29 de agosto de 2008

Araras II

E teve o reencontro com o homem que eu sempre soube amar...

Num primeiro momento o que senti foi uma relativa falta de jeito com algumas gotas de timidez quando você desceu do carro. Brinquei apontando o número do hotel dizendo que ele realmente existia e a gente se abraçou. Ouvi as duas vezes nas quais perguntou se eu estava bem – enquanto nos desvencilhávamos - e mesmo assim só respondi com a cabeça, ao mesmo tempo em que me virava em direção às meninas para apresentá-los. Eu queria que elas o vissem, mas queria mais ainda sair correndo dali para poder estar a sós com você.

Uma vez dentro do carro exultei quando a primeira coisa que você disse foi que eu não havia mudado nada nesses 12 anos; ainda tinha o mesmo rosto. Fiquei feliz da maneira boba que só mulheres ficam com coisas assim. Achei engraçado você negar, quando eu disse que você também não mudou, dizendo que tem rugas que não tenho. Foi com carinho que olhei seu rosto e comentei que isso era resultado não da passagem dos anos, mas de você trabalhar exposto ao sol. Esse foi o primeiro momento em que olhei para você de verdade naquele dia. E olhando pensei: “ele continua lindo, meu Deus!!! Os mesmo olhos, o mesmo sorriso...” Depois disso, não podia olhar para você por muito tempo que me pegava viajando em pensamentos desse gênero e fosse lá o que eu estivesse dizendo, me fugia por completo. Agora você sabe o porquê de tantas histórias sem fim e sem nexo... rs...

Você disse: “vamos ao shopping?” e eu pensei: "não queria ficar com você no meio de uma multidão”, porém disse: “pode ser”. Resquícios do quê de timidez me impediam de dizer o que eu realmente queria, mas sou uma garota de sorte, na hora de estacionar você tornou a perguntar: "quer mesmo ficar aqui”? E então pcriei coragem para dizer: Pi, vim para ver você no mesmo esquema de sempre: qualquer lugar onde possamos sentar e conversar tranquilamente, só os dois. O carro e uma sombra de árvore numa rua qualquer está bom. “Vamos procurar outro lugar então”, era a única resposta que eu esperava que você desse...

Um lago, pedalinhos, árvores e um estacionamento sombreado por elas. “Quer descer”? Perguntou. “Não”, respondi. A conversa se inicia sem dificuldades. Você conta da sua vida e eu escuto admirando o homem no qual você se transformou, ou melhor, se consolidou.

A um dado momento falamos do passado e, no começo, me senti completamente sem jeito:

“A gente nunca teve esses problemas...”

“Não”
confirmei;

“Nunca chegamos nem a discutir né”?

“Não, nunca”.

“Combinávamos; tudo entre nós era tranqüilo”.

“Eu tinha ciúmes da situação"...

“Mas você nunca falou nada"...

“Não tinha porque falar, você não me enganou; eu aceitei que fosse daquele jeito, mas mesmo assim tinha ciúmes, só que segurava a onda. Sinto saudades daquele tempo...”

“Eu também sinto”.

“Ah! Se pudesse voltar”...

“Não ia adiantar nada; voltaríamos com a mesma cabeça da época e cometeríamos os mesmos erros”...

“Você só diz isso porque é bonzinho né? Comigo sempre foi muito bonzinho. Você não cometeu erro nenhum não. Você me escolheu, fui eu quem não quis ficar com você”...

“É, mas vamos dei...”

“E eu nunca te disse por que eu não quis ficar com você... Você nunca soube os meus motivos”...

“Não”...

“Agora vou te dizer: você é o homem da minha vida. Eu sempre soube que te amava e te queria; sabia lá atrás, sei hoje e se daqui a 50 anos me perguntarem, eu ainda saberei que é você”
... E eu falava sem olhar para o seu rosto, pois não queria perder o fluxo dos meus pensamentos... E foi só o olhando muito de vez em quando que contei os meus motivos, a parte da minha história com você que você desconhecia.

E não sei como acabamos de mãos dadas... Lembro de ter visto a sua mão caída ao lado do banco, ali pertinho do freio de mão e de pensar que eu gostaria de ter a minha mão segura pela sua, porém não fiz nada nesse snetido e logo voltei a atenção para o que você dizia até que, depois de um tempo, sinto seus dedos se fecharem em torno de dois dos meus que foram ali se enfiarem nos seus. Você puxou minha mão para o seu colo e foi assim que passamos o resto do tempo ali. E tem coisas que nunca mudam. O jeito como você costuma passar os 3 dedos na palma da minha mão é uma delas e dão a impressão que não existiu entre nós nenhum intervalo de tempo entre o ontem e o hoje...

Não lembro o momento exato – e teria medo de mim se lembrasse – mas foi ali que você disse pela primeira vez para que eu não me preocupasse, não ficaríamos só nesse encontro, uma vez que a sua vida estava mais tranqüila e então você viria a São Paulo com freqüência me ver. Pena que por mais largo e sincero que meu sorriso tenha sido nesse momento, ele não chegou nem de perto de ser fiel ao sorriso que meu coração deu, afinal, de alguma forma você me queria de volta na sua vida... UAU! Só me restava descobrir como...

Sabe que em todos esses anos jamais pensei que não saber o motivo pelo qual não quis ficar com você pudesse tê-lo feito criar fantasias irreais quanto a isso? Pois. Nunca. Foi apenas ao ouvir o tom surpreso da sua voz quando saímos de lá para irmos beber alguma coisa, e eu disse que sempre soube que você chegaria aonde chegou, ou melhor, onde ainda irá chegar - me perguntando: “jura? Sério”? Que me fez pensar que na sua cabeça o motivo poderia ser a diferença financeira que existia entre nós na época ou que eu não acreditasse no seu potencial... Tai algo que preciso checar com você qualquer hora dessas.

Na fila do Mac Donald’s vi que não me recordava do quanto você é alto. Deve ter o quê, 1m85cm? Por ai né? E eu que passei os últimos anos reclamando que nunca beijei nenhum homem que me obrigasse a olhar pra cima... Tsc! rs...

À mesa foi a minha vez de falar um pouco mais do que você, de emocionar-me com o reencontro e segurar as lágrimas por mais de uma vez. E então foi a sua vez de me reassegurar que seguiremos nos vendo e de contar-me segredos restaurando a nossa cumplicidade. Carinhos nas mãos e nenhum beijo. Mais do que hora de me levar de volta ao hotel e seguir para a sua cidade. Levantamo-nos e já a caminho do carro, foi só quando olhei para a lixeira que lembrei que não tiramos a bandeja da mesa e pior, que sua carteira ficou sobre ela. Dei meia volta e você perguntando: “que foi; que aconteceu. Aonde você está indo”? me seguiu e soltou um som aliviado quando me viu pegar a carteira e colocá-la em sua mão. Pelo visto não era apenas eu quem estava fora de compasso com o encontro... rs...

Porém nenhum beijo né? Nenhum. A caminho do hotel, enquanto você falava, eu pensava: “tá, então é isso. Sou a ex-namorada que virou uma amiga queridíssima a ponto dele querer rever com freqüência, mas nada além disso. E será que dou conta de ficar revendo esse homem com tudo o que está desperto em mim? Ele precisava ter virado esse “homão” que mexe comigo mais do que já mexia antes? E ele é bravo, minha Nossa Senhora!!! Eu posso com isso? Bravo do jeito que adoro que um homem seja... É justo isso meu Jesus Cristinho? É? Você acha? Tudo o que eu adoro reunido num cabra só? Será que não é melhor eu pedir para ele me dar um tempo para eu ver se não adormeço isso tudo de novo? Sei lá, uns 12 anos de novo... Ai Senhor, o que eu faço”? Voltei a mim quando o ouvi perguntar confirmando qual o único dia em que eu não poderia te encontrar por conta do meu compromisso com o grupo de idosos.

Quando você parou o carro eu já estava “conformada”, tanto que nem ensaiei muito... Disse um “então é isso, a gente vai se falando e você me procura quando for a São Paulo” e fui para o beijar no rosto quando vi você vir na minha direção rindo e com uma cara de, ”mas você acha mesmo que vai ficar só nisso”? E me beijou!!!!! Para minha total surpresa me beijou! Ah! E quando se afastou e disse bem rente e baixinho: “sua boca ainda tem o mesmo gosto”?Que felicidade ouvir isso! Doze anos e você ainda se lembrava! Ai foram mais e mais beijos daquele jeito tão seu de me beijar e que sempre me incendeia!

De resto foi descobrir que a ligação do Domingo não foi você quem fez e você não saber explicar porque confirmou na segunda que tinha feito. Mas eu sei, eu entendi a armação do Astral, só não vou contar aqui essa é conversa para o nosso próximo encontro.

E ai foi beijar de novo em despedida e confesso que engoli um “eu te amo” que ia escapando facinho, facinho. Pode ser bobagem, mas achei cedo... Rapaz, bobagem mesmo não é? Perto de tudo o que eu disse no carro, o “eu te amo” era leve e de fácil digestão! Quase um digestivo mesmo... rs...

Mas é isso Pi: Amo!

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