10 de outubro de 2006

 

Jurei, mas não dá!



Jurei-me que não ia falar sobre política, mas fica difícil cumprir esse juramento diante do grau de argumentação que leio e escuto por ai para se votar no Lula e não no Geraldo Alckmin. As pessoas têm o direito de votarem em quem quiserem, por crença ou descrença, porém se resolvem justificar o seu voto, que o façam, mas evitem as bobagens.

Por mim começo dizendo que demitiria sumariamente qualquer funcionário, tivesse ele a escolaridade que tivesse, sob a incumbência do qual deixei um departamento e que a cada vez que eu o questionasse sobre o que saiu errado ali me respondesse: “não, sei, não vi, não fui avisado”. Você não pode ser muitas coisas na Presidência da República de um país, mas omisso é algo que você não pode ser em hipótese nenhuma.

Outra justificativa absurda é aquela que diz que não votarão no Alckmin por ele ser rico. E como isso me lembra discurso religioso que glorifica a pobreza como o caminho para o reino dos céus: “não apóie o rico! Todo rico é mal e vai arder no fogo do inferno por explorar os pobres”. Como se nenhum rico tivesse batalhado muito o dinheiro que tem e não trabalhasse muito para mantê-lo também. Como se a riqueza não gerasse empregos e prosperidade e não movesse o mundo oferecendo a vara com a qual se pescar e não o peixe. Bonito mesmo é exibir os números do assistencialismo que o Lula e seu partido promoveram durante quatro anos como se fossem grandes conquistas do país e da população carente, ao invés de perguntar-lhes porque também não fizeram o que sempre, enquanto oposição, diziam ser prioridade no Brasil para que esse gerasse mais empregos e que é a reforma tributária e fiscal. É fácil acusar o empresário de ganancioso e explorador e assim isentar-se de diminuir a carga tributária que se paga sobre o salário do trabalhador que nesse país é tão massacrante que coíbe o crescimento do investimento produtivo que sempre gera milhares de empregos.

E em que momento nós passamos a acreditar que receber esmola é mais digno do que receber salário?

Escuto e leio muito: “FHC nunca mais”!!! E me pergunto silenciosamente se o povo bebeu, é isso? Que conversinha é essa, sendo que o plano econômico que o país vem executando há mais de doze anos e no qual o Lula não mexeu um milímetro, é exatamente aquele que o Fernando Henrique Cardoso pôs em prática enquanto Ministro da Fazenda do governo do Sr. Itamar Franco? Se o Brasil hoje tem visibilidade e respeito econômico, se o governo Lula conseguiu reverter a situação junto ao FMI pela primeira vez na história do país, foi justamente porque teve a sapiência - talvez única - de não chegar ao poder dizendo que estava tudo errado e recomeçar do zero. E tem mais: usando a reserva econômica que o Fernando Collor de Melo deixou, mesmo tendo um curto mandato e fazendo tudo o que fez. Sem essas coisas nós seriamos ainda um país a naufragar e sem qualquer credibilidade, mesmo entre as nações mais pobres. Traduzindo, a verdade é uma só: ou você tem dinheiro em caixa e demonstra estabilidade econômica, para ser respeitado enquanto país, ou nada feito. E não se iluda: somos, como qualquer país, extremamente dependentes das nossas relações exteriores.

Ah! As privatizações e o dinheiro que ninguém viu... Não sei se as privatizações foram a melhor solução, de verdade. Mas o que sei é que no Brasil imperava uma mentalidade de reserva de mercado que vinha nos relegando aos últimos lugares do desenvolvimento científico e industrial e nos transformando num país sucatado tecnologicamente. O que sei também, é que aqui não existiam pessoas aptas para entrarem na concorrência, pois o governo detinha empresas e tecnologia e assim, mesmo quem tinha capital nacional com o qual comprar, se o fizesse não saberia como operar. Engraçado é que mesmo após anos de abertura comercial e embora tenham dinheiro, ainda não existe ninguém no país disposto a entrar no negócio... Estranho né? Minimamente estranho.

É o dinheiro ninguém viu, concordo. Mas também esse não é o primeiro dinheiro a desaparecer. Aliás, ô país para saberem fazer mágicas de aparecer e desaparecer dinheiro quando se é político! Pois eu que sou do povão, só sei é fazer desaparecer mesmo e ficar apertada mais de quinze dias no mês, não importa de quem seja o governo... É, qualquer dinheiro que eles políticos fazem desaparecer do nosso bolso também desaparece das ações sociais que deveriam prover. Veja o dinheiro gerado pela cobrança do CPMF que, sim, foi implantado pelo José Serra no governo FHC, PSDB e bláblábláblá... E, no entanto, já se vão quatro anos de um governo Lula e nem assim o dinheiro apareceu. Ou apareceu comprando dossiês, na cueca ou em mensalões de muitos só que ninguém assume? E isso com todo mundo vendo como está a saúde no nosso país...

E pode ganhar a eleição quem quiser, enquanto o legislativo desse país não sofrer alterações profundas, nada vai mudar. Enquanto o povo não aprender a não eleger Maluf e Collor a coisa não vai para frente não. Tudo bem, todo mundo merece uma segunda chance, acredito piamente que somos capazes de aprender com os nossos próprios erros, mas ninguém pode recomeçar por baixo não? Tem de ser logo como Deputado Federal e Senador?

Enfim, é sempre assim: tudo tem vários lados e governar esse país não é fácil nem pro Lula, nem pro Alckmin e nem para Jesus Cristo caso este nascesse de novo e quisesse ser mártir se imolando ao povo brasileiro. Porque juro que quando vejo esse circo todo armado não consigo deixar de pensar naquela piadinha onde São Pedro reclama de Deus não ter posto catástrofes naturais nesse país, ao que Ele responde:

- Espera só pra ver o povinho que pus lá.

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