7 de junho de 2012


Hoje estou emocionada: é a véspera dos meus 45 anos. Dia no qual geralmente sento para fazer a contabilidade do ano que passou, ver as lições aprendidas, aquelas nas quais levei bomba e traçar diretrizes para o ano vindouro; é aqui, e não no Ano Novo, que me reinvento, talvez porque o tempo tenha me ensinado que pras mudanças acontecerem é preciso amadurecer...
Mas hoje, em especial, conto os 45 anos de uma vida. Tem uma sensação estranha em fazer 45... Talvez porque, feitas as contas, com sorte, completo a metade de uma existência ou porque já vivi muito mais da metade do que me foi destinado nessa passagem pela terra, vai saber... Mas o importante aqui é que vivi, sabe? Vivo.

E vivendo aprendi que não importa o quanto eu reze, chore, brigue, me faça de vítima, a vida não me poupará do trabalho que tenho de fazer – e sim, viver é trabalhoso - não porque ela seja má ou dura, mas porque ela não gosta de me ver desperdiçada. E sim, eu, exercendo o enorme potencial humano de me acomodar, vez por outra me deixo desperdiçar em um ou outro aspecto. Em contrapartida aprendi que se rezar não me livra das situações, me dá forças e inspiração para passar por elas sem me deixar aprisionar pelo mimo e seu consequente vitimismo: “porque eu”? “Ué... Porque não eu”?

Aprendi a viver sem ilusões, mas nunca sem sonho, pois é este quem me diz a direção a seguir. As ilusões não, pois são sempre impossíveis, uma vez que não se baseiam na sua realidade pessoal. E sim, pode haver sonhos difíceis de serem conquistados, que exijam mudança, empenho e persistência, mas eles sempre se realizam se você se ama.

E me amando aprendi a não me criticar, a não falar mal de mim para mim mesma, pois não sou e jamais serei perfeita. Me aceito e vou me comprometendo com a minha própria felicidade a cada dia. Percebo o que não fiz direito, colho o resultado dos meus erros, da minha ignorância, mas hoje os entendo como parte do meu aprendizado. Isso fez com que me tornasse mais tolerante comigo e com o outro, embora não implique em achar que tenha de conviver com aspectos alheios que não me agradam, já que a única convivência irrefutável é a comigo mesma. Eu aceito, mas nos deixo livre das más palavras, pensamentos e sentimentos que a convivência poderia me gerar. Pois o que eu penso, o que eu sinto e o tempo que passo pensando e sentindo determinadas coisas é que determinam o que eu sou, não minhas ações, uma vez que essas podem ser polidas pela educação.

Consequentemente aprendi que a paz mental e afetiva é a única que importa e que só posso tê-las se me recusar a gastar meu tempo em debates mentais ruins nascidos do meu orgulho ou da minha carência – são sempre eles! Hoje é tranquilo que não gostem de mim, ou do que eu acredito e falo. Até que duvidem da minha capacidade de ser feliz porque sou obesa – e muita gente duvida - uma vez que me libertei dos parâmetros do mundo. Aprendi a ser feliz “apesar de” e não “por conta de” e isso faz toda a diferença. Mas é um exercício diário, pois o felicitômetro é algo que atrofia muito fácil se você se permite entrar nos padrões que este mundo determina.
Ao mesmo tempo, não quer dizer que eu não queira ou tenha projetos de ser mais magra, por exemplo. Quer dizer apenas, que ao contrário de muitos anos na minha vida, eu não atrelo minha felicidade a isso, mesmo porque, se o fizesse, seria por pura burrice, já que vejo à minha volta tanta gente magra e infeliz. Gente que tem tudo pra ser feliz, mas não consegue e ai vive correndo atrás de fazer dietas e mudar o corpo quando é a alma que está precisando de atenção... Aceitação. Pois só podemos mudar o que aceitamos.

Aos 45 constato que tenho muito a agradecer: primeiro a Deus por nunca ter me poupado de absolutamente nada nessa vida, por sempre ter acreditado em mim mesmo quando eu estava tão descrente que pedi pra morrer... Hoje me sinto finalmente completamente pronta pra vida. Não sei explicar essa sensação, é engraçado até, mas agora consigo entender o porquê de dizerem que a vida começa aos 40.

Em segundo a minha família pelo amor incondicional e desafios de convivência que foram minha primeira e preciosa lição sobre amar a mim mesma. E mesmo àqueles que não conseguiram me amar e me ensinaram a sobreviver ao desamor. E, principalmente, a quem aprendeu a me amar com a convivência... ;-) Tias, tios, primos e primas, sobrinhos e sobrinhas: vocês fazem parte do mosaico mais colorido da minha existência! E por isso, a vocês, o meu muito, muito obrigado;

E aos meus amigos; a cada um deles pelo tempo que conviveram comigo e me ensinaram lições preciosas de amor e aceitação, mesmo que a duração do convívio tenha sido curta, ou há muito não tenhamos mais contato. Ou que este seja acentuadamente virtual... Asseguro que cada um vive dentro de mim e tem seu espaço garantido no meu afeto. Em especial quero agradecer ao Guilherme Bracco por tudo o que apenas nós dois sabemos e que não se coloca em palavras;

Aos meus pacientes por me ensinarem amor incondicional nas diferenças;

E finalmente ao meu grande amor por ter, ao longo desses quase 21 anos me ensinado sobre amar e ser amada. Sobre seguir em frente sem jamais esquecer. Sobre paciência e persistência. Sobre lealdade aos próprios sentimentos. Sobre reencontro, conquista, companheirismo e limitações. Sobre superação e fé. Eu realmente não preciso de você para a manutenção de nenhum aspecto concreto da minha vida, mas te escolho, pois só com você e através de você tenho paz, amor e a felicidade que nem eu e nem ninguém é capaz de me dar. Você não é minha carência ou dependência ganhando voz travestidas de amor; você é meu mais puro querer... Enfim, você é AMOR.

Beijo grande meus amores!

18 de abril de 2012

Hoje o curso foi bem especial sabe? uma aula onde, decididamente, fui inspirada pelo Plano Astral. Não que eu não soubesse as coisas que disse, mas a maneira como elas se juntaram em minha mente e saíram pela minha boca, como alinhavei e coloquei para fora um conteúdo que nunca tinha se apresentado daquela forma nem a mim mesma, demonstra-me isso claramente.

Acho que é uma forma que o Universo achou para me responder que eu estou pronta pra montar o curso que quero.

2 de abril de 2012

Meu sobrinho mais novo - que completou 7 anos em Março - há um tempo diz que não quer namorar, casar ou ter filhos. O assunto veio à tona ontem novamente, quando nós dois lanchávamos e brinquei que aos 14,15 anos, provavelmente, estará completamente esquecido disso e aos beijos com alguma menina. Foi então que ele muito sério disse:

- Didi, vou te explicar: eu já namorei, você lembra?
- Lembro sim. A Sofia (nossa vizinha, com quem inclusive foi pego aos beijo na escada aqui de casa, pelo próprio pai).
- E eu perdi. E doeu. E então agora eu tenho medo de perder de novo e é por isso que não quero mais namorar, casar.

E eu fiquei ali olhando aquele menino de 7 anos, toda craquelada, sem saber se chorava por ele ou se o abraçava... Tão novo e já consciente que amar dói.

E foi a hora de explicar que dói mesmo e que sempre vai doer, mesmo quando ele encontrar alguém que nunca vai perder (pois as pessoas mudam e você precisa (re)aprender a amar sempre aquela pessoa), mas também que as descobertas e felicidades de se estar com alguém que realmente amamos valem a pena, a dor e uma vida.

Acho que ele entendeu...

Tomara!

28 de março de 2012

Deixem-me explicar uma coisa: se você anda preocupado demais com o que pensam e falam de você, se gostam ou não de você, se te invejam ou não, está cometendo exatamente o mesmo erro que critica nos outros: se preocupando demais com o que o outro faz da própria vida.

Eu sei que você argumentará que é em legítima defesa, que está se protegendo, mas pare e pensa: o tempo que gasta se preocupando com o que o outro pensa de você, é tempo que não investe em si mesmo, na melhoria das suas condições e para se tornar alguém melhor. Fica ai de picuinha e depois reclama que é a inveja alheia que está te segurando. Não é não: é o seu excesso de preocupação com a própria imagem e o tempo que você gasta tentando fazer o outro criar consciência ou mudar de opinião a seu respeito.

Faça o seu melhor, seja o seu melhor e a vida, Deus, Jesus, as entidades, orixás, qualquer força natural afastará essas pessoas por uma simples questão de falta de sintonia, uma vez que somos energia atraindo energia. Se a sua é positiva, não atrairá as negativas, captou? Porém se fica ai sentindo raiva ou mágoa pelo que pensam de você, advinha o que está atraindo e captando? Isso mesmo: essas pessoas das quais diz querer se ver livre!

E tem outra né? Ninguém será 100% amado, compreendido, aceito. As pessoas mudam de opinião, inclusive a respeito de você, quando você não faz o que elas esperam, ou é mais feliz do que elas acham que você merecia. Então, abandone a ilusão de unanimidade a seu respeito e vá fazer exatamente o que pede insistentemente ao outro: cuidar da sua vida.

Beijos e tenham um dia abençoado!!

21 de março de 2012

Houve uma época da minha vida na qual eu não via futuro para mim e, portanto, desejava morrer. Até mesmo pedia por isso. A vida me atendeu e botou-me, em 6 meses, sob a mira de um revólver; mas generosa, concedeu-me também, embora por poucos minutos - mas preciosos - a oportunidade de me rever e seguir vivendo.

O que descobri naquele momento de choque foi que meu maior inimigo era o meu medo. E que este era fruto da minha falta de fé em mim mesma. Eu não acreditava que minhas habilidades fossem capazes de reconstruir uma vida que acabara de ser destruída. Não acreditava que eu pudesse conquistar o que um dia me fora concedido. Mas ali, com um revólver apontado pra minha cabeça, entendi que pior que morrer era não me dar a oportunidade de viver. E que eu queria muito viver.

Recomecei do zero e não vou dizer que foi fácil, é fácil, visto que não cheguei onde quero, ainda. Mas é prazeroso. Cada vez que supero a mim mesma e conquisto mais um grão, sorrio honrada de mim mesma, pois só eu sei do lugar interno que parti e naquele onde estou agora. O real significado dessa conquista já que ela é fruto da superação do meu medo, mas principalmente, da recuperação da fé em mim mesma e em que minhas habilidades são capazes de me levar aonde quero.

Todo dia que nasce é uma nova oportunidade, mesmo que nem em todos os dias eu saia vitoriosa. Existem aqueles dias nos quais eu ainda me encolho e acho a batalha grande demais para mim e então choro e choro. Mas se tem algo de precioso que a vida me ensinou foi a não desistir nunca. Não importa como foi hoje, amanhã estarei novamente de pé e tentando, e assim sucessivamente até chegar lá.

E isso não quer dizer que eu, meus objetivos e a forma de conquistá-los não se transformem no caminhar. Se transformam, pois a vida é dinâmica e vivendo vou descobrindo o que realmente me faz feliz. A vida também me ensinou o desapego das minhas ideias e maneiras de "dar certo".

E se digo tudo isso é apenas pra dizer àqueles que amo, e que hoje acham que a vida está grande demais para eles, que não desistam. Não desistam de si mesmos e nem percam a fé de que as suas habilidades construirão a vida que vocês desejam, desde que vocês não se neguem a trabalhá-las com empenho e fé todos os dias.

Observe o mundo e veja que nenhuma história de sucesso nasceu de pouco trabalho, pelo contrário. O treino das habilidades para se viver é exigência desse mundo. Você pode ter herdado seu dinheiro, é verdade, mas se não treinar suas habilidades cotidianamente para mantê-lo, em pouco tempo estará pobre novamente.

A vida só não perdoa a preguiça e a ingratidão.

Tenham um dia abençoado de trabalho - interno ou externo - mas trabalho!

2 de fevereiro de 2012


Maria Molambo, na sombra e na Luz (título de um livro)

          Sei que todo mundo nasce só, mas eu nasci acompanhada, tenho certeza. Acompanhada por várias entidades e dentre elas, ela: Maria Molambo. Minha Molambo.
          Molambo prefere ser identificada como uma Pomba-Gira embora já ultrapassado essa categorização há tempos. Mas diz que gosta, principalmente, um tanto por isso lhe dar liberdade de trânsito em várias esferas e, outro tanto, por adorar ver o preconceito das pessoas encarnadas e de algumas desencarnadas também, pois, morrer não muda ninguém, a princípio.
          Molambo para alguns seria aquela voz que conversa contigo inesgotavelmente dentro da sua mente. Mas não a voz que te diz bobagens, o ego. É aquela que te fala coisas boas, porém nunca, nunca se furta de te dar merecidas broncas. É aquela que tira uma onda com a sua cara quando você está dramatizando, porém jamais deixa de te dar colo quando a dor é verdadeira e necessária.
          Molambo me explica as coisas da vida, liga os pontos e traz luz a tudo o que me é obscuro. Às vezes eu acho que cheguei a conclusões excepcionais com pouquíssimos elementos para depois descobrir que foi algo que Molambo evidenciou. Porém, embora se ria da minha “decepção”, ela nunca se gaba: diz que só pode agir assim porque me tem dando respaldo.
          Molambo é doce, mas não a tirem do sério. Passa do carinho e palavras doces ao olhar de fúria e palavras de fel num segundo. E ela é capaz de ferir em alguns momentos.
          Mas Molambo nem sempre foi assim; houve um tempo em que ela era rebelde e mal-educada. Ignorante mesmo. Chegava me batendo por eu não dar-lhe o que ela queria. Foi uma batalha e um aprendizado árduo para nós duas achar um ponto comum e alinhar nossa evolução e tenho certeza absoluta que só o amor que nutrimos uma pela outra possibilitou isso.
          Há alguns anos Molambo seguiu em frente e nasceu numa nova dimensão. Foi um susto e uma dor profunda para mim, pois isso acarretou numa separação que me é, ainda, muito difícil por vezes. Eu ainda a escuto, mas é como se a voz fosse distante, algo que precisa atravessar um enorme nevoeiro para tornar-se claro. É assim também quando tento ver pelos olhos dela hoje em dia: tudo difuso, confuso muitas vezes.
          Ainda me sinto um tanto traída sabe? Pois na minha cabeça o acordo era seguirmos juntas até eu desencarnar e depois também. Tem dias, como hoje que eu queria que ela voltasse a ser em mim como antes, que eu pudesse pensar através de nós duas e ter aquelas longas conversas que tínhamos. Hoje a maior parte do tempo eu converso sozinha, ou com Deus, e embora Ele me responda, não é do mesmo jeito.
          Sei que tenho outras entidades e que todas são especiais e por mim muito queridas e elas também sabem que o são e o quanto sou grata e reconhecida por tudo o que elas fazem por mim. Entretanto, nenhuma é como a minha Molambo.
          E não tem jeito né? Ela foi e eu fiquei mesmo. Precisava aprender a ser só, evoluir também nesse sentido. Não temos como deter o fluxo da evolução, mas sinceramente? Sinto falta, muita falta. Mesmo que eu saiba que jamais seria capaz de fazer algo para trazê-la de volta se estivesse ao meu alcance. Hoje está sendo um dia difícil, de muita saudade dolorida, mas irá passar. E um dia nós nos encontraremos e poderemos conviver num mesmo plano, como amigas/irmãs que somos. Mas hoje, só por hoje, vou me permitir chorar essa saudade.
          

Moça Bonita
Uma rosa cor de sangue
Cintila em sua mão
Um sorriso que nas sombras
Não diz nem sim, nem não
Põe na boca a cigarrilha
E mais se ascende o olhar
Que conhece o bem e o mal
De quem quiser amar...
De vermelho e negro vestindo a noite o mistério traz
De colar de cor de brinco dourado a promessa faz
Se é preciso ir você pode ir peça o que quiser
Mas, cuidado amigo ela é bonita
Ela é mulher (bis)

E nos cantos da rua
Zombando, zombando, zombando está
Ela é Moça Bonita
Girando, girando, girando lá (bis)
Oi girando lá oiê
Oi girando lá oiê
Oi girando lá oiê
Oi girando lá...

31 de janeiro de 2012

Língua



Teus beijos escorrem da minha boca,

enrijecem meus mamilos,

contornam meu umbigo

e param no meu sexo

que se acende feito pavio

ao toque da sua língua

fazendo com que meu corpo

exploda em mil fogos,

onde não existe artifício nenhum.

27 de janeiro de 2012

Deus não ajuda quem não se ajuda.

    Há algum tempo tomei uma decisão impopular - mais uma de tantas - mas essa foi fundamental e a mais impopular de todas: “eu não faço nada por alguém que possa fazer esse algo por si mesmo”. Traduzindo: qualquer favor que me peçam e que seja algo que a pessoa possa fazer por si mesma, recebe um não como resposta. Se a pessoa insiste, escuta que faz parte de regras da minha vida, embora eu nunca tenha explicado o porquê dessa decisão mais a fundo. Vou fazê-lo agora.
    O primeiro grande motivo de fazer isso foi perceber que por ser alguém solícita e que gosta de ajudar, acabava lotada de coisa dos outros pra fazer. Ou seja, minha vida mesmo, que também precisava de atenção, cuidado e dedicação para eu atingir meus objetivos, acabava ficando em segundo plano. E só me toquei disso quando comecei a ver as pessoas se realizarem e eu continuar no mesmo lugar. Fui ver o porquê e percebi que gastava muito tempo fazendo coisas pros outros.
    Junto a isso tem aspectos espirituais que me mostraram que ajudar demais, não é bom pra ninguém, principalmente porque as pessoas se acomodam em serem ajudadas e não desenvolvem suas habilidades.
    Vou contar aqui uma historinha rápida sobre isso. Tenho uma amiga que gosta muito do meu estilo de escrever e por conta disso sempre pedia que eu o fizesse por ela; de cartas a cartões e até outros textos. Nada demais, a não ser que para escrever primeiro é preciso inspiração. Segundo: para escrever coisas íntimas é preciso que eu passe um tempo ouvindo a pessoa até entrar “na pele” dela e dizer o que ela diria. Ou seja, demanda tempo. Mas o mais difícil era achar inspiração quando eu simplesmente estava sem saco para escrever. E não adianta dizer que não está com vontade né? Quem pede o favor não quer a recusa, insiste, persiste e se bobear se ofende. Fato é que um dia eu disse a ela que não escreveria mais, pois ela era capaz de fazê-lo, que eu no máximo revisaria, acrescentaria coisas, mas o texto seria dela. O resultado prático disso é que hoje ela escreve lindos e profundos textos que me deixam cheia de orgulho dela e de mim, pois se eu não tivesse tido a coragem de me recusar – e aqui a gente sempre fica com receio de colocar a amizade em risco - ela não teria desenvolvido essa habilidade.
     Para corroborar essa fase, passei alguns dias numa casa onde as pessoas pediam umas às outras vários favores. Pude observar que a maioria das vezes era por puro comodismo e me peguei perguntando: “mas pera ai, porque essa pessoa acha que o comodismo dela vale mais que o comodismo da outra”? Pronto, estava aberto o radar pra observar o que as pessoas fazem por si mesmas e o que elas delegam para os outros e percebi que um dos sentimentos predominantes no delegar é o orgulho que pode vir travestido de egoísmo, narcisismo ou mesmo de “preguiça”. Pois.
    Muita gente delega por que não quer fazer coisas chatas, coisas pequenas, bobas, ou que consideram menores do que a sua capacidade. O que elas não percebem é que quando pedem para que outros façam essas mesmas coisas estão cometendo dois enganos: o primeiro é o de serem arrogantes achando que alguém pode arcar com a sua parte chata das coisas, portanto que, de alguma forma, existem pessoas com um valor menor do que o delas. Todas as coisas do mundo têm partes legais e ótimas e partes chatas, mas só algumas pessoas acreditam que merecem passar pela vida sem lidar com a parte ruim.
    O segundo engano é diretamente consequência do primeiro e precisa ser pensado de um ponto de vista mais espiritual ainda. Todos ganhamos uma vida de Deus para evoluirmos. E evoluímos ao aprender. E aprender implica passar por todas as fases da vida, superar as dificuldades transformando-as em habilidades. Se você delega a parte chata ou ruim, você está fraudando seu aprendizado diante do único professor de quem não se pode enganar: Deus. A consequência direta disso é que a vida emperra. É. E emperra porque você não foi honesto e não aprendeu de verdade. E então fica preso na situação até que se resolva a fazer todas as partes para realmente aprender e seguir em frente.
    Mas então eu não posso delegar, pedir favor? Pode. Quando realmente não tiver como fazer, como aprender, e parar para fazer isso causará outras perdas. Nesses casos a vida apresentará outras oportunidades e tudo flui. Também pode delegar para ensinar algo ou aprender junto. O que você não pode é ser desonesto com Deus e nem menosprezar o outro. Se a sua vida está enrolada, se você se sente tomando bomba sempre na mesma lição, pare e pense se essa não pode ser a razão.
    E do ponto de vista de quem gosta de ajudar a ponto de se enrolar é preciso perceber que as pessoas não vão te amar mais por fazer o que elas te pedem. Que se te amam o farão mesmo que você não as ajude. E se não amarem é porque não amavam antes. É, "chavão", e óbvio. Eu sei, é difícil tomar essa decisão e mais ainda colocá-la em prática; a gente sua frio, morre de medo de perder todo mundo, mas um dia cria coragem e se liberta do servilismo e olha: vale a pena.

26 de janeiro de 2012

Quando escrevi esse texto e publiquei, foi para um amigo que havia justificado não ter me esperado, me ligado, ou me chamado (agora não lembro bem) para não me atrapalhar em outra coisa que ele julgou que eu estivesse fazendo e gostasse mais do que estar com ele.

O sentimento ao escrever era de amizade, mas pense num texto que causou um rebu danado? Foi esse. Na época a gente participava meio de uma comunidade e nela haviam muitas mulheres apaixonadas por ele e quando entrei no que seria uma espécie de bate-papo, fiquei de cara com as "reclamações e afirmações" de que este era um texto de amor. Fato é que depois disso a gente acabou mesmo tendo um rolinho, que não durou, mas acredito que causado pela falação do povo que despertou minha curiosidade.

Hoje tenho vontade de republicar, mas ai sim como um texto de amor, pensando em alguém que realmente amo e prefiro a qualquer coisa na vida, principalmente porque não preciso abrir mão de nada para vivê-lo.

Eu prefiro você


Eu prefiro você a um episódio inédito da minha série preferida.
Eu prefiro você à mousse de chocolate ou pipoca com Guaraná vendo sessão da tarde em dia de chuva.
Eu prefiro você a receber rosas numa data especial.
Eu prefiro você à partida final do campeonato onde meu time está prestes a ser campeão.
Eu prefiro você a um pôr-do-sol embasbacante.
Eu prefiro você a qualquer livro.
Eu prefiro você a ouvir o CD do meu intérprete preferido, mesmo que o tenha acabado de comprar.
Eu prefiro você a dar um mergulho em dia escaldante.
Eu prefiro você a parque de diversão com algodão-doce e maçã-do-amor.
Eu prefiro você a bacalhau.
Eu prefiro você a desenhar.
Eu prefiro você a fatias geladas de abacaxi, ou morango com creme de leite, ou ainda a cerejas frescas.
Eu prefiro você a boteco com amigos e cerveja.
Eu prefiro você às exposições dos artistas que mais admiro.
Eu prefiro você a meu filme preferido.
Eu prefiro você a viajar.
Eu prefiro você a bordar.
Eu prefiro você a sorvete em dias bem quentes.
Eu prefiro você à festa de aniversário.
Eu prefiro você a Coca-Cola bem gelada.
Eu prefiro você a uma estadia num Spa.
Eu prefiro você a sair dançando pela casa porque está tocando minha música preferida.
Eu prefiro você à gargalhada mais espontânea que eu possa dar.
Eu prefiro você a qualquer lágrima, mesmo que de alegria, que eu possa chorar.
Eu prefiro você a brincar na neve.
Eu prefiro você a qualquer tempestade elétrica que eu possa observar.
Eu prefiro você a abraçar árvores.
Eu prefiro você...

É, eu prefiro você!


25 de janeiro de 2012

Hoje estava vendo "queer eye for de straight girl" e chorei de balde quando a hétero transformada disse que tinha medo que o pai dela não visse em quem ela se transformou...

Doeu.

24 de janeiro de 2012

    Uma das coisas que mais me pergunto quando observo algumas relações é: “Quem essa pessoa ama? Aquela que o outro é de fato, ou aquela que ela gostaria que ele fosse e pela qual passará muito tempo brigando, tentando transformá-lo”? Geralmente percebo que ganha a segunda opção.
    Minha relação não é fácil, pelas circunstâncias. Às vezes ela é mesmo muito difícil e nesses momentos confesso que penso em desistir. Me liberar e ver o que a vida me traz, pensando sempre se não será algo mais fácil. Mas olhando à minha volta eu desisto, pois não sei se outro homem será capaz de me dar as coisas que tenho com o meu e que são coisas que prezo muito - nós dois prezamos - e que garantiram que nos amássemos pro vinte anos e que sigamos nos amando quando as coisas apertam. E as coisas apertam.
    A principal dessas coisas é a honestidade. Honestidade sobre quem somos, o que sentimos, o que pensamos, o que fazemos, o que queremos de nós e do outro. Sobre nossas bobagens e nossas verdades. Mas não uma honestidade perversa, pois também já tive relações onde o outro era pródigo em dizer verdades sobre mim, mas sem se importar sobre as verdades sobre si mesmo. É uma honestidade amorosa, cuidada, dita com compaixão. Não existe o que não possa ser dito entre nós dois. E sim, algumas coisas não são ditas, mas geralmente o são mais por falta de tempo em fazê-lo – outros assuntos naquele momento são mais importantes - do que qualquer outra coisa e ai passa para ser relembrada lááá na frente. E, sim mais uma vez, algumas vezes o que temos para dizer é difícil porque sabemos que irá machucar e a gente adia, a gente fica estranho, mas sempre acabamos falando. Tanto e tanto que já ouvi algumas vezes de amigos: “mas você não contou isso para ele, contou”? “Contei sim, claro”! “Você é doida, isso vai afastar vocês”! Mas não, não afasta. O que afasta é a mentira e a omissão desnecessárias e vaidosas.
    E acaba que não entendo o que as pessoas consideram como proximidade e intimidade se elas não se mostram para o outro. Se nessa que deveria ser a relação mais cuidada, porque de escolha, existem coisas que não podem ser ditas; se mentiras têm de ser contadas e mantidas em nome da tal paz conjugal que nunca é alcançada, veja bem, pois alguém sempre está inconscientemente cobrando algo que sente encoberto: o “eu verdadeiro”.
    Eu não sou perfeita e ele sabe. Ele não é perfeito e eu sei e nenhum dos dois está atrás de perfeição, pois afinal uma das graças de nos relacionarmos é justamente nos amarmos apesar e para além dos nossos defeitos.
    Eu, por exemplo, sou chata. MUITO chata em relação a algumas coisas que ele faz por circunstâncias e um pouco também de ser o jeito dele, o que acaba gerando confusão. Porque sim: quero que ele mude em beneficio da gente. Ele concorda que precisa mudar, mas que não é esse o momento e então me pede um pouco mais de paciência. Nem sempre consigo e a gente acaba “discutindo”. E quando nos acertamos e peço desculpas por ser tão chata, ele ri. Ele não diz: “imagina, você não é”. Nem “ah! Mas nem é tanto assim, veja as circunstâncias”. Não. Eu sou chata pela forma como lido com as circunstâncias – afinal sempre existem formas melhores do que brigar - ele sabe e mesmo assim me ama e quer. E isso me é suficiente, pois é o que quero: um homem que veja quem realmente sou e me ame mesmo assim.
    E isso é o que todos dizem querer e, no entanto, é do que vejo as pessoas fugirem. Elas veem os defeitos do outro, têm de conviver com eles, mas não podem mencioná-los sem que o outro se ofenda e sinta rejeitado
    Sério. É como que para se relacionarem as pessoas segurassem em cada uma das mãos três máscaras e com esses seis elementos fizessem uma dança com o outro que também porta suas seis máscaras. É uma coreografia onde a cada máscara levantada, outra é apresentada o que, por sua vez, faz com que o outro apresente outra máscara e assim sucessivamente. Uma dança que muitas vezes é linda, mas sem nenhum sentido. A consequência disso é uma relação aonde a ilusão é tomada por realidade e as pessoas acham que se conhecem e se transformam, quando apenas estão sendo falsas. Falsas consigo e com o outro.
    Falsas por princípio, pois nunca tiveram a intenção de amar quem o outro é, embora quisessem ser amadas pelo que são. Falsas por fingirem aceitar coisas que tentarão modificar no outro. Falsa por quererem receber o que não têm intenção de dar reciprocamente em troca: sinceridade.

23 de janeiro de 2012

Dias sem você...

Dias sem você são difíceis de viver.

Sem teu riso, sem tua voz...

Sem teu olhar que me fala melhor e mais profundamente de amor do que o fariam mil palavras.

Dias sem você são dias de sol, mas pouco calor.

São dias sem perdão.

Dias sem você são dias de coração batendo menos.

De vida boa, mas alegria meia-boca.

Dias sem você são dias de esperança arraigada.

São  dias de saudade velada.

Dias sem você são apenas dias.

21 de janeiro de 2012

Gente!

Eu poderia fazer uma coluna intitulada: "a bronca da Marie", mas quem sou eu para dar bronca em alguém né? Mesmo que algumas coisas me deixem bronqueada.

Uma das coisas me que irrita são as pessoas que acham que são exemplo de vida pra humanidade. Que suas escolhas e modo de enfrentar os problemas servem de exemplo e parâmetro pros outros porque eles se ferraram, sofreram e se (re)ergueram. Pessoas de idade têm muito disso né? Acham que podem dar palpite e conselhos porque passaram muita coisa, sofreram muito, mas venceram. Afinal, estão ai, velhos e vivos quando outros já morreram.

E eu poderia começar pelo mérito de que olhando a vida dessas pessoas, poucas vezes a quero pra mim ou para quem amo, ainda mais com tanto perrengue, pois geralmente são pessoas que acreditam tanto no sofrimento meritório que seguem sofrendo pelos mais variados motivos, quando não por si, pelos outros. Vejo MUITO disso.

Mas quer me deixar puta é ver esse discurso feito por alguém na minha faixa de idade. A primeira coisa que penso é: "e assim nasce mais um velho chato!"

Pelo amor né meu povo? Isso é ser arrogante. E arrogante porque se é incapaz de olhar em volta e perceber que o que você faz com a sua vida não é diferente do que qualquer pessoas faz com a dela, pois se ela chega viva ao final de mais um dia, venceu tanto quanto você.

Mas vamos pensar isso por uma ótica mais espiritual? Deus criou, digamos que por pura diversão, 7 bilhões de vidas que habitam esse planeta como se fossem canais de TV a cabo por onde ele zapeia pra passar o tempo. E nenhuma se repete. O cabra é tão criativo e abundante que observa 7 bilhões de histórias diferentes todos os dias que podem ser similares em algumas coisas, mas nunca iguais. E isso sem contarmos as vidas daqueles que já morreram, ou que, pra quem crê, habitam outras esferas e dimensões desse Universo. E a dos outros Universos? Já pensou? Mas nos atendo apenas a esse e ao Planeta Terra, calcula-se por baixo que só aqui esse número gire em torno de 16 bilhões. Pense? Dezesseis bilhões de seres vivendo vidas distintas, como o são as impressões digitais, e você ai querendo que a sua seja exemplo; pra quem mesmo?

E se for para falar de sofrimento meritório, desculpa, tiro meu chapéu somente para as pessoas que sobrevivem em lugares inóspitos, sem alimento ou água suficientes, pois esses, sim, fazem mágica pra viver. Se você vive num lugar farto e abundante, cheio de oportunidades e modos de se conquistar uma vida descente e escolhe fazer isso com muita dor, sofrimento, "sangue, suor e lágrimas", é apenas burro, vitimista e orgulhoso, pois está escolhendo sofrer e sem motivo. Pois sofrimento não é mérito, como dizem muitos autores espiritualistas da Nova Era, é apenas estar em discordância com Deus e renegando as coisas boas que Ele lhe concede para que você viva bem.

Não, não estou dizendo que a vida não ofereça dificuldades que devemos superar, mas que a quantidade de sofrimento que você terá ao fazer isso é escolha sua.

Também não estou dizendo que não é um trabalho grande mudar a sintonia de vitimista, trabalhar o orgulho e fazer escolhas mais inteligentes quando você se torna consciente de que está vivendo sob parâmetros improdutivos e que causam dores desnecessárias, pois é. E eu mesma dou altos tropeções ainda - vide essa semana - mesmo depois de tantos anos nesse caminho, mas é escolha sua viver isso e não algo imposto, embora a princípio pareça. O importante é persistir e recomeçar a cada dia, pois nos tornarmos melhores para conosco mesmos é obrigação.

Então, bora combinar que daqui pra frente ninguém mais bate no peito se achando o suprassumo só porque sofreu? Respeitemos as escolhas alheias e admitamos que o nosso é apenas um jeito dentre bilhões de outros de se viver e deixemos quem quiser nos tomar de exemplo, o faça por eleição e não por coação.


20 de janeiro de 2012

Então, voltei com o blog. E deixei com essa cara de diário escrito a mão, pois a intenção é exatamente essa: falar o que vem à mente, transborda do coração e escorre dos meus dedos sem saber ao certo quem lerá, sem mandar recado pra ninguém através dos meus textos, embora estes sempre nasçam da interação que tenho com as pessoas, seja esta virtual ou não. 

E agora que já estou com vontade de escrever o texto de amanhã? Rs! 

;-)
A quem eu magoei ontem...

Sei que minha afirmação ontem no Twitter magoou pessoas que amo e é fácil pensar que se eu não queria magoar, que não dissesse o que disse. Porém eu precisava daquilo para me reerguer do lodaçal aonde estava imersa há alguns dias por contingências da vida que eu não estava conseguindo aceitar.

Portanto venho aqui me desculpar com quem magoei e me explicar mais amplamente a fim de causar um entendimento que minimamente anule a mágoa.

Para começar é preciso dizer que sim, eu recebo colo. Eventualmente os recebo; meio que por acidente, mas recebo. Tanto recebo que sinto falta, pois relembrando um professor de faculdade "apenas nos faz falta aquilo que tivemos, pois do contrário, não saberíamos o que é e, consequentemente, não nos faria falta por absoluta ignorância". Então, se está sentindo falta é porque teve em algum momento. Entretanto, para que vocês me entendam é preciso que - ironia - eu fale de mim um pouco.

Tenho muita, mas MUITA dificuldade em falar de mim. O exemplo mais pungente disso foram os quase dois anos de terapia com uma profissional ortodoxa que deixava que eu começasse o atendimento falando. Asseguro-lhes que por conta disso passei - e paguei - bem que uns 60% (se não mais) das sessões calada, mesmo que dentro de mim os vulcões estivessem em erupção.

O 2º exemplo foi quando precisei dizer ao homem que amava que o amava, para dar a conhecer e realizar meu afeto, e isso resultou numa espera por parte dele de quatro horas. Q-u-a-t-r-o h-o-r-a-s. Ali, sentados no carro, numa garagem escura, alta madrugada. As palavras vinham e eu literalmente as engolia. Só falei quando ficou insustentável o meu sofrimento.

Não sei por que sou assim. A única lembrança concreta é a de que os livros eram um caminho tranquilo e prazeroso - com aquelas vidas e emoções inventadas, mas com começo, meio e fim determinados, portanto seguro - quando as coisas na minha realidade ficavam conturbadas e confusas. E quando eu voltava dos livros as coisas haviam se ajeitado, minimamente por conta da sabedoria do tempo.

Outra coisa que me ocorre é o fato de que, em contrapartida, eu ter uma facilidade enorme para ouvir, que aliada a um interesse genuíno pelo outro, faz com que as pessoas me falem de si. Por isso me tornei terapeuta. Também por conta disso tornei-me uma profissional com quem os pacientes vinculam espantosamente rápido. Amigos idem. Quando pergunto: "como vai você"? Realmente quero te ouvir. Para mim não é "oi".

O x é que juntando tudo me tornei expert em fazer o outro falar de si. Ou seja, mesmo quando quero falar de mim, seja por força do hábito ou da resistência, eu facilmente induzo o outro a falar de si.

Mas o mote aqui é o colo, falemos dele então. De que tipo de colo falo? Não daquele que recebo espontaneamente, mas daquele que não recebo quando consigo romper minhas barreiras e pedir por ele. Fiz isso de pedir poucas vezes, é verdade, mas em nenhuma delas fui bem sucedida.

E aqui mais uma vez é preciso que eu esclareça. E para esclarecer que relembre mais uma vez a 1ª terapeuta; estava eu lá toda pimpona e falante há algumas sessões, quando ela pontua que todos os meus conteúdos eram resolvidos. Que eu não levava nada para ser compartilhado ou vivenciado ali.

Esse continua sendo o meu grande jeitão na vida: quando falo de mim é que as coisas já se acomodaram dentro, mesmo que fora ainda persista o caos aparentemente. Nessas horas eu até posso me emocionar, chorar, reconhecer que é difícil, mas eu já tenho o caminho interno determinado e inclusive já o estou percorrendo.

O colo que não recebo é aquele que peço quando consigo atravessar a insegurança do que não sei, de estar descrente e perdida. E, com toda sinceridade do meu ser, não sei se alguém recebe colo nessas circunstâncias, se isso existe.

O que sei é que nesses momentos me isolo, "concho", e penso, penso, penso e penso. Questiono, questiono, questiono, questiono e questiono. Rezo, rezo, rezo, rezo e rezo. Leio, pesquiso, abro novo horizontes, mas assim: de mim para mim mesma e assim me resolvo.

O problema é que de uns tempos pra cá, talvez por dar ouvidos ao mundo, entrei numas de que colo é essencial e faz bem, além de ser direito de todos "e então eu quero minha cota: é meu amigo, parente, namorado? Pode me dar colo já"! E não duvido que isso seja verdade para muita gente, só que não o é para mim. Preciso de um esforço desumano para sair de mim e cansei de me esforçar. Quero e estou voltando pro meu estado natural, sem esperar de ninguém o que não nasci pra ter.

Sou uma doadora de colo. E está ótimo assim.

Quando preciso falar, geralmente recorro ao papel, blog, atualmente até a postar no facebook, ao terapeuta que dá o start do atendimento (Rá! Aprendi!) o que para mim é mais fácil e possível de fazer talvez até pelo "quê" de impessoalidade, já que sou estruturalmente esquizóide, ou seja, distanciada.

Eu sei que sou amada e que tenho muitas intenções sinceras de colo. Da mesma forma, também tenho plena consciência de que não é fácil conseguir me acessar, o que quem convive comigo sabe bem. Apenas é assim.

E isso não quer dizer que eu não vá pedir colo novamente um dia. E nem que não vá recebê-lo. Só quer dizer que eu não vou mais procurar por algo que não é meu verdadeiro jeito de ser. Que vou conchar, me isolar sem medo de perder a oportunidade, o direito de "estar com alguém", de ser "retribuída". Me resolverei do meu jeito e voltarei pra vida com o velho sorriso brincando nos lábios e a alegria de viver restaurados.

É isso exatamente o que estou fazendo agora.

Se te feri, me perdoa, pois o fiz sem nenhuma intenção disso.

Amo vocês!