Língua
Teus beijos escorrem da minha boca,
enrijecem meus mamilos,
contornam meu umbigo
e param no meu sexo
que se acende feito pavio
ao toque da sua língua
fazendo com que meu corpo
exploda em mil fogos,
onde não existe artifício nenhum.
31 de janeiro de 2012
27 de janeiro de 2012
Deus não ajuda quem não se ajuda.
Há algum tempo tomei uma decisão impopular - mais uma de tantas - mas essa foi fundamental e a mais impopular de todas: “eu não faço nada por alguém que possa fazer esse algo por si mesmo”. Traduzindo: qualquer favor que me peçam e que seja algo que a pessoa possa fazer por si mesma, recebe um não como resposta. Se a pessoa insiste, escuta que faz parte de regras da minha vida, embora eu nunca tenha explicado o porquê dessa decisão mais a fundo. Vou fazê-lo agora.
O primeiro grande motivo de fazer isso foi perceber que por ser alguém solícita e que gosta de ajudar, acabava lotada de coisa dos outros pra fazer. Ou seja, minha vida mesmo, que também precisava de atenção, cuidado e dedicação para eu atingir meus objetivos, acabava ficando em segundo plano. E só me toquei disso quando comecei a ver as pessoas se realizarem e eu continuar no mesmo lugar. Fui ver o porquê e percebi que gastava muito tempo fazendo coisas pros outros.
Junto a isso tem aspectos espirituais que me mostraram que ajudar demais, não é bom pra ninguém, principalmente porque as pessoas se acomodam em serem ajudadas e não desenvolvem suas habilidades.
Vou contar aqui uma historinha rápida sobre isso. Tenho uma amiga que gosta muito do meu estilo de escrever e por conta disso sempre pedia que eu o fizesse por ela; de cartas a cartões e até outros textos. Nada demais, a não ser que para escrever primeiro é preciso inspiração. Segundo: para escrever coisas íntimas é preciso que eu passe um tempo ouvindo a pessoa até entrar “na pele” dela e dizer o que ela diria. Ou seja, demanda tempo. Mas o mais difícil era achar inspiração quando eu simplesmente estava sem saco para escrever. E não adianta dizer que não está com vontade né? Quem pede o favor não quer a recusa, insiste, persiste e se bobear se ofende. Fato é que um dia eu disse a ela que não escreveria mais, pois ela era capaz de fazê-lo, que eu no máximo revisaria, acrescentaria coisas, mas o texto seria dela. O resultado prático disso é que hoje ela escreve lindos e profundos textos que me deixam cheia de orgulho dela e de mim, pois se eu não tivesse tido a coragem de me recusar – e aqui a gente sempre fica com receio de colocar a amizade em risco - ela não teria desenvolvido essa habilidade.
Para corroborar essa fase, passei alguns dias numa casa onde as pessoas pediam umas às outras vários favores. Pude observar que a maioria das vezes era por puro comodismo e me peguei perguntando: “mas pera ai, porque essa pessoa acha que o comodismo dela vale mais que o comodismo da outra”? Pronto, estava aberto o radar pra observar o que as pessoas fazem por si mesmas e o que elas delegam para os outros e percebi que um dos sentimentos predominantes no delegar é o orgulho que pode vir travestido de egoísmo, narcisismo ou mesmo de “preguiça”. Pois.
Muita gente delega por que não quer fazer coisas chatas, coisas pequenas, bobas, ou que consideram menores do que a sua capacidade. O que elas não percebem é que quando pedem para que outros façam essas mesmas coisas estão cometendo dois enganos: o primeiro é o de serem arrogantes achando que alguém pode arcar com a sua parte chata das coisas, portanto que, de alguma forma, existem pessoas com um valor menor do que o delas. Todas as coisas do mundo têm partes legais e ótimas e partes chatas, mas só algumas pessoas acreditam que merecem passar pela vida sem lidar com a parte ruim.
O segundo engano é diretamente consequência do primeiro e precisa ser pensado de um ponto de vista mais espiritual ainda. Todos ganhamos uma vida de Deus para evoluirmos. E evoluímos ao aprender. E aprender implica passar por todas as fases da vida, superar as dificuldades transformando-as em habilidades. Se você delega a parte chata ou ruim, você está fraudando seu aprendizado diante do único professor de quem não se pode enganar: Deus. A consequência direta disso é que a vida emperra. É. E emperra porque você não foi honesto e não aprendeu de verdade. E então fica preso na situação até que se resolva a fazer todas as partes para realmente aprender e seguir em frente.
Mas então eu não posso delegar, pedir favor? Pode. Quando realmente não tiver como fazer, como aprender, e parar para fazer isso causará outras perdas. Nesses casos a vida apresentará outras oportunidades e tudo flui. Também pode delegar para ensinar algo ou aprender junto. O que você não pode é ser desonesto com Deus e nem menosprezar o outro. Se a sua vida está enrolada, se você se sente tomando bomba sempre na mesma lição, pare e pense se essa não pode ser a razão.
E do ponto de vista de quem gosta de ajudar a ponto de se enrolar é preciso perceber que as pessoas não vão te amar mais por fazer o que elas te pedem. Que se te amam o farão mesmo que você não as ajude. E se não amarem é porque não amavam antes. É, "chavão", e óbvio. Eu sei, é difícil tomar essa decisão e mais ainda colocá-la em prática; a gente sua frio, morre de medo de perder todo mundo, mas um dia cria coragem e se liberta do servilismo e olha: vale a pena.
Há algum tempo tomei uma decisão impopular - mais uma de tantas - mas essa foi fundamental e a mais impopular de todas: “eu não faço nada por alguém que possa fazer esse algo por si mesmo”. Traduzindo: qualquer favor que me peçam e que seja algo que a pessoa possa fazer por si mesma, recebe um não como resposta. Se a pessoa insiste, escuta que faz parte de regras da minha vida, embora eu nunca tenha explicado o porquê dessa decisão mais a fundo. Vou fazê-lo agora.
O primeiro grande motivo de fazer isso foi perceber que por ser alguém solícita e que gosta de ajudar, acabava lotada de coisa dos outros pra fazer. Ou seja, minha vida mesmo, que também precisava de atenção, cuidado e dedicação para eu atingir meus objetivos, acabava ficando em segundo plano. E só me toquei disso quando comecei a ver as pessoas se realizarem e eu continuar no mesmo lugar. Fui ver o porquê e percebi que gastava muito tempo fazendo coisas pros outros.
Junto a isso tem aspectos espirituais que me mostraram que ajudar demais, não é bom pra ninguém, principalmente porque as pessoas se acomodam em serem ajudadas e não desenvolvem suas habilidades.
Vou contar aqui uma historinha rápida sobre isso. Tenho uma amiga que gosta muito do meu estilo de escrever e por conta disso sempre pedia que eu o fizesse por ela; de cartas a cartões e até outros textos. Nada demais, a não ser que para escrever primeiro é preciso inspiração. Segundo: para escrever coisas íntimas é preciso que eu passe um tempo ouvindo a pessoa até entrar “na pele” dela e dizer o que ela diria. Ou seja, demanda tempo. Mas o mais difícil era achar inspiração quando eu simplesmente estava sem saco para escrever. E não adianta dizer que não está com vontade né? Quem pede o favor não quer a recusa, insiste, persiste e se bobear se ofende. Fato é que um dia eu disse a ela que não escreveria mais, pois ela era capaz de fazê-lo, que eu no máximo revisaria, acrescentaria coisas, mas o texto seria dela. O resultado prático disso é que hoje ela escreve lindos e profundos textos que me deixam cheia de orgulho dela e de mim, pois se eu não tivesse tido a coragem de me recusar – e aqui a gente sempre fica com receio de colocar a amizade em risco - ela não teria desenvolvido essa habilidade.
Para corroborar essa fase, passei alguns dias numa casa onde as pessoas pediam umas às outras vários favores. Pude observar que a maioria das vezes era por puro comodismo e me peguei perguntando: “mas pera ai, porque essa pessoa acha que o comodismo dela vale mais que o comodismo da outra”? Pronto, estava aberto o radar pra observar o que as pessoas fazem por si mesmas e o que elas delegam para os outros e percebi que um dos sentimentos predominantes no delegar é o orgulho que pode vir travestido de egoísmo, narcisismo ou mesmo de “preguiça”. Pois.
Muita gente delega por que não quer fazer coisas chatas, coisas pequenas, bobas, ou que consideram menores do que a sua capacidade. O que elas não percebem é que quando pedem para que outros façam essas mesmas coisas estão cometendo dois enganos: o primeiro é o de serem arrogantes achando que alguém pode arcar com a sua parte chata das coisas, portanto que, de alguma forma, existem pessoas com um valor menor do que o delas. Todas as coisas do mundo têm partes legais e ótimas e partes chatas, mas só algumas pessoas acreditam que merecem passar pela vida sem lidar com a parte ruim.
O segundo engano é diretamente consequência do primeiro e precisa ser pensado de um ponto de vista mais espiritual ainda. Todos ganhamos uma vida de Deus para evoluirmos. E evoluímos ao aprender. E aprender implica passar por todas as fases da vida, superar as dificuldades transformando-as em habilidades. Se você delega a parte chata ou ruim, você está fraudando seu aprendizado diante do único professor de quem não se pode enganar: Deus. A consequência direta disso é que a vida emperra. É. E emperra porque você não foi honesto e não aprendeu de verdade. E então fica preso na situação até que se resolva a fazer todas as partes para realmente aprender e seguir em frente.
Mas então eu não posso delegar, pedir favor? Pode. Quando realmente não tiver como fazer, como aprender, e parar para fazer isso causará outras perdas. Nesses casos a vida apresentará outras oportunidades e tudo flui. Também pode delegar para ensinar algo ou aprender junto. O que você não pode é ser desonesto com Deus e nem menosprezar o outro. Se a sua vida está enrolada, se você se sente tomando bomba sempre na mesma lição, pare e pense se essa não pode ser a razão.
E do ponto de vista de quem gosta de ajudar a ponto de se enrolar é preciso perceber que as pessoas não vão te amar mais por fazer o que elas te pedem. Que se te amam o farão mesmo que você não as ajude. E se não amarem é porque não amavam antes. É, "chavão", e óbvio. Eu sei, é difícil tomar essa decisão e mais ainda colocá-la em prática; a gente sua frio, morre de medo de perder todo mundo, mas um dia cria coragem e se liberta do servilismo e olha: vale a pena.
26 de janeiro de 2012
Quando escrevi esse texto e publiquei, foi para um amigo que havia justificado não ter me esperado, me ligado, ou me chamado (agora não lembro bem) para não me atrapalhar em outra coisa que ele julgou que eu estivesse fazendo e gostasse mais do que estar com ele.
O sentimento ao escrever era de amizade, mas pense num texto que causou um rebu danado? Foi esse. Na época a gente participava meio de uma comunidade e nela haviam muitas mulheres apaixonadas por ele e quando entrei no que seria uma espécie de bate-papo, fiquei de cara com as "reclamações e afirmações" de que este era um texto de amor. Fato é que depois disso a gente acabou mesmo tendo um rolinho, que não durou, mas acredito que causado pela falação do povo que despertou minha curiosidade.
Hoje tenho vontade de republicar, mas ai sim como um texto de amor, pensando em alguém que realmente amo e prefiro a qualquer coisa na vida, principalmente porque não preciso abrir mão de nada para vivê-lo.
Eu prefiro você
Eu prefiro você a um episódio inédito da minha série preferida.
Eu prefiro você à mousse de chocolate ou pipoca com Guaraná vendo sessão da tarde em dia de chuva.
Eu prefiro você a receber rosas numa data especial.
Eu prefiro você à partida final do campeonato onde meu time está prestes a ser campeão.
Eu prefiro você a um pôr-do-sol embasbacante.
Eu prefiro você a qualquer livro.
Eu prefiro você a ouvir o CD do meu intérprete preferido, mesmo que o tenha acabado de comprar.
Eu prefiro você a dar um mergulho em dia escaldante.
Eu prefiro você a parque de diversão com algodão-doce e maçã-do-amor.
Eu prefiro você a bacalhau.
Eu prefiro você a desenhar.
Eu prefiro você a fatias geladas de abacaxi, ou morango com creme de leite, ou ainda a cerejas frescas.
Eu prefiro você a boteco com amigos e cerveja.
Eu prefiro você às exposições dos artistas que mais admiro.
Eu prefiro você a meu filme preferido.
Eu prefiro você a viajar.
Eu prefiro você a bordar.
Eu prefiro você a sorvete em dias bem quentes.
Eu prefiro você à festa de aniversário.
Eu prefiro você a Coca-Cola bem gelada.
Eu prefiro você a uma estadia num Spa.
Eu prefiro você a sair dançando pela casa porque está tocando minha música preferida.
Eu prefiro você à gargalhada mais espontânea que eu possa dar.
Eu prefiro você a qualquer lágrima, mesmo que de alegria, que eu possa chorar.
Eu prefiro você a brincar na neve.
Eu prefiro você a qualquer tempestade elétrica que eu possa observar.
Eu prefiro você a abraçar árvores.
Eu prefiro você...
É, eu prefiro você!
O sentimento ao escrever era de amizade, mas pense num texto que causou um rebu danado? Foi esse. Na época a gente participava meio de uma comunidade e nela haviam muitas mulheres apaixonadas por ele e quando entrei no que seria uma espécie de bate-papo, fiquei de cara com as "reclamações e afirmações" de que este era um texto de amor. Fato é que depois disso a gente acabou mesmo tendo um rolinho, que não durou, mas acredito que causado pela falação do povo que despertou minha curiosidade.
Hoje tenho vontade de republicar, mas ai sim como um texto de amor, pensando em alguém que realmente amo e prefiro a qualquer coisa na vida, principalmente porque não preciso abrir mão de nada para vivê-lo.
Eu prefiro você
Eu prefiro você a um episódio inédito da minha série preferida.
Eu prefiro você à mousse de chocolate ou pipoca com Guaraná vendo sessão da tarde em dia de chuva.
Eu prefiro você a receber rosas numa data especial.
Eu prefiro você à partida final do campeonato onde meu time está prestes a ser campeão.
Eu prefiro você a um pôr-do-sol embasbacante.
Eu prefiro você a qualquer livro.
Eu prefiro você a ouvir o CD do meu intérprete preferido, mesmo que o tenha acabado de comprar.
Eu prefiro você a dar um mergulho em dia escaldante.
Eu prefiro você a parque de diversão com algodão-doce e maçã-do-amor.
Eu prefiro você a bacalhau.
Eu prefiro você a desenhar.
Eu prefiro você a fatias geladas de abacaxi, ou morango com creme de leite, ou ainda a cerejas frescas.
Eu prefiro você a boteco com amigos e cerveja.
Eu prefiro você às exposições dos artistas que mais admiro.
Eu prefiro você a meu filme preferido.
Eu prefiro você a viajar.
Eu prefiro você a bordar.
Eu prefiro você a sorvete em dias bem quentes.
Eu prefiro você à festa de aniversário.
Eu prefiro você a Coca-Cola bem gelada.
Eu prefiro você a uma estadia num Spa.
Eu prefiro você a sair dançando pela casa porque está tocando minha música preferida.
Eu prefiro você à gargalhada mais espontânea que eu possa dar.
Eu prefiro você a qualquer lágrima, mesmo que de alegria, que eu possa chorar.
Eu prefiro você a brincar na neve.
Eu prefiro você a qualquer tempestade elétrica que eu possa observar.
Eu prefiro você a abraçar árvores.
Eu prefiro você...
É, eu prefiro você!
25 de janeiro de 2012
24 de janeiro de 2012
Uma das coisas que mais me pergunto quando observo algumas relações é: “Quem essa pessoa ama? Aquela que o outro é de fato, ou aquela que ela gostaria que ele fosse e pela qual passará muito tempo brigando, tentando transformá-lo”? Geralmente percebo que ganha a segunda opção.
Minha relação não é fácil, pelas circunstâncias. Às vezes ela é mesmo muito difícil e nesses momentos confesso que penso em desistir. Me liberar e ver o que a vida me traz, pensando sempre se não será algo mais fácil. Mas olhando à minha volta eu desisto, pois não sei se outro homem será capaz de me dar as coisas que tenho com o meu e que são coisas que prezo muito - nós dois prezamos - e que garantiram que nos amássemos pro vinte anos e que sigamos nos amando quando as coisas apertam. E as coisas apertam.
A principal dessas coisas é a honestidade. Honestidade sobre quem somos, o que sentimos, o que pensamos, o que fazemos, o que queremos de nós e do outro. Sobre nossas bobagens e nossas verdades. Mas não uma honestidade perversa, pois também já tive relações onde o outro era pródigo em dizer verdades sobre mim, mas sem se importar sobre as verdades sobre si mesmo. É uma honestidade amorosa, cuidada, dita com compaixão. Não existe o que não possa ser dito entre nós dois. E sim, algumas coisas não são ditas, mas geralmente o são mais por falta de tempo em fazê-lo – outros assuntos naquele momento são mais importantes - do que qualquer outra coisa e ai passa para ser relembrada lááá na frente. E, sim mais uma vez, algumas vezes o que temos para dizer é difícil porque sabemos que irá machucar e a gente adia, a gente fica estranho, mas sempre acabamos falando. Tanto e tanto que já ouvi algumas vezes de amigos: “mas você não contou isso para ele, contou”? “Contei sim, claro”! “Você é doida, isso vai afastar vocês”! Mas não, não afasta. O que afasta é a mentira e a omissão desnecessárias e vaidosas.
E acaba que não entendo o que as pessoas consideram como proximidade e intimidade se elas não se mostram para o outro. Se nessa que deveria ser a relação mais cuidada, porque de escolha, existem coisas que não podem ser ditas; se mentiras têm de ser contadas e mantidas em nome da tal paz conjugal que nunca é alcançada, veja bem, pois alguém sempre está inconscientemente cobrando algo que sente encoberto: o “eu verdadeiro”.
Eu não sou perfeita e ele sabe. Ele não é perfeito e eu sei e nenhum dos dois está atrás de perfeição, pois afinal uma das graças de nos relacionarmos é justamente nos amarmos apesar e para além dos nossos defeitos.
Eu, por exemplo, sou chata. MUITO chata em relação a algumas coisas que ele faz por circunstâncias e um pouco também de ser o jeito dele, o que acaba gerando confusão. Porque sim: quero que ele mude em beneficio da gente. Ele concorda que precisa mudar, mas que não é esse o momento e então me pede um pouco mais de paciência. Nem sempre consigo e a gente acaba “discutindo”. E quando nos acertamos e peço desculpas por ser tão chata, ele ri. Ele não diz: “imagina, você não é”. Nem “ah! Mas nem é tanto assim, veja as circunstâncias”. Não. Eu sou chata pela forma como lido com as circunstâncias – afinal sempre existem formas melhores do que brigar - ele sabe e mesmo assim me ama e quer. E isso me é suficiente, pois é o que quero: um homem que veja quem realmente sou e me ame mesmo assim.
E isso é o que todos dizem querer e, no entanto, é do que vejo as pessoas fugirem. Elas veem os defeitos do outro, têm de conviver com eles, mas não podem mencioná-los sem que o outro se ofenda e sinta rejeitado
Sério. É como que para se relacionarem as pessoas segurassem em cada uma das mãos três máscaras e com esses seis elementos fizessem uma dança com o outro que também porta suas seis máscaras. É uma coreografia onde a cada máscara levantada, outra é apresentada o que, por sua vez, faz com que o outro apresente outra máscara e assim sucessivamente. Uma dança que muitas vezes é linda, mas sem nenhum sentido. A consequência disso é uma relação aonde a ilusão é tomada por realidade e as pessoas acham que se conhecem e se transformam, quando apenas estão sendo falsas. Falsas consigo e com o outro.
Falsas por princípio, pois nunca tiveram a intenção de amar quem o outro é, embora quisessem ser amadas pelo que são. Falsas por fingirem aceitar coisas que tentarão modificar no outro. Falsa por quererem receber o que não têm intenção de dar reciprocamente em troca: sinceridade.
23 de janeiro de 2012
Dias sem você...
Dias sem você são difíceis de viver.
Sem teu riso, sem tua voz...
Sem teu olhar que me fala melhor e mais profundamente de amor do que o fariam mil palavras.
Dias sem você são dias de sol, mas pouco calor.
São dias sem perdão.
Dias sem você são dias de coração batendo menos.
De vida boa, mas alegria meia-boca.
Dias sem você são dias de esperança arraigada.
São dias de saudade velada.
Dias sem você são apenas dias.
Dias sem você são difíceis de viver.
Sem teu riso, sem tua voz...
Sem teu olhar que me fala melhor e mais profundamente de amor do que o fariam mil palavras.
Dias sem você são dias de sol, mas pouco calor.
São dias sem perdão.
Dias sem você são dias de coração batendo menos.
De vida boa, mas alegria meia-boca.
Dias sem você são dias de esperança arraigada.
São dias de saudade velada.
Dias sem você são apenas dias.
21 de janeiro de 2012
Gente!
Eu poderia fazer uma coluna intitulada: "a bronca da Marie", mas quem sou eu para dar bronca em alguém né? Mesmo que algumas coisas me deixem bronqueada.
Uma das coisas me que irrita são as pessoas que acham que são exemplo de vida pra humanidade. Que suas escolhas e modo de enfrentar os problemas servem de exemplo e parâmetro pros outros porque eles se ferraram, sofreram e se (re)ergueram. Pessoas de idade têm muito disso né? Acham que podem dar palpite e conselhos porque passaram muita coisa, sofreram muito, mas venceram. Afinal, estão ai, velhos e vivos quando outros já morreram.
E eu poderia começar pelo mérito de que olhando a vida dessas pessoas, poucas vezes a quero pra mim ou para quem amo, ainda mais com tanto perrengue, pois geralmente são pessoas que acreditam tanto no sofrimento meritório que seguem sofrendo pelos mais variados motivos, quando não por si, pelos outros. Vejo MUITO disso.
Mas quer me deixar puta é ver esse discurso feito por alguém na minha faixa de idade. A primeira coisa que penso é: "e assim nasce mais um velho chato!"
Pelo amor né meu povo? Isso é ser arrogante. E arrogante porque se é incapaz de olhar em volta e perceber que o que você faz com a sua vida não é diferente do que qualquer pessoas faz com a dela, pois se ela chega viva ao final de mais um dia, venceu tanto quanto você.
Mas vamos pensar isso por uma ótica mais espiritual? Deus criou, digamos que por pura diversão, 7 bilhões de vidas que habitam esse planeta como se fossem canais de TV a cabo por onde ele zapeia pra passar o tempo. E nenhuma se repete. O cabra é tão criativo e abundante que observa 7 bilhões de histórias diferentes todos os dias que podem ser similares em algumas coisas, mas nunca iguais. E isso sem contarmos as vidas daqueles que já morreram, ou que, pra quem crê, habitam outras esferas e dimensões desse Universo. E a dos outros Universos? Já pensou? Mas nos atendo apenas a esse e ao Planeta Terra, calcula-se por baixo que só aqui esse número gire em torno de 16 bilhões. Pense? Dezesseis bilhões de seres vivendo vidas distintas, como o são as impressões digitais, e você ai querendo que a sua seja exemplo; pra quem mesmo?
E se for para falar de sofrimento meritório, desculpa, tiro meu chapéu somente para as pessoas que sobrevivem em lugares inóspitos, sem alimento ou água suficientes, pois esses, sim, fazem mágica pra viver. Se você vive num lugar farto e abundante, cheio de oportunidades e modos de se conquistar uma vida descente e escolhe fazer isso com muita dor, sofrimento, "sangue, suor e lágrimas", é apenas burro, vitimista e orgulhoso, pois está escolhendo sofrer e sem motivo. Pois sofrimento não é mérito, como dizem muitos autores espiritualistas da Nova Era, é apenas estar em discordância com Deus e renegando as coisas boas que Ele lhe concede para que você viva bem.
Não, não estou dizendo que a vida não ofereça dificuldades que devemos superar, mas que a quantidade de sofrimento que você terá ao fazer isso é escolha sua.
Também não estou dizendo que não é um trabalho grande mudar a sintonia de vitimista, trabalhar o orgulho e fazer escolhas mais inteligentes quando você se torna consciente de que está vivendo sob parâmetros improdutivos e que causam dores desnecessárias, pois é. E eu mesma dou altos tropeções ainda - vide essa semana - mesmo depois de tantos anos nesse caminho, mas é escolha sua viver isso e não algo imposto, embora a princípio pareça. O importante é persistir e recomeçar a cada dia, pois nos tornarmos melhores para conosco mesmos é obrigação.
Então, bora combinar que daqui pra frente ninguém mais bate no peito se achando o suprassumo só porque sofreu? Respeitemos as escolhas alheias e admitamos que o nosso é apenas um jeito dentre bilhões de outros de se viver e deixemos quem quiser nos tomar de exemplo, o faça por eleição e não por coação.
20 de janeiro de 2012
Então, voltei com o blog.
E deixei com essa cara de diário escrito a mão, pois a intenção é exatamente essa: falar o que vem à mente, transborda do coração e escorre dos meus dedos sem saber ao certo quem lerá, sem mandar recado pra ninguém através dos meus textos, embora estes sempre nasçam da interação que tenho com as pessoas, seja esta virtual ou não.
E agora que já estou com vontade de escrever o texto de amanhã? Rs!
;-)
A quem eu magoei ontem...
Sei que minha afirmação ontem no Twitter magoou pessoas que amo e é fácil pensar que se eu não queria magoar, que não dissesse o que disse. Porém eu precisava daquilo para me reerguer do lodaçal aonde estava imersa há alguns dias por contingências da vida que eu não estava conseguindo aceitar.
Portanto venho aqui me desculpar com quem magoei e me explicar mais amplamente a fim de causar um entendimento que minimamente anule a mágoa.
Para começar é preciso dizer que sim, eu recebo colo. Eventualmente os recebo; meio que por acidente, mas recebo. Tanto recebo que sinto falta, pois relembrando um professor de faculdade "apenas nos faz falta aquilo que tivemos, pois do contrário, não saberíamos o que é e, consequentemente, não nos faria falta por absoluta ignorância". Então, se está sentindo falta é porque teve em algum momento. Entretanto, para que vocês me entendam é preciso que - ironia - eu fale de mim um pouco.
Tenho muita, mas MUITA dificuldade em falar de mim. O exemplo mais pungente disso foram os quase dois anos de terapia com uma profissional ortodoxa que deixava que eu começasse o atendimento falando. Asseguro-lhes que por conta disso passei - e paguei - bem que uns 60% (se não mais) das sessões calada, mesmo que dentro de mim os vulcões estivessem em erupção.
O 2º exemplo foi quando precisei dizer ao homem que amava que o amava, para dar a conhecer e realizar meu afeto, e isso resultou numa espera por parte dele de quatro horas. Q-u-a-t-r-o h-o-r-a-s. Ali, sentados no carro, numa garagem escura, alta madrugada. As palavras vinham e eu literalmente as engolia. Só falei quando ficou insustentável o meu sofrimento.
Não sei por que sou assim. A única lembrança concreta é a de que os livros eram um caminho tranquilo e prazeroso - com aquelas vidas e emoções inventadas, mas com começo, meio e fim determinados, portanto seguro - quando as coisas na minha realidade ficavam conturbadas e confusas. E quando eu voltava dos livros as coisas haviam se ajeitado, minimamente por conta da sabedoria do tempo.
Outra coisa que me ocorre é o fato de que, em contrapartida, eu ter uma facilidade enorme para ouvir, que aliada a um interesse genuíno pelo outro, faz com que as pessoas me falem de si. Por isso me tornei terapeuta. Também por conta disso tornei-me uma profissional com quem os pacientes vinculam espantosamente rápido. Amigos idem. Quando pergunto: "como vai você"? Realmente quero te ouvir. Para mim não é "oi".
O x é que juntando tudo me tornei expert em fazer o outro falar de si. Ou seja, mesmo quando quero falar de mim, seja por força do hábito ou da resistência, eu facilmente induzo o outro a falar de si.
Mas o mote aqui é o colo, falemos dele então. De que tipo de colo falo? Não daquele que recebo espontaneamente, mas daquele que não recebo quando consigo romper minhas barreiras e pedir por ele. Fiz isso de pedir poucas vezes, é verdade, mas em nenhuma delas fui bem sucedida.
E aqui mais uma vez é preciso que eu esclareça. E para esclarecer que relembre mais uma vez a 1ª terapeuta; estava eu lá toda pimpona e falante há algumas sessões, quando ela pontua que todos os meus conteúdos eram resolvidos. Que eu não levava nada para ser compartilhado ou vivenciado ali.
Esse continua sendo o meu grande jeitão na vida: quando falo de mim é que as coisas já se acomodaram dentro, mesmo que fora ainda persista o caos aparentemente. Nessas horas eu até posso me emocionar, chorar, reconhecer que é difícil, mas eu já tenho o caminho interno determinado e inclusive já o estou percorrendo.
O colo que não recebo é aquele que peço quando consigo atravessar a insegurança do que não sei, de estar descrente e perdida. E, com toda sinceridade do meu ser, não sei se alguém recebe colo nessas circunstâncias, se isso existe.
O que sei é que nesses momentos me isolo, "concho", e penso, penso, penso e penso. Questiono, questiono, questiono, questiono e questiono. Rezo, rezo, rezo, rezo e rezo. Leio, pesquiso, abro novo horizontes, mas assim: de mim para mim mesma e assim me resolvo.
O problema é que de uns tempos pra cá, talvez por dar ouvidos ao mundo, entrei numas de que colo é essencial e faz bem, além de ser direito de todos "e então eu quero minha cota: é meu amigo, parente, namorado? Pode me dar colo já"! E não duvido que isso seja verdade para muita gente, só que não o é para mim. Preciso de um esforço desumano para sair de mim e cansei de me esforçar. Quero e estou voltando pro meu estado natural, sem esperar de ninguém o que não nasci pra ter.
Sou uma doadora de colo. E está ótimo assim.
Quando preciso falar, geralmente recorro ao papel, blog, atualmente até a postar no facebook, ao terapeuta que dá o start do atendimento (Rá! Aprendi!) o que para mim é mais fácil e possível de fazer talvez até pelo "quê" de impessoalidade, já que sou estruturalmente esquizóide, ou seja, distanciada.
Eu sei que sou amada e que tenho muitas intenções sinceras de colo. Da mesma forma, também tenho plena consciência de que não é fácil conseguir me acessar, o que quem convive comigo sabe bem. Apenas é assim.
E isso não quer dizer que eu não vá pedir colo novamente um dia. E nem que não vá recebê-lo. Só quer dizer que eu não vou mais procurar por algo que não é meu verdadeiro jeito de ser. Que vou conchar, me isolar sem medo de perder a oportunidade, o direito de "estar com alguém", de ser "retribuída". Me resolverei do meu jeito e voltarei pra vida com o velho sorriso brincando nos lábios e a alegria de viver restaurados.
É isso exatamente o que estou fazendo agora.
Se te feri, me perdoa, pois o fiz sem nenhuma intenção disso.
Amo vocês!
7 de fevereiro de 2011
Quando eu era criança, por volta dos 7 anos, eu era apaixonadinha pelo namoradinho da minha prima de 12 e fazia uma birra danada com direito a choro e ranger de dentes - nas festas de aniversário DELA - para chamar a atenção e fazer ele me dar o que eu queria: uma dança.
Já contei isso aqui.
Foram necessárias três vezes para que do alto da minha sabedoria infantil, percebesse que o que eu fazia era horrível e ao invés de fazer as pessoas - no caso ele - gostarem de mim, eu conseguia apenas que me vissem como alguém antipática, desagradável e mimada. Pior: eu conseguia até fazer com que minha prima ficasse chateada comigo!
Foi assim que aprendi, muito cedo, que se eu queria ter a atenção das pessoas seria dando o meu melhor.
Sempre fui uma pessoa expansiva, extrovertida e comunicativa. Na verdade sou extremamente tímida, porém nunca aceitei isso e então sou bem tímida ao melhor estilo "Marisa Orth" que numa entrevista disse também ser extremamente tímida, mas que antes que a esta a paralise - o que aconteceu comigo em três ocasiões ao longo da minha vida - ela joga os holofotes sobre si e faz o seu show. Idem!
Não vou negar que algumas vezes senti que roubei a cena um pouco demais e, geralmente, percebo que o fiz por estar nervosa e/ou ansiosa com algo na situação. Tipo: quando vou conhecer os pais do namorado. Mas de modo geral sou alguém que de bom grado deixa o outro brilhar, se ele tiver luz suficiente para isso, claro.
Traduzindo: raramente vou ceder meu espaço a alguém que não o ocupe por brilho próprio. Não adianta pedir, pois qualquer coisa diferente disso seria fazê-lo por pena, e né? Ninguém merece uma vez que para mim, pena é a constatação da crença na incapacidade alheia de chegar a um determinado lugar por si mesmo.
Porém se encontro alguém com domínio de cena, brilho e habilidades desenvolvidas ou a gente contracena ou saio do centro do palco e fico admiriando o espetáculo alheio. O exemplo mais recente disso a que tenho acesso foi um almoço na casa de um amigo, onde uma amiga diagnosticada como "em depressão" alegrou a tarde e brilhou orquestrando de tal forma o evento que conseguiu até que os meninos tirassem as camisas. ela garantiu a risada de todos por boa parte da tarde e tornou aquele um almoço inesquecível. Não que todos ali não tivessem sua parcela de contribuição, mas naquele dia o espetáculo foi todo dela! e nossa, como fiquei feliz de vê-la naquele momento e como fiquei feliz de estar ali vendo o brilho dela pela primeira vez!
Não tem jeito gente. As pessoas gostam de alegria, de riso, de se sentirem bem e felizes. A gente dá uma força, apoia, mas ninguém continua indefinidamente querendo estar ao lado de quem que vive num eterno "dia de Hardy: oh! Dia, oh! Vida, oh! Céus!" Nem os que estão num momento ruim querem sair com outras pessoas em igual condição por muito tempo. Pode ser pra um desabafo, acolhimento, mas não pra sair do buraco, como se diz por ai. É anti-natural. A pulsão de vida clama!
O mundo é dos fortes e exuberantes.
Já contei isso aqui.
Foram necessárias três vezes para que do alto da minha sabedoria infantil, percebesse que o que eu fazia era horrível e ao invés de fazer as pessoas - no caso ele - gostarem de mim, eu conseguia apenas que me vissem como alguém antipática, desagradável e mimada. Pior: eu conseguia até fazer com que minha prima ficasse chateada comigo!
Foi assim que aprendi, muito cedo, que se eu queria ter a atenção das pessoas seria dando o meu melhor.
Sempre fui uma pessoa expansiva, extrovertida e comunicativa. Na verdade sou extremamente tímida, porém nunca aceitei isso e então sou bem tímida ao melhor estilo "Marisa Orth" que numa entrevista disse também ser extremamente tímida, mas que antes que a esta a paralise - o que aconteceu comigo em três ocasiões ao longo da minha vida - ela joga os holofotes sobre si e faz o seu show. Idem!
Não vou negar que algumas vezes senti que roubei a cena um pouco demais e, geralmente, percebo que o fiz por estar nervosa e/ou ansiosa com algo na situação. Tipo: quando vou conhecer os pais do namorado. Mas de modo geral sou alguém que de bom grado deixa o outro brilhar, se ele tiver luz suficiente para isso, claro.
Traduzindo: raramente vou ceder meu espaço a alguém que não o ocupe por brilho próprio. Não adianta pedir, pois qualquer coisa diferente disso seria fazê-lo por pena, e né? Ninguém merece uma vez que para mim, pena é a constatação da crença na incapacidade alheia de chegar a um determinado lugar por si mesmo.
Porém se encontro alguém com domínio de cena, brilho e habilidades desenvolvidas ou a gente contracena ou saio do centro do palco e fico admiriando o espetáculo alheio. O exemplo mais recente disso a que tenho acesso foi um almoço na casa de um amigo, onde uma amiga diagnosticada como "em depressão" alegrou a tarde e brilhou orquestrando de tal forma o evento que conseguiu até que os meninos tirassem as camisas. ela garantiu a risada de todos por boa parte da tarde e tornou aquele um almoço inesquecível. Não que todos ali não tivessem sua parcela de contribuição, mas naquele dia o espetáculo foi todo dela! e nossa, como fiquei feliz de vê-la naquele momento e como fiquei feliz de estar ali vendo o brilho dela pela primeira vez!
Não tem jeito gente. As pessoas gostam de alegria, de riso, de se sentirem bem e felizes. A gente dá uma força, apoia, mas ninguém continua indefinidamente querendo estar ao lado de quem que vive num eterno "dia de Hardy: oh! Dia, oh! Vida, oh! Céus!" Nem os que estão num momento ruim querem sair com outras pessoas em igual condição por muito tempo. Pode ser pra um desabafo, acolhimento, mas não pra sair do buraco, como se diz por ai. É anti-natural. A pulsão de vida clama!
O mundo é dos fortes e exuberantes.
6 de janeiro de 2011
O dia de ontem me ensinou algumas lições que eu gostaria de não esquecer:
1) As pessoas dão valores diferentes de mim ao significado de família e amizade. Vi isso acontecer por duas vezes no dia de ontem com pessoas diferentes. Isso não é bom ou ruim, é apenas diferente. Porém implica em que eu não confie nessas pessoas justamente em decorrência dessa diferença que cria na minha vida situações com as quais não quero lidar. Parece lógico né? Porém nunca havia me dado conta que essa é a fonte da desconfiança e que eu não sou desconfiada justamente por me cercar de pessoas que têm os mesmos valores que eu em alguns setores que considero essenciais: quem é sua família e quem são seus amigos?
Tenho família e tenho amigos; e tenho amigos que são minha família. Quando esses dois se juntam numa categoria é como se fosse o laureamento do amor e confiança que nutrimos mutuamente. E eu não espero que essas pessoas não me magoem, ou que eu não as magoe; ou que a gente não vá perder o pé uma vez ou outra mutuamente. Mas espero que elas sempre venham até mim com sinceridade e honestidade. Que seja comigo que resolvam as questões que têm comigo.
E eu sei que para uma pessoa, ao menos, estou nessa mesma categoria: Guilherme Bracco. Porém não espero que num momento em que eu precise dele, e aos irmãos, sobrinhos ou os pais, a avó, uma tia e até mesmo um primo precisem dele, ele vá me escolher a eles. A família vem antes. E na minha cabeça, pelos meus valores, tem de ser assim, porque se não o fosse não haveria sentido em se chamar família. E acredito que ele pense e sinta da mesma forma.
2) Algumas pessoas não se permitem serem cuidadas. Não importa o que você faça, elas não deixam e quando você simplesmente impõe o que quer em nome de cuidar, elas se sentem ofendidas, deixadas de lado, não vistas. Ou seja: não cuidadas. Portanto, inexiste alternativa e o melhor é deixá-las a si mesmas, pois caso contrário, só conseguem se sentir bem quando levaram até a última gota de você.
Antes eu achava que apenas os vitimistas eram assim. E o são porque, né? Se receberem o que precisam, deixam de ter motivo para se sentirem vítimas.
No entanto os que têm síndrome de herói também o são. Simplesmente porque se receberem ajuda, cuidados, deixarão de se sacrificar pelos outros, portanto, de se verem como estoicos, e acreditam que os outros deixarão de vê-los como heroicos..
Eu não compactuo com isso. Sou extremamente grata e reconhecida por cada ajuda que recebo, por cada mimo que me fazem - e reconheço que 99% das vezes me permito ser mimada pelos outros, mesmo; uma vez que precisar, p-r-e-c-i-s-a-r do que me oferecem eu não preciso, mas facilita tanto a minha vida que aceito de bom grado e muito feliz. Entretanto não me defino por isso e muito menos me escravizo a isso.
Principalmente porque quando de verdade eu mais preciso do que me oferecem, não tenho ninguém para dar. E não, não considero isso uma injustiça, ou qualquer coisa de negativo. Mas antes um lembrete de Deus para que eu nunca, jamais e em tempo algum me esqueça que sou grande e forte o suficiente para cuidar de mim mesma, ainda que acredite que não vou dar conta.
O mimo tem esse lado ao qual devemos permanecer atentos: ele nos enfraquece na medida em que nos faz duvidar da nossa potência com o passar do tempo.
3) Tem coisas que a gente pensa, mas não fala. MESMO. NUNCA. Pra ninguém e em circunstância nenhuma, pois é sempre e apenas desagradável e desnecessário. E fazem com que, pela insistência na recorrência, as pessoas troquem o afeto que sentem por tolerância. E essa nunca é uma boa troca, pois se o amor não acaba, a paciência sim.
4) Descobri perto de mim uma pessoa que é, ao menos num aspecto, exatamente como quero ser: alguém que é servida pelo dinheiro e não se escraviza a ele. Que o usa para satisfazer suas vontades, não importando se isso implica em dispender dinheiro. É sempre um investimento em si mesma e no seu bem estar. E fiquei tão, tão feliz! Porque é muito mais fácil se chegar a um lugar quando você encontra alguém que já abriu uma trilha energética até ele!
1) As pessoas dão valores diferentes de mim ao significado de família e amizade. Vi isso acontecer por duas vezes no dia de ontem com pessoas diferentes. Isso não é bom ou ruim, é apenas diferente. Porém implica em que eu não confie nessas pessoas justamente em decorrência dessa diferença que cria na minha vida situações com as quais não quero lidar. Parece lógico né? Porém nunca havia me dado conta que essa é a fonte da desconfiança e que eu não sou desconfiada justamente por me cercar de pessoas que têm os mesmos valores que eu em alguns setores que considero essenciais: quem é sua família e quem são seus amigos?
Tenho família e tenho amigos; e tenho amigos que são minha família. Quando esses dois se juntam numa categoria é como se fosse o laureamento do amor e confiança que nutrimos mutuamente. E eu não espero que essas pessoas não me magoem, ou que eu não as magoe; ou que a gente não vá perder o pé uma vez ou outra mutuamente. Mas espero que elas sempre venham até mim com sinceridade e honestidade. Que seja comigo que resolvam as questões que têm comigo.
E eu sei que para uma pessoa, ao menos, estou nessa mesma categoria: Guilherme Bracco. Porém não espero que num momento em que eu precise dele, e aos irmãos, sobrinhos ou os pais, a avó, uma tia e até mesmo um primo precisem dele, ele vá me escolher a eles. A família vem antes. E na minha cabeça, pelos meus valores, tem de ser assim, porque se não o fosse não haveria sentido em se chamar família. E acredito que ele pense e sinta da mesma forma.
2) Algumas pessoas não se permitem serem cuidadas. Não importa o que você faça, elas não deixam e quando você simplesmente impõe o que quer em nome de cuidar, elas se sentem ofendidas, deixadas de lado, não vistas. Ou seja: não cuidadas. Portanto, inexiste alternativa e o melhor é deixá-las a si mesmas, pois caso contrário, só conseguem se sentir bem quando levaram até a última gota de você.
Antes eu achava que apenas os vitimistas eram assim. E o são porque, né? Se receberem o que precisam, deixam de ter motivo para se sentirem vítimas.
No entanto os que têm síndrome de herói também o são. Simplesmente porque se receberem ajuda, cuidados, deixarão de se sacrificar pelos outros, portanto, de se verem como estoicos, e acreditam que os outros deixarão de vê-los como heroicos..
Eu não compactuo com isso. Sou extremamente grata e reconhecida por cada ajuda que recebo, por cada mimo que me fazem - e reconheço que 99% das vezes me permito ser mimada pelos outros, mesmo; uma vez que precisar, p-r-e-c-i-s-a-r do que me oferecem eu não preciso, mas facilita tanto a minha vida que aceito de bom grado e muito feliz. Entretanto não me defino por isso e muito menos me escravizo a isso.
Principalmente porque quando de verdade eu mais preciso do que me oferecem, não tenho ninguém para dar. E não, não considero isso uma injustiça, ou qualquer coisa de negativo. Mas antes um lembrete de Deus para que eu nunca, jamais e em tempo algum me esqueça que sou grande e forte o suficiente para cuidar de mim mesma, ainda que acredite que não vou dar conta.
O mimo tem esse lado ao qual devemos permanecer atentos: ele nos enfraquece na medida em que nos faz duvidar da nossa potência com o passar do tempo.
3) Tem coisas que a gente pensa, mas não fala. MESMO. NUNCA. Pra ninguém e em circunstância nenhuma, pois é sempre e apenas desagradável e desnecessário. E fazem com que, pela insistência na recorrência, as pessoas troquem o afeto que sentem por tolerância. E essa nunca é uma boa troca, pois se o amor não acaba, a paciência sim.
4) Descobri perto de mim uma pessoa que é, ao menos num aspecto, exatamente como quero ser: alguém que é servida pelo dinheiro e não se escraviza a ele. Que o usa para satisfazer suas vontades, não importando se isso implica em dispender dinheiro. É sempre um investimento em si mesma e no seu bem estar. E fiquei tão, tão feliz! Porque é muito mais fácil se chegar a um lugar quando você encontra alguém que já abriu uma trilha energética até ele!
6 de dezembro de 2010
Todos têm um ou mais leões para matar por dia. Alguns os matam só e silenciosamente, enquanto outros acham que todos à sua volta devem ajudá-los.
Todos.
Todos temos desejos e necessidades tanto objetivos quanto subjetivos. Alguns as satisfazem sem pensar nos demais e outros adaptam e cedem em alguns dos seus para compartilharem amor. Outros ainda só se sentem amados quando os outros adaptam os seus desejos a eles.
Todos.
Todos fazemos milhares de escolhas cotidianamente. E todos arcamos individualmente com as suas consequências. Alguns sabem disso; outros acham que isso se compartilha por amor. Outros existem, ainda, que esperam que as suas consequências não cheguem nunca.
Todos.
Todos temos os nossos momentos e eles acontecem concomitantemente. A vida de ninguém para pra que a do outro possa acontecer. Alguns sabem disso; a maioria ignora isso por falta de hábito de olhar em volta.
Todos.
Todos temos de aceitar que nossas escolhas possam magoar e chatear os outros e temos de aceitar isso da mesma forma que esperamos ser compreendidos e respeitados. Alguns sabem disso. Outros esperam que suas escolhas sempre sejam só acolhidas.
Todos.
Todos temos dificuldades com críticas. Alguns as aceitam depois de algum tempo; outros sempre encontram uma desculpa para nunca aceitá-las.
Todos.
Todos queremos ser amados. Porém para o amor acontecer de fato precisamos levantar os olhos do nosso umbigo e permitir o outro - com tudo o que ele tem - em nós. Seja amor de amante, ou amor de amigo. Alguns sabem disso; outros insistem e persistem em que o outro se modifique para que caibam neles.
E isso, minha gente, isso não é amor.
Todos.
Todos temos desejos e necessidades tanto objetivos quanto subjetivos. Alguns as satisfazem sem pensar nos demais e outros adaptam e cedem em alguns dos seus para compartilharem amor. Outros ainda só se sentem amados quando os outros adaptam os seus desejos a eles.
Todos.
Todos fazemos milhares de escolhas cotidianamente. E todos arcamos individualmente com as suas consequências. Alguns sabem disso; outros acham que isso se compartilha por amor. Outros existem, ainda, que esperam que as suas consequências não cheguem nunca.
Todos.
Todos temos os nossos momentos e eles acontecem concomitantemente. A vida de ninguém para pra que a do outro possa acontecer. Alguns sabem disso; a maioria ignora isso por falta de hábito de olhar em volta.
Todos.
Todos temos de aceitar que nossas escolhas possam magoar e chatear os outros e temos de aceitar isso da mesma forma que esperamos ser compreendidos e respeitados. Alguns sabem disso. Outros esperam que suas escolhas sempre sejam só acolhidas.
Todos.
Todos temos dificuldades com críticas. Alguns as aceitam depois de algum tempo; outros sempre encontram uma desculpa para nunca aceitá-las.
Todos.
Todos queremos ser amados. Porém para o amor acontecer de fato precisamos levantar os olhos do nosso umbigo e permitir o outro - com tudo o que ele tem - em nós. Seja amor de amante, ou amor de amigo. Alguns sabem disso; outros insistem e persistem em que o outro se modifique para que caibam neles.
E isso, minha gente, isso não é amor.
28 de novembro de 2010
Republicando:
Amor, o nosso Deus de pés de barro.
Num dos trabalhos que faço estamos aprofundando a discussão em torno do amor e isso começou pela desmistificação ideal romântico criado para manter e efetivar o poder, tanto nominal quanto econômico, e que acabou por substituir Deus na atualidade, se tornando, na nossa compreensão, a única e imprescindível forma de sermos felizes. Hoje pede-se ao amor o que antigamente se pedia a Deus. Espera-se que o amor nos faça sentir todo o prazer e satisfação que antes obtínhamos de várias fontes.
Isso se tornou algo tão sério e internalizado que hoje nos medimos - e somos medidos - no nosso valor pessoal pela nossa capacidade em conquistar e manter alguém. Você pode ser ótimo em todas as áreas da sua vida, mas se for solteiro provavelmente se sentirá uma grande porcaria, e o contrário também se aplica: uma pessoa pode ser a expressão absoluta da mediocridade em todos os aspectos da sua vida e, no entanto, se conseguir manter relacionamentos estáveis e duradouros é bem provável que tenha de si - e que tenham dela - uma avaliação muito positiva.
Só por ai podemos começar a pensar o preço que nos cobra esse ideal de amor inatingível que colocam e assumimos como meta das nossas vidas. Um amor que tem de ser heróico a ponto de justificar o abandono de nós mesmos em função de sermos completamente satisfeitos pelo outro e, já não bastasse isso, pela responsabilidade de satisfazê-lo com igual plenitude. Sim, porque nesse amor temos de ser o ar que ele respira tanto quanto ele tem de ser o nosso. E isso se aplica às variações que a principio usamos para justificarmo-nos aos nossos próprios olhos nos dizendo que permitimos que o outro tenha uma existência própria, sim. Permitimos, porém desde que essa existência seja entranhada pela nossa, quiçá subjugada. Ambos podemos trabalhar, mas o trabalho jamais pode ser mais importante do que as nossas existências e jamais suplantar as nossas necessidades; é lícito que se tenha diversão, no entanto, desde que, de longe ou de perto, sejamos, mutuamente, o passatempo preferido um do outro. E isso só para dar uma parca idéia do que falo.
Se você ainda não conseguiu perceber porque esse ideal de amor é inatingível eu simplifico e conto: porque esperamos que o outro faça por nós o que só nós podemos fazer e, principalmente, porque nos propomos a fazer pelo outro o impossível.
O que o amor nos assegura então, configurado desta forma é, 99% das vezes, frustração por não termos nossas necessidades atendidas e impotência ao percebemos que nem com nossos melhores esforços conseguimos atender as necessidades alheias.
E isso acontece não é por maldade alheia ou incompetência nossa, não. Acontece porque nossas necessidades se transformam e novas se criam constantemente, em acordo com a nossa psique que é mutante. Então, por melhor que seja a intenção que se tenha, a única coisa certa é que frustrações e impotência sempre farão parte de qualquer relação amorosa. Porém naquela que é baseada em falsas premissas, a quantidade acaba por ser massacrante e nos faz sentir uma infelicidade profunda.
O que concluímos após essa primeira rodada de discussões é que o amor – não romântico, mas de fato – só pode acontecer quando cada um se incumbe da responsabilidade de se fazer feliz e se propõe a compartilhar com o outro esse processo de conquista, até contando com a sua colaboração efetiva para que a felicidade ocorra sem, no entanto, depositar sobre seus ombros essa obrigação.
Amor, o nosso Deus de pés de barro.
Num dos trabalhos que faço estamos aprofundando a discussão em torno do amor e isso começou pela desmistificação ideal romântico criado para manter e efetivar o poder, tanto nominal quanto econômico, e que acabou por substituir Deus na atualidade, se tornando, na nossa compreensão, a única e imprescindível forma de sermos felizes. Hoje pede-se ao amor o que antigamente se pedia a Deus. Espera-se que o amor nos faça sentir todo o prazer e satisfação que antes obtínhamos de várias fontes.
Isso se tornou algo tão sério e internalizado que hoje nos medimos - e somos medidos - no nosso valor pessoal pela nossa capacidade em conquistar e manter alguém. Você pode ser ótimo em todas as áreas da sua vida, mas se for solteiro provavelmente se sentirá uma grande porcaria, e o contrário também se aplica: uma pessoa pode ser a expressão absoluta da mediocridade em todos os aspectos da sua vida e, no entanto, se conseguir manter relacionamentos estáveis e duradouros é bem provável que tenha de si - e que tenham dela - uma avaliação muito positiva.
Só por ai podemos começar a pensar o preço que nos cobra esse ideal de amor inatingível que colocam e assumimos como meta das nossas vidas. Um amor que tem de ser heróico a ponto de justificar o abandono de nós mesmos em função de sermos completamente satisfeitos pelo outro e, já não bastasse isso, pela responsabilidade de satisfazê-lo com igual plenitude. Sim, porque nesse amor temos de ser o ar que ele respira tanto quanto ele tem de ser o nosso. E isso se aplica às variações que a principio usamos para justificarmo-nos aos nossos próprios olhos nos dizendo que permitimos que o outro tenha uma existência própria, sim. Permitimos, porém desde que essa existência seja entranhada pela nossa, quiçá subjugada. Ambos podemos trabalhar, mas o trabalho jamais pode ser mais importante do que as nossas existências e jamais suplantar as nossas necessidades; é lícito que se tenha diversão, no entanto, desde que, de longe ou de perto, sejamos, mutuamente, o passatempo preferido um do outro. E isso só para dar uma parca idéia do que falo.
Se você ainda não conseguiu perceber porque esse ideal de amor é inatingível eu simplifico e conto: porque esperamos que o outro faça por nós o que só nós podemos fazer e, principalmente, porque nos propomos a fazer pelo outro o impossível.
O que o amor nos assegura então, configurado desta forma é, 99% das vezes, frustração por não termos nossas necessidades atendidas e impotência ao percebemos que nem com nossos melhores esforços conseguimos atender as necessidades alheias.
E isso acontece não é por maldade alheia ou incompetência nossa, não. Acontece porque nossas necessidades se transformam e novas se criam constantemente, em acordo com a nossa psique que é mutante. Então, por melhor que seja a intenção que se tenha, a única coisa certa é que frustrações e impotência sempre farão parte de qualquer relação amorosa. Porém naquela que é baseada em falsas premissas, a quantidade acaba por ser massacrante e nos faz sentir uma infelicidade profunda.
O que concluímos após essa primeira rodada de discussões é que o amor – não romântico, mas de fato – só pode acontecer quando cada um se incumbe da responsabilidade de se fazer feliz e se propõe a compartilhar com o outro esse processo de conquista, até contando com a sua colaboração efetiva para que a felicidade ocorra sem, no entanto, depositar sobre seus ombros essa obrigação.
27 de novembro de 2010
Repostando:
Palavras
Meu universo é feito de palavras.
Gosto de receber palavras bonitas tanto quanto qualquer pessoa. Um “eu te amo”, um poema feito em minha intenção, ouvir que sou o porto seguro de alguém me tocam profundamente e me fazem sorrir, chorar, sonhar, amar...
Porém não gosto de palavras vazias. Palavras têm de vir recheadas de atitudes condizentes com os seus significados.
Tenho pelas palavras o mesmo respeito que tenho pelas pessoas e respeito as pessoas pelo uso que fazem da própria palavra.
Acredito na igualdade de direito às palavras. Se as uso para ofender, qualquer um também pode fazê-lo.
Palavras constroem e destroem; sobretudo relações.
Nunca me omito em relação às palavras que profiro e não entendo quem o faz. Por conta disso, também não entendo quem dá à própria palavra importância diferente a que dá à palavra alheia. Quem espera que tudo o que diz seja relevado, enquanto que o que o outro diz é sempre levado a ferro e fogo.
Palavras fazem nascer, acalentam ou matam um amor.
Palavras podem ser perdoadas, mas jamais são esquecidas. Ficam em nós como marcas que se faz no gado.
Palavras seduzem e enganam tanto quanto libertam e fazem amadurecer.
Palavras fazem falta em determinados momentos; em outros, sobram.
Palavras traem ao outro e a nós mesmos quando revelam o que se quer esconder.
Palavras explicam e confundem...
Palavras nutrem e matam de fome...
Palavras causam dor e arrependimento...
Palavras que são ditas não podem ser engolidas; há quem queira editá-las e, no entanto, geralmente, só o que se consegue é complicá-las.
Minhas palavras precisam vir à tona ou então animarão meus vulcões internos até que estes entrem em erupção espalhando lavras que, às vezes, escapando de mim, queimam o outro.
Eu só me entendo quando me visto de palavras.
Palavras
Meu universo é feito de palavras.
Gosto de receber palavras bonitas tanto quanto qualquer pessoa. Um “eu te amo”, um poema feito em minha intenção, ouvir que sou o porto seguro de alguém me tocam profundamente e me fazem sorrir, chorar, sonhar, amar...
Porém não gosto de palavras vazias. Palavras têm de vir recheadas de atitudes condizentes com os seus significados.
Tenho pelas palavras o mesmo respeito que tenho pelas pessoas e respeito as pessoas pelo uso que fazem da própria palavra.
Acredito na igualdade de direito às palavras. Se as uso para ofender, qualquer um também pode fazê-lo.
Palavras constroem e destroem; sobretudo relações.
Nunca me omito em relação às palavras que profiro e não entendo quem o faz. Por conta disso, também não entendo quem dá à própria palavra importância diferente a que dá à palavra alheia. Quem espera que tudo o que diz seja relevado, enquanto que o que o outro diz é sempre levado a ferro e fogo.
Palavras fazem nascer, acalentam ou matam um amor.
Palavras podem ser perdoadas, mas jamais são esquecidas. Ficam em nós como marcas que se faz no gado.
Palavras seduzem e enganam tanto quanto libertam e fazem amadurecer.
Palavras fazem falta em determinados momentos; em outros, sobram.
Palavras traem ao outro e a nós mesmos quando revelam o que se quer esconder.
Palavras explicam e confundem...
Palavras nutrem e matam de fome...
Palavras causam dor e arrependimento...
Palavras que são ditas não podem ser engolidas; há quem queira editá-las e, no entanto, geralmente, só o que se consegue é complicá-las.
Minhas palavras precisam vir à tona ou então animarão meus vulcões internos até que estes entrem em erupção espalhando lavras que, às vezes, escapando de mim, queimam o outro.
Eu só me entendo quando me visto de palavras.
26 de novembro de 2010
Muito se tem falado sobre preconceito ultimamente, principalmente após o ataque ao jovem na Avenida Paulista, por acharem que era gay. Vi muitos amigos genuína e apropriadamente revoltados, porém não vi ninguém se perguntar aonde nasce o preconceito e mais, como colaboramos intimamente para que ele perdure e se alastre pela humanidade, mesmo que evoluamos dia após dia.
Sim, pois se o preconceito existe e persiste é porque é algo que se faz presente em todos nós. Mas onde? Onde até os mais liberados o carregam em si ao longo de uma existência de batalhas pela igualdade, liberdade e fraternidade?
Nas certezas absolutas que trazemos na vida.
E todos nós as temos e as cultivamos como características que nos definem enquanto pessoa, nos diferenciando dos demais. E, contraditoriamente, gastamos muito, mas muito tempo das nossas vidas tentando fazer com que os outros sejam como nós.
A cada vez que olhamos o outro e fazemos uma comparação entre o modo como ele vive e o nosso e dai tiramos uma conclusão de valor, estamos sendo preconceituosos. Toda vez que queremos que o mundo se defina pelos nosso valores, pela nossa forma de entender e sentir as coisas, estamos sendo pré-conceituosos, pois estamos excluindo da vida a diversidade. E ela existe. E é quem lhe dá graça, tornando-a tão vasta e abundante.
Muita gente nesse exato momento irá se levantar e dizer que existem coisas que são certas e existem coisas que são erradas e que devemos nos esforçar para que o mal seja eliminado do planeta. Não discordo disso num contexto mais amplo - aquele no qual a noção de bem e mal são do senso comum - uma vez que também não gosto de pessoas sendo roubadas, sequestradas, estupradas, assassinadas ou que apanhem por conta de sentirem, vestirem, dizerem ou viverem coisas diferentes. Porém discordo - e veementemente - que exista apenas uma forma de se chegar ao bem. E é no que as pessoas acreditam né? Cada um de nós quer que apenas o nosso jeito seja o grande jeito de se estar na vida, de entendê-la; e que as nossas verdades sejam as grandes verdades de todos.
Vi isso com extrema clareza nas últimas eleições, onde aqueles que votaram na presidente eleita tinha um discurso onde o subtexto era implícito: aqueles que não votavam na Dilma eram pessoas que não queriam o bem de todos os brasileiros. Mais: eram pessoas de uma qualidade inferior, alienadas, incapazes de perceberem as coisas com clareza e não o que realmente são: apenas pessoas que discordam quanto à forma de se chegar ao bem comum. Poucas vezes na minha vida vi tanto preconceito exalado sob as mais diversas formas de ambos os lados, não esquecendo das manifestações descabidas e infelizes de alguns dos que votaram no Serra. E aqui faço uma ressalva que fará com que as tripas de muito se torçam, mas peço paciência, pois existe uma finalidade didática em relação ao texto: apesar serem declarações extremamente preconceituosas, eram manifestações mais abertas e passiveis de serem combatidas - como o foram, até com ações legais - do que as que muitos praticaram camufladas pelo discurso pseudo-humanitário.
É que é muito mais difícil reconhecer o preconceito em nós e ainda mais quando vem travestido de bons valores, sentimentos e intenções. Se nos achamos pessoas boas e do bem, achamos também natural que nossas opiniões, valores e sentimentos sejam aceitos e valorizados por todos e que isso só não ocorre por não o comunicamos, e então partimos para a defesa do que acreditamos na tentativa de catequização alheia. Nada mais chato e certo de dar em nada, pois todo conscientizador é, antes de tudo, um chato primordial. Mas isso não vem ao texto.
Voltando: existe uma outra situação complicadíssima de preconceito camuflado que é quando este ocorre em nome do amor. Fácil perceber que quem ama se acha empossada do direito de dizer que o outro está vivendo em desacordo com o que ele acredita ser o melhor, e de achar que, por conta do amor, o outro deve ceder. Nem vou descrever o que decorre disso, uma vez que não existe preconceito mais igualitário do que esse já atingindo a todos.
Entretanto vale lembrar que preconceito é pré-conceito - aquele que antecede o conhecimento de fato - uma vez que é sempre uma ideia sobre qualquer coisa. E só podemos ter ideias quanto àquilo que não vivemos ou sentimos na própria carne. As pessoas têm muita dificuldade de entender isso.
Sei o que é ser discriminada e sofrer preconceito por ser obesa, porém não sei se é o mesmo que um gay sente. Mas de tudo o que vivi, juro que me chocou infinitamente mais a ausência de reação dos amigos diante da agressão sofrida. Sim, pode ter sido por puro choque, mas não sei - e não quero saber também, viu Universo? - se vendo um amigo meu apanhar do nada, eu ficaria olhando. É, viver não é mesmo fácil. Julgar é uma ação quase que instantânea de tão habituados que estamos a isso e por isso livrar-se dessa mania é um trabalho sem tréguas.
É claro que existem alguns momentos de esclarecimento e posicionamento, onde me digo, e ao outro, aquilo que serve ou não para mim. No entanto, isso é MUITO diferente de achar que porque é bom para mim, serve para todo mundo. E assim mesmo temos sempre de atentar para se não estamos tomando como nossas coisas do senso comum ao invés de procurar por aquilo que nos nutre e satisfaz. A maior fonte de insatisfação pessoal está em tentar adaptar-se ao que é de todos, despersonalizado. Está ai a depressão, doença do sucumbimento do "eu", que não me deixa mentir.
É, eu sei, muitas vezes também me pego querendo seguir regras e normas que não me dizem respeito, julgando minhas coisas pelos parâmetros alheios e me esqueço do essencial que é ser feliz no percurso. No MEU percurso, adaptando a MINHA realidade às MINHAS necessidades.
É: "minha", "meu", "eu", "tudo eu". Egoísmo bom é isso. Quando você vive assim, se sente mais livre para deixar que cada um viva do seu próprio jeito. Mas não é fácil, principalmente nas relações, pois implica em aceitar o que o outro é sem querer mudá-lo; e somos experts em querer mudar o outro para que caibamos nele sem nenhum desconforto ou aresta. Nem vou mencionar que isso, se de fato ocorresse, seria o primeiro e derradeiro passo para a estagnação espiritual.
Quando você começa a trabalhar seus preconceitos percebe que deixa de reclamar porque fulano escreve sobre isso ou aquilo na timeline da sua vida; você simplesmente "pula" o que não te diz respeito. Também deixa de querer que as pessoas comemorem as mesmas coisas que você e chorem pelas mesmas dores. Você finalmente começa a entender que as possibilidades de se ser feliz são inúmeras e que podem assumir as mais variadas formações e combinações. Isso faz perceber que então, para você também existem mais saídas do que as apontadas e que a criatividade nas combinações pode ser o segredo. E que ser assim não agride ninguém: nem você, nem ao outro e muito menos ao meio ambiente.
O que sei é que se eu não combater em mim os pequenos preconceitos de cada dia, se não me policiar cada vez que olho pro outro e quero que ele seja do meu jeito e não do jeito que ele é, que acredite nas mesmas coisas que eu e sinta tudo exatamente da forma como sinto, estou contribuindo para esse mundo de intolerância que assume as mais diversas formas de agressão. Sutis ou não. E entender não significa aceitar, mas respeito é necessário sempre.
É preciso que eu tenha como mantra que a minha é apenas mais uma forma de ver, sentir e estar no mundo e que tudo bem, pois esta é a maneira mais rica de se viver, uma vez que não fecha as minhas possibilidades. Sempre há um novo caminho a percorrer quando o que escolhi não deu certo.
A única forma possível de se combater o grande preconceito que assola o nosso mundo é combater aquele pequeno que há em mim, uma vez que sou a única pessoa que tenho de fato o poder de transformar.
Sim, pois se o preconceito existe e persiste é porque é algo que se faz presente em todos nós. Mas onde? Onde até os mais liberados o carregam em si ao longo de uma existência de batalhas pela igualdade, liberdade e fraternidade?
Nas certezas absolutas que trazemos na vida.
E todos nós as temos e as cultivamos como características que nos definem enquanto pessoa, nos diferenciando dos demais. E, contraditoriamente, gastamos muito, mas muito tempo das nossas vidas tentando fazer com que os outros sejam como nós.
A cada vez que olhamos o outro e fazemos uma comparação entre o modo como ele vive e o nosso e dai tiramos uma conclusão de valor, estamos sendo preconceituosos. Toda vez que queremos que o mundo se defina pelos nosso valores, pela nossa forma de entender e sentir as coisas, estamos sendo pré-conceituosos, pois estamos excluindo da vida a diversidade. E ela existe. E é quem lhe dá graça, tornando-a tão vasta e abundante.
Muita gente nesse exato momento irá se levantar e dizer que existem coisas que são certas e existem coisas que são erradas e que devemos nos esforçar para que o mal seja eliminado do planeta. Não discordo disso num contexto mais amplo - aquele no qual a noção de bem e mal são do senso comum - uma vez que também não gosto de pessoas sendo roubadas, sequestradas, estupradas, assassinadas ou que apanhem por conta de sentirem, vestirem, dizerem ou viverem coisas diferentes. Porém discordo - e veementemente - que exista apenas uma forma de se chegar ao bem. E é no que as pessoas acreditam né? Cada um de nós quer que apenas o nosso jeito seja o grande jeito de se estar na vida, de entendê-la; e que as nossas verdades sejam as grandes verdades de todos.
Vi isso com extrema clareza nas últimas eleições, onde aqueles que votaram na presidente eleita tinha um discurso onde o subtexto era implícito: aqueles que não votavam na Dilma eram pessoas que não queriam o bem de todos os brasileiros. Mais: eram pessoas de uma qualidade inferior, alienadas, incapazes de perceberem as coisas com clareza e não o que realmente são: apenas pessoas que discordam quanto à forma de se chegar ao bem comum. Poucas vezes na minha vida vi tanto preconceito exalado sob as mais diversas formas de ambos os lados, não esquecendo das manifestações descabidas e infelizes de alguns dos que votaram no Serra. E aqui faço uma ressalva que fará com que as tripas de muito se torçam, mas peço paciência, pois existe uma finalidade didática em relação ao texto: apesar serem declarações extremamente preconceituosas, eram manifestações mais abertas e passiveis de serem combatidas - como o foram, até com ações legais - do que as que muitos praticaram camufladas pelo discurso pseudo-humanitário.
É que é muito mais difícil reconhecer o preconceito em nós e ainda mais quando vem travestido de bons valores, sentimentos e intenções. Se nos achamos pessoas boas e do bem, achamos também natural que nossas opiniões, valores e sentimentos sejam aceitos e valorizados por todos e que isso só não ocorre por não o comunicamos, e então partimos para a defesa do que acreditamos na tentativa de catequização alheia. Nada mais chato e certo de dar em nada, pois todo conscientizador é, antes de tudo, um chato primordial. Mas isso não vem ao texto.
Voltando: existe uma outra situação complicadíssima de preconceito camuflado que é quando este ocorre em nome do amor. Fácil perceber que quem ama se acha empossada do direito de dizer que o outro está vivendo em desacordo com o que ele acredita ser o melhor, e de achar que, por conta do amor, o outro deve ceder. Nem vou descrever o que decorre disso, uma vez que não existe preconceito mais igualitário do que esse já atingindo a todos.
Entretanto vale lembrar que preconceito é pré-conceito - aquele que antecede o conhecimento de fato - uma vez que é sempre uma ideia sobre qualquer coisa. E só podemos ter ideias quanto àquilo que não vivemos ou sentimos na própria carne. As pessoas têm muita dificuldade de entender isso.
Sei o que é ser discriminada e sofrer preconceito por ser obesa, porém não sei se é o mesmo que um gay sente. Mas de tudo o que vivi, juro que me chocou infinitamente mais a ausência de reação dos amigos diante da agressão sofrida. Sim, pode ter sido por puro choque, mas não sei - e não quero saber também, viu Universo? - se vendo um amigo meu apanhar do nada, eu ficaria olhando. É, viver não é mesmo fácil. Julgar é uma ação quase que instantânea de tão habituados que estamos a isso e por isso livrar-se dessa mania é um trabalho sem tréguas.
É claro que existem alguns momentos de esclarecimento e posicionamento, onde me digo, e ao outro, aquilo que serve ou não para mim. No entanto, isso é MUITO diferente de achar que porque é bom para mim, serve para todo mundo. E assim mesmo temos sempre de atentar para se não estamos tomando como nossas coisas do senso comum ao invés de procurar por aquilo que nos nutre e satisfaz. A maior fonte de insatisfação pessoal está em tentar adaptar-se ao que é de todos, despersonalizado. Está ai a depressão, doença do sucumbimento do "eu", que não me deixa mentir.
É, eu sei, muitas vezes também me pego querendo seguir regras e normas que não me dizem respeito, julgando minhas coisas pelos parâmetros alheios e me esqueço do essencial que é ser feliz no percurso. No MEU percurso, adaptando a MINHA realidade às MINHAS necessidades.
É: "minha", "meu", "eu", "tudo eu". Egoísmo bom é isso. Quando você vive assim, se sente mais livre para deixar que cada um viva do seu próprio jeito. Mas não é fácil, principalmente nas relações, pois implica em aceitar o que o outro é sem querer mudá-lo; e somos experts em querer mudar o outro para que caibamos nele sem nenhum desconforto ou aresta. Nem vou mencionar que isso, se de fato ocorresse, seria o primeiro e derradeiro passo para a estagnação espiritual.
Quando você começa a trabalhar seus preconceitos percebe que deixa de reclamar porque fulano escreve sobre isso ou aquilo na timeline da sua vida; você simplesmente "pula" o que não te diz respeito. Também deixa de querer que as pessoas comemorem as mesmas coisas que você e chorem pelas mesmas dores. Você finalmente começa a entender que as possibilidades de se ser feliz são inúmeras e que podem assumir as mais variadas formações e combinações. Isso faz perceber que então, para você também existem mais saídas do que as apontadas e que a criatividade nas combinações pode ser o segredo. E que ser assim não agride ninguém: nem você, nem ao outro e muito menos ao meio ambiente.
O que sei é que se eu não combater em mim os pequenos preconceitos de cada dia, se não me policiar cada vez que olho pro outro e quero que ele seja do meu jeito e não do jeito que ele é, que acredite nas mesmas coisas que eu e sinta tudo exatamente da forma como sinto, estou contribuindo para esse mundo de intolerância que assume as mais diversas formas de agressão. Sutis ou não. E entender não significa aceitar, mas respeito é necessário sempre.
É preciso que eu tenha como mantra que a minha é apenas mais uma forma de ver, sentir e estar no mundo e que tudo bem, pois esta é a maneira mais rica de se viver, uma vez que não fecha as minhas possibilidades. Sempre há um novo caminho a percorrer quando o que escolhi não deu certo.
A única forma possível de se combater o grande preconceito que assola o nosso mundo é combater aquele pequeno que há em mim, uma vez que sou a única pessoa que tenho de fato o poder de transformar.
24 de novembro de 2010
Como posso sentir a perda do que nunca tive?
Mais: como posso sentir doer escolhas que fiz levando em conta o que eu não queria e descobrir, tarde demais, que queria? Se fosse com você eu queria. Eu não queria era com qualquer um...
Nunca pensei em filhos como desdobramento de um amor. Nunca havia parado para me perguntar que se o nosso amor se desdobrasse dessa forma, como seria a criança que nasceria combinando você e eu? Como seriam seus olhos? Sua boca? Teria os meus ou os seus dedos? E a personalidade puxaria mais a sua paciência infinita ou a minha curta e de mau gênio? E o jeito de rir, de olhar?
Qual seria a emoção de ter dentro de mim algo gerado por esse amor que em mim é tão importante? Um pedaço seu e meu, aqui, crescendo dentro de mim, como seria? E depois segurá-lo nos braços, amamentá-lo, vê-lo se desenvolver como a consequência natural da nossa vontade de ficarmos juntos para além de nós mesmos e das nossas vidas.
Como seria ver seus olhos no primeiro momento em que o segurasse? Seu sorriso e a emoção de ter um filho nosso nos braços? Como você me olharia depois disso? E se fosse menina? Você algum dia sonhou em ser pai duma menina?
E mais e maior: como será o amor de mãe? O amor nascido por gerar alguém dentro de si, como fruto de um amor que corre pelas veias e é tão eu...
Como será vê-lo, pela primeira vez, me olhar e me reconhecer? Como será alguém me amar como mãe? Ser alguém insubstituível? Ter esse amor incondicional? Como será a emoção, em mim, do primeiro passo, da primeira palavra, do primeiro tombo, da primeira bronca?
Tantas e tantas coisas que jamais saberei.
E não saberei por não dar mais tempo. Biologicamente esse trem já passou.
E também, por egoísmo, admito. Desculpe, mas não quero te dividir com mais alguém.
É, eu sei, eu mais uma vez protagonizando mais um clichezão da vida, mas entenda: passei tanto tempo esperando pela oportunidade de ter você um pouco para mim que não vou ocupar meu tempo com mais ninguém. E filho ocupa espaço interno e externo, precisa de dedicação e dedicação pede tempo. Filho não tem hora e nem lugar, é trabalho integral 24 horas por dia e trabalho por muitos e muitos anos. Tem todas as coisas boas, mas também tem todas aquelas que dão um trabalhão.
Mais a mais, você sempre terá os seus filhos e eles, por consequências naturais da vida, já tirarão você de mim.
E eles não vão gostar de mim, ao menos no começo... Talvez com o tempo passem a gostar de mim, mas sempre haverá momentos onde estarei excluída. Momentos seu e deles e de todos os sentimentos e significados de se ter um filho, de ser pai. Torço com todas as forças para que eles um dia gostem de mim como se gosta de uma amiga. E que confiem em mim como quem confia numa grande amiga. E assim quando houver os momentos de vocês, eu vou ficar esperando por você em casa, mas não me sentirei excluída. Serei parte de um amor que é fraterno.
Mas hoje, hoje foi a inveja da relação de vocês que me fez descobrir tudo o que contei acima. E eu nem sabia que era inveja. No começo achei que aquela dor que sinto cada vez que você me conta que vai fazer algo com eles, algo ao qual não pertenço, algo que você tem e sempre terá sem a minha participação, fosse ciúmes... Mas era diferente de todos os ciúmes que já senti nessa vida. E foi então que percebi que era inveja mesmo. Inveja por você ter algo que eu nunca terei e que nunca te darei também.
E eu não quero que você perca isso. Mesmo. Não quero que a nossa relação impeça você de viver a de vocês, e por isso tenho de aprender e viver com a dor e transformá-la. Preciso aceitar minhas escolhas e vivê-las como o que são: minhas escolhas. Mas ainda não sei fazer isso... Ainda só dói e ainda só choro e rezo e peço a Deus que me dê meios de superar e eu sei que vou, só não sei quando.
Por hora fico feliz em me manter fora do manicômio, porque né? Santa incoerência Batmam! Já foram tantas crises de choro que até me dei férias de sentir, mas quem diz? Quando vejo estou pensando de novo, imaginando coisas... E no entanto, sei que não vou mudar de ideia. Não vou deixar de tomar pílula e nem querer engravidar. Fica pra próxima quando nos encontraremos cedo e construiremos toda uma vida cheia de clichês de comercial de margarina e seremos de fato felizes com o pacote completo.
Nessa e por hora, por mais que doa, eu quero apenas você.
Mais: como posso sentir doer escolhas que fiz levando em conta o que eu não queria e descobrir, tarde demais, que queria? Se fosse com você eu queria. Eu não queria era com qualquer um...
Nunca pensei em filhos como desdobramento de um amor. Nunca havia parado para me perguntar que se o nosso amor se desdobrasse dessa forma, como seria a criança que nasceria combinando você e eu? Como seriam seus olhos? Sua boca? Teria os meus ou os seus dedos? E a personalidade puxaria mais a sua paciência infinita ou a minha curta e de mau gênio? E o jeito de rir, de olhar?
Qual seria a emoção de ter dentro de mim algo gerado por esse amor que em mim é tão importante? Um pedaço seu e meu, aqui, crescendo dentro de mim, como seria? E depois segurá-lo nos braços, amamentá-lo, vê-lo se desenvolver como a consequência natural da nossa vontade de ficarmos juntos para além de nós mesmos e das nossas vidas.
Como seria ver seus olhos no primeiro momento em que o segurasse? Seu sorriso e a emoção de ter um filho nosso nos braços? Como você me olharia depois disso? E se fosse menina? Você algum dia sonhou em ser pai duma menina?
E mais e maior: como será o amor de mãe? O amor nascido por gerar alguém dentro de si, como fruto de um amor que corre pelas veias e é tão eu...
Como será vê-lo, pela primeira vez, me olhar e me reconhecer? Como será alguém me amar como mãe? Ser alguém insubstituível? Ter esse amor incondicional? Como será a emoção, em mim, do primeiro passo, da primeira palavra, do primeiro tombo, da primeira bronca?
Tantas e tantas coisas que jamais saberei.
E não saberei por não dar mais tempo. Biologicamente esse trem já passou.
E também, por egoísmo, admito. Desculpe, mas não quero te dividir com mais alguém.
É, eu sei, eu mais uma vez protagonizando mais um clichezão da vida, mas entenda: passei tanto tempo esperando pela oportunidade de ter você um pouco para mim que não vou ocupar meu tempo com mais ninguém. E filho ocupa espaço interno e externo, precisa de dedicação e dedicação pede tempo. Filho não tem hora e nem lugar, é trabalho integral 24 horas por dia e trabalho por muitos e muitos anos. Tem todas as coisas boas, mas também tem todas aquelas que dão um trabalhão.
Mais a mais, você sempre terá os seus filhos e eles, por consequências naturais da vida, já tirarão você de mim.
E eles não vão gostar de mim, ao menos no começo... Talvez com o tempo passem a gostar de mim, mas sempre haverá momentos onde estarei excluída. Momentos seu e deles e de todos os sentimentos e significados de se ter um filho, de ser pai. Torço com todas as forças para que eles um dia gostem de mim como se gosta de uma amiga. E que confiem em mim como quem confia numa grande amiga. E assim quando houver os momentos de vocês, eu vou ficar esperando por você em casa, mas não me sentirei excluída. Serei parte de um amor que é fraterno.
Mas hoje, hoje foi a inveja da relação de vocês que me fez descobrir tudo o que contei acima. E eu nem sabia que era inveja. No começo achei que aquela dor que sinto cada vez que você me conta que vai fazer algo com eles, algo ao qual não pertenço, algo que você tem e sempre terá sem a minha participação, fosse ciúmes... Mas era diferente de todos os ciúmes que já senti nessa vida. E foi então que percebi que era inveja mesmo. Inveja por você ter algo que eu nunca terei e que nunca te darei também.
E eu não quero que você perca isso. Mesmo. Não quero que a nossa relação impeça você de viver a de vocês, e por isso tenho de aprender e viver com a dor e transformá-la. Preciso aceitar minhas escolhas e vivê-las como o que são: minhas escolhas. Mas ainda não sei fazer isso... Ainda só dói e ainda só choro e rezo e peço a Deus que me dê meios de superar e eu sei que vou, só não sei quando.
Por hora fico feliz em me manter fora do manicômio, porque né? Santa incoerência Batmam! Já foram tantas crises de choro que até me dei férias de sentir, mas quem diz? Quando vejo estou pensando de novo, imaginando coisas... E no entanto, sei que não vou mudar de ideia. Não vou deixar de tomar pílula e nem querer engravidar. Fica pra próxima quando nos encontraremos cedo e construiremos toda uma vida cheia de clichês de comercial de margarina e seremos de fato felizes com o pacote completo.
Nessa e por hora, por mais que doa, eu quero apenas você.
19 de novembro de 2010
Procurando uma texto, me deparei com crônicas antigas e me deu vontade de postar algumas...
Uma mulher "quase" fatal
Eu, que um dia fui apelidada de “Dama do Lotação” por ter arrumado, seguidamente, dois namorados andando de ônibus pela cidade, agora descubro que até andando a pé sou “um perigo”!
Ontem, onze horas da manhã, calmamente me dirijo a uma agência oficial do Correio situada na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, ali, quase esquina com a Avenida Imirim. Desci em frente ao supermercado "Compre Bem" na mesma avenida e me dispus a andar o quase quilômetro que faltava para fazer uma boa caminhada já que o sol não estava tão forte.
Logo nos primeiros passos escuto:
- Quando eu era mais moço era doido por mulheres assim como você: mais robustas.
Viro a cabeça e me deparo com um senhor de aparentemente setenta anos, um daqueles sertanejos do nordeste brasileiro, bigode espesso e cabelos ainda pretos, assim como os olhos, vestido com camisa e sapatos brancos, calça bege. Na cabeça um chapéu de boiadeiro e na mão esquerda uma maleta grande, ambos pretos. Sorrio e ele segue:
- Tanto que casei com uma, mas Deus a levou de mim há cinco meses e deixou no meu peito só essa dor que dói demais.
Diminui o passo porque percebi que ele sofria ao tentar me acompanhar e foi ai que sacou do bolso de trás da calça a carteira para me mostrar a mulher, olhos marejados de lágrimas. Paramos.
- Morreu tem cinco meses, repetiu. No peito ficou só essa dor. Mas se eu encontrar quem queira, em um mês estou casado. É só tempo de correr os proclamas.
Eu ri e voltei a andar; ele me seguiu. Do que pude ouvir do que disse, já que houveram momentos em que o barulho do tráfego abafava-lhe mais o som da voz naturalmente baixa, ele contou que trabalhava - e orgulhoso ergueu a maleta - vendendo algo que não entendi o que era e pelo qual só recebia em dinheiro e na hora. Possuía um apartamento muito bom no centro, “ali na Júlio Prestes”, onde não passava calor, pois um só ventilador ligado no máximo refrescava todo o quarto permitindo-o dormir sossegado. Tinha uma casa de veraneio em Cumbica, pertinho do aeroporto, aonde ia passar os finais de semana o que o obrigava a acordar às quatro da manhã na segunda para às cinco e quarenta estar tomando um trem que o trazia de volta a São Paulo no mais absoluto sossego. Ai de supetão perguntou:
- Você se casaria com alguém assim como eu?
Sorrindo respondi:
- Não.
- Você já é casada né?
- Sou.
- É, mulher como você não fica dando sopa não. Acha logo quem quer.
Tentando mudar o assunto perguntei:
- O senhor tem filhos?
E ele contou que tem seis. Que todos moram em casa dele. Todos casados. Que ele é um bom partido, que conhece mulheres que querem que ele se case com as filhas delas por ele ter sempre tratado bem a esposa. Dava-lhe um salário mínimo a cada mês para ela gastar com essas coisas que toda mulher gosta.
- Você nunca almoçou assim com um homem que acabou de conhecer né?
- Não!!!!
- É, seus pais eram seguros né? Traziam-na ali na rédea; mas com filha como você tem de ser assim mesmo.
- O senhor nasceu onde?
- Sou de Recife.
E contou mais um tanto da infância, porém o barulho da rua era tanto que só ouvi que ele punha a rede na varanda e que mocinho trabalhava das seis às seis apegado no cabo da enxada. Nessa hora passávamos por um boteco e um cara que estava parado à porta disse:
- Ai gaúcho, por isso vc não apareceu hoje né? Tá na fartura. Quisera eu poder também estar me fartando nessa bastura.
O senhor nem olhou para ele e muito menos eu. Papo dessa categoria de bêbado é sempre chato. Papo de bêbado bom só quando a gente tá bêbado junto, pois ai qualquer coisa faz sentido.
- Vou te falar uma coisa.
- Diga.
- Nunca na minha vida vi uma mulher tão bonita quanto você. Via na televisão - por que eu tenho duas com controle remoto, comprei lá na Casas Bahia que gosto é de conforto - Ai via as mulheres bonitas na TV e pensava que eram de mentira, mas agora, vendo você, eu vejo que existe mulher bonita assim mesmo.
E eu pensei: “e não é que o danadinho é bom ainda na cantada?” No entanto para ele eu apenas ri. Ele perguntou:
- Qual seu nome?
- Maria. Porque nem morta eu ia ficar explicando e repetindo meu nome nos próximos dez minutos, além do que é verdade, meu nome é Maria em português.
- E ainda tem o nome de minha santa mãezinha! E também da minha santa de devoção: Santa Maria. Eu a carrego sempre comigo.
Para minha sorte, pois vai saber o quê ainda viria depois, estávamos finalmente em frente ao Correio e eu tinha de atravessar a rua. Apertei-lhe a mão, disse que fora um prazer conhecê-lo e sem mais delongas parti.
É, tem dia que sou assim mesmo: irresistível!
Ufa!
Uma mulher "quase" fatal
Eu, que um dia fui apelidada de “Dama do Lotação” por ter arrumado, seguidamente, dois namorados andando de ônibus pela cidade, agora descubro que até andando a pé sou “um perigo”!
Ontem, onze horas da manhã, calmamente me dirijo a uma agência oficial do Correio situada na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, ali, quase esquina com a Avenida Imirim. Desci em frente ao supermercado "Compre Bem" na mesma avenida e me dispus a andar o quase quilômetro que faltava para fazer uma boa caminhada já que o sol não estava tão forte.
Logo nos primeiros passos escuto:
- Quando eu era mais moço era doido por mulheres assim como você: mais robustas.
Viro a cabeça e me deparo com um senhor de aparentemente setenta anos, um daqueles sertanejos do nordeste brasileiro, bigode espesso e cabelos ainda pretos, assim como os olhos, vestido com camisa e sapatos brancos, calça bege. Na cabeça um chapéu de boiadeiro e na mão esquerda uma maleta grande, ambos pretos. Sorrio e ele segue:
- Tanto que casei com uma, mas Deus a levou de mim há cinco meses e deixou no meu peito só essa dor que dói demais.
Diminui o passo porque percebi que ele sofria ao tentar me acompanhar e foi ai que sacou do bolso de trás da calça a carteira para me mostrar a mulher, olhos marejados de lágrimas. Paramos.
- Morreu tem cinco meses, repetiu. No peito ficou só essa dor. Mas se eu encontrar quem queira, em um mês estou casado. É só tempo de correr os proclamas.
Eu ri e voltei a andar; ele me seguiu. Do que pude ouvir do que disse, já que houveram momentos em que o barulho do tráfego abafava-lhe mais o som da voz naturalmente baixa, ele contou que trabalhava - e orgulhoso ergueu a maleta - vendendo algo que não entendi o que era e pelo qual só recebia em dinheiro e na hora. Possuía um apartamento muito bom no centro, “ali na Júlio Prestes”, onde não passava calor, pois um só ventilador ligado no máximo refrescava todo o quarto permitindo-o dormir sossegado. Tinha uma casa de veraneio em Cumbica, pertinho do aeroporto, aonde ia passar os finais de semana o que o obrigava a acordar às quatro da manhã na segunda para às cinco e quarenta estar tomando um trem que o trazia de volta a São Paulo no mais absoluto sossego. Ai de supetão perguntou:
- Você se casaria com alguém assim como eu?
Sorrindo respondi:
- Não.
- Você já é casada né?
- Sou.
- É, mulher como você não fica dando sopa não. Acha logo quem quer.
Tentando mudar o assunto perguntei:
- O senhor tem filhos?
E ele contou que tem seis. Que todos moram em casa dele. Todos casados. Que ele é um bom partido, que conhece mulheres que querem que ele se case com as filhas delas por ele ter sempre tratado bem a esposa. Dava-lhe um salário mínimo a cada mês para ela gastar com essas coisas que toda mulher gosta.
- Você nunca almoçou assim com um homem que acabou de conhecer né?
- Não!!!!
- É, seus pais eram seguros né? Traziam-na ali na rédea; mas com filha como você tem de ser assim mesmo.
- O senhor nasceu onde?
- Sou de Recife.
E contou mais um tanto da infância, porém o barulho da rua era tanto que só ouvi que ele punha a rede na varanda e que mocinho trabalhava das seis às seis apegado no cabo da enxada. Nessa hora passávamos por um boteco e um cara que estava parado à porta disse:
- Ai gaúcho, por isso vc não apareceu hoje né? Tá na fartura. Quisera eu poder também estar me fartando nessa bastura.
O senhor nem olhou para ele e muito menos eu. Papo dessa categoria de bêbado é sempre chato. Papo de bêbado bom só quando a gente tá bêbado junto, pois ai qualquer coisa faz sentido.
- Vou te falar uma coisa.
- Diga.
- Nunca na minha vida vi uma mulher tão bonita quanto você. Via na televisão - por que eu tenho duas com controle remoto, comprei lá na Casas Bahia que gosto é de conforto - Ai via as mulheres bonitas na TV e pensava que eram de mentira, mas agora, vendo você, eu vejo que existe mulher bonita assim mesmo.
E eu pensei: “e não é que o danadinho é bom ainda na cantada?” No entanto para ele eu apenas ri. Ele perguntou:
- Qual seu nome?
- Maria. Porque nem morta eu ia ficar explicando e repetindo meu nome nos próximos dez minutos, além do que é verdade, meu nome é Maria em português.
- E ainda tem o nome de minha santa mãezinha! E também da minha santa de devoção: Santa Maria. Eu a carrego sempre comigo.
Para minha sorte, pois vai saber o quê ainda viria depois, estávamos finalmente em frente ao Correio e eu tinha de atravessar a rua. Apertei-lhe a mão, disse que fora um prazer conhecê-lo e sem mais delongas parti.
É, tem dia que sou assim mesmo: irresistível!
Ufa!
25 de outubro de 2010
É preciso dizer que a segunda amiga me ligou naquele mesmo dia e conseguiu driblar minha resistência, me ouviu e me ajudou a melhorar.
Também é necessário dizer que a gente tem uma amizade, onde nem sempre concordamos, mas é sólida o suficiente para que digamos o que pensamos e sentimos com sinceridade.
Conversar com quem nos entenda faz toda a diferença em termos de qualidade. Ela me ajudou a pensar em possibilidades, mas, principalmente, a nomear algo que era difuso na dificuldade em se viver uma relação à distância: a necessidade de se manter o que se sente sob controle, pois não adianta dar vazão a sentimentos quando estes não encontrarão meio de satisfação imediata, ou sequer rápida.
E é isso que me traz grande dificuldades emocionais quando o Universo frusta meus planos de encontrar meu amado. Porque quando sei que irei vê-lo, me permito que tudo o que sinto por ele venha à tona. Principalmente porque estar com ele faz com que esse sentimento tenha dimensões normais, dimensões essas que são engrandecidas pela saudade quando passamos algum tempo sem nos ver; traduzindo: amar dói quando você não pode ver a pessoa com frequência e a única maneira de encarar uma relação assim é você não pensar tanto, não se permitir dedicação cotidiana ao sentir.
Quando o encontro não acontece, mesmo que seja pelos motivos mais justificáveis do Universo - como compromissos profissionais - é como se eu tivesse de recolocar num dedal, algo como 3 km de tecido. Dói; inclusive fisicamente.
E então eu questiono Deus né? Questiono, pois nossa relação não é distante. É tão próxima que mesmo que eu não peça sinais, Ele os envia. E eu levo algum tempo para voltar na antiga ligação. Eu me reavalio e reavalio a minha fé e embora não ache à princípio, minha fé acaba se tornando cada vez maior depois desses embates, uma vez que eles me obrigam a procurar as manifestações divinas nos detalhes.
Esse final de semana tive contato com pessoas evangélicas e percebi, mais uma vez que a devoção delas a Cristo me incomoda.
Me entendam: nada contra Cristo. Eu o acho um cara bacana por demais. Acredito nele, naquilo que ele nos ensinou, mas eu nunca consegui ter com ele uma ligação muito profunda, assim como não conseguia deixar de me sentir incomodada com essa babação de ovo nele.
Hoje pensei algo que talvez seja a luz: o que me incomoda é que acho, apenas acho, assim do verbo muito bem achado, que as pessoas trocaram a relação com Deus pela relação com o Cristo.
E ao meu ver Cristo é o caminho, mas não é o destino. O destino é Deus. E o que percebo nessas pessoas é que Deus continua um ser distante, inatingível, com quem só se pode falar, ter acesso, se for através de Cristo. E Cristo nunca desejou isso né? O que eu acho que ele sempre quis é que a gente percebesse que a mesma relação próxima que ele tem com o Pai, nós podemos ter. Deus falou com ele no Horto das Oliveiras e falará com qualquer filho em qualquer lugar, desde que o filho o chame em verdade, querendo ouvi-lo.
Gostem ou não, acreditem ou não, Deus nunca deixou de se manifestar quando pedi. E até quando não pedi. Cristo foi meu caminho, eu achava muito mais fácil ser entendida por uma ser que já havia estado na condição humana e, portanto, passado pelas nossas dificuldades, mas cheguei ao destino que era tirar Deus de lá fora e colocá-lo aqui dentro de mim. Reconhecer a divindade em mim e saber que é exatamente assim que Ele sabe o que acontece conosco, pois Ele está humano em nós da mesma forma que estamos divinamente nEle.
É a torca de centelhas.
E todos os dias rezo para que todas as pessoas sejam capazes de ter uma relação assim com Deus.
Também é necessário dizer que a gente tem uma amizade, onde nem sempre concordamos, mas é sólida o suficiente para que digamos o que pensamos e sentimos com sinceridade.
Conversar com quem nos entenda faz toda a diferença em termos de qualidade. Ela me ajudou a pensar em possibilidades, mas, principalmente, a nomear algo que era difuso na dificuldade em se viver uma relação à distância: a necessidade de se manter o que se sente sob controle, pois não adianta dar vazão a sentimentos quando estes não encontrarão meio de satisfação imediata, ou sequer rápida.
E é isso que me traz grande dificuldades emocionais quando o Universo frusta meus planos de encontrar meu amado. Porque quando sei que irei vê-lo, me permito que tudo o que sinto por ele venha à tona. Principalmente porque estar com ele faz com que esse sentimento tenha dimensões normais, dimensões essas que são engrandecidas pela saudade quando passamos algum tempo sem nos ver; traduzindo: amar dói quando você não pode ver a pessoa com frequência e a única maneira de encarar uma relação assim é você não pensar tanto, não se permitir dedicação cotidiana ao sentir.
Quando o encontro não acontece, mesmo que seja pelos motivos mais justificáveis do Universo - como compromissos profissionais - é como se eu tivesse de recolocar num dedal, algo como 3 km de tecido. Dói; inclusive fisicamente.
E então eu questiono Deus né? Questiono, pois nossa relação não é distante. É tão próxima que mesmo que eu não peça sinais, Ele os envia. E eu levo algum tempo para voltar na antiga ligação. Eu me reavalio e reavalio a minha fé e embora não ache à princípio, minha fé acaba se tornando cada vez maior depois desses embates, uma vez que eles me obrigam a procurar as manifestações divinas nos detalhes.
Esse final de semana tive contato com pessoas evangélicas e percebi, mais uma vez que a devoção delas a Cristo me incomoda.
Me entendam: nada contra Cristo. Eu o acho um cara bacana por demais. Acredito nele, naquilo que ele nos ensinou, mas eu nunca consegui ter com ele uma ligação muito profunda, assim como não conseguia deixar de me sentir incomodada com essa babação de ovo nele.
Hoje pensei algo que talvez seja a luz: o que me incomoda é que acho, apenas acho, assim do verbo muito bem achado, que as pessoas trocaram a relação com Deus pela relação com o Cristo.
E ao meu ver Cristo é o caminho, mas não é o destino. O destino é Deus. E o que percebo nessas pessoas é que Deus continua um ser distante, inatingível, com quem só se pode falar, ter acesso, se for através de Cristo. E Cristo nunca desejou isso né? O que eu acho que ele sempre quis é que a gente percebesse que a mesma relação próxima que ele tem com o Pai, nós podemos ter. Deus falou com ele no Horto das Oliveiras e falará com qualquer filho em qualquer lugar, desde que o filho o chame em verdade, querendo ouvi-lo.
Gostem ou não, acreditem ou não, Deus nunca deixou de se manifestar quando pedi. E até quando não pedi. Cristo foi meu caminho, eu achava muito mais fácil ser entendida por uma ser que já havia estado na condição humana e, portanto, passado pelas nossas dificuldades, mas cheguei ao destino que era tirar Deus de lá fora e colocá-lo aqui dentro de mim. Reconhecer a divindade em mim e saber que é exatamente assim que Ele sabe o que acontece conosco, pois Ele está humano em nós da mesma forma que estamos divinamente nEle.
É a torca de centelhas.
E todos os dias rezo para que todas as pessoas sejam capazes de ter uma relação assim com Deus.
23 de outubro de 2010
Já perceberam que o netbook não serviu muito pra me motivar a escrever, não é mesmo?
Mas enfim hoje eu queria conversar e como não encontrei ninguém que quisesse me ouvir de verdade, lembrei do blog.
Não sou alguém que tem o hábito de falar de si. E cada vez que tento, me frustro. Hoje foram duas vezes. A primeira com uma amiga com quem nunca consigo conversar coisas mais profundas, pois é alguém que defino como uma pessoa que desacredita de qualquer coisa que não acontece no quintal dela, ou seja, que não tenha acontecido com ela, ou com alguém na sua presença. E o assunto era Deus. E o fato dEle conversar comigo através das borboletas. E ai, logo li que ela estava preocupada comigo, pois eu estava alimentando ilusões para evitar de romper uma situação, pois imagina que Deus ia conversar comigo, ou com alguém, até mesmo com ela...
Antes eu ficava puta com essa postura dela. Muito chato você estar contando algo a alguém e a pessoa dizer que aquilo não pode ser verdade. É, algumas vezes ela diz, outras ela insinua. Hoje não ligo mais, pois o Universo limitado é o dela e não o meu. Mas é alguém que amo e ai, vez por outra esqueço e toco em assuntos que trazem à tona essa limitação e me decepciono. Porque né? Amigos deveriam saber ouvir os outros, mesmo discordando.
Mas as pessoas têm o hábito de darem as suas opiniões sobre tudo antes de você terminar de falar. Foi o que também aconteceu com a segunda amiga. Ela acredita em tudo o que eu acredito, sabe que Deus conversa comigo, com ela e com quem se dispuser não apenas através de borboletas, mas de qualquer coisa que a pessoa escolher, porém sofre de ejaculação precoce de opiniões - como 99% das pessoas hoje em dia - e antes que eu pudesse dizer o que me angustiava, despejou tudo o que ela achava.
E o que eu mais precisava era desabafar. Falar o que entristece meu coração, olhar pras minhas ilusões - que sei que existem - ali desnudas diante do outro, me elaborar na conversa, colher opiniões, sim, e me refazer.
Muita gente pode achar que aprendi a escutar sendo terapeuta, mas não é verdade. Eu sempre soube ouvir e é por isso que sempre, desde muito nova, meus amigos me procuravam pra conversar. Tai minha mãe que não me deixa mentir, pois sempre foi o maior assombro dela em relação a mim: a quantidade de amigos que me procuravam quando não estavam bem, eu ainda muito nova. É esse o motivo dela não ter encrencado - muito - com eu ter escolhido a psicologia ao invés da nutrição, que era o ramo do negócio da família.
E ouvir tem muito mais de sensibilidade do que de formação. É querer saber do outro, de verdade. É preocupar-se mais com o outro do que com a própria opinião.
O x é que quando acontecem essas coisas eu volto ao meu mutismo costumeiro e as pessoas acham que sou fechada,concho... Não sou, mas não gosto de ter pseudo conversas.
Mas enfim hoje eu queria conversar e como não encontrei ninguém que quisesse me ouvir de verdade, lembrei do blog.
Não sou alguém que tem o hábito de falar de si. E cada vez que tento, me frustro. Hoje foram duas vezes. A primeira com uma amiga com quem nunca consigo conversar coisas mais profundas, pois é alguém que defino como uma pessoa que desacredita de qualquer coisa que não acontece no quintal dela, ou seja, que não tenha acontecido com ela, ou com alguém na sua presença. E o assunto era Deus. E o fato dEle conversar comigo através das borboletas. E ai, logo li que ela estava preocupada comigo, pois eu estava alimentando ilusões para evitar de romper uma situação, pois imagina que Deus ia conversar comigo, ou com alguém, até mesmo com ela...
Antes eu ficava puta com essa postura dela. Muito chato você estar contando algo a alguém e a pessoa dizer que aquilo não pode ser verdade. É, algumas vezes ela diz, outras ela insinua. Hoje não ligo mais, pois o Universo limitado é o dela e não o meu. Mas é alguém que amo e ai, vez por outra esqueço e toco em assuntos que trazem à tona essa limitação e me decepciono. Porque né? Amigos deveriam saber ouvir os outros, mesmo discordando.
Mas as pessoas têm o hábito de darem as suas opiniões sobre tudo antes de você terminar de falar. Foi o que também aconteceu com a segunda amiga. Ela acredita em tudo o que eu acredito, sabe que Deus conversa comigo, com ela e com quem se dispuser não apenas através de borboletas, mas de qualquer coisa que a pessoa escolher, porém sofre de ejaculação precoce de opiniões - como 99% das pessoas hoje em dia - e antes que eu pudesse dizer o que me angustiava, despejou tudo o que ela achava.
E o que eu mais precisava era desabafar. Falar o que entristece meu coração, olhar pras minhas ilusões - que sei que existem - ali desnudas diante do outro, me elaborar na conversa, colher opiniões, sim, e me refazer.
Muita gente pode achar que aprendi a escutar sendo terapeuta, mas não é verdade. Eu sempre soube ouvir e é por isso que sempre, desde muito nova, meus amigos me procuravam pra conversar. Tai minha mãe que não me deixa mentir, pois sempre foi o maior assombro dela em relação a mim: a quantidade de amigos que me procuravam quando não estavam bem, eu ainda muito nova. É esse o motivo dela não ter encrencado - muito - com eu ter escolhido a psicologia ao invés da nutrição, que era o ramo do negócio da família.
E ouvir tem muito mais de sensibilidade do que de formação. É querer saber do outro, de verdade. É preocupar-se mais com o outro do que com a própria opinião.
O x é que quando acontecem essas coisas eu volto ao meu mutismo costumeiro e as pessoas acham que sou fechada,concho... Não sou, mas não gosto de ter pseudo conversas.
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