29 de outubro de 2006

 



Mulherzinha, um halloween cotidiano.


Que mulher é um bicho esquisito todo mundo está careca de saber. Porém existe um tipo de mulher que é o top de linha no quesito esquisitice. É a mulherzinha do mal.

Existem dois tipos de mulherzinha: as do bem e as do mal. Mulherzinha do bem gosta de se cuidar e gasta dinheiro tanto no cabeleireiro quanto em lojas de roupas, sapatos e academias. Mas não é fútil. Geralmente é engajada em causas sociais, politicamente envolvida com a sua realidade; é alguém legal e bem humorada; é emocionalmente saudável, pois sabe que pode ser a melhor pessoa do universo e que nem isso garante que será amada e querida por todos os que a cercam. É bem educada de verdade, sem necessidade de regras e não perde tempo cuidando da vida alheia, pois acredita que a diversidade é criativa e ajuda na evolução humana.

Mulherzinha do mal - a que me interessa analisar nessa crônica - faz tudo o que a do bem faz, mas pelos motivos errados. Gasta o mesmo dinheiro com as mesmas coisas, mas é fútil ao extremo; tudo visa a impressão que vai causar em quem a vê de fora. Caso seja social e politicamente engajada é pelos benefícios de ser avaliada positivamente e não por visar o bem alheio. Geralmente é mimada e cheia de birras, mas como sabe que ninguém tolera pessoas assim, finge não ser usando de uma educação forçada e forjada em regras de etiqueta que muitas vezes inventa ou modifica para atenderem às suas mesquinhas necessidades.

Mas se você quiser mesmo identificar uma mulherzinha do mal, rejeite-a. É, rejeite-a. Faça isso e prepare-se para ver vir à tona a figura suprema do despeito. E não existe nada pior neste mundo do que uma mulher despeitada, pois ela é capaz das piores baixarias que um ser humano pode dar, mesmo que as envolva em sutilezas e máscaras ou que se esconda para praticá-las. Trocando em miúdos: toda barraqueira é mulherzinha, porém nem toda mulherzinha do mal é barraqueira. Isso posto, não espere que esse tipo de mulherzinha tire a máscara em público, não. Em público ela seguirá fingindo erudição, delicadeza e sensibilidade mesmo que esteja longe de possuir isso tudo. E através de uma aura de articulação e num discurso que aparentará ser politicamente correto (para os que não têm ouvidos de ouvir), vai falar mal de você para quem quiser e se dispuser a ouvir.

E tudo isso porque na mente dela é inconcebível que alguém ouse não amá-la ou querê-la. E quem ousa tanto só merece um destino mesmo: a morte. Mas como ela não vai se arriscar a passar o resto da vida na cadeia assassinando alguém – é mulherzinha, não burra... Ou não tão burra, vai - irá empenhar-se em matá-lo socialmente, transformando o rejeitador, aos olhos alheios, em párea da sociedade. E para isso vai usar as velhas regras de etiqueta que são apreendidas em conformidade com os seus pré-conceitos e preconceitos.

E é claro que ela perde boa parte do tempo precioso da sua vida cuidando da existência alheia, e julgando as pessoas que vivem ao seu derredor, sempre negativamente, uma vez que nada ou ninguém que seja diferente do que ela é pode ser realmente bom, já que julgar o diferente melhor, implica, na cabecinha dela, em não se ver como boa e isso acaba arremessando-a de encontro à insegurança aflitiva que é a realidade da sua natureza. Então, tudo da mulherzinha do mal é o melhor, desde o cotonete, marido, filhos, namorado, amante e até amigos. E, no entanto, e apesar de viver se vangloriando de si mesma, não admite que o faça exalando, assim, uma constante aura de falsa humildade. Ai está uma outra maneira de denunciar uma mulherzinha do mal: diga-lhe que algo que você ou alguém tem é melhor do que o dela e a veja querer provar, por todos os meios ao seu alcance, que você está completa e redondamente enganado.

Um dos indícios mais seguros de que estamos convivendo com uma mulherzinha do mal é que nos perguntarmos com uma certa constância quando a ouvimos: “ mas como assim, ela fala do outro sendo que faz o mesmo”? Ou: “será que falta espelho na casa dela”? Pois é, meus amigos, cuidado! Mulherzinha, tem uma sempre bem perto de você.

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