim para conseguir que prestassem atenção em mim. E quando fizessem isso - me dessem toda a sua atenção misturada à mesma paura que eles nos fazem ter - gostaria de ter um discurso tão poderoso que primeiro os fizesse envergonharem-se de si mesmos e depois tomarem consciência. Mas consciência de quê? O que nos falta saber para começar a mudar essa realidade medíocre na qual estamos, por séculos, mergulhados até o último fio de cabelo? Porque o diferente nos amedronta tanto a ponto de nos tornar agressivo? Que ameaça é essa que sentimos diante do que não conhecemos e que nos remete à nossa instância mais primal e animalesca? Não sei. É, na verdade eu só queria ter o poder de despertar essa humanidade comatizada na própria hipocrisia; no politicamente correto que, engessadamente, tenta internalizar em nós a inerência do respeito que deveria permear todas as nossas relações. Eu não preciso gostar do que vejo, mas tenho a obrigação de respeitar, sempre.

Porém o politicamente correto também é fruto de algo que produzimos, mas não queremos admitir: nossa fobia à rejeição. Você tem de aceitar tudo e todos para, fantasiosamente, garantir que tudo e todos te aceitem. E na verdade o que queremos - já que gosto é algo que continua a não ser discutível - é só e unicamente assegurar-nos de que possamos nos sentir injustiçados quando for a nossa vez de não sermos gostados. Hipocrisia pura. Ninguém gosta de tudo ou de todos! Se assim fosse, não haveria necessidade de respeito à diversidade, pois esta inexistiria... Seriamos plasticamente feitos de mesmice e chatice.