11 de agosto de 2008

Sábado haveria ensaio e eu almoçaria depois com uns amigos. O diretor desmarcou o ensaio e por conta do tempo chuvoso, decidi ficar em casa para fazer o que ainda não havia feito: decorar o texto que sofreu modificações. Torpedei os amigos e já estava aqui entretida com as falas e entonações, quando um deles me liga e diz: "desculpe interromper seu estudo, mas estou passando ai pra almoçarmos. Você tem 20 minutos". (Aliás esse amigo diz que eu e uma outra amiga em comum somos as mulheres mais homens que ele tem: sempre lindas, cheirosas, arrumadas e femininas, mas nunca o deixamos esperando para terminar de nos arrumarmos.) E foi assim que chegamos ao restaurante japonês às 14:00 horas e saimos de lá às 19:00. Não, não passamos essas 5 horas comendo... rs... Mas sim praticando nosso esporte preferido: conversar.

É bom conversar com quem se entende porque se reconhece parecido. Principalmente porque quando falamos dos defeitos, estes não vêem em tom de acusação, é uma constatação; inclusive das dificuldades que aquilo traz pras nossas vidas e de que mudar pode não ser algo simples de se fazer. A outra grande vantagem é poder rir-se das nossas bobagens, sem que o outro entenda aquilo como menosprezo.

Muitas vezes a gente consegue nomear de uma forma melhor características nossas. Por exemplo: eu sempre sou chamada de ingênua, porém nunca consegui me ver como tal. É porque não sou. Na verdade eu escolho - escolhia - "fechar" o que as pessoas falam ao invés de com o que elas fazem. É assim: tô ali numa relação com alguém que se diz alguém que sempre cumpre com o que se determina. Ai com o passar do tempo vou vendo a pessoa se determinar, mas agir de forma completamente diferente e ao invés de dizer como a maioria: "Ah! É alguém que engana a si mesmo; é inconstante; é mentiroso", sigo valorizando a fala e as poucas vezes nas quais estas coincidem com as atitudes. Isso num é ingenuidade, é burrice mesmo. Uma burrice motivada pela medo de ser injusta, mas mesmo assim burrice. Extrema.

Dessa escolha acabo desembocando em outra que apelidamos no sábado de "Arrogância Crística" que é aquela mania besta que a maioria de nós tem de achar que sabe o que é certo e melhor pros outros e ai resolve permanecer em relações que pouco ou nada nos dão, em nome de poder "salvar" o outro, né? Exemplar perfeito de Cristo que somos, é claro.

Porém ressalto que essa menção a Cristo é errônea na acepção da sua divindade, pois Ele mesmo jamais ajudou qualquer pessoa que não tivesse Lhe pedido de forma clara e direta para fazê-lo. Chegava um cego até Ele e mesmo assim Ele perguntava: "O que queres"? É por conta disso a arrogância: porque a gente percebe que a pessoa tá ali sofrendo, ela mesmo admite, e então se propõe a salvar quem não está querendo ser salvo. Quem curte sofrer. Ou quem até está querendo ser salvo, mas não o será por nós, pois nada podemos de verdade por ninguém, além de nós mesmos, e mesmo assim a gente se mete a besta...

Nem preciso dizer que parei né? Pois. Aposentei-me!

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