15 de janeiro de 2008

Eu canso. É, eu canso. Canso de algumas coisas de um jeito que nem sei explicar. Canso sabe? Assim de pegar gastura e não querer mais? Como quem comeu tanto de um determinado tipo de coisa que depois pode nem ouvir falar que tem ânsia? Pois. É bem assim que algumas coisas me cansam.

Não, e não tenho aviso de que estou cansando. Me dou conta ali, no momento em que a coisa está acontecendo de novo pela milionésima vez e então percebo de modo irreversível que não, nada vai mudar. Não adianta nem que eu mude, as coisas seguirão sempre da mesma forma.

Está sendo assim com falar. Sim, sei que uma psicóloga dizer que cansou de comunicar-se é, no mínimo, psicótico, mas cansei. Porque falar se ninguém vai te ouvir de verdade? Se causa tantas confusões desnecessárias? Enquanto tenho, e expresso, um milhão de dúvidas e incertezas, as pessoas têm o mesmo milhão de certezas absolutas e estapafúrdias, mesmo que não seja sobre a própria vida...

E isto tem me cansado sobretudo na internet. É, nunca pensei que fosse dar o braço a torcer, mas estou dando: tem algo na comunicação virtual que nunca se equipara à real. É como se o fato de conhecer a pessoa - mesmo que a tenha visto infinitamente menos do outros falaram - dá um aval que nunca tê-la visto retira. É uma barreira que tentei de todas as formas romper e não consegui. Estou jogando a toalha. Vou guardar minhas palavras para quem pode olhar no meu olho e saber quem sou de verdade.

Volto a não me interessar pela vida alheia, nem na medida do dito “saudável”. É; um dos motivos de eu não fazer perguntas é justo esse: a vida de ninguém me interessa profundamente. Lembro de alguém que certa vez ligou e perguntou: “quer saber aonde está a minha esposa para eu poder te ligar a uma hora dessas?” e que se magoou com a minha sincera e impensada resposta: ”não me interessa”. “Ah, então tá explicado porque você nunca pergunta nada: eu não te interesso”. “Não. VOCÊ me interessa. O que não me interessa é o porquê de você poder me ligar. Você está comigo ao telefone agora; só isso me basta” foi minha resposta tentando consertar a impressão errada que causei e causo com a minha ausência de perguntas. Porque é claro: eu não perguntar é que é estranho, e não o fato das pessoas se acharem no direito de devastar a vida alheia como se fosse a própria através destas...

As pessoas me interessam verdadeira e genuinamente. Estou aberta para o que elas queiram me dar de si, mas não sou garimpeira para ficar de marreta em mão tentando arrancar o que muitos tratam como tesouros ocultos e na grande maioria das vezes é apenas lixo... E nem me venham com a conversinha de que a pessoa não é espontaneamente o que é se você deixá-la livre. As pessoas são em função de com quem se relacionam. Cada pessoa traz à tona aspectos nossos e é na interação do que sou com o que a pessoa é, que me dou. E se você está ai batendo no peito e dizendo que é a mesma pessoa com todas, saiba que isso só acontece porque você não tem a menor capacidade de percepção alheia. E isso não é qualidade. E se, ao contrário, você vive escondendo dos outros quem você realmente é por conveniência, me diga: o que de real existe na relação que você estabelece com o outro? Eu mesma respondo: N-A-D-A para além da sua necessidade absurda e fantasiosa de controle.

Eu tentei, juro que tentei ser um pouco do que esperavam de mim, um pouco mais parecida com a massa, mas ah! Deu não hein? Deu não!

Quanto a falar de mim... Sempre haverá o blog!

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