6 de maio de 2010

Seguindo com a série: porque muitas vezes não funciona ou demora?

Outro dia dei aula no CRI sobre o perdão e posso dizer que foi MUITO bacana. Fechei algumas questões que tinha, e isso aconteceu na inspiração do momento, tenho certeza que fruto da ação dos amigos espirituais. Mas o mais legal, mesmo, foi ver a reação da turma quando eu disse o tema. TODO mundo se manifestou com algo semelhante a “putzzzzzzzzzzzzzzzz, preciso, mas é difícil, dolorido, eu não consigooooooooooooo”! Pensei: “acertei em cheio”!

"Mas porque começar pelo perdão"? - alguns diriam. Explico que percebi pela minha experiência e por tudo que li e ouvi das mais variadas fontes e formas, que é esvaziando-se o mais possível que começamos a nos reformular e que, portanto, isso começa pelo perdão. Vou tentar resumir e explicar da maneira mais clara que consigo.

Gosto do exemplo de mudar a decoração de uma casa, uma sala de estar, por exemplo. Ela já existe, possui seus móveis, mas você decidiu que quer renovar. A primeira coisa que fará é avaliar o que tem lá e decidir o que fica e o que vai. O que ficará exatamente como está, mas será limpo; o que precisa ser reformado e o que cairá fora pro novo entrar. Ai você toma as devidas providências, e mesmo que saia para comprar os móveis novos antes de se desfazer dos antigos, para que estes possam ocupar seu lugar e cumprir com o seu papel de renovação, é preciso que se esvazie a sala antes. Porque se colocar tudo junto entulha, não tem harmonia, não tem fluxo, fica estagnado e dá mal estar quando olhamos ou entramos no ambiente.

A mesma coisa temos que fazer com nossos pensamentos e sentimentos quando decidimos nos renovar. Se a gente não abrir espaço interno para o novo, os conceitos vão rodear, mas não vão nos penetrar; a gente não vai conseguir vivênciá-los e aprender coisas novas. E o x da questão é que a gente geralmente está mentalmente criticando algo ou alguém, principalmente a nós mesmos. E para “curar” a crítica um dos passos fundamentais é o perdão, pois ele abre a porta para a aceitação e quando aceitamos, automaticamente deixamos de criticar.

Primeiro vamos chegar num ponto comum sobre o que é o perdão. Se você procurar no dicionário lerá que perdão significa “conceder perdão, absorver, remitir (culpa, dívida, pena, etc.), desculpar e poupar-se” (Dicionário Michaelis). Particularmente gosto de definição que diz que perdão é libertar, a si e ao outro, do passado. Mesmo que seja um passado presente. Mesmo que seja uma ação que se repete quase que cotidianamente.

A primeira coisa que percebemos é que perdoar não é desculpar. Você pode perdoar alguém por algo e não querer mais ter contato com a pessoa, por exemplo. Desculpar sempre implica em continuidade né? Em tentar de novo e um dia você pode decidir não fazer mais isso e ficar magoado, ou perdoar e seguir adiante livre daquela coisa.

Perdoar é deixar o passado no passado, mesmo que ele seja um passado recente. O que percebi no grupo, conforme fazia minha explanação, é que 99% das vezes aquilo que nos ofendeu, agrediu, magoou foi um fato só, que NÓS - ao ficarmos ruminando, relembrando, discutindo mentalmente - repetimos incessantemente. Ou seja, somos nós mesmos quem nos ferimos inúmeras vezes e aumentamos a dimensão da coisa. O outro fez a ação uma vez, mas nós a repetimos ad-eternun e nos ferimos a cada vez que fazemos isso. Mas a raiva, resultado de tanta auto-agressão, a gente direciona pro outro e pra um evento que muitas vezes não durou sequer um minuto todo!

Tem uma técnica havaiana que foi usada pelo Dr. LHALEAKALA HEW LEN o ho’oponopono e com a qual ele curou um pavilhão todinho de criminosos perigosos e doentes mentais. Mais: curou também todas as pessoas que trabalhavam naquele pavilhão e fez tudo isso sem nunca ter estado com um dos detentos pessoalmente. O que ele fazia era se fechar numa sala com os prontuários dos detentos/pacientes e por uma hora pedia perdão pela parte de si mesmo que criara aquela realidade manifesta nos presos. Por uma hora ele repetia “sinto muito”; “te amo”. Em 4 anos o pavilhão foi fechado, pois não tinha mais ninguém preso lá.

Incrível né? Duas frases, quatro palavras e a vida muda por completo. Quem usou a técnica diz que ela funciona pras coisas mais comuns da vida e muitas vezes muito rápido. Eu ainda não usei. Pura incapacidade de me concentrar por uma hora todinha em alguém e ficar repetindo isso sem cair no sono... rs... Mas ainda pretendo testar sim.

Então se alguém te feriu é porque você criou isso na sua realidade por conta das coisas que acredita. Se alguém te diminuiu, só expressou a desvalorização que você faz de si mesmo pela auto-exigência. Então perdoando a gente se liberta da necessidade daquilo, a gente se liberta do fato e cria espaço novo para que coisas novas, sentimentos novos, formas diferentes de realizarmos coisas, nasçam. Perdoando a gente se fere uma vez só e não milhares de vezes.

E nem adianta perdoar com orgulho, arrogância, que é quando a gente perdoa, mas se justifica dizendo que o faz porque o outro é menor que a gente, sabe menos, está menos desenvolvido. Não adianta porque por mais que aparentemente nossos argumentos tenham respaldo em dados de realidade, é fato inegável que mesmo assim a gente se colocou à mercê de ser magoado. Ou seja, temos pontos tão involuídos quanto aquele que acusamos. Empate técnico, portanto.

Mas não é interessante? Adicionei o Paulo Coelho no Twitter e justo na semana que estou às voltas com o perdão, ele escreve lá: “Se alguém te fere, reaja. O perdão é para depois”. O que será que ele quis dizer com isso? Que em sendo seres naturais – animais igual a todos - se alguém me fere é normal e esperado que eu responda na mesma altura. Você não vai morder o rabo do leão e esperar que ele te empurre com a patinha dele. É a nossa porção animal, nosso instinto de preservação quem nos leva a reagir e isso é normal. “Mas somos seres racionais” disse alguém no meu grupo. Somos. Porém o que fazemos da nossa racionalidade quando feridos? A usamos para aceitar e deixar o passado no passado e seguir em frente livres daquele peso que nos causa doenças, câncer inclusive? Não! A usamos para ficar remoendo e ruminando e nos ferindo incessantemente. Muitas vezes a pessoa já morreu e a gente tá ali com a ofensa que achamos que ela nos fez. É, porque tem isso né? Do mesmo jeito que a maioria esmagadora das vezes em que você foi acusado de ter ferido pessoas, você sequer teve a intenção ou achou que feriu, isso é verdade para a maioria das vezes nas quais você foi ferido: a pessoa sequer se deu conta.

O assunto é muito extenso e dá pra escrever o capítulo todinho de um livro se eu for falar de tudo o que me passa pela cabeça aqui. Estou apenas citando para não esquecer e pra gente discutir sobre, pensar as nossas vidas sob o aspecto da falta de perdão nos pontos nos quais ela está emperrada.

Acho bacana o trabalho da Louise Hay e o que ela fala sobre o perdão, principalmente que quando algo não flui é porque existe necessidade de perdão, seja qual for o assunto. Principalmente que a gente não precisa saber como perdoar, a gente precisa apenas desejar, ter uma intenção de realizar isso que Deus se manifestará e o fará conosco. O “como” é tarefa de Deus.

Para finalizar quero dizer: Chiquinho! Então é isso o que eu chamo de purificar; é fazer essa limpeza antes de tentarmos acessar Deus, uma vez que Ele precisa de espaço dentro de nós para que possa se manifestar através de nós. Não adianta rezar cheio de ódio e rancor, mágoa e crítica, até mesmo culpa e arrependimento, uma vez que essas são energias diferentes das da Divina e ocupam, em nós, o espaço que deve ser ocupado por Ele. Acertei agora?? Rs...

E vocês outros, o que pensam sobre o perdão, o que já aprenderam sobre o assunto em experiências pessoais. Vamos trocar figurinhas meu povo? Por favor?

Beijo, beijo e mais beijos em todos!



P.s: Ah! Técnicas para o perdão. Vou postar algumas em breve tá?