27 de maio de 2008

Faxina daquelas: quarto limpíssimo e eu cheirando a cloro de um jeito que nem banho e nem creme deram conta ainda. Logo, logo encaro o segundo banho, pois esse cheiro já, já me deixará com dor de cabeça. Amanhã... não, tem hospital; quinta... não, tem paciente nova (u-húúúúúúúú!); sexta-feira eu encaro o guarda-roupa e, finalmente, as gavetas da cômoda receberão os separadores que comprei há mais de ano e que ainda estão ali, guardados, esperando que eu os monte nelas. Tentativa de manter todas as coisa nos lugares certos. Às vezes acho que essa é a batalha da minha vida... Porém não sei se existem mesmo os tais lugares certos... Enfim... E assim mesmo arrumar/limpar/organizar me faz bem. Sensação de que vou arrumando fora e arrumando dentro ao mesmo tempo, e de que desta forma vou começar os 41 anos mais "aprumada".

+

Ontem achei umas meditações bárbaras e fiz uma sequência toda delas. Me ajudaram e ficar mais calma e perceber algumas coisas sobre mim mesma, a principal delas? Ando de saco cheio da literalidade, principalmente por ser a sua maior vítima. Caracas! Como levo tudo ao pé-da-letra!!! Ando até com saudades da subjetividade, das metáforas, do simbólico...

+

As pessoas mentem né? Todas elas. Todas nós. Dizemos o que não fazemos. Fazemos e não admitimos. Apregoamos o que gostaríamos de ser como se já fôssemos. Tentantiva de, ao falar, transformar o projeto em realidade? Pode ser...

Algumas pessoas me definem como alguém de quem não se escreve o que fala; ou não se grava em metal o que escrevo, pois mudo muito de opinião. E é verdade. E me prefiro assim... Eu sei, eu sei, parece incoerente que eu debata e defenda um ponto de vista de forma acirrada e apaixonada por horas e depois ainda vá pensar muito sobre o assunto, principalmente em tudo o que ouvi. E se em algum momento dessa reflexão me der conta que a outra pessoa tem razão, vou mudar de opinião sobre o que quer que for e faço isso de boa, sem grandes preocupações, uma vez que a única coisa certa na vida é a morte e, no entanto, não sabemos quando esta chegará. E também porque meu único compromisso é com a minha felicidade e se eu descobrir que não estou no caminho certo para conquistá-la, bora mudar de rumo, de crenças, de valores, o que for!

O que preciso entender é que embora muita gente não admita, também mentem sobre si mesmas e para si mesmas, principalmente quando agem como juram que não. Desde muito pequena acredito no que as pessoas falam e levo à sério qualquer coisa que digam acerca de si. Já me meti em várias encrencas por conta disso, mas não atentei para a necessidade de mudar... Enfim... Depois fico chocada e decepcionada quando agem de maneira diferente daquilo que apregoam... Não as pessoas mutantes como eu, que têm paixão, mas têm mobilidade, mas aquelas que mantém uma rigidez acerca do que são e fazem sabe? As pessoas que se conhecem e sabem tudo de si? As fodonas? Essas. E começa por ai justamente o motivo pelo qual eu deveria desconfiar delas né? Ninguém se conhece e sabe tudo de si e eu poderia usar um calhamaço de teorias e bibliografia para provar e comprovar o que digo, mas não vou. É simples assim: ninguém se conhece completamente, pois não fomos expostos a todas as possibilidades existênciais e nem seremos. Muitas das nossas ações só se definem - e nos definem - ali, no momento crucial de reagir a um fenômeno. E como nos surpreendemos conoscos mesmos nesses momentos! 90% das vezes não fazemos nada do que acreditávamos que faríamos!

Posso dizer que sei de mim, mas nem sempre. Porém confio em mim, pois sei que tenho um coração bom e que acredito no bem sobre todas as coisas. Sei que para muita gente isso é pouco, mas eu estou satisfeita.

+

E agora estava aqui pensando que nas discussões e na hora da raiva tenho um discurso de fodona... Pois, encarno a própria! Mais fodona que eu impossível!!! Mas sabe porque? Minha família é repleta de mulheres assim. É uma persona que pelo visto está incrustrada nos meus ossos...

+

É, e tem o tombo da quinta que me faz pensar em que estou mexendo no meu eixo, mas de repente comecei a achar que cai por, na verdade, estar querendo me fazer rígida em algumas coisas quando não o sou. Não, não estou querendo ludibriar a minha proposta de adquirir disciplina, não. Estou e seguirei trabalhando nisso. O x é que disciplina não tem nada a ver com rigidez, embora muitos as confundam. Disciplina é fazer algo, mesmo que não seja extremamente prazeiroso no momento, visando os resultados que são benéficos, logo ali na frente. Rigidez é achar que as coisas são só de um jeito, que existe apenas uma possibilidade de existir, de fazer algo, de sentir e etc.

E eu estava tentando deixar de ser mutante...

+

E também tenho pensado no amor. Mais especificamente no fato das pessoas não amarem quem somos, mas aquilos que elas gostaríam que fôssemos. Porque as pessoas têm sempre de achar que a gente tem de mudar em algo para sermos melhores? E ai vai a primeira questão relevante no que tenho pensado: melhores para quem; para nós mesmo ou para elas? A resposta é óbvia...

Porque apenas não nos olham, nos percebem, se perguntam se convivem com quem somos, em paz e com alegria, e pronto: ou ficam conosco ou seguem em frente? Não, têm sempre um projeto para transformarem o que somos no que acreditam que deveríamos ser. A isso se junta o projeto que nós mesmo temos de quem deveríamos ser e o que resulta é numa zona do caramba!

Não me lembro de ter querido mudar alguém que amei... Mas lembro de todas as vezes em que quiseram me mudar. E que foi esse o motivo pelo qual me afastei. Já deixei pessoas de lado por não serem como eu precisava, mas nunca por eles serem o que são. Dá para perceber a diferença? A pessoa é o que é e sempre será um milagre por conta disso. Porém, algumas vezes o que alguém é, não atende as minhas necessidades e então a relação não me nutre. Com isso parto em busca de outras que me alimentem. O problema não é ela e nem sou eu. Simplesmente acontece e faz parte da diversividade de possibilidades que compõe o que chamamos "viver".

Sim, às vezes eu também sugiro que a pessoa deva tentar mudar isso ou aquilo em si mesma, mas não porque o que ela é me incomoda, mas por perceber que ela se incomoda ou que aquilo atrapalha a sua vida afastando-a dos seus sonhos. E só faço isso com pessoas muito queridas e muito íntimas e se a relação que mantemos tiver abertura para tanto. Tenho pessoas queridas e íntimas para as quais jamais sugeri absolutamente nada, mesmo percebendo algo, simplesmente por não sentir abertura.

Eu acredito que amor, amor mesmo, não quer que o outro mude; ama o que ele já é. Acredito também que sabedoria é ter consciência de que ninguém muda porque queremos, planejamos, isso só acontece quando a pessoa acha que deve; e ela pode passar a vida toda sem sequer aranhar essa percepção... Então sábio é quem não desperdiça o amor ou a vida numa pessoa que não é e talvez nunca seja: ela ama o que relamente existe.

+

Ninguém imagina a vontade de me esbaldar tomando Coca-Cola ontem à noite, mas eu resisti bravamente!

Nenhum comentário: