26 de fevereiro de 2007

Conquiste a felicidade

Por Zíbia Gasparetto no livro Conversando Contigo


Há muita angústia, dor e infelicidade na vida das pessoas que me escrevem. Sentem-se perdidas diante dos problemas e das dificuldades do dia-a-dia. Eu acredito que essa incapacidade de lidar com as próprias emoções vem de uma educação equivocada, alicerçada em nossa sociedade, que é de aparência, onde os valores estão completamente invertidos. Estudemos o assunto.

A vida é abundante, rica, generosa e trabalha em favor de todos nós. Mas você não se sente feliz. Por quê? Eu sei que tem se esforçado, que deseja o melhor, que se sacrifica e só quer o bem. Contudo, a conquista de sua paz e de sua harmonia interior vai além disso. É preciso perceber como as coisas funcionam para poder agir adequadamente.

A fantasia ilude e frustra. Sensibilidade em excesso faz mal. Por mais doloroso que seja um fato, quem o dramatiza, além de sofrer mais, exagera, e quem exagera foge à verdade. Ser “sensível” em excesso não é ser solidário; é ser vulnerável enfraquecendo a própria força. É criar formas-pensamentos tão poderosas que vão torná-lo escravo do medo. Se diante de qualquer acontecimento sua primeira impressão é negativa, pode crer que já criou a mantém em sua aura blocos de energias paralisantes que o estão infelicitando. É como se colocasse lentes especiais em seus olhos que só fizessem perceber o que é ruim.

Tanto a sociedade como as religiões dominantes nos classificam como errados e pecadores, colocam o Cristo como modelo e exigem que nos tornemos iguais a ele. Como não temos o mesmo grau de sua evolução, essa distância entre nós e Ele nos deprime, enfraquece e alimenta a hipocrisia. Todo mundo deseja esconder o que sente com receio de parecer ruim. Exagera, dramatiza, demonstra piedade, não porque a esteja sentindo, mas para “provar” que é bom. Como está fingindo, corrompendo sua dignidade, não se respeita, julga-se incapaz, vigia-se o tempo todo para não “errar”, carrega o peso de uma culpa imaginária.

Se você se sente assim, preste atenção e perceba quais as crenças que valoriza. Em sua maioria vieram da infância, foram aprendidas dos pais, professores, que também foram educados dentro desses valores e se sentiram tão infelizes como você está agora. Isso significa que elas não são verdadeiras e não servem para você. Se deseja fazer alguma coisa em favor da sua felicidade, é preciso libertar-se delas. Como? Primeiro identificando-as, depois as questionando. Não tenha medo do “sagrado”. Nada é intocável a ponto de dispensar a experiência. Quando um conceito verdadeiro é testado, fica mais forte.

Revolta, queixas, lamentações agravam a infelicidade. Além de fazerem de voc~e uma companhia desagradável (ninguém gosta de estar com alguém que só se queixa), criam blocos energéticos limitantes em sua aura, atraem espíritos desencarnados inconformados e sofredores, cujas energias serão adicionadas às suas, duplicando a sua insatisfação.

A causa fundamental desse estado de infelicidade reside no teor de seus pensamentos. É preciso modificá-los positivamente. Tente sair de seu padrão mental, procure idéias otimistas. Experimente coisas novas. Quando fizer isso, logo perceberá a força da reação contrária. Algo dentro de você vai protestar. A cada pensamento positivo, você vai perceber outro negativo afirmando que isso não vai funcionar, que você não vai conseguir, que tudo é ilusão porque a realidade é o sofrimento. Não dê atenção e continue tentando pensar só no Bem. É assim que funciona.

Seu inconsciente está programado negativamente e precisa de algum tempo para registrar algo diferente. Se você não ligar para os velhos pensamentos e continuar a buscar o que é bom, se, além disso, visualizar a luz divina dentro de você e cultivar a fé, grandes mudanças poderão ocorrer na sua vida. A começar pelas seguintes:

1 - Sua saúde vai melhorar. As gripes alergias, bronquites, dispepsias, gastrites, colites etc. vão desaparecer. A irritação e insônia irão embora.

2 – Vai melhorar seu relacionamento familiar, fará novos amigos e as pessoas que o perturbam desaparecerão da sua vida.


3 - Se fizer o que sente e não o que seu lado racional mandar, sua intuição vai se desenvolver. Descobrirá o que gosta de fazer e o que lhe dá prazer.


4 – Aparecerão novas oportunidades de realização profissional e afetiva. Sentirá o gosto do sucesso e a alegria da vitória.


5 – Terá prazer nas pequenas coisas, desfrutará momentos de enternecimento, encherá sua vida de beleza, harmonia, alegria de viver.

Entretanto, tudo isso só acontecerá se você quiser. Se desejar conquistar felicidade, só há esse caminho. A escolha é sua; a vida, também. Experimente. Fique atento e cuidado com a recaída. É preciso perseverar nos bons pensamentos. Não se esqueça de fazer afirmações positivas sempre. Vai dar certo!

Quando você aprende como a vida funciona, fica fácil conquistar a própria felicidade. Não tenha medo de errar para aprender.

22 de fevereiro de 2007

Aonde moro agora é muito mais próximo do Horto Florestal do que antes. Estou praticamente dentro do mesmo e o fundo da minha casa, sabe-se lá como, tem um pedacinho de mata que é cheia de grilos.

Sim, ouço grilos à noite e adoro. Agora, o que aconteceu de inédito é que tenho um grilinho de estimação que todas as noites vem pousar na tela do meu micro. Dei-lhe o nome de Godofredo, sim, pois um grilo que curte monitor, tem de ter um nome tão estranho quanto. E ele é tão minúsculo e com olhos tão imensos pro corpinho dele, que me faz pensar em como a natureza é mesmo sábia... Pois Godofredo vai crescer e os olhos não serão mais tão maiores que seu corpo. Sei disso porque Godofredo já passeou nos meus dedos e eu fiquei com ele bem perto dos meus olhos. Vi-o tão verdinho e tão, mas tão minúsculo que só peço pra ele não pular em mim num momento onde eu esteja entretida, pois ai já viu né? Vai ser um tapa de matar pernilongo e adeus Godofredo!

Mas Godofredo é tímido. Foi começar a falar dele e o danadinho se retirou pra caminha dele que não faço a menor idéia onde seja....

E o grilo não é um inseto que em algum lugar simboliza prosperidade?? No Japão né não?? Vou pesquisar...

20 de fevereiro de 2007

Sigo com a minha promessa de trasncrever e publicar alguns textos da Zíbia Gasparetto para a reflexão de algumas pessoas queridas e daqueles que se interessarem pelo assunto. O texto de hoje fala sobre a depressão e é um convite para que pensemos sobre alguns conceito que ele traz.

Obs: Os grifos são meus!


Vença da Depressão!

Por Zíbia Gasparetto no livro Conversando Contigo

A depressão é fruto da insatisfação. Se você vive infeliz, perdeu a alegria de viver e deseja encontrar uma saída, o primeiro passo é deixar a cômoda posição de vítima, seja lá do que for, e assumir a responsabilidade pela sua vida.

Você vai desfiar um rosário de queixas, alegar que a vida é “dura”, que as pessoas não a compreendem, são cruéis e que tudo para você tem sido difícil. Que você tenta, não consegue e por isso perdeu a esperança de ser feliz.

Só lhe resta “agüentar” a convivência complicada com a família, as dificuldades financeiras, os problemas de saúde, porque é sua sina. Alguns têm sorte, outros não. Para você nada dá certo.

Pensando dessa forma você vai continuar sendo infeliz e a cada dia sua situação vai piorar.

- O quê? Estou pedindo ajuda e você garante que vai piorar?

Vai, se continuar pensando dessa forma. A vida vai prosseguir “apertando o cerco” até que você chegue ao seu limite, não suporte mais viver tão infeliz, decida usar sua própria força e fazer alguma coisa por si. Neste dia vai descobrir que sua felicidade só depende de você. Vai deixar de colocar expectativas nos outros. Passará da passividade, da espera, à ação.

Deus não criou ninguém menos. Embora existam diferentes níveis de evolução e alguns estejam mais conscientes do que outros, a essência divina está em todas as pessoas. As leis universais funcionam igualmente para todos. Você tem tanto poder quanto os que “têm sorte”. A diferença está em que eles o usam de maneira adequada, enquanto você não.

Os resultados são diferentes, mas cada um colhe exatamente o que plantou. Se você está infeliz e as coisas dão errado, é hora de rever suas crenças e perceber como está atraindo isso. O fracasso não existe. A vida dá de acordo com o que recebe. Se só Crê no negativo, se só enxerga o lado negro das coisas, é isso que vai ter.

Nosso inconsciente é uma maravilhosa máquina de materializar o que acreditamos. Não o que a cabeça pensa, mas o que nos impressiona e colocamos fé. Pensar, sentir, acreditar, é criar. Acreditando no pior, vai materializar o pior. É preciso entender que todas as coisas, por mais duras que sejam têm vários lados. Buscar a lição, o lado produtivo, aprender, é resolver as dificuldades com inteligência, abreviar e até dispensar a dor.

Seu destino está em suas mãos. Só você tem o poder de mudá-lo modificando seus padrões de pensamento. Comece se perguntando: “como é que eu me deprimo?” Ai vão algumas dicas:

Se você não confia em si mesmo, espera tudo da sociedade, dos outros, está paralisando a sua criatividade, impedindo a sua realização como pessoa. Isso provoca profunda insatisfação. Você se julga menos. Não confia em seu desempenho, não quer ousar, tem medo de experimentar. Só faz o que os outros aprovam. É perfeccionista. Sonha ser herói. Não faz nada para aprender mais, porém quer ser maravilhoso, nunca errar, Adora elogios, não tolera a menor crítica. Vê a vida pelos olhos dos outros.

É assim que você se fecha, enfraquece a própria força e condena sua alma a viver infeliz. Ela deseja expressar-se, abrir-se para as grandezas para as quais foi criado, evoluir, crescer. A natureza tem seus próprios caminhos e você não vai impedi-la de realizar os seus objetivos. Quem não vai pela inteligência, vai pela dor. Quanto mais você resiste à sua verdadeira natureza, mais dor.

A alegria, o prazer, a felicidade, vêm da alma. As pessoas, a sociedade, podem lhe oferecer tudo e você continuar infeliz. Não conhece alguém assim? A depressão é um estado interior de insatisfação, provocado pela obstrução da expansão de seu eu interior. A natureza o impulsiona a evoluir, ele anseia desenvolver seus potenciais, crescer realizar-se. Quando você o impede, ele se sente infeliz e não há nada que possa substituir isso.

Seu espírito quer tornar-se mais consciente, mais verdadeiro, crescer, reciclar seus valores, fazer coisas novas, contribuir para o progresso social, pela felicidade dos outros, sentir a própria nobreza, amar. Não o impeço. Você é muito mais do que pensa, pode muito mais. Valorize-se. Os limites em sua vida é você quem põe. Abra seu coração sem medo. Olhe tudo com os olhos do bem. Não se detenha no mal, ignore-o. Acostume-se a olhar só o lado bom. Garanto que ele sempre está lá. Um dia perceberá que a depressão, a infelicidade, a tristeza foram substituídas pela alegria, pelo prazer de viver. Que para colher felicidade basta aprender a maneira adequada de plantar.

19 de fevereiro de 2007




Hoje eu senti saudades...

Enquanto passava roupa essa imagem veio em minha mente e as lágrimas desceram pelo rosto sem eu nem ter tempo de desejar detê-las. Agora mesmo, ao começar esse post elas retornam. Não são lágrimas abundantes, são lágrimas miúdas e fininhas, que escorrem silenciosas como a saudade que sinto hoje...

Fazia tanto tempo que eu não chorava pensando em você...

Vontade de saber como você está; o que anda pensando da vida, o que te alegra e o que te incomoda ultimamente...

Saudade de ler teu riso...

Saudade de te contar as coisas, o meu modo de ver o mundo e a mim mesma e ver você discordar de mim timtim por timtim, principalmente no que se refere a ver a mim mesma...

Saudade de você achar que sabe de mim mais do que eu mesma...

Saudade de ficar puta quando em algumas coisas você realmente sabe mais de mim do que eu mesma...

Saudade de você...

Falta de você...

Vontade de você...

...
..
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15 de fevereiro de 2007

Como vai seu Carma?

Por Zíbia Gasparetto no livro Conversando Contigo!

“Casei três vezes e todos os maridos eram alcoólatras. É meu carma?”

A vida é um treinamento constante para o desenvolvimento de nossa consciência e, nesse objetivo, decodifica nossas atitudes e tece as oportunidades, os fatos.

Quando você age, está mandando mensagens para o universo, que responde de forma a facilitar seu amadurecimento interior. As pessoas, o meio, os problemas, as dificuldades com as quais convivemos neste mundo são determinadas por nossas crenças. Quando as mudamos, tudo muda em nossas vidas. A resistência, pretendendo manter as mesmas idéias, cria o carma.

O carma não é o castigo de quem pecou. O carma é o preço da resistência em mudar, é a repetição, às vezes por séculos, de idéias que você já teria condições de modificar, mas que ainda teima em conservar, na ilusão de que o novo é perigoso.

Nossa segurança está em nos agarrarmos ao que nos parece sólido e pretender ficar ali indefinidamente. A vida é ação e movimento. Por isso nossa segurança está justamente na mudança que renova. Parar é atrair a dor e sofrimentos, que aparecem sempre para quebrar o muro das nossas resistências. Depois de uma grande dor, de uma tragédia, as mudanças ocorrem naturalmente.

É fácil você sair de seu carma de infelicidade. Basta renovar as idéias, experienciar o novo, perceber o que funciona mesmo e o que era apenas uma ilusão. O pensamento positivo é muito importante para isso.

Você atrai alcoólatras em sua vida porque pretende ser piedosa e salvar pessoas. Tem pretensão de acreditar que pode mudá-las. Esta ilusão favorece que pessoas carentes emocionalmente sintam-se protegidas a seu lado. Sugam suas energias porque você se dispõe a isso. Se continuar cultivando essa crença, vai continuar atraindo não só os alcoólatras, mas também os infelizes, os incapazes, os parentes sofredores, etc., etc.

Se quer acabar com esse carma, basta perceber que você só tem o poder de mudar a si mesma. Não pode “entrar” nos sentimentos dos outros e fazê-los pensar e agir de forma diferente. Eles têm seus próprios caminhos e quanto mais você os julgar incapazes e tentar salvá-los mais estará retardando que assumam a própria responsabilidade sobre suas vidas.

Ninguém é vítima, mas sim criador de seu próprio destino. Não abdique desse poder. Cuide de seu próprio progresso interior e perceba que todas as pessoas são tão capazes quanto você e, embora por diferentes caminhos, um dia chegarão a um destino melhor. Não é essa uma determinação de Deus?

Confie e fique em paz.

Nossa segurança está justamente na mudança que renova.

14 de fevereiro de 2007

O que mais me chama a atenção na morte do João, o menino de 06 anos que foi arrastado por sete quilômetros preso pelo cinto de segurança do carro de sua mãe que acabara de ser roubado por três adolescentes de 16 a 18 anos, foram os pais dos criminosos, pelo menos de dois deles: ajudaram na prisão dos próprios filhos.

Sim, a morte do João me comove, mas comove na mesma proporção que me comove a morte de um menino de 06 anos num hospital, principalmente se o hospital for público e oferecer um atendimento precário como é a realidade na maioria dos estados do Brasil. A forma como o João morreu é que me choca, em especial pelo que ela revela, sem que ninguém faça menção a isso. Se fizeram me desculpem, pois até agora não vi.

Os pais dos assassinos mostraram com atitudes que discordam do que os filhos fizeram e que são tão vítimas destes quanto é a família do garoto João. Não foram apenas os pais deste que perderam o filho, foram três famílias. Duas destas famílias pobres, porém honestas, honradas, batalhadoras. Deram tudo o que puderam aos seus filhos: educação civil, religiosa, formal, atenção, carinho e dedicação. Um dos pais, inclusive, voltou a estudar para que o filho seguisse motivado. Ele fazia a sétima e o filho a sexta série do primeiro grau. Com essa atitude o que este pais estava dando ao filho era companheirismo, motivação. O outro sempre levava o rapaz consigo justamente para evitar as más companhias. Em nome dessas mesmas más companhias as relações vinham estremecidas.

Trocando em miúdos: esses adolescentes não são filhos do abandono e do descaso, o que geralmente se usa como justificativa para entender o desvio de comportamento que eles expressam. São de famílias pobres sim, mas pobreza não é pretexto para a marginalidade. Principalmente quando hoje em dia o que vemos de forma cada vez mais acentuada é a entrada dos jovens da classe média - aquela que “tem cultura” suficiente para fornecer aos seus filhos bons princípios morais – no submundo do crime.

Ah! Isso se dá porque eles querem aquelas coisas que a mídia diz que têm de ter para serem “dá hora” e como a classe média anda achatada e os pais sem condições de os proverem, eles recorrem ao crime. Os pobres roubam pelo mesmo motivo: querer o que os da classe média têm. Balela! Desde que o mundo é mundo o que move as pessoas é justamente a busca pelo que não possuem e, no entanto, parece ser em especial agora que as pessoas instituíram como forma de “ter”, o tomar posse do que foi conquistado pelo outro. E isso me faz perceber que o buraco é muito mais embaixo.

O que esse crime faz ver é que não é sempre que a educação, o carinho e a dedicação transformam ou educam nossos maus instintos. E isso me remete a uma sensação de insegurança, pois é confortável pensar, quando se vê criminosos na TV, que eles são assim por serem frutos de um sistema injusto. Então se o sistema se tornar justo, os criminosos deixarão de existir; dá conforto, mas é utópico, principalmente porque o mais provável é que o sistema sempre seja injusto dentro de alguma ótica individual...

Qual a solução então? Juro, juro que adoraria ter sequer uma remota idéia... E se alguém tiver, por favor, compartilhe!

11 de fevereiro de 2007

As pessoas fazem mais conta das pedras que recebem do que das que atiram. Isso é humano... Mas olhando a batalha que se desenrola frente aos meus olhos - e da qual me recuso a fazer parte - me questiono sobre aonde foi parar a generosidade...

E lembro do horóscopo de ontem que me diz que em estando recebendo muitos e variados milagres eu me ocupasse de distribuí-los, pois milagres são assim: não basta acreditar piamente neles para que aconteçam, você também tem de promovê-los, uma vez que estes necessitam de instrumentos para se materializarem.

E ainda me acodem pensamentos sobre o filme Babel que, a meu ver, trata exatamente da coisificação do ser humano em oposição à generosidade, à solidariedade que é a única capaz de nos tornar realmente humanos. Os meninos atiram no carro e no ônibus porque não conseguem fazer a ponte que leva à dedução, óbvia, de que veículos são conduzidos e que, portanto, havia seres humanos dentro deles. Eles sabem, mas não sabem; sabe como é? Os americanos do ônibus quando “presos” na vila no Marrocos, não conseguem pensar que a mulher pode morrer, querem salvar apenas os seus pescoços, e o que a salva verdadeiramente é a solidariedade do guia marroquino que a acolhe em sua casa e cede a ela e ao marido tudo de si. Da japonesinha surda que cansada de ser coisificada em nome da sua deficiência, resolve dizer ao seu mundo que é mulher e tem boceta tanto quanto qualquer outra mulher e o faz de forma literal. Da empregada mexicana que apesar de entender o momento delicado dos patrões lá no Marrocos, não consegue entender por que, em nome de ninguém querer ficar com os filhos dos mesmos, precisa perder o casamento do seu único filho. Situações que nascem da falta de compreensão das necessidades emocionais dos outros e que só conseguem se resolver quando a generosidade entra em campo.

E acho que nada existe de pior no ser humano do que ser mesquinho. A mesquinhez resseca a vida que corre nas nossas veias. Quem faz conta de prato de comida depois de ter se alimentado por meses à custa dos outros, infelizmente está fadado à miséria, pois desconhece, principalmente, não a generosidade que poderia ter para com o outro, mas aquela da qual é objeto. E se tem uma coisa que a vida não perdoa é ingratidão.

E me assola certo receio de ter minha vida envolvida em energias tão baixas, mas logo passa, pois é fato inegável que não quero, e recuso-me terminantemente, a deixar-me levar novamente pelas escolhas ruins que os outros fazem par as suas vidas.

Porém tenho de arcar com algumas delas invariavelmente, uma vez que faço parte do planeta Terra e integro o seu ecossistema. E não, não sou uma ecochata de plantão, porém não posso furtar-me a dizer que algo vai muito mal com o nosso planeta e que temo pelo que ainda virá. E o que mais me entristece é saber que muita gente não consegue ter noção do alcance do que está acontecendo. Que deixou de ser discurso de ecologista e virou realidade. Os sinais estão por todas as partes e eu fico aqui só imaginando que os madeireiros recusam-se a vê-los, pois mais vale os reais na conta bancária e os carros importados na porta e irrefutavelmente penso no que será que eles pensarão quando a temperatura estiver alta e a água potável for praticamente inexistente...

Mas não pensarão nada né? É bem o que pensei hoje enquanto zapando a TV vi numa “mesa redonda” no Faustão sobre os assuntos da atualidade, a mãe do garoto de seis anos morto no Rio de Janeiro, apelar para os políticos promoverem a reforma do judiciário. Apelo inútil, pois estes matam, das mais variadas formas, milhares de brasileiros, das mais variadas idades, todos os dias e não estão nem ai; só se preocupam com o que lhe cai nos bolsos. Se o cara tivesse capacidade para sentir a humanidade de forma diferente, ele com certeza não seria político... Não, nem todos os políticos são corruptos, mas anda beeeeeemmmm difícil separar o joio do trigo...

E não ando amarga, nem desiludida. Estou bem, só que sabendo que mudar o mundo reside em outras ações.

6 de fevereiro de 2007

Mudei!

Telefone chegou!

Speedy ainda não!

E lembrei que tenho uma mega alergia a poeira! Sábado maior calor da paróquia e seis da tarde eu estava enrolada no edredom, batendo o queixo de febre e o cara que montava os móveis olhava pra mim e dizia: "tô ficando angustiado de te ver enrolada nesse edredom"...

E isso porque fuji da desmontagem da casa lá; vim pra essa antes que o caminhão chegasse, mas mesmo assim o contato com o que veio de lá foi suficiente pra me deixar tão atacada das vias respiratórias que hoje todo mundo que me olhava dizia: "Mas o que aconteceu que vc tá tão inchada" e eu: "poeira meu povo, poeira"!

Mas logo, logo passa...

2 de fevereiro de 2007

Vou publicar aqui uma entrevista que dei pra Revista Best que tem publicação em Alphaville - São Paulo. Nela falo sobre um tema que sempre quis abordar: relações humanas que se dão via Internet.



RB: Quais são os principais motivos, conscientes ou inconscientes, que levam às pessoas a optarem, na maior parte das vezes, pela comunicação on-line? Que tipo de benefícios e prejuízos esse tipo de comunicação pode trazer?

A comunicação on-line vem atender a duas necessidades prementes do mundo moderno: economia de tempo aliada à sensação de segurança. É inegável que a possibilidade de você falar com várias pessoas das suas relações ao mesmo tempo e ainda conseguir conhecer novas pessoas no ambiente seguro que sua casa ou trabalho representa foram fatores decisivos para que essa forma de comunicação se tornasse tão popular. É claro que isso pode representar tanto aspectos negativos quanto positivos, e isso vai depender principalmente da forma como essa comunicação é entendida pelo usuário: se como meio, instrumento, ou como finalidade. Se for vista como meio, instrumento, a pessoa vai comunicar-se com os outros através da internet para mediar encontros e conversas que se darão fora dela, e nada existe de errado nisso, muito pelo contrário. Se for como finalidade, o indivíduo vai usá-la para se proteger de encontros de fato, alimentando-se de relações que existem e são reais, porém são limitadas pelo espaço e condições virtuais. Isso pode vir a ser um grande problema, que não surgiu com a internet, mas foi evidenciado por ela.



RB: Pela experiência que você tem no assunto, como as pessoas, de uma forma geral, costumam se comportar no ambiente virtual? A timidez diminui? A
mentira e a omissão prevalece nesse ambiente? Existe alguma mudança nesse quadro geral de uns cinco anos para cá? Caso tenha ocorrida alguma mudança, qual é o principal motivo que justifica a mesma?

Tudo que é novo fascina e atemoriza; com a internet não foi diferente. No começo a possibilidade de comunicar-se sem ser visto por estar detrás de uma tela de computador deu, ao usuário, uma sensação de liberdade que muitas vezes descambou para a libertinagem, pois a chance de criar uma personagem que era, a maioria das vezes, muito próxima de quem sempre se quis ser, mas de quem não se chegou muito perto de concretizar - no dito mundo real. Esta era uma tentação muito forte e muitos enveredaram pelo caminho da mentira/omissão, alegando para si mesmos que faziam isso em nome da necessidade de segurança.

E isso em decorrência de um erro de percepção: as pessoas achavam que estavam se relacionando com a máquina. Foi com o tempo, e o uso, que começaram a se dar conta de que por detrás das letras que viam surgir no seu monitor havia uma outra pessoa tão de carne e osso quanto elas mesmas e, portanto, tão capazes de sentir quanto de despertarem sentimentos. Foi neste momento que as pessoas tiveram de lidar com a constatação de que as mentiras/omissões entravavam as relações, às vezes impedindo-as, principalmente quando o outro tinha sido honesto a cerca de si mesmo... Perceberam que estar seguro na internet não significa necessariamente mentir sobre si mesmo e mais, que existem formas e formas de mentir e omitir, sem que isso signifique enganar o outro.

Porém, criar uma persona - desde que esta não seja pautada em dados irreais - ou simplesmente poder se expressar sem ser visto, pode propiciar alguns ganhos para o desenvolvimento pessoal, desde que com o tempo as características que se desenvolveram nessa brincadeira de ser alguém um tanto diferente do que eu costumo ser no mundo venha a existir também fora da internet. Como a pessoa tímida que acabou se tornando mais assertiva, pois “protegida” pelo ambiente virtual conseguiu arriscar-se mais na exposição das suas opiniões e acabou trabalhando a própria timidez ao se ver livre de que o outro constate que ela ruboriza, por exemplo, o que para quem é tímido é algo mortificante e impeditivo de expressar-se em público. Provavelmente a pessoa também ruboriza na frente do micro, fica tensa no aguardo a como reagirão à sua fala, mas com o tempo ela começa a ruborizar menos ao mostrar seus pensamentos e quando se dá conta, já o está fazendo na frente das pessoas.

Hoje diria que são basicamente os novatos que ainda se utilizam do artifício de se esconderem atrás da tela do computador utilizando-se de nicknames e inventando personas, e isso se não tiverem alguém que os oriente em sentido contrário. Os usuários de chats e sites de relacionamentos também têm esse hábito, mas basta estarem em ambientes virtuais mais pessoais, como o MSN e e-mail, por exemplo, para que se identifiquem e dêem a conhecer sua verdadeira identidade. Ao contrário do que dizem por ai, as relações podem ser muito profundas no ambiente virtual se as pessoas estiverem dispostas a; e isso porque existem o tempo e a palavra como instrumentos para não apenas conhecer o outro, mas para dar-se a conhecer, tanto a si mesmo quanto ao outro.

E, no entanto é verdade que dentro da Internet existem pessoas mal intencionadas, da mesma forma que existem fora dela. E então existem algumas regras de segurança a serem seguidas e que, no fundo, são as mesmas regras que existem para o dito “mundo real”. Acontece todo um alarmismo quando ocorre um crime relacionado com a internet, pois as pessoas sempre têm necessidade de criarem bodes expiatórios, porém a realidade é que os crimes ocorrem, na maioria das vezes, com pessoas que não se conheceram ou se relacionaram através do ambiente virtual. O ser humano sempre estará envolvido em condições delicadas e hostis, seja qual for o seu ambiente, uma vez que carrega estas características dentro de si.

Atualmente a internet ainda é uma entidade mitificada, principalmente por aqueles que resistem às mudanças e querem pautar a sua resistência em opiniões que acabam criando tabus e mitos e estes nunca são benéficos a ninguém e cabe ressaltar que quem age dessa maneira o faz também com outros aspectos da vida e não apenas em relação à internet. Porém cada vez mais pessoas estão se conectando através de microcomputadores e entendendo que estes são apenas um meio mais rápido para unir pessoas em diversas partes do planeta. Que nada existe de virtual e ilusório nos sentimentos que a gente tem despertos por aqueles que nos mandam mensagens e compartilham conosco a nossa/sua existência, e que as relações ditas virtuais vão trazer implícitas e no seu desenrolar, as mesmas complicações que as relações ditas normais. Digo isso por perceber que persiste ainda em muitos usuários a fantasia de que, por ser virtual - o que muitos ainda entendem por ilusório e fantasioso - as relações que se dão via internet só podem ser passa-tempos prazerosos como um jogo de vídeo game. Vai ficar atrasado no trem da evolução humana quem se recusar a ampliar seus conceitos pessoais e afetivos nesse sentido. Relações são relações e trazem implícitas todo o prazer e dor que relacionar-se confere.




RB: No caso do Orkut, vemos em muitos perfis, recados, deletados, você acredita que as pessoas estão se preocupando mais com a privacidade na internet?A mentalidade dos usuários estão mudando em relação à isso? Por quê?

O Orkut despertou na maioria das pessoas o “voyerismo nosso de cada dia”. É como se fosse um Big Brother, mas com a vantagem de que posso espiar, sem ser visto, pessoas que realmente me interessam, que estão próximas a mim.

A grande força do Orkut reside em dois pilares: possibilita reencontrar e retomar relações com pessoas que fizeram parte de nossa vida num determinado momento - e que provavelmente jamais reencontraríamos se não fosse o site - e poder acompanhar a vida do outro, sem necessariamente me fazer anunciar ou me tornar presente nesta. Podia, pois a coisa ganhou tal proporção que hoje existe a possibilidade de você saber quem visitou o seu perfil, caso opte também por deixar saberem quem você andou visitando.

O que me chamou a atenção foi a “paranóia” que se seguiu quando essa ferramenta foi instalada no Orkut e que, de certa forma, persiste até hoje. E chamo de “paranóia” pelo fato das pessoas ficarem muito incomodadas e sentindo-se perseguidas por quem de desconhecido chega até as suas páginas, o que a meu ver denuncia, por parte dos usuários, propostas completamente opostas ao princípio do site. Diz que Orkut nasceu da teoria de que cada pessoa é ligada a qualquer outra pessoa no planeta por no mínimo uma entre outras seis pessoas com as quais se relacione. Ou seja, entre eu e seis amigos meus, e entre o George Clooney e seis amigos deles, no mínimo dois são em comum o que faz com que a possibilidade de nos conhecermos pessoalmente seja grande, mesmo que improvável, o que, diga-se de passagem é uma pena. O Orkut foi feito sobre essa premissa e queria comprovar essa teoria.

Hoje, principalmente pela adesão maciça dos brasileiros, este se configurou como um site de relacionamentos onde você reencontra pessoas e faz novos amigos. Não é então de causar espanto que as pessoas se mostrem tão irritadas por terem seus perfis visitados por estranhos? Você está num site público, faz parte de comunidades públicas que denotam características pessoais e preferências suas; disponibiliza fotos, recebe recados e depoimentos que também ficam disponibilizados para qualquer um que acessar a sua página, e está querendo privacidade? É no mínimo incoerente. Muitos vão dizer que estão lá para estarem com os amigos, porém isso é ilusório: com os amigos se está fora do Orkut e se seu objetivo é esse mesmo, monte um site/blog senhado e forneça a senha a apenas com quem você quer compartilhar a sua vida.

Porém entendo que isso nasce do conflito que vivemos quanto ao que é de domínio público e privado e que essa é a mesma confusão que fazemos com os artistas e suas vidas; confusão esta que acaba alimentando os paparazzi e promovendo a invasão da vida destes. O artista é uma pessoa pública, porém suas vidas são de domínio privado, ou seja, deveriam só interessar a eles mesmos. O problema é que o Orkut, tanto quanto as artes, acabam por serem usados como aval para promover uma intromissão na vida alheia e em decorrência disso, no Orkut, começou-se a optar por apagar os recados assim que são lidos. Algumas pessoas não conseguem entender que existe uma diferença enorme entre saber algo e emitir opinião sobre esse mesmo algo. Também desconhecem que podemos ser responsáveis e responsabilizados apenas pelas mensagens que escrevemos e jamais pelas que recebemos, pois cada um escreve o que quer e nem sempre a pessoa do lado de lá está dotada de boas intenções. Muita gente sai do Orkut e apaga os recados na tentativa de acabar com brigas, geralmente entre cônjuges, namorados, parceiros.




RB: Como psicóloga o que mais te preocupa no mundo virtual e o que mais te agrada? Por quê?

O que mais me agrada na Internet é a possibilidade de relacionar-se rompendo com barreiras temporais e de espaço. Uma pessoa aqui em São Paulo pode conversar ao mesmo tempo com uma amiga que está em Roraima, com um outro que está em Minas Gerais, com a vizinha de rua, com a sobrinha na Suíça e com o amigo nos Estados Unidos. Vocês trocam fotos, vocês se mostram na webcam, conversam com programas de Voip e isso diminui a distância e aumenta o contato. Conseqüentemente as relações humanas tornam-se mais próximas e calorosas.

A possibilidade também de conhecer e estabelecer vínculos com pessoas que de outra forma você dificilmente contataria, pelas dificuldades financeiras do mundo moderno que não nos permite viajar tanto quando seria bom, é outro aspecto que me agrada demais.

Acho que a preocupação sempre recai sobre aqueles que usam o ambiente virtual para fugirem da vida dita real e que então acabam viciando-se. Porém quero ressaltar que a pessoa que se vicia em internet tem a mesma estrutura de personalidade do que se vicia em bebida, em drogas, em jogo ou do que se torna um fanático religioso. A internet é apenas um elemento a mais; a pessoa desenvolveria o quadro independente desta, pois a disfunção é anterior.




RB: O que define uma pessoa viciada em internet? Existem muitos casos? Qual a forma de amenizar essa situação? A ajuda dos pais pode contribuir nisso? De que forma? Você percebe uma preocupação dos pais em relação à comunicação on-line e aos perigos da internet? Eles costumam fazer algo para evitar que os filhos se exponham à esses perigos?

É ainda um quadro novo e acho temeroso definir sintomas. Porém diríamos que temos alguém disfuncional em relação ao uso da internet quando a pessoa passa a deixar de fazer coisas prazerosas, de cumprir com seus compromissos e deveres no mundo dito real, para ficar na frente da tela do computador. Deixa de sair com os amigos porque os encontrará on-line, não vai mais a shows, cai o rendimento escolar ou começa a ter problemas profissionais por não conseguir realizar o seu trabalho e justo por viver checando mensagens, verificando o Orkut e conversando no MSN.

Sim, existem muitos casos, porém nem todos os diagnósticos são pertinentes na minha opinião, uma vez que a introdução nesse universo geralmente leva a um abuso que a grande maioria das vezes acaba passando um tempo depois. É como a criança que ganhando um brinquedo novo, fica absorta por este até que ele deixe de ser novidade e então volta a ter a atenção direcionada a outras coisas. Muitos podem estar pensando agora que na criança dura menos tempo essa absorção do que no usuário da internet, porém devemos atentar para o fato de que a Internet possui opções muito maiores para serem exploradas e por isso “passar a febre” leva um pouco mais de tempo.

Não existe uma prevalecencia da infância ou da adolescência no vício da Internet, sendo este um mal que acomete qualquer um e em qualquer idade. Porém os pais devem sim monitorar e limitar o uso da mesma, visando não apenas evitar que isso aconteça, mas também e, principalmente, proteger seus filhos dos pedófilos que rondam a rede em salas de bate-papo, blogs, flogs e afins.

Na minha maneira de ver e entender, a melhor conduta para com a criança e o adolescente é estabelecer horários de uso e colocar o microcomputador em lugar onde os pais possam ver o que acontece na tela do simplesmente passando por este, ou seja: computador na ausência de ambos os pais não pode ser acessado, pois se o pai ou a mãe ao passar pelo micro notar algo que chamou a atenção, pára e verifica. Os adolescentes principalmente vão protestar, porém se ele tem atividades que o mantém fora do micro e se é incentivado a estar com a sua turma no universo concreto, este pouco se ressentirá ou terá necessidade de fazê-lo via internet. O uso do computador para o adolescente é o mesmo que fazíamos do telefone na nossa adolescência, ou seja: não posso estar com minha turma de corpo presente? Então fico com eles na Internet e ainda tenho o ganho de poder fazer novos amigos.

Aqui é fácil deduzir que muitas vezes a paranóia dos pais com o que eles chamam de “perigos do mundo” acaba prendendo o filho dentro de casa e do ambiente virtual e colaborando, muito, quando já existe a predisposição, para que este se torne um problema.




RB: Outro fator muito relevante na comunicação virtual é a linguagem. Você acredita que a linguagem utilizada nesse tipo de comunicação pode interferir no aprendizado de uma criança ou adolescente? Caso interfira, o que pode ser feito?

Acredito sim que a forma de escrever utilizada pelas crianças e adolescentes na internet interfira e muito no aprendizado. É aquela coisa: você se habitua ao errado. E se tem uma coisa difícil de mudar são os “hábitos”. Para se ter idéia, por hábito conseguimos permanecer anos em relações que nos infelicitam, quem dirá escrevendo errado... Na sala de aula, na hora de fazer as provas, a dúvida se instala: qual a forma correta de se escrever? E isso se a dúvida se instalar, pois na verdade a “ficha” geralmente só cai quando eles recebem de volta a prova e vêm lá os pontos descontados em função dos erros de português. Ai vão correr atrás do prejuízo e a maioria das vezes se dão conta que o dano está feito, uma vez que não conseguem mais ter certeza “di comu eh qui si exkvi mexmu”...

Entendo que essa forma de falar possa denotar a existência de uma “tribo”, que seja o sinalizador de um contexto social, mesmo que virtual, e que faça com que eles se sintam inseridos num contexto e pertencentes a esse grupo social específico o que é sempre um aspecto positivo por ser algo característico da adolescência. Porém acho que eles devem desenvolver outra forma de reconhecerem-se na Internet, pois acredito que essa mudança na língua pátria acabe por interferir, e em curto prazo, na noção de identidade social enquanto povo, nação. E isso num país onde o povo já tem essa identidade tão fragmentada é tão temeroso...

Somos brasileiros e nos comunicamos tanto na forma verbal quanto na escrita através da língua portuguesa que possui um conjunto de regras e normas que a estabelecem. Isso faz com que, num país territorialmente grande como o nosso e salvo as diferenças idiomáticas de cada região, a comunicação se estabeleça e eu consiga compreender qualquer pessoa que se comunique comigo se utilizando desse conjunto de regras que ordena os fonemas. O que já acontece é que se na forma verbal nada se modificou profundamente, na forma escrita a coisa anda um tanto delicada, uma vez que é quase impossível entender o que um adolescente escreve se você não se dedicar a lê-lo com muita calma e paciência.

Até ai tudo bem se os adolescentes não começassem a ter a mesma dificuldade em entender o que os outros escrevem quando o fazem na forma correta. Ou seja: é a compreensão e a comunicação entre gerações que está sendo afetada, isso para ficar apenas num âmbito mais pessoal. Se quisermos ampliar essa questão, basta pensar em como esses adolescentes terão dificuldade para compreenderem o conteúdo dos livros que rechearão as suas vidas acadêmicas e, conseqüentemente, em como será a leva de profissionais que estaremos formando em poucos anos.

Na minha opinião, os pais devem conversar com os filhos e imporem regras para minimamente limitarem esse tipo de escrita ou até mesmo aboli-la, além, é claro, de incentivar, e muito, a leitura.

Não, não é fácil, mas também não é difícil, é apenas trabalhoso; mas temos de medir o que dará menos trabalho e será menos penoso afetivamente: se limitar agora, mesmo que for mediante a imposição de regras, a forma de se usar a língua e a internet, ou ter de lidar mais tarde com a sensação de inadequação e inferioridade que certamente resultarão dessa incapacidade de compreender e se fazer compreender a contento, tanto no ambiente real quanto no virtual?

1 de fevereiro de 2007





Senta que lá vem post...


Há alguns dias atrás, conversando no MSN com uma amiga que me lê desde o Depois eu penso nisso... e que tem a paciência que me falta em reler todos os meus posts que ficaram no arquivo do Botando a boca no trombone, ela fez um comentário extremamente pertinente ao meu respeito: estou sempre recomeçando.

São inúmeras às vezes nas quais posto que vou começar tudo outra vez. Inúmeras. E essa é uma constante na minha vida que já me incomodou muito, hoje não mais. Eu sou número 1 na numerologia - é o número que determina pessoas que têm habilidade em liderar, mas também o eterno recomeço. Sou cabra no horóscopo chinês; sou Gêmeos com ascendente em Leão, Lilith em Áries; ou seja: permanecer num mesmo lugar, mesmo que interno, por muito tempo não é comigo. Mas até que alguém me associasse ao mito de Sísifo, eu não lidava nada bem com isso não. Havia em mim uma noção de que minha vida seguia assim por que eu era incapaz de seguir adiante com algo; inconstante, irresponsável, impaciente? Não.

Não vou explicar o processo, mas hoje sei que é assim porque uma das coisas que tenho de aprender nessa vida é o desapego. Então, independe da minha vontade de permanecer, as coisas ao meu redor mudam num passe de mágica. O que mudou é que se um dia “as mudanças” me eram impostas e por isso, sofridas, hoje não são mais. Hoje aprendi a perceber quando a vida começa a soprar em outro sentido e ao invés de me opor a ela, relaxo o corpo e sigo na onda. E, felizmente, me é permitida uma certa constância e vou usar como exemplo os lugares onde morei nos últimos 28 anos...

Eu rodo num espaço de cinco quilômetros quadrados. Então em cada novo lugar no qual moro, faço novas amizades, porém consigo manter laço com os antigos amigos, consigo fazer compras nos lugares de costume onde você troca dinheiro do seu cartão no caixa do mercadinho porque é freguesa; onde seu sobrinho vai comprar sorvete sem você saber num BR mania com menos dinheiro do que deveria e o traz, porque sabem que é seu sobrinho - mesmo que você não saiba como sabem, e sabem porque viram vocês dois andando na rua e mandam te dizer para depois você passar pra acertar. Onde os taxistas te chamam pelo nome da mesma forma que você também os chama, e quando você pega um taxi diferente esquece de dizer o caminho de casa tão mal acostumada que está em só ser carregada por quem sabe onde você mora. Onde você corta o cabelo há 25 anos com o mesmo cabeleireiro, mesmo que ambos tenham mudado de endereço várias vezes, e de quem conhece toda a família. Eu gosto dessa constância, dessa sensação de pertencer a um lugar.

E é como ouvi um amigo meu comentar comigo essa semana: “quem já te viu sair da garagem com o último modelo do carro sport mais cobiçado, e sempre de tanque cheio, e hoje te vê procurando uma casa mais barata pra morar”... Pois é. Minha vida teve altos e baixos e está indo para o alto de novo, mas a verdade é que me orgulho muito de mim por ser a mesma pessoa com ou sem dinheiro. Eu converso do mesmo jeito com as pessoas, não é o dinheiro que me faz.

Porém acho que o mais importante nisso tudo é dizer que estou sempre recomeçando porque nunca desisto de mim, por mais que, às vezes, me decepcione comigo mesma. Eu caio hoje, posso levar até alguns dias para levantar e sacudir a poeira, mas sempre dou a volta, se não for por cima é pelo lado, pelo meio, por baixo, mas dou a volta.

E tem aquilo né? Você vai andando e mesmo que caia, o caminho que você trilhou, você trilhou; quando você levanta e recomeça, você retoma desse ponto específico, nunca é da estaca zero, por mais que pareça ser no momento.

E falei tuuuuudo isso para contar que estou mudando de novo e, portanto, recomeçando. Mudando de casa, novamente para um lugar novo, mas próximo daqui, e isso vai implicar em passar alguns dias desconectada, até que liguem o telefone. Mas eu volto crianças, eu volto.

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E o processo de encontrar essa casa veio confirmar uma coisa que eu sei, mas estou aperfeiçoando: o que é teu, é teu. Por isso não precisa muita ansiedade, sofrimento e angústia para realizar as coisas. Porque até tudo o que tinha pra dar errado dá certo quando é a sua hora e vez. O que devemos fazer é dizer o que queremos para o universo e esperar que ele decida como aquilo chegará até nós.

A nós cabe nos mantermos abertos, alertas e em movimento para não deixar passar o que o universo nos manda achando que cairá no nosso colo. Sim, pode cair, mas isso não somos nós quem determinamos.

Ainda vou falar mais disso e quero também digitar alguns textos da Zíbia Gasparetto que falam disso de forma muito pertinente. Quem sabe enquanto estou sem conexão eu não faço isso e ai quando voltar posto...

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E a mudança me fez ver que eu sou fanática por papel, ou me fez lembrar que sou fanática por papel... Caracas! Como eu guardo papel!!!! E se for em branco então.. Das mais variadas cores, tamanhos, formatos, finalidades. Papel pra escrever, papel de origami, papel de fazer flores, papel cartão, papel laminado, papel de contas, notas fiscais, propagandas; papel, papel, papel... E pra jogar fora?? Uma dor semelhante a que sinto se vou me despedir no aeroporto de um amigo que faz parte do meu cotidiano sabendo que não o verei nos próximos 10 anos!!!!!

Mas eu venci!!!

Botei fora não só papeis, mas roupas, sapatos, coisas que nem lembrava mais que tinha. Porque eu tenho isso: esqueço que tenho se a coisa não estiver muito visível... Sinal que tenho mais do que preciso.

E o critério foi: se eu pensar: “um dia posso vir a precisar”... Tá fora! E mesmo assim ainda sobrou coisa...

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E nem contei né?

Eu vou correr a São Silvestre de 2008! Esse é o meu projeto para esse e o próximo ano e ele implica em uma reformulação total que já está acontecendo. Voltei a caminhar todos os dias – tá, agora com a mudança não, pois acabo o dia morta de cansaço de tanto empacotar e carregar caixa cheia, e sacos de roupa e lixo e etc., etc. Mas retomo na segunda sem falta!!!

E tudo graças ao Marcelo Thomé – não, vocês não o conhecem, mas deviam... rs... Que me incentivou da maneira correta no momento certo. E essa sou eu: começo o ano querendo arrumar um namorado e a vida me manda logo é um treinador... rs..

E é muito legal ver todas as pessoas que convivem comigo comentarem o quanto eu já emagreci!!! E isso com mudanças pequenas, mas significativas, na minha dieta fora a caminhada.

Porém acho que o principal mesmo foi um acordo interno que consegui fazer comigo mesma em relação ao abuso que sofri. O de que eu tenho o direito de TER O MEU CORPO. Tenho o direito de SER BONITA. Tenho o direito de SER ATRAENTE. E o PRINCIPAL: SEI ME DEFENDER MUITO BEM, pois por diversas outras vezes estive em situações declaradas de risco e nunca voltei a ser abusada, e nem fui violentada. Além do que, energeticamente, sei que aprendi a lição à qual o abuso veio ligado. Me transformei profundamente e então não preciso mais dessa lição, posso viver outras coisas.

Resumindo: eu tenho o direito, eu estou pronta e quero viver com um corpo magro, atraente e saudável.

+

Também devo ao Marcelo a minha mais nova paixão e vício: Lost!

E Jesus amado!!! O que é aquele ator que interpreta o Sawyer hein??? Ah!!!!!!!!!!! Entrou pra minha listinha dos com quem eu trairia por uma noite, mesmo que loiros não sejam o meu forte... depois eu faço aqui a listinha e conto do que se trata isso... rs... pois o sono bateu forte...

Também quero falar sobre a Meg e o rebuliço que sua falsa morte causou em parte do universo blogueiro.

Viram? Eu vou, mas deixo vários assuntos pendurados pra eu voltar e voltar postando!

Beijo crianças e se cuidem!


Hasta la vista babys!

27 de janeiro de 2007

O Blogger mudou o sitema, e a template foi pro beleléu. Estou aqui arrumando tudo, pois foi só quando precisei que vi que não tinha salvo a versão definitiva da coitadinha... Pra variar.

14 de janeiro de 2007

 


A razão do meu silêncio


Namoro letras, palavras e idéias desde um tempo do qual já não me lembro mais. Ultimamente ando distante delas... Muitos perceberam.

Sou dona de palavras fortes; palavras que machucam, que magoam, mas também que consolam, que animam, que ensinam, que fazem rir...

É que trago minhas palavras impregnadas de mim.

É o coração quem trago na ponta da caneta ou dos dedos que deslizam sobre as teclas.

E sou fidedigna ao que sinto. Simplesmente não consigo sentir uma coisa e escrever outra; não consigo. Não consigo mesmo que tenha plena certeza de que em alguns momentos seria muito melhor...

Concordo que devo aprender a esperar mais para botar para fora determinados sentimentos que, por virem à tona com muita intensidade, parecem eternos, mas são na verdade momentâneos. Logo passam... Este é o problema quando se é habitada por vulcões: a gente entra em erupção.

E, no entanto, não consigo deixar de achar graça quando sou criticada pela dureza das minhas palavras... E acho graça por ter plena consciência de estas machucam, principalmente, porque a humanidade vive a era da hipocrisia, o que faz com que as pessoas não se preocupem com o conteúdo do que é dito e sim com a forma como se diz.

Isso se traduz mais ou menos assim: pode-se dizer a qualquer pessoa os maiores absurdos desde que seu texto seja politicamente correto, desde que se traga nos lábios um sorriso e se floreie o conteúdo com palavras que denotem um afeto e cuidado que muitas vezes se está longe de sentir. Jamais seja transparente e direto quando seus sentimentos não são nada nobres. E como não sou uma pessoa de formas - e fôrmas - e sim de conteúdo, acabo me dando mal, pois nunca me importo com a maneira como algo foi me dito, e sim com o que me foi dito; seja gritado, cuspido ou entre sorrisos.

E isso porque o como não impede que algo doa. O que sempre dói, seja em mim ou em você, é exatamente o significado do que foi dito. E nada ameniza um significado. Nada. Nada diminui o peso de um tijolo e a dor que ele causa quando ele te atinge. E sim, eu sou boa em atirar tijolos. A diferença é que não finjo que não os atiro e nem desenho flores neles esperando que o outro ache que não é um tijolo e sim um buquê de rosas.

Eu posso me desculpar pelo que disse, mas jamais retiro o que disse por que você não retira um tapa que deu na face de alguém. Deu está dado. Se você se arrepender, pede desculpa. O outro te perdoa ou não, mas não existe nem como você fingir que não bateu e nem como o outro fingir que não apanhou.

É por isso que atualmente vivo um dilema: ou sigo escrevendo da forma que sempre fiz - e correndo o risco de perder pelo caminho as pessoas que não se agradam dessa minha característica - ou me calo por não conseguir tirar o coração das minhas palavras.

Como vocês podem perceber tenho me mantido calada.

9 de janeiro de 2007

O post sobre a morte do Saddan gerou uma discussão do bem nos comentários e me deu vontade de reproduzí-la aqui já que nem todo mundo acessa comentários...

Gui: Amore, você sozinha se contradisse e encontrou uma melhor opção para o enforcamento — o que, vindo de uma pessoa contra a pena de morte, não deveria ser opção. Trabalho.

Sim, Saddam morreu. A questão não é se ele é melhor vivo ou morto, ou se ele vai gerar um custo ao estado iraquiano. A questão, como você notou é bem maior e envolve, por exemplo, a averiguação detalhada (que poderia vir com o julgamento e a possível condenação) de muitos outros crimes e ligações, tanto dentro do iraque quanto relacionados com outros governos. "Ah, mas ele pagou por eles também, afinal, morreu!" É, mas historicamente perdeu-se uma chance ótima de grifar todas essas passagens vergonhosas, a fim de que não se esqueça. Com tempo se resolve e se descobre muita coisa, com uma execução não.

Nas suas palavras, deixar o Saddam vivo não derruba o imperialismo americano, por assim dizer, mas matá-lo é justamente o que eles querem: "o bichinho de estimação ficou raivoso; matemos, depois a gente compra outro".

Matar o Saddam a essa altura do campeonato e de forma tão apressada era justamente o que se devia evitar. Se não por tudo o que eu disse, então para não nos igualarmos a ele.


Marie: Não amore, eu não me contradigo. Eu só fiz uma escolha real entre as utopicas. Pois a verdade é que é tudo utopia, até mesmo que você deseja, que é até o mais correto, mas não foi feito até agora e não seria feito nunca.

O mundo ainda não está apto a lidar com sobriedade e seriedade em relação ao mal que ele mesmo produz.


Gui: Aí que tá, amore, eu não acredito que seja a melhor opção para o mundo.

Você se contradiz porque diz que o mundo "ainda" não está pronto e logo depois classifica tudo como utopia. Ao fazer isso você desacredita qualquer possibilidade do mundo ficar pronto, pois negando a utopia você bloqueia fortemente a evolução.

Se eu não me engano, assim com a esperança traz motivação ao indivíduo e o sonho tras uma meta, a utopia traz um caminho — isso é psicológico, não?

Agora, se o caminho que a humanidade decide trilhar termina na forca simplesmente porque não está pronta (será que não está?)... então vejo tão pouca utopia, quanto sonho, quanto esperança.


Marie: Não Gui a utopia não se refere a sonho, nem esperança e sim à ilusão. E ilusão fala de projetos pautados em condições irreais e por isso nunca aptos a tornarem-se realidade de fato e, portanto, em evolução. É por isso que utopias são negativas, assim como ilusões: fazem marcar passo no mesmo lugar sem se ir a lugar algum.

Sonhos são coisas que se tem e que podem ou não serem ilusórios ou utópicos. Mas a única forma de evoluir é justamente sonhando e colocando esse sonho em bases concretas para que ele possa acontecer.

A Revolução Russa mesmo naufragou porque? Baseou-se num senso de nacionalismo, solidariedade e comunidade que não existia de fato na população como um todo e muito menos nos que foram encarregados de cuidar dela e o que vimos quando ela acabou? Um país devastado por pequenos ditadores que centralizaram todo o poder econômico e mantiveram a população na miséria mais profunda por décadas a fio... Evoluíram os russos? Naquele momento não. Quando da queda do Comunismo eram um povo embebido em álcool e drogas, sem terem nenhuma condição de trabalho e ainda tendo de correr atrás de todo um avanço tecnológico para poderem participarem do mundo moderno.

Sim, os Estados Unidos foram megaultrahiperblaster utópicos em relação à invasão no Iraque e agora o mundo tem nas mãos um pepino tremendo, pois o país está sentado sobre uma bomba prestes a explodir já que lá existem três "nações" ideológicas que não se afinizam e que vão lutar até à morte para assumirem o comando do país assim que os americanos virarem as costas - o que demonstra que democracia é um processo utópico para aquele povo, sacou? - e as saídas para se evitar que isso aconteça são quase nulas...

O enforcamento de Saddan é, ao meu ver, o menor dos problemas e o que deveria chamar menos a nossa atenção embora eu entenda e acate todos os argumentos, mas a verdade é uma só: nós vivemos num mundo bárbaro, sim, e pior: essa barbarie está aqui no nosso país, mas a gente insiste em fingir que não, que isso rola só no quintal do nosso vizinho; e isso porque os nossos métodos de massacrar o outro são mais sutis, porém não menos eficazes...

O caminho para a evolução ao meu ver não é utópico, mas é torto, praticamente um milagre que vai acontecer, mas eu não sei precisar como, pois passa por cada um e implica em uma transformação pessoal profunda que deve nos tornar verdadeiramente respeitosos para conosco mesmo e para com o outro e suas diferenças. Se a gente não consegue isso ainda no âmbito pessoal, quem dirá no coletivo...

4 de janeiro de 2007

Mataram o Saddan



As pessoas se indignaram com o enforcamento do Saddan Hussein. Para mim foi o que de melhor poderia acontecer, não para ele, mas para o mundo.

Nós não temos estrutura para lidar com ditadores depostos, como não temos para lidar com bandidos; e deixá-lo mofando numa prisão sendo sustentado pelo Estado enquanto gente honesta passa fome para mim não é solução, é afronta. Não, não sou a favor da pena de morte. Sou a favor de um sistema prisional que reeduque pessoas e torne-as construtivas para a sociedade, seja esta qual for.

E enquanto alguns ficam chocados ao constatarem que vivem num mundo que ainda enforca as pessoas, eu fico por me dar conta de que faço parte de uma humanidade que ainda produz gente que pela força e matando milhares, impõe para milhões as suas ideologias. E por todos olharmos isso e fazermos de conta que nada tem a ver com a nossa vida. Saddam morreu, mas a África está cheia de pequenos ditadores que matam milhares por ano submetendo seus semelhantes a condições de vida degradantes e ninguém faz nada. Em nome do vil metal ninguém faz nada.

Fico emputecida em fazer parte de uma espécie que inventa tantas coisas, mas que até agora não conseguiu descobrir uma maneira efetiva e saudável de cuidar daqueles que apresentam desvios de personalidade que causam danos a terceiros. Os sistemas carcerários do mundo inteiro estão lotados de pessoas que passam à vida toda lá, a maioria sem conseguir transformar a forma como consideram o próximo. As cadeias geralmente funcionam apenas como faculdade de aprimoramento de vilania.

Cansei dos discursos politicamente corretos e vazios. Se não se sabe o que fazer com os Saddans do mundo melhor matar do que ficar sustentando-os pelo resto de seus dias. Que o dinheiro que seria gasto com ele seja empregado para manter crianças na escola lá no Iraque.

Sim, utópico. Mas entre essa minha utopia e aquela que quer que o imperialismo americano seja deposto pela manutenção de um Saddam vivo e inerte, prefiro a minha. Se ao menos ele fosse posto para trabalhar, reconstruir o que foi destruído... Sim, sou adepta de que o trabalho dignifica o homem. Sempre.

28 de dezembro de 2006

 


Recado de "Deus":

28 dezembro 2006

Foi dada a largada do irreversível processo através do qual sua alma migrará de um mundo social a outro, o que implicará certos rompimentos, mas também encontros novos, que venham a ocupar o lugar dos atuais desencontros.

27 de dezembro de 2006

 

A última mensagem do Ano



2006 foi um ano foda, tanto no sentido positivo: quando me trouxe de volta à profissão e a amigos muito queridos que existiram no meu passado e hoje fazem, de novo, parte do meu presente - quanto no negativo: quando tirou da minha vida pessoas das quais eu não tinha nenhuma intenção de me afastar.

Acho que não chorei em nenhum ano tanto quanto chorei em 2006 - nem quando meu pai morreu, nem quando a empresa faliu - e hoje tenho duas "pintinhas" no nariz que surgiram por conta de chorar demais; aprendeu? Chorar em excesso dá pintinhas salientes na ponta do nariz!!!

Foi um ano no qual perdi o pé mais do que podia ou queria, que feri e fui ferida mais do que deveria; mas que em momento algum deixei de ser fiel ao que sentia, mesmo que o que sentisse não fosse eterno, embora parecesse no momento.

Também foi um ano em que me libertei de pessoas que me faziam mal; que durante muito tempo e embora eu conseguisse perceber o mal que me faziam, não conseguia me afastar... Compaixão mal colocada sabe? Pois, isso nunca é bom e tem gente que abusa deliberadamente, fique atento sempre.

Um ano onde ficou evidente aos olhos alheios que sou mais feita de defeitos do que de qualidades... E viva a minha tão proclamada e enfim acreditada humanidade! Sou bem no estilo Mae West: quando sou boa sou boa, mas quando sou “má”, sou melhor ainda. Eu sei fazer doer e ponto.

Foi um ano também no qual olhei de frente no olho da maldade e vi que ela realmente existe. Mas maldade mesmo sabe? Daquela que quer prejudicar o outro a todo custo? Essa! E aprendi que a força dela está no fato de nos calarmos diante dela porque não queremos ameaçar a nossa paz tão mesquinha... Aprendi que não existe paz em mim se alguém que amo está sofrendo e então deixei de me calar diante do mal que conheço e vejo. Passei a comprar briga em defesa de amigos. Me lasquei em alguns momentos, mas não me arrependi em nenhum.

Foi um ano no qual fiquei face a face com o meu pior lado e resolvi que tinha de mudá-lo; e que embora ainda esteja em processo de, o que implica que ainda vou tropeçar muito nele por ai, e que tenha sido tarde para recuperar ou manter algumas pessoas, nunca o é quando se pensa que existe uma vida inteira pela frente... E eu tenho né? Pois se é verdade que a vida só começa aos quarenta, ainda sou um embrião!! Só nasço em Junho!

Tá, vida que eu quase achei que tinha acabado nesse Natal, não nego, quando a dor era tanta que achei mesmo que ia morrer, mas num morri, graças a Deus!!! Ao menos para mim... rs... E nas quase 36 horas que mais dormi do que fiquei acordada e tive muitos e muitos sonhos, e vi e revi muita gente, me dei conta de como me apeguei a bobagens perdendo pessoas por coisas que são, de verdade, tão pequenas, tão mesquinhas. Valeu o lembrete que pretendo levar como bandeira ano que vem.

Foi um ano em que ajudei algumas pessoas a se verem de forma mais real e a apostarem em si mesmas para conquistarem a própria felicidade. São presentes que carregarei para sempre em meu coração saber que hoje aquele sorriso ali naquele rosto e aquela esperança naquele outro olhar teve um dedinho meu de perseverança, insistência, dedicação... Tá, broncas também, por que eu sou assim mesmo: uma sarna! Ma se serve de consolo nunca são broncas desnecessárias, que se manifestem os bronqueados!!! rs...

Mas tem uma coisa que não dá mais pra tolerar depois desse ano e que em 2007 - e pra sempre - vou fugir que nem diabo foge da cruz, e seja de quem for: especialismo. Sabe o que é especialismo? É aquele comportamento que algumas pessoas insistem em ter que quando põe algo na "balança do que dei e do que recebi em troca" e pesam primeiro - e com muito valor - o que fizeram por você, para só depois - e com pouco valor - colocarem o que você fez por elas lá, ou seja: você está sempre em débito com elas, mesmo que tenham te esfolado praticamente vivo. É aquele tipo de gente que te cobra que você saiba a pessoa de bem que é, quando alguém fala mal delas, mas que quando chega a vez dela de saber o mesmo sobre você, num rola. É quem se magoa por que os outros não vão às suas festas, porém nunca acham que elas mesmas têm de ir às festas alheias. Quem está sempre pronto a apontar os defeitos alheios e, no entanto, está ali sem conseguir sequer enxergar que apenas o fato de ficar prestando atenção nisso já é um enorme defeito em si mesmo... Enfim, gente que espera uma deferência que não concede sabe? Que está sempre magoado e ofendido e deprimido e achando que o mundo lhes deve algo, que são uns injustiçados, e que são as palmatórias do mundo, os mártires por excelência. Ah não né? Me respeite, me poupe, me economize! Trocando em minutos: se de repente você sentir que eu estou te evitando, pare para pensar se você não anda se achando especial demais...

Problemas todos têm: eu, você o Zé da esquina, a Gisele Bundchen, o George Clooney - e você achou mesmo que eu ia fazer um ultimo post do ano sem falar nele? rs... - até o Prêmio Nobel da paz tem. Problemas acontecem porque fazem parte da vida e solucioná-los é uma das magias de viver. Nem tudo se resolve como queremos, mas nada fica intacto se fizermos a nossa parte, e podemos fazê-la mesmo quando achamos que daquela vez não teremos mais forças. Às vezes demora mais, às vezes menos, às vezes a solução vem de onde menos esperamos ou nem vem, mas um dia nos damos conta que passou e a gente nem viu... A receita, se é que existe uma, é não deixar de viver e não ficar esperando que condições ideais aconteçam para você realizar os seus desejos. Sabe aquela estorinha do se te derem limões faça uma limonada? É verdade! E se te agradar e você preferir, faça uma caipirinha, e beba, e dance e brinde com os amigos - ou sozinho - o eterno milagre que é acordar todo o dia, mesmo que tenhamos de viver um dia que preferíamos ter pulado. Outros dias melhores sempre virão, basta você estar na vida.

Então é isso. Eu desejo para mim e para você que 2007 seja um ano BOM. De MUITA paz, saúde, amor compartilhado, sorrisos trocados, laços estreitados, confianças restituídas, perdões concedidos, tolerância aplicada, paciência multiplicada e muito pouco, mas muito pouco mesmo especialismo. Ninguém é melhor que ninguém. MESMO. Somos, todos, pessoas vivendo em cima de um planetinha azul e isso já é mágico o suficiente, não precisa ser mais especial.

17 de dezembro de 2006

 


Pequena crônica natalina


Uma das lembranças mais queridas que guardo do meu pai tem como cenário uma cozinha de móveis, geladeira e fogão vermelhos, iluminada pela luz suave da manhã de domingos ensolarados, mesmo que não o fossem. Era somente nesse dia que meus pais estavam o dia todo em casa e então, enquanto minha mãe fazia o almoço - que consistia de frango ao molho de açafrão, macarrão na manteiga e salada de alface e tomate - que embora sejam pratos simples têm sabor inigualável e apreciação unânime até hoje por conta do tempero diferenciado e que todos adoram; meu pai estava à mesa cigarro numa mão, café com leite sem açúcar na outra, ladeado pelos três filhos e cumprindo um ritual que se tornou sagrado por muito tempo: contar-nos a mesma história domingo após domingo. Hoje nem sei como tinha tanta paciência...

Era uma história que não sei por que guardei na memória um conto de natal, embora não o seja. Talvez por trazer implícita uma moral que é o grande legado que meu pai deixou aos seus filhos e que, vez por outra, eu gosto de dividir com as demais pessoas. E como o Natal é a época de ofertar presentes àqueles que queremos bem, compartilho com você, meu leitor e amigo, essa que agora transformo num pequena crônica natalinaa.

E, no entanto, para fazê-lo bem, cumpre-me situá-los para que melhor compreendam e visualizem o que vou relatar. Para isso é preciso que saibam que meu pai era suíço e nascido em 1912. Naquela época na Suíça havia muitas fazendas e as cidades, apesar de diminutas, eram para onde todos migravam aos domingos para assistir a celebração da missa, aproveitando então para saberem das novidades políticas e sociais que aconteciam durante a semana. E era também em volta da igreja que as pessoas eram enterradas. Como meu pai afirmava que essa história fora por ele vivida, presumo que o que relato a seguir se deu por volta de 1919, 1920, quando este tinha entre sete e oito anos; idade com a qual já conseguia apreender os acontecimentos com maior significado.

Contava meu pai que todos os domingos um homem taciturno que vivia sozinho numa fazenda, pois nunca se casara e era filho único de pais já falecidos, se arrumava e coloca-se, a cavalo, a caminho da cidade para assistir a missa. Fato é que, invariavelmente, quando este chegava à metade do caminho o sino da igreja tocava anunciando a eucaristia – e quem é católico sabe que após esse momento não se entra mais na igreja – o que fazia com que ele descesse do cavalo, ajoelhasse no meio da estrada e fizesse ali mesmo as suas orações, após as quais montava novamente o animal e retornava à sua fazenda. Ninguém entendia porque ele não saia mais cedo já que demonstrava interesse em assistir a celebração, mas fato é que domingo, após domingo, ano após ano esse episódio se repetia como num ritual pessoal.

Até que num dia de inverno o homem veio a falecer e como era de hábito naquela época, após ter sido velado em casa, uma carruagem funerária foi fazer o seu translado da fazenda até o cemitério onde seria enterrado. Fazia muito frio e nevava no momento em que o cortejo fúnebre - formado pela carroça que carregava o caixão e as dos demais moradores que a acompanhavam - seguia pela mesma estrada que ele percorria todos os domingos para ir à missa. Quando o carro funerário atingiu exatamente aquele ponto do caminho no qual ele sempre acabava rezando, os cavalos empacaram. Não se moviam nem pra frente e nem para trás e nada houve no mundo que fosse capaz de fazê-los passar daquele ponto carregando o caixão. Nem aquela e nem outras parelhas que foram trazidas no intuito de tentar fazê-lo chegar ao cemitério para ser sepultado. Levar o caixão carregando-o nem era uma possibilidade, pois além de nevar muito, a distância era grande demais para ser percorrida a pé levando tanto peso. Depois de muito tentarem decidiu-se que o certo era enterrá-lo ali mesmo e assim foi feito. O lugar permaneceu, por muito e muito tempo, sinalizado por uma cruz.

Depois de contar-nos essa história meu pai dizia, olhando-nos com aqueles olhos de um verde suave, mas repletos de intensidade, que os cavalos não seguiram dali justamente porque o homem também nunca se preocupara em fazê-lo. E acrescentava que a vida é exatamente assim: vai conosco até onde vamos com ela.

Este é o meu singelo presente de Natal para vocês somado ao desejo de que 2007 seja um ano próspero em todos os sentidos positivos.

Beijos!

6 de dezembro de 2006

 


Estava lembrando hoje que uma vez já crescida - entenda-se que por volta dos 28 anos, mais ou menos - fui ao Playcenter com um bando de amigos doidos que resolveram que eu ia andar em todos os brinquedos, aqueles mesmo dos quais eu tinha pânico absoluto.

De cara me enfiaram na Montanha Russa, primeiro carrinho e quando ele fez a curva lá em cima pra descer, que eu vi o chão, pensei simplesmente: "morri". Não era um aviso, era uma constatação. Mas não, não morri, posto que estou aqui postando (riminha besta, mas num resisti.. rs...).

Depois disso veio o Wiking e é claro que pedi para pararem aquela p... Ops! Porcaria da brinquedo e sai de lá sob o coro do Playcenter inteiro: "ê ô, ê ô, a loirinha arregô"!!!


Ai chegou a vez dum brinquedo que rodava alucinadamente no sentido vertical. Só sei que quando vi o chão se aproximando numa velocidade estonteante o pavor foi tão grande, mas tão grande que comecei a passar mal e achar que "sim, agora é verdade e eu vou mesmo morrer"... Cheguei a ver a vida passando toda diante dos meus olhos... Porém uma coisa interessante aconteceu: no momento exato onde estava para "apagar", "algo explodiu" dentro de mim e aquele pavor imenso que eu sentia desapareceu por completo como num passe de mágica e desandei a rir de pura alegria.

Depois disso a cena era hilária: eu que até então era arrastada à força pros brinquedos, passei o resto do dia puxando todos de um lado para outro por que ai sim quis brincar em TODOS, absolutamente TODOS os brinquedos que via pela frente.

Hoje lembrei disso porque num outro grau aconteceu de novo: algo achei que não ia dar conta, um sentimento que vinha me consumindo a ponto de me deixar preocupada comigo mesma simplesmente desapareceu do meu peito. Acordei, procurei por ele dentro de mim e nada. Mas nada mesmo. Não botei fé né? Gato escaldado tem medo de água recaida... Achei que ele voltasse durante o dia e nada; ainda o esperei à noite, mas nada. Nada! Tão nada que não consigo nem achar bom ou ruim. Porém estou completamente aliviada.

Sim, é claro que eu queria saber exatamente o que das coisas que aconteceram ontem fez com que isso fosse possível. Ou como tudo o que aconteceu ontem se aliou no meu inconsciente e desligou a chave... E isso pra poder fazer isso quantas e quantas vezes achar necessário. Mas como nada é perfeito...

Tem horas que eu mesma me espanto comigo...

Não, decididamente não sou normal...

E ainda tem gente que quer achar que me conhece... rs...

Ahãn...

26 de novembro de 2006

 


Eu luto contra mim mesma. A cada dia empreendo uma nova batalha contra aquilo que em mim é, mas sei que não deveria ser.

Uma das coisas que mais me incomodam em mim é algo que nomeei de “falsidade essencial”. Sei que não é uma falsidade, mas como se comporta como se fosse, e na falta de um outro termo que dê uma noção tão próxima do que seja na aparência quanto este, fica esse mesmo. É algo sobre o qual já falei neste blog: a minha capacidade de perder completamente o interesse por pessoas pelas quais fui durante muito tempo, absolutamente apaixonada, sem que esta paixão seja no sentido romântico da palavra.

Eu não quero ser assim, porém ainda sou assim. Mudar um comportamento em mim implica em muita conversação interna e muitos acordos. São tentativas e tentativas; fracassos sobre fracassos para se chegar a um novo lugar interno. Demanda tempo, paciência, tolerância e perseverança.

E mudar implica em não ter verdades absolutas. Tenho verdades; e por mais que - passional que sou - elas sejam anunciadas com força a convicção fazendo parecerem absolutas, sei que não o são. O problema é que só eu sei. Assim como sei que em algum momento do meu percurso vou me questionar sobre elas; vou me perguntar: “será mesmo verdade”? E ao fazer isso cederei no meu pseudo absolutismo e começarei a buscar possibilidades de verdades, que se transformarão em caminhos alternativos para mim. E é nesse momento, quando alternativas diferentes se abrem, que eu mudo de posição, retrocedo, volto atrás, desdigo o que disse, peço desculpas, tento refazer o meu caminho. Só que as pessoas entendem o que é o resultado de um briga ferrenha interna como “exagero”, “drama”, "charme", algo que dá e passa. E ao fazerem isso passam a ter verdades absolutas sobre quem sou ou como sou. As mesmas verdades que eu não possuo...

O que possuo são limites. Mesmo errando, mesmo prejudicando o outro e a mim mesma, existem “lugares” aos quais não me permito ir, pois aí já é questão de caráter e índole e estes, em minha opinião, são muito mais difíceis de serem transformados.

Talvez fosse mais cômodo para mim mesma que me transformasse em silêncio. Mas tá ai algo que não consigo fazer: fingir que não sinto o que sinto, representar um papel. Eu falo o que sinto, na hora que sinto. Só que em mim nem os sentimentos são imutáveis... Por conta disso as pessoas me cobram uma constância que me é impossível, principalmente por não ver problema algum em sentir raiva dentro do amor, gana dentro da alegria... Sentimentos que até podem ser contraditórios, mas que coexistem dentro da gente em relação a uma mesma coisa. E isso está ligado a procurar viver de acordo com as coisas que acredito. E acredito piamente que estamos nessa vida para nos transformarmos em algo melhor, mesmo que esse processo implique em muito erros, enganos, desilusões e dor. Só que isso só pode acontecer se não escondermos em baixo do tapete o pior de nós mesmos.

É assim que eu sou e é assim que gosto de ser: sem compromisso ferrenho com as minhas verdades.

Mutante.

24 de novembro de 2006

 

O nosso fim

Existe limite para que nos despedacem o coração? Aliás, como pode um órgão sem qualquer osso, partir-se assim tanto e tão amiúde? E como pode ainda, partindo e partindo, doer tanto e tanto e cada vez mais? Doer a ponto de quase nos enlouquecer...

Eu tentei... Deus! Como tentei manter apto o coração para o amor e a amar-te apesar de... Porém hoje recebi o golpe de misericórdia que deu fim a essa nossa história agonizante e, já há muito, cambaleante.

Chega né? Chega.

A minha dor não se traduz em palavras... As lágrimas que derramo correm quentes pelo meu rosto e selam em meus lábios o silêncio que se apossou de mim em relação a você. Já não existe nada que possa ser dito entre nós que reverta o nosso fim. Ele chegou de fato.

Sim, eu vou sobreviver; sempre sobrevivo. Só não me peçam para amar e confiar novamente; nem como “homem” e nem como "amigo"; isso não me sinto mais capaz de fazer. Sequei.

Afetos são sinceros, mas são apenas afetos e está bom que seja assim.