24 de abril de 2009

Nos últimos dias me dei conta de uma coisa: sempre encarei a vida como uma adversária, algo contra o qual eu sempre devia lutar para superar. Nunca me ocorreu que ela fosse, na verdade, minha aliada. Uma energia à qual eu deveria me unir para poder fluir junto e chegar mais facilmente aonde quero.

Foi lendo diariamente aquela oração de afirmações que postei ali embaixo, que isso foi ficando cada vez mais claro dentro de mim, até que um dia, em meio a um comecinho de crise, pensei para me acalmar: "minha vida é divinamente guiada" e então me dei conta que minha postura diante da vida era completamente oposta a isso, pois sempre me armava ao menor movimento contrário ao que eu acredito que ela deva fazer.

Se acredito em um Deus que quer o melhor para mim, mesmo que o melhor nem sempre seja satisfazer os meus desejos do meu jeito, porque o trato como meu inimigo? Porque desconfio das suas ações e sempre as vejo como algo do qual tenho de me defender em princípio, ou até que constate que o que aconteceu, geralmente, foi o melhor para mim?

Essa crença nos é infiltrada quando crescemos ouvindo coisas como: "a vida é dura"; "é uma batalha"; "matamos um leão por dia". Isso não é necessariamente verdade. Conheço pessoas que têm uma vida produtiva embora esta não seja difícil. Onde tudo aquilo a que a pessoa se propõe se resolve com facilidade o que faz, inclusive, com que ela sempre tenha tempo para se dedicar a novos projetos.

E é engraçado notar que essas pessoas não têm a menor dúvida do valor que têm e não querem "se provar" através das situações, o que causa dificuldades. São pessoas que não duvidam que merecem tudo o que desejam e um pouco mais. E não, não são pessoas egoístas, muito pelo contrário: são de uma generosidade ímpar, pois sempre estão convidando os demais a partilharem da sua jornada; agregam valor.

Então meu trabalho atual tem sido o de me dizer, a cada vez que me pego pensando na vida com uma certa sensação de receio, que ela não é uma inimiga da qual preciso me defender. Sei que algumas situações passadas poderiam me levar a pensar isso, mas hoje não mais. Hoje eu sei coisas que antes não sabia e posso responder de forma diferente às situações.

E nem consigo descrever aqui a diferença enorme que essa mudança de perspectiva causa em mim. O trabalho é de formiguinha, pois essa crença é arraigada. Então muda-se um pouco a cada dia. E já aprendi nesse processo que quando você acha que mudou o suficiente, novos aspectos surgem até que você tenha trabalhado todos os elementos daquela crença e ela tenha se transformado, ou até mesmo deixado de existir. Porém confesso que já sinto muito mais ânimo em olhar o mundo, pois este deixou de ser um campo de batalha e passou a ser um lugar de descobrimento e aventuras.

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