14 de janeiro de 2007
A razão do meu silêncio
Namoro letras, palavras e idéias desde um tempo do qual já não me lembro mais. Ultimamente ando distante delas... Muitos perceberam.
Sou dona de palavras fortes; palavras que machucam, que magoam, mas também que consolam, que animam, que ensinam, que fazem rir...
É que trago minhas palavras impregnadas de mim.
É o coração quem trago na ponta da caneta ou dos dedos que deslizam sobre as teclas.
E sou fidedigna ao que sinto. Simplesmente não consigo sentir uma coisa e escrever outra; não consigo. Não consigo mesmo que tenha plena certeza de que em alguns momentos seria muito melhor...
Concordo que devo aprender a esperar mais para botar para fora determinados sentimentos que, por virem à tona com muita intensidade, parecem eternos, mas são na verdade momentâneos. Logo passam... Este é o problema quando se é habitada por vulcões: a gente entra em erupção.
E, no entanto, não consigo deixar de achar graça quando sou criticada pela dureza das minhas palavras... E acho graça por ter plena consciência de estas machucam, principalmente, porque a humanidade vive a era da hipocrisia, o que faz com que as pessoas não se preocupem com o conteúdo do que é dito e sim com a forma como se diz.
Isso se traduz mais ou menos assim: pode-se dizer a qualquer pessoa os maiores absurdos desde que seu texto seja politicamente correto, desde que se traga nos lábios um sorriso e se floreie o conteúdo com palavras que denotem um afeto e cuidado que muitas vezes se está longe de sentir. Jamais seja transparente e direto quando seus sentimentos não são nada nobres. E como não sou uma pessoa de formas - e fôrmas - e sim de conteúdo, acabo me dando mal, pois nunca me importo com a maneira como algo foi me dito, e sim com o que me foi dito; seja gritado, cuspido ou entre sorrisos.
E isso porque o como não impede que algo doa. O que sempre dói, seja em mim ou em você, é exatamente o significado do que foi dito. E nada ameniza um significado. Nada. Nada diminui o peso de um tijolo e a dor que ele causa quando ele te atinge. E sim, eu sou boa em atirar tijolos. A diferença é que não finjo que não os atiro e nem desenho flores neles esperando que o outro ache que não é um tijolo e sim um buquê de rosas.
Eu posso me desculpar pelo que disse, mas jamais retiro o que disse por que você não retira um tapa que deu na face de alguém. Deu está dado. Se você se arrepender, pede desculpa. O outro te perdoa ou não, mas não existe nem como você fingir que não bateu e nem como o outro fingir que não apanhou.
É por isso que atualmente vivo um dilema: ou sigo escrevendo da forma que sempre fiz - e correndo o risco de perder pelo caminho as pessoas que não se agradam dessa minha característica - ou me calo por não conseguir tirar o coração das minhas palavras.
Como vocês podem perceber tenho me mantido calada.
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