9 de julho de 2007

Hoje o dia não foi fácil. Acordei com uma TPM assassina, mas só fui me dar conta disso quando precisei me conter para não arrumar uma briga por bobagem com a minha mãe. Logo em seguida tive de sair corrida do MSN para evitar discutir feio com um amigo e resolvi voltar pra cama mesmo sendo duas e meia da tarde... Quem sabe se eu tirasse um cochilo e começasse o dia novamente as coisas mudariam de figura. Mudaram. No entanto, acho que mais por conta de um amigo que ligou e acabou me dando o colo e a distração das quais eu estava tão precisada.

O engraçado é como eu consigo ignorar a pressão no cérebro e a tensão nos ombros que são enormes - creiam-me! - quando acordo de TPM. Ou, e é mais provável, a verdade é que não quero admitir pra mim mesma que sou tão suscetível à minha alteração hormonal; e alguma mulher quer? Desconheço.

É estranho tornar-se um ser mais guiado pelas reações emocionais do que pela razão. Perceber que você está sendo incoerente, exagerada, mas não conseguir parar de ser...

Saber que aquela raiva assassina é infundada e mesmo assim precisar controlar-se fortemente para não sair sacudindo os outros ou arremeçando coisas...

É doloroso também, ao menos pra mim...

É doloroso, pois consigo me dar conta de toda a minha fragilidade de um jeito que não sei explicar...

As lágrimas aliviam, porém não resolvem nem a pressão física e nem a emocional...

E sinto raiva, pois sou um ser sem direito a fragilidade. Tenho uma vida a construir! Mesmo não sabendo se quero seguir o modelo de pessoa bem sucedida que vejo por ai pra poder ter algum valor reconhecido e acolhimento. Às vezes quero, mas sei que é em nome de um pouco de paz, mesmo que uma paz com um preço tão alto.

E, sim, minha crítica é social: se esse modelão fosse mesmo bom e eficaz, o mundo não estava a merda que está. As pessoas seriam felizes de verdade e a depressão não seria o mal do nosso século, seguida de perto pela Síndrome do Pânico. E interessante é notar que ambas são doenças que decorrem do sufocamento e aniquilamento da essência e da autenticidade de se existir segundo o que se é...

Mas a verdade é uma só: se você não trabalha das oito às seis, não ganha seu salário, não compra sua casa, não tem lá seu carrinho, não casa e não tem filhos uma grande parcela das pessoas vai olhar e apontar o dedo pra você como se você fosse um perdedor; alguém que "desperdiça" a vida, mesmo que geralmente sejam os que vivem com esses objetivos os que não têm muito tempo para olhar para o outro de verdade, sejam estes cônjuges, filhos, parentes ou amigos...

Na minha turma, aquela de rua onde passamos a infância e a adolescência, somos 5 os que não casaram: três homens e duas mulheres. Sou de uma geração onde homens e mulheres não casam e não tem nenhum problema nisso, não somos menos e nem menos bem sucedidos por isso.

Casamento não é meio de vida e nem solução. Deve ser um encontro e se este não acontecer, porque forçar? Só pra me tornar ao olho alheio alguém com atributos capazes de manter um pinto na beirada da minha cama? Não! Conheço muita mulher que faz isso a um preço alto demais. Se um dia esse encontro acontecer comigo, me casarei. Não sou contra o casamento! Só não acho que ele é a chave absoluta para a felicidade; nem minha e nem de ninguém.

E escolhi uma profissão não convencional onde, se não se atende criança e adolescente, geralmente, começa-se a trabalhar no horário no qual os demais estão parando. E ganho, atendendo dois ou três pacientes, muito mais do que a maioria da população brasileira ganha trabalhando 4o horas semanais. Se atender 10 pacientes, ganho quase que o mesmo que um executivo trabalhando apenas 10 horas semanais... Percebe? E recebo encaminhamento de pacientes que pra mim é, indiscutívelmente, a maior prova da minha capacidade profissional.

Escrevo bem e ganho dinheiro fazendo-o. Sou inquieta e estou sempre procurando novas coisas e novos modos de aumentar a minha renda... Às vezes tenho grana, às vezes passo aperto, mas não é assim na vida de quase todo mundo, mesmo do que têm emprego com carteira assinada? Porque o fato de ter mais tempo disponível para estar em casa me inferioriza, faz de mim uma "vagabunda"?

Não, ainda não comprei minha casa, mas estou na metade da minha vida e ainda tenho tempo disso, ou não. Desde que eu consiga pagar um lugar pra morar decentemente quando precisar fazê-lo, não é assim que vive a maior parte da população mundial? Porque isso tem de ser errado e um desperdício de dinheiro? Quem determinou isso? Muita gente trabalha feito um condenado pra comprar a casa própria e morre assim que consegue. Não, não estou dizendo que ter um lar é errado, estou apenas dizendo que não há garantias. Da mesma forma que não há fórmulas, não existe receita para se ser feliz.

Posso ser feliz sem nada disso e posso não ser. Posso ser feliz com isso tudo e posso não ser. Mas se eu não estou feliz hoje, não precisa ser necessariamente por ser solteira e não ter um saldo bancário de muitos reais, por não ter casa, carro, ou filhos. Tenho problemas e direito à tristeza, a dias ruins e a reclamar da vida tanto quanto qualquer pessoa. Não é o fato de viver de forma diferente que me revoga isso...

Até mesmo na questão sexual: se hoje estou sem ter quem me coma, sei que muitas mulheres têm um marido dormindo ao lado delas na cama e estão há muito mais tempo do que eu sem trepar! Eu só não sei se não tenho quem me coma, ou se não estou me colocando como comível pros outros... Vê? Nada é garantia de nada!

A única garantia que temos de ser feliz na vida é estarmos conectados a nós mesmos e nos trabalhando constantemente, mas sem fazer disso uma obsessão também. Até o psiquismo precisa de folgas para respirar. A gente pode não ter vindo a esse mundo a passeio, mas os tours estão previstos no processo!

Eu tenho defeitos e como disse hoje um amigo, "defeitos cabeludos", como qualquer pessoa. O problema é que pra "defeitos cabeludos" não existe cabeleireiro! É você quem tem de domar a sua juba - que mais se parece com uma medusa - diariamente e no "muque". Faço isso todos os dias; tomo tombos, consigo acertos e me conheço sempre mais. E me conhecendo mais, cada vez me torno mais ciente que sou um saco sem fundo... Tento entender porque me saboto e muito mais do que queria; em função disso me questiono sobre o quanto me amo verdadeiramente e não há um só dia no qual não esteja disposta a me tornar alguém melhor, mesmo que o que seja ser "melhor" pra mim seja diferente do que geralmente é ser "melhor" pros outros... Mesmo que eu não fale, não implica que nada esteja acontecendo ou que eu esteja passiva ou fugindo de mim mesma...

Concordo que ando me deixando incomodar mais do que devia por uma situação doméstica, porém é pra hoje começar a trabalhar em ignorar isso - já que não cabe a mim a solução - e voltar a concentrar-me totalmente apenas nas coisas que me dizem respeito...

Mas é como eu disse lááááááá em cima: hoje eu só precisava mesmo é de um pouco de colo....

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