14 de março de 2010

É uma coisa engraçada... A gente jura que alguns sentimentos e algumas pessoas nunca vão passar e no entanto passam.

Mantive uma relação atribulada por quase 10 anos e a sustentei porque tudo o que eu sentia era tão intenso que não dava sequer conta de pensar na minha existência sem sentir aquilo que sentia. A gente brigou muito, muitas vezes ficamos sem nos falar, por meses, muitos meses, mas eu sempre sofria. Sempre. Era o orgulho que me mantinha distante. Porém, um dia, o sofrimento se tornava insuportável e eu me arrastava de volta implorando um perdão que muitas vezes sequer sabia ao certo se era eu quem devia pedir. Se visse rastros da pessoa online, ou se alguém me contasse que ele estava ali, era como ter um punhal cravado no peito. Um medo absurdo de nunca mais: nunca mais falar, rir junto... Até mesmo de nunca mais brigar.

Era a minha loucura... A minha mais completa e absoluta insensatez. Perdi a conta das vezes em que ri com ele até doer a barriga e também das vezes incontáveis em que ele me fazia chorar na frente do micro... Quantas vezes eu passava horas conectada esperando ele entrar no MSN pra depois de 5 minutos dele estar ali, eu desejar ardentemente que ele sequer tivesse aparecido... Era meu desatino.

A penúltima vez em que brigamos já foi um tanto diferente; eu conseguia passar alguns dias sem pensar nele, mas ainda era mágoa, orgulho, embora já em menor intensidade que das outras vezes. Nos reconciliamos e ai veio mais uma briga meses depois...

Hoje eu olho para dentro do meu peito e me pergunto onde foi parar tudo o que eu sentia, aquele amor alucinado e aquele desespero todo quando ele estava longe? Hoje me contam que ele está online e pra mim é igual a se não tivessem me dito nada. Vejo os rastros dele pela internet e não sinto nada... É como ver uma pessoa conhecida, mas com quem nunca se conviveu ou teve intimidade.

Muitas pessoas acham que nossas brigas são sempre temporárias de tantas as que já presenciaram, mas desta vez eu duvido. Não que a gente não vá mais se falar, ele já me ligou numa necessidade e eu o atendi normalmente, porém tem algo profundamente diferente entre a gente, em mim. eu não sinto mais o amor que sentia.

Meu amor acabou, ou ele nunca foi amor de fato, era uma loucura, uma paixão avassaladora? Será que o acúmulo de mágoas foi extintor do incêndio que eu julgava eterno? Não consigo sequer saber se sinto falta, pois eu gosto imensamente da paz que tenho todos os dias.

Mas se me pergunto o que foi que matou o meu amor por ele, me respondo que foi o cinismo e a ironia que passou a existir da parte dele nas nossas conversas. Foi isso que espatifou os meus sentimentos de um jeito que eu não consigo mais colar... E nem sei se quero...

Muitas vezes ele dizia que minha mudança em relação a ele era devido a falta de tempo dele em se dedicar a nossa relação. Tem uma amiga em comum que diz que isso que eu não sinto hoje muda se ele voltar, porque ELE É ELE, mas de verdade eu não sei. Ele sempre existiu em algum lugar aqui no meu coração, muitas vezes escondido ou encoberto dentro do meu peito, porém agora não. Agora é como se ele fosse um retrato pendurado na parede...

Eu o amo, mas da mesma forma que amo muito das pessoas que conheço e não convivo. Desejo a sua felicidade, e no entanto, ele deixou de fazer parte das minhas orações diárias, não por maldade, vingança, mágoa ou revolta, eu só não lembro...

Hoje eu o desbloqueei no MSN... Justo porque ficou indiferente. E eu sei que ficou indiferente justo porque o vi por ai e nao senti aquele aperto no peito, aquele medo de que ele nunc amais quisesse falar comigo ou deixasse de me amar.

Não vou afirmar isso com rigidez. Aprendi que a vida é eterno fazer e refazer-se, e eu não quero mais ser dona de certezas. Falo apenas do que sinto hoje e de uma certa estranheza por perceber que passou.

Paz né? Paz.

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