17 de abril de 2008

Hoje te amo para sempre; amanhã não sei...

Só vivi amores platônicos na adolescência. Aos quilos. Nunca vi alguém pra se apaixonar como eu naquela época; conseguia num dia só gostar de uns 3 cabras diferentes... Mas não ficava com nenhum a maioria das vezes. Cobiçava de longe e me atrapalhava de tal forma quando chegavam perto, que eles acabavam desistindo daquela doida.

Por volta dos 21 anos desencantei e passei a ter vários relacionamentos. Namorava um, terminava e dias depois já estava namorando outro. Lembro de uma amiga que morando fora de São Paulo um dia exclamou: "Cacete mulher! Te encontrei 5 vezes nos últimos dois anos e em nenhuma dessas vezes você estava sem ou com o mesmo namorado, foi à forra é"? Pois. Mas se eu ainda era a gorda de sempre, o que havia mudado? Diria que principalmente a minha atitude antes de me apaixonar: passei a me interessar somente por homens que sinalizavam interesse em mim. Sigo assim até hoje. O interesse por mim é a coisa mais sexy e apaixonante que um homem pode ter tanto para me conquistar, quanto para me manter conquistada.

E mesmo amando, se tem uma coisa que não consigo fazer é jura de amor eterno. Todas às vezes em que ouvi um "te amo para sempre" respondi com: "hoje te amo para sempre; amanhã não sei". Se algum não gostou, não sei. Porém o tempo provou que eu não estava errada em evitar me comprometer com algo que nenhum dos dois podia cumprir.

Há alguns dias venho pensando que meu afeto é mesmo muito determinado pelo interesse que percebo que o cara tem por mim. Se ele demonstra interesse e se faz presente, eu correspondo. Se ele se desliga da relação, mesmo sem querer começo a fazer isso. Porque amor não correspondido dói né? Pra porra. Não conheço nada que doa tanto, nem dor de dente.

E embora tenham pessoas que achem que você deve amar e demonstrar amor mesmo que o outro se mantenha "impassível diante do dragão", como diria Neimar de Barros, eu não consigo. Mesmo que ame. Relações onde um dá e o outro joga migalhas achando que isso alimenta não são comigo, nunca foram. Todas as vezes em que terminei meus namoros foram porque me reconheci fazendo isso. Ninguém merece ser tratado assim.

Amor bom é amor correspondido. É amor vivido. É amor compartilhado e construído por dois. Se não for assim não vale a pena, pois logo vira ressentimento e mágoa. Porque quem ama quer ser amado. Ninguém ama por dois, ninguém se dedica sozinho, ninguém se sente bem em beijar apenas a fotografia. Quem ama também quer receber ligações e mensagens carinhosas; quer sentir que o outro sente a sua falta e tem prazer em estar junto e por conta disso abre espaço na própria vida para que o encontro possa acontecer.

Eu sei que por conta desse meu jeito, muita gente acha que me transformo em outra quando me desapaixono e se ressente comigo. Eu não me ressinto de volta, mas acho engraçado a pessoa querer ser tratada com um especialismo que não corresponde. Acho engraçado mesmo, de me rir sabe? Por dentro e pensar: "doido"!!! Mas isso não é loucura, é mimo né? Egocentrismo. É ser como um colecionador de afetos, sendo este algo que você tem, põe na estante, orgulhosamente exibe pros amigos de vez em quando, mas mantém lá, atrás do vidro; você não estabelece relação real com a coleção...

E não pensem que eu não sofra de desamor, sofro. Igual todo mundo. Só que hoje em dia esses processos são mais rápidos. Foi-se o tempo em que eu levava 5 anos pra esquecer um amor. Hoje é questão de meses.

No fim das contas o amar se resume numa coisa só:

Quem ama, corresponde.

Simples assim.

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