1 de março de 2008

Há dias venho aqui e abro a tela aonde escrever. Penso; penso; digito algumas linhas; leio e releio. Digo: "nhé!", apago tudo e vou-me embora.

Não que não tenha nada acontecendo na minha vida ou em mim. Tem. MUITA coisa. Mas de verdade: a quem isso interessa?

Talvez seja ainda o efeito das palavras da amiga que ecoam em mim ao longo dos dias: "não havemos de dizer o que sentimos à ninguém" e a isso somasse a percepção de que demonstrar também não. Nada de ser transparente e deixar as pessoas te lerem nas entrelinhas. Ou nos olhos. Ou pelas pontas dos dedos.

O universo é feito de segredos. Eu sou parte do universo. Agora completamente integrada.

Ser sincera é uma das coisas mais doloridas da vida, porque inútil. As pessoas metem deliberadamente acerca de si. E dos outros. Se não mentem, omitem. O que, no fim das contas, dá no mesmo, já que impede que se veja, se conheça. Todo mundo é um holograma de si mesmo. Ninguém está aonde diz estar. Ninguém é o que se vê. Nem eu.

Estou aprendendo o cinismo; o ver e fingir que não vi. Ler e ouvir idem. Descaradamente deixo de responder a perguntas; mudo de assunto, ou simplesmente me calo até que o desconforto passe. Ou a raiva. Ou a tristeza.

A consciência é algo que não se perde. Uma vez que você sabe, você sabe. Nada muda isso. Nem o falar e nem o calar.

Com tudo isso, não existe mais na minha vida aquela pessoa para quem se quer correr e contar todas as coisas que te acontecem. Nem de quem ouvir tudo de bom ou de ruim que se tenha a dizer. Tem amigos, bons amigos, amigos maravilhosos. Mas aos quais também não se diz tudo...

O bom disso tudo é que não tem mais surto, reclamações, "choro e ranger de dentes" Nenhuma ligação onde acabo em lágrimas; nenhuma necessidade de consolo. Sempre está tudo bem, e eu alegre e saltitante.

Bom não é? Pois. Eu também acho ótimo!

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