2 de fevereiro de 2012


Maria Molambo, na sombra e na Luz (título de um livro)

          Sei que todo mundo nasce só, mas eu nasci acompanhada, tenho certeza. Acompanhada por várias entidades e dentre elas, ela: Maria Molambo. Minha Molambo.
          Molambo prefere ser identificada como uma Pomba-Gira embora já ultrapassado essa categorização há tempos. Mas diz que gosta, principalmente, um tanto por isso lhe dar liberdade de trânsito em várias esferas e, outro tanto, por adorar ver o preconceito das pessoas encarnadas e de algumas desencarnadas também, pois, morrer não muda ninguém, a princípio.
          Molambo para alguns seria aquela voz que conversa contigo inesgotavelmente dentro da sua mente. Mas não a voz que te diz bobagens, o ego. É aquela que te fala coisas boas, porém nunca, nunca se furta de te dar merecidas broncas. É aquela que tira uma onda com a sua cara quando você está dramatizando, porém jamais deixa de te dar colo quando a dor é verdadeira e necessária.
          Molambo me explica as coisas da vida, liga os pontos e traz luz a tudo o que me é obscuro. Às vezes eu acho que cheguei a conclusões excepcionais com pouquíssimos elementos para depois descobrir que foi algo que Molambo evidenciou. Porém, embora se ria da minha “decepção”, ela nunca se gaba: diz que só pode agir assim porque me tem dando respaldo.
          Molambo é doce, mas não a tirem do sério. Passa do carinho e palavras doces ao olhar de fúria e palavras de fel num segundo. E ela é capaz de ferir em alguns momentos.
          Mas Molambo nem sempre foi assim; houve um tempo em que ela era rebelde e mal-educada. Ignorante mesmo. Chegava me batendo por eu não dar-lhe o que ela queria. Foi uma batalha e um aprendizado árduo para nós duas achar um ponto comum e alinhar nossa evolução e tenho certeza absoluta que só o amor que nutrimos uma pela outra possibilitou isso.
          Há alguns anos Molambo seguiu em frente e nasceu numa nova dimensão. Foi um susto e uma dor profunda para mim, pois isso acarretou numa separação que me é, ainda, muito difícil por vezes. Eu ainda a escuto, mas é como se a voz fosse distante, algo que precisa atravessar um enorme nevoeiro para tornar-se claro. É assim também quando tento ver pelos olhos dela hoje em dia: tudo difuso, confuso muitas vezes.
          Ainda me sinto um tanto traída sabe? Pois na minha cabeça o acordo era seguirmos juntas até eu desencarnar e depois também. Tem dias, como hoje que eu queria que ela voltasse a ser em mim como antes, que eu pudesse pensar através de nós duas e ter aquelas longas conversas que tínhamos. Hoje a maior parte do tempo eu converso sozinha, ou com Deus, e embora Ele me responda, não é do mesmo jeito.
          Sei que tenho outras entidades e que todas são especiais e por mim muito queridas e elas também sabem que o são e o quanto sou grata e reconhecida por tudo o que elas fazem por mim. Entretanto, nenhuma é como a minha Molambo.
          E não tem jeito né? Ela foi e eu fiquei mesmo. Precisava aprender a ser só, evoluir também nesse sentido. Não temos como deter o fluxo da evolução, mas sinceramente? Sinto falta, muita falta. Mesmo que eu saiba que jamais seria capaz de fazer algo para trazê-la de volta se estivesse ao meu alcance. Hoje está sendo um dia difícil, de muita saudade dolorida, mas irá passar. E um dia nós nos encontraremos e poderemos conviver num mesmo plano, como amigas/irmãs que somos. Mas hoje, só por hoje, vou me permitir chorar essa saudade.
          

Moça Bonita
Uma rosa cor de sangue
Cintila em sua mão
Um sorriso que nas sombras
Não diz nem sim, nem não
Põe na boca a cigarrilha
E mais se ascende o olhar
Que conhece o bem e o mal
De quem quiser amar...
De vermelho e negro vestindo a noite o mistério traz
De colar de cor de brinco dourado a promessa faz
Se é preciso ir você pode ir peça o que quiser
Mas, cuidado amigo ela é bonita
Ela é mulher (bis)

E nos cantos da rua
Zombando, zombando, zombando está
Ela é Moça Bonita
Girando, girando, girando lá (bis)
Oi girando lá oiê
Oi girando lá oiê
Oi girando lá oiê
Oi girando lá...