27 de dezembro de 2006

 

A última mensagem do Ano



2006 foi um ano foda, tanto no sentido positivo: quando me trouxe de volta à profissão e a amigos muito queridos que existiram no meu passado e hoje fazem, de novo, parte do meu presente - quanto no negativo: quando tirou da minha vida pessoas das quais eu não tinha nenhuma intenção de me afastar.

Acho que não chorei em nenhum ano tanto quanto chorei em 2006 - nem quando meu pai morreu, nem quando a empresa faliu - e hoje tenho duas "pintinhas" no nariz que surgiram por conta de chorar demais; aprendeu? Chorar em excesso dá pintinhas salientes na ponta do nariz!!!

Foi um ano no qual perdi o pé mais do que podia ou queria, que feri e fui ferida mais do que deveria; mas que em momento algum deixei de ser fiel ao que sentia, mesmo que o que sentisse não fosse eterno, embora parecesse no momento.

Também foi um ano em que me libertei de pessoas que me faziam mal; que durante muito tempo e embora eu conseguisse perceber o mal que me faziam, não conseguia me afastar... Compaixão mal colocada sabe? Pois, isso nunca é bom e tem gente que abusa deliberadamente, fique atento sempre.

Um ano onde ficou evidente aos olhos alheios que sou mais feita de defeitos do que de qualidades... E viva a minha tão proclamada e enfim acreditada humanidade! Sou bem no estilo Mae West: quando sou boa sou boa, mas quando sou “má”, sou melhor ainda. Eu sei fazer doer e ponto.

Foi um ano também no qual olhei de frente no olho da maldade e vi que ela realmente existe. Mas maldade mesmo sabe? Daquela que quer prejudicar o outro a todo custo? Essa! E aprendi que a força dela está no fato de nos calarmos diante dela porque não queremos ameaçar a nossa paz tão mesquinha... Aprendi que não existe paz em mim se alguém que amo está sofrendo e então deixei de me calar diante do mal que conheço e vejo. Passei a comprar briga em defesa de amigos. Me lasquei em alguns momentos, mas não me arrependi em nenhum.

Foi um ano no qual fiquei face a face com o meu pior lado e resolvi que tinha de mudá-lo; e que embora ainda esteja em processo de, o que implica que ainda vou tropeçar muito nele por ai, e que tenha sido tarde para recuperar ou manter algumas pessoas, nunca o é quando se pensa que existe uma vida inteira pela frente... E eu tenho né? Pois se é verdade que a vida só começa aos quarenta, ainda sou um embrião!! Só nasço em Junho!

Tá, vida que eu quase achei que tinha acabado nesse Natal, não nego, quando a dor era tanta que achei mesmo que ia morrer, mas num morri, graças a Deus!!! Ao menos para mim... rs... E nas quase 36 horas que mais dormi do que fiquei acordada e tive muitos e muitos sonhos, e vi e revi muita gente, me dei conta de como me apeguei a bobagens perdendo pessoas por coisas que são, de verdade, tão pequenas, tão mesquinhas. Valeu o lembrete que pretendo levar como bandeira ano que vem.

Foi um ano em que ajudei algumas pessoas a se verem de forma mais real e a apostarem em si mesmas para conquistarem a própria felicidade. São presentes que carregarei para sempre em meu coração saber que hoje aquele sorriso ali naquele rosto e aquela esperança naquele outro olhar teve um dedinho meu de perseverança, insistência, dedicação... Tá, broncas também, por que eu sou assim mesmo: uma sarna! Ma se serve de consolo nunca são broncas desnecessárias, que se manifestem os bronqueados!!! rs...

Mas tem uma coisa que não dá mais pra tolerar depois desse ano e que em 2007 - e pra sempre - vou fugir que nem diabo foge da cruz, e seja de quem for: especialismo. Sabe o que é especialismo? É aquele comportamento que algumas pessoas insistem em ter que quando põe algo na "balança do que dei e do que recebi em troca" e pesam primeiro - e com muito valor - o que fizeram por você, para só depois - e com pouco valor - colocarem o que você fez por elas lá, ou seja: você está sempre em débito com elas, mesmo que tenham te esfolado praticamente vivo. É aquele tipo de gente que te cobra que você saiba a pessoa de bem que é, quando alguém fala mal delas, mas que quando chega a vez dela de saber o mesmo sobre você, num rola. É quem se magoa por que os outros não vão às suas festas, porém nunca acham que elas mesmas têm de ir às festas alheias. Quem está sempre pronto a apontar os defeitos alheios e, no entanto, está ali sem conseguir sequer enxergar que apenas o fato de ficar prestando atenção nisso já é um enorme defeito em si mesmo... Enfim, gente que espera uma deferência que não concede sabe? Que está sempre magoado e ofendido e deprimido e achando que o mundo lhes deve algo, que são uns injustiçados, e que são as palmatórias do mundo, os mártires por excelência. Ah não né? Me respeite, me poupe, me economize! Trocando em minutos: se de repente você sentir que eu estou te evitando, pare para pensar se você não anda se achando especial demais...

Problemas todos têm: eu, você o Zé da esquina, a Gisele Bundchen, o George Clooney - e você achou mesmo que eu ia fazer um ultimo post do ano sem falar nele? rs... - até o Prêmio Nobel da paz tem. Problemas acontecem porque fazem parte da vida e solucioná-los é uma das magias de viver. Nem tudo se resolve como queremos, mas nada fica intacto se fizermos a nossa parte, e podemos fazê-la mesmo quando achamos que daquela vez não teremos mais forças. Às vezes demora mais, às vezes menos, às vezes a solução vem de onde menos esperamos ou nem vem, mas um dia nos damos conta que passou e a gente nem viu... A receita, se é que existe uma, é não deixar de viver e não ficar esperando que condições ideais aconteçam para você realizar os seus desejos. Sabe aquela estorinha do se te derem limões faça uma limonada? É verdade! E se te agradar e você preferir, faça uma caipirinha, e beba, e dance e brinde com os amigos - ou sozinho - o eterno milagre que é acordar todo o dia, mesmo que tenhamos de viver um dia que preferíamos ter pulado. Outros dias melhores sempre virão, basta você estar na vida.

Então é isso. Eu desejo para mim e para você que 2007 seja um ano BOM. De MUITA paz, saúde, amor compartilhado, sorrisos trocados, laços estreitados, confianças restituídas, perdões concedidos, tolerância aplicada, paciência multiplicada e muito pouco, mas muito pouco mesmo especialismo. Ninguém é melhor que ninguém. MESMO. Somos, todos, pessoas vivendo em cima de um planetinha azul e isso já é mágico o suficiente, não precisa ser mais especial.

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