23 de outubro de 2010

Já perceberam que o netbook não serviu muito pra me motivar a escrever, não é mesmo?

Mas enfim hoje eu queria conversar e como não encontrei ninguém que quisesse me ouvir de verdade, lembrei do blog.

Não sou alguém que tem o hábito de falar de si. E cada vez que tento, me frustro. Hoje foram duas vezes. A primeira com uma amiga com quem nunca consigo conversar coisas mais profundas, pois é alguém que defino como uma pessoa que desacredita de qualquer coisa que não acontece no quintal dela, ou seja, que não tenha acontecido com ela, ou com alguém na sua presença. E o assunto era Deus. E o fato dEle conversar comigo através das borboletas. E ai, logo li que ela estava preocupada comigo, pois eu estava alimentando ilusões para evitar de romper uma situação, pois imagina que Deus ia conversar comigo, ou com alguém, até mesmo com ela...

Antes eu ficava puta com essa postura dela. Muito chato você estar contando algo a alguém e a pessoa dizer que aquilo não pode ser verdade. É, algumas vezes ela diz, outras ela insinua. Hoje não ligo mais, pois o Universo limitado é o dela e não o meu. Mas é alguém que amo e ai, vez por outra esqueço e toco em assuntos que trazem à tona essa limitação e me decepciono. Porque né? Amigos deveriam saber ouvir os outros, mesmo discordando.

Mas as pessoas têm o hábito de darem as suas opiniões sobre tudo antes de você terminar de falar. Foi o que também aconteceu com a segunda amiga. Ela acredita em tudo o que eu acredito, sabe que Deus conversa comigo, com ela e com quem se dispuser não apenas através de borboletas, mas de qualquer coisa que a pessoa escolher, porém sofre de ejaculação precoce de opiniões - como 99% das pessoas hoje em dia - e antes que eu pudesse dizer o que me angustiava, despejou tudo o que ela achava.

E o que eu mais precisava era desabafar. Falar o que entristece meu coração, olhar pras minhas ilusões - que sei que existem - ali desnudas diante do outro, me elaborar na conversa, colher opiniões, sim, e me refazer.

Muita gente pode achar que aprendi a escutar sendo terapeuta, mas não é verdade. Eu sempre soube ouvir e é por isso que sempre, desde muito nova, meus amigos me procuravam pra conversar. Tai minha mãe que não me deixa mentir, pois sempre foi o maior assombro dela em relação a mim: a quantidade de amigos que me procuravam quando não estavam bem, eu ainda muito nova. É esse o motivo dela não ter encrencado - muito - com eu ter escolhido a psicologia ao invés da nutrição, que era o ramo do negócio da família.

E ouvir tem muito mais de sensibilidade do que de formação. É querer saber do outro, de verdade. É preocupar-se mais com o outro do que com a própria opinião.

O x é que quando acontecem essas coisas eu volto ao meu mutismo costumeiro e as pessoas acham que sou fechada,concho... Não sou, mas não gosto de ter pseudo conversas.