6 de janeiro de 2009

No dia 31 lembrei da reforma ortográfica que passaria a vigorar no dia 1º e os olhos encheram de lágrimas. Eu sei, sou doida. Nem eu mesma imaginava que o amor pela língua chegasse a tanto... Mas pense: nunca mais a eloqüência será a mesma... Será assim uma eloquência, mais chinfrim, mais sem graça... é, algumas palavras das quais gosto - sim, eu gosto de palavras - não serão mais as mesmas... No entanto, apenas na grafia, já que a sonoridade e a expressão continuam a mesma. E é óbvio que nisso de os olhos encherem-se de lágrimas há uma certa dose de drama né? Como bem diz um amigo meu: "custo a crer que você não tem sangue italiano correndo nas suas veias". Eu também custo. Principalmente quando a TPM me visita.

E há também uma certa dose de brasileirismo na onda de reclamações contra a reforma ortográfica, pois não lembro de ter visto, por exemplo, em nenhum dos últimos anos, qualquer pessoa escrever lingüiça seja lá onde fosse. E acertar o hífen? Sempre foi uma coisa rara, então não ficou mais confuso do que já era. E o acento diferencial pra pára(é uma das palavras que mais gosto); quem é que o escrevia além de mim? Lembro não... Porém brasileiro é assim: não se preocupa com algo até perdê-lo. Agora é capaz de todo mundo se tornar doutor no português, doravante arcaico, só para se recusar a fazer oficialmente o que vinha fazendo há décadas na informidade. É isso que chamo de brasileirismo: essa tendência ao anarquismo. Essa rebeldia do "se há governo sou contra", não importa qual seja o partido no poder.

E não posso negar que isso me cansa ultimamente.

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