20 de julho de 2008

É impressionante a necessidade humana de dar a própria opinião sobre tudo. E a incapacidade em perceber que geralmente faz exatamente o mesmo que critica nos outros.

E é um vício.

A gente é viciado em querer julgar e pesar a existência alheia, querendo que esta pese e valha de acordo com a nossa opinião.

De um tempo para cá tenho tentado combater isso em mim e me ocupar apenas da minha existência, o que já é muito. E é quando a gente começa a ter essa postura que percebe com mais clareza que a falta de educação nas relações humanas é infinitamente maior do que se julgava à princípio. As pessoas de verdade se julgam no direito de questionar a maneira como o outro leva a vida e as coisas nas quais ele acredita, como se tivessem alguma coisa a ver com isso, como se o sustentassem financeira ou emocionalmente, única condição na qual eu acho que você tem mesmo de dar satisfações.

Porém quando não é esse o caso, pras essas pessoas inxeridas, a gente tem mesmo é de cantar: "ado, a-ado, cada um no seu quadrado."

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E outro dia li um post da Clara, chamado "Faca na Bota", que falava sobre isso e as respostas que a gente pensa em dar nessas horas. Ah! Se eu desse todas as respostas que me vêm a mente nessas horas. Mas geralmente não dou. Não por covardia, mas por economia de energia. A situação às vezes é até corriqueira: você está de esmalte vermelho e alguém olha na sua cara e diz: "odeio esmalte vermelho; acho tão vulgar". Eu invariavelmente penso: "que bom; então não use!".

Falemos sério: que importância tem na sua vida a cor do esmalte que eu uso? Mais: que importância tem na minha vida a sua opinião? Você pode até achar que tem, mas olha, vou ser muito sincera e contar um segredo: cada vez menos me preocupo com o que as pessoas pensam ao meu respeito; mais: cada vez mais vou retirando das pessoas a autorização de me dizerem o que pensam sobre mim. Porque? Por que uma época resolvi dar ouvidos à todos e o resultado foi péssimo: me perdi de mim mesma, perdi meu referencial interno. Pois; justamente porque cada um te mede pelos próprios valores, e só pelo fato destes serem os valores deles e não meus, não me servem. Não são bons ou ruins, só não me servem. Então, da mesma maneira que tenho evitado colocar o outro sob meu valor, tenho me retirado do valor alheio.

É, isso não impede que as pessoas sigam falando, mas não escuto mais. Não deixo aquilo me atingir. E se por ventura o que o outro diz me cutuca, páro, respiro fundo e me liberto daquilo mergulhando em mim mesma, pois sei que só me tocou por refletir uma coisa que também penso ou sinto acerca de mim mesma, porém é algo que tenho que resolver comigo e não com o outro. Muito menos dar-lhe satisfação. E sim, posso decidir falar sobre algo meu com alguém e quando faço isso é claro que autorizo o outro a emitir a sua opinião, mas ai é completamente diferente né? É.

Mas voltando ao porque geralmente não respondo nada, é o seguinte: se você diz algo duro a alguém com quem tem intimidade, a coisa se dissolve na relação, no afeto. A pessoa se manca e pára. Se isso não resolver, a relação comporta uma subida nas tamancas e tudo volta a ficar bem mais cedo ou mais tarde. No entanto, diga algo duro a alguém que você apenas conhece, conversou poucas vezes e não tem intimidade, para que imedatamente sua aura seja bombardeada pela raiva dela... Porque é claro que é você a grossa e a mal-educada e não ela, que deu opinião sobre o que não foi solicitado. E é claro que os amigos também emitem ondas de raiva na nossa direção num conflito, porém não serei eu a gastar tempo e energia me livrando da crosta negativa de quem não me diz nada afetivamente. Simplesmente aprendi a ignorar essas mensagens.

E no entanto, se a pessoa insiste, uma hora você tem de descer do salto e rodar a baiana, porque tem gente que confunde boa educação com idiotice. Bondade com ser bobo e ai a gente precisa colocar os pingos nos 'is'.

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Faz parte da nossa cultura achar que ser humilde é pensar que se é bom, mas se fazer de coitado, se rebaixar, se omitir. Eu não acredito nisso. Pra mim ser humilde é reconhecer seu potêncial, seus pontos fortes e saber do fundo da sua alma que tem muita gente infinitamente melhor que você nesse mundão de meu Deus. Mas MUITA gente mesmo!

Mais: é saber que muitos vão te olhar e ter uma opinião completamente diferente sobre seus potenciais e pontos fortes e tudo bem, sem problema algum, pois afinal o importante não é o que os outros pensam sobre você, mas o que se é de verdade.

17 de julho de 2008



Destination Anywhere- The Commintments

Porque alguns dias são mais difíceis que outros...

Apego:..."vínculo afetivo desenvolvido pelo indivíduo em relação a um parceiro que, por sua importância, deseja-se que sempre esteja próximo e que não pode ser substituído por nenhum outro.

... uma variação do vínculo afetivo, onde existe a necessidade da presença do outro e um acréscimo na sensação de segurança na presença deste. No apego o outro é visto como uma base segura, a partir da qual o indivíduo pode explorar o mundo e experimentar outras relações".

16 de julho de 2008

Eu concordo com a Debbie quando ela diz, nos comentários, que não importa o tamanho que temos, mas sim a relação que temos com ele para vivermos ou não relações. Mas admito que atualmente a relação que venho mantendo com o meu tamanho não tem sido das melhores. Estou emagrecendo, paulatinamente, mas tão concretamente, que a calça que comprei pro meu aniversário - 8 de Junho - me deixou pelada, ou quase, semana passada no meio da rua e ainda não fazia um mês que ela fora adquirida. É, larga de cair. E não tem como gostar da imagem que vejo refletida embora eu me ame, me aceite e saiba que sou uma pessoa legal pra caramba, inteligente, divertida e bonita...

Pois é, essa é uma transformação interna que me emociona: finalmente consigo olhar para a minha imagem e ver que sou bonita. Falo especificamente do meu rosto. Sou bonita como nasci para ser; bonita com o direito de sê-lo. Bonita como as pessoas sempre me disseram que sou, porém que nunca pude reconhecer. Bonita do jeito que os elogios chegavam, e me causavam um mudo espanto. Uma dúvida quanto à sanidade alheia. Quanto ao seu bom gosto e capacidade de avaliação estética. E eu não consigo ainda falar sobre isso sem chorar... Mas desta vez de genuína alegria.

E saber-se bonita não te torna convencida... Te faz dona de si mesma. Faz com que você se aproprie de um dos teus valores que te escapavam e só te acrescenta enquanto ser humano.

Se a beleza fosse uma escolha e só se pudesse ter uma delas: a interna ou a externa, eu escolheria - sem titubear - a interna, por questões de bem-estar e economia emocional. Porém se posso ter ambas, se tenho ambas, porque não vivênciá-las com prazer? São minhas! Com uma eu nasci e a outra eu desenvolvi e sigo desenvolvendo a cada dia. E quero usufruí-las daqui para frente; não pro outro ou por ele, mas por mim e para mim mesma. Pelo meu direito de ser, s-i-m-p-l-e-s-m-e-n-t-e s-e-r o que sou.
Sabe o tal história de que as Operadoras de TV à Cabo não poderiam cobrar mais pelo ponto adicional? Pois. Quer saber o que isso resultou na prática pro consumidor? A SKY achou um jeito de - através de liminar judicial - continuar cobrando o que já cobrava pelo ponto adicional e de - pelo texto da nova legislação - cobrar um pouco mais pelo manutenção do software do ponto adicional!

O Brasil não é um país do qual se morre de orgulho de se viver???

O aumento nem foi grande, dois reais, mas a sacanagem intitucionalizada dói na alma.

15 de julho de 2008

No blog da Cris, tem um texto sobre a falta de assuntos comuns quando você não casou e suas amigas sim, que gerou uma discussão interessante nos comentários: as cobranças em se ser solteira, em se vai ou não ter filhos, e etc. Aí estava aqui pensando em que dei muita sorte em minha mãe não me cobrar essas coisas, mas é estranho ouví-la dizer que dá graças a Deus por suas filhas não terem casado, pois Deus a livrou de que estivéssemos largadas ou em péssimos casamentos! E eu sempre penso: "como assim 'largadas'"? rs...

Enfim, estava era me questionando sobre como me saio das cobranças quando elas acontecem e lembrei que domingo agora mesmo, um primo que vai casar pela segunda vez me perguntou: "e ai, eu estou indo pro segundo casamento, seu irmão já está no terceiro, e você não vai casar não"? Ao que eu respondi: "não né? Foi tanto mau exemplo que vocês me deram que peguei trauma..." E ele riu muito.

O x é que eu acho que nem sou muito cobrada nesse quesito. Só não sei se por conta das respostas que geralmente dou; se porque as pessoas já sabem o que penso nesse sentido - não sou contra o casamento, mas sou contra a achar que ele é condição única de realisação pessoal, ou algo que toda mulher sonha/precisa pra se sentir feliz - ou se porque, em sendo obesa, as pessoas logo associam que ninguém me quer e ai não me perguntam para não me ofenderem... rs... É, porque já me aconteceram coisas interessantes nesse quesito, como por exemplo a irmã de uma cunhada que ao me ver chegar com um namorado numa festa de família - namoro recém começado - disse: "agora eu sei que minhas filhas têm esperança!" E não, não foi maldade, foi alívio e alegria, pois na cabeça dela eu jamais teria ninguém e se eu consegui, as filhas dela que eram magras, conseguiriam com certeza...

12 de julho de 2008

Resolvi fazer um top 10 dos mais gostosos - e/ou que mexem comigo, por um motivo ou por outro - das telonas e telinhas. Duro está sendo colocar esse povo em ordem... rs...

Vamos lá:

10º Lugar: Gregory Smith



O Ephran de Everwood. Não ele não é um adolescente de 18 anos, ele tem atualmente 25 aninhos e não é novidade pra ninguém que eu gosto de homens mais novos... Se bem que minha lista irá me contradizer completamente!

9º lugar: Chris Noth



Acho que muitas mulheres um dia quiseram estar no lugar da Carrie Bradshaw...

8º lugar: Keanu Rivers



Adoro-o em papéis como em “A casa do lago.”

7º lugar: John Corbett



E agora ele também canta.. Ai, ai, ai, ai... *suspiro*

6º lugar: George Clooney



Eu sei, eu sei.. Todo mundo jurava que ele seria meu primeiro colocado, mas né não. Lindo, charmoso, mas têm outros que mexem mais comigo...

5º lugar: Jonathan Rhys Meyers



Não entendo porque, mas ele me mexe mais que o George atualmente... Esses olhos azuis... Dão um troço né? Assim se somadas a esse bocão... E o tamanho da mão do homem, vocês repararam?? Meu Jesus Cristinho...

4º lugar: Mattew Mcconaugh



Aqui começa a lista dos homens que me ganham por terem um Q de safado…

3º lugar: Robert Downey Jr.



É, ele é problema, mas me diz: com uma carinha dessas quem resiste a querer brincar de super-heroína?

2º lugar: Josh Holloway



E se algum diz eu ler por ai que esse cabra não tem nada de safado, eu vou deixar de me chamar Marie!

1º lugar: Colin Firth



Sim, eis aqui o homem que nas telas me deixa com devaneios. A mistura exata de homem/menino/maroto/safado/bem-humorado que espero num homem… Com esse eu casava e virava uma moça de família quase boa... rs...

E ai, qual a sua lista? Deixe-a nos comentários, ou post em seu blog e me chame para ver!!!

10 de julho de 2008

Ai quando ele terminou comigo, a música era essa:



Mentiras - Adriana Calcanhoto.

Ouvindo essa música hoje pude começar a entender o porque de algumas mulheres se transformarem em verdadeiros monstros quando do rompimento. É, porque embora a música fale disso, eu mesma não consegui fazer nada de ruim contra ele, nem na época e nem depois. É, quer dizer, não conscientemente, pois na opinião dele, eu fiz sim e MUITO mal. Mas voltando: tem mulher que consegue né? Premeditam planos e executam de forma que a gente fica até espantado com a capacidade que elas têm de fazerem o mal. E aqui com meus botões, fico sem entender como a pessoa pode supor que fazendo o outro sentir muita raiva e até ódio mesmo, este possa querer estar ao seu lado novamaente. Como consideram isso uma prova de amor? E vamos lá supor que no cúmulo da ilusão isso fosse mesmo uma prova de amor, como algo tão torto pode gerar bons resultados? Enfim...

E ai na música diz: "que é pra ver se você volta, que é pra ver se você olha pra mim..." E a minha ficha começou a cair... Lembrei da minha relação com o meu pai, na qual em um determinado momento me levou a ser a filha terrível, como única alternativa para nãoc air no esquecimento, pois eu tinha certza que se fosse uma filha normal, ele sequer ia lembrar da minha existência. É como o último grito de desespero quando você traz dentro de si a certeza de que tem mais nada a ser feito não...


Palpite - Adriana Calcanhoto.

Porque hoje a saudade bateu... Não dele, mas de namorar.
Dia desses vendo um episódio de Sex and the City fui arremeçada ao passado. A cena: Carrie chega da balada cheia de fogo e Aidan, seu noivo, está dormindo na sua cama. Ela tenta seduzí-lo, mas o que recebe de volta é um: "comi demais, faz carinho no meu estômago, faz..." dito mais dormindo do que acordado. Caracas! E não é que eu tive um namorado que fazia exatamente igual? Não que ele costumasse rejeitar sexo, mas quando se excedia na combinação: álcool + carne, eu tinha de fazer massagem no estômago dele, "única" forma dele se sentir melhor!

Ai escrevendo isso lembrei da vez em que no sítio de uma amiga, ele, meu primo e mais um amigo beberam demais e começou aquele papo de bêbado chato, sabem qual, né? Os três homens falando dos próprios pais e indo ás lágrimas!!! Foi a minha deixa para ir para a cama e ter uma linda noite de sono... Ou quase. No meio da madrugada sou acordada pelas duas amigas - uma a namorada do meu primo e dona do sítio, e a outra mulher do outro chorão - para ir tirar meu namorado da piscina:

- Mas ele está se afogando? Pulei da cama e abri a janela que dava visão direta pra piscina e lá estava ele, nadando feito um golfinho! Olhei para as duas com cara de "como assim?" e elas danaram a me explicar que ele estava bêbado e poderia vir a ser perigoso. Entendi que eram duas mulheres controladoras querendo me aliar ao time. Recusei-me:

-Deixem ele nadar. E como vocês não vão mesmo dormir enquanto os vossos machos estiverem zanzando, tomem conta e só me chamem se ele se afogar ou passar mal de precisar levar ao hospital, combinado?

E voltei para a cama onde dormi muito bem obrigado, para acordar lá pelas seis abraçada com um namorado insone. Olhei-o e vi que algo ia mal:

- Que foi?

- Tô com muita dor de estômago... A carne mais a cerveja não cairam bem...

- Novidade; mas porque você não me acordou?

- Você estava dormindo tão gostoso, e quando deitei se aninhou tão bem em mim que preferi ficar quietinho te olhando para ver se passava...

- É, mas com esse olhos de cachorro que caiu da mudança e fraturou a pata, deu muito certo não, né? Pera ai que eu vou pegar remédio pra você... - Porque é lóóóóóóóóóógico que eu andava com uma farmácia na necessaire cada vez que viajava com ele.

Uma vez medicado, foi a hora de fazer a massagem no estômago mesmo sem ele ter pedido e vê-lo adormecer finalmente. E ficar ali olhando-o e sentindo o coração quentinho, pois amor era aquilo. Porque quando a gente ama, cuidar é natural, é forma de carinho e é diferente de tomar conta, de querer mandar no outro. Ele sabia que não deveria beber e comer carne, eu sabia, mas seria eu a tentar impedir ou fazer bico quando a coisa acontecia e ali na frente o corpo dele desandava? Não! Eu tinha um parceiro, não um filho.

E eu quero viver tudo isso de novo!!! Não com ele, é claro! Mas quero sentir amor e estar numa relação novamente.

9 de julho de 2008

Dois conceitos:

1) Etnocentrismo Cultural:

“ Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.” Continua aqui

2) Sistema de ativação Reticular:

”É um mecanismo que temos no cérebro responsável pela filtragem das informações que percebemos conscientemente. A cada instante o cérebro é bombardeado por milhões de estímulos sensoriais, mas conscientemente só percebemos uma pequena fração destes estímulos, pois (conscientemente) não conseguimos processá-los simultaneamente na sua totalidade. Então, a função do Sistema de Ativação Reticular é filtrar estes dados trazendo à nossa consciência apenas aqueles que são relevantes em cada momento.” Continua aqui

Resumindo: o Etnocentrismo Cultural fala da sobrevalorização daquilo que conhecemos sobre o diferente; o Sistema de Ativação Reticular fala de que a nossa atenção se prende naturalmente ao que conhecemos. Então, se valorizo o que sei sobre as demais coisas, vou tender a olhar tudo o que vejo de acordo com aquilo que sei. Porém pode ser ainda pior: posso desvalorizar o que é diferente e até negá-lo, só porque ele não condiz com o que conheço, sem perceber que quando o diferente aparece diante dos meus olhos, o desqualifico, nego mesmo a sua existência ou ridicularizando-o, ou desacreditando-o, só porque ele não é concordante com o que existe na minha cultura.

Conclusão
: isso não é ter mente aberta.

7 de julho de 2008



"Receba as flores que lhe dou, em cada flor um beijo meu..."

Yvinha, essas flores eu fiz pra você. São para mostrar que te gosto muito e que tenho plena certeza de que tudo correrá muito bem amanhã! Vou morrer de "sudades".

Beijo!
Só mais uma musica do filme tá? Prometo!

E tá, começo a rever meu conceito de que não acho loiros bonitos... Rapaz! Que homem é esse? Jonathan Rhys Meyers!!!! Depois do Josh Holloway (Sawyer) é o segundo que me deixa de queixo caído, mesmo com jeito de bom moço... rs.. E eu que tinha passado incólume pelo The Tudors, estou pensando seriamente em baixar e ver a série... rs...




Bach/Breack
e quem canta é o moçoilo lindo.. rs...


Moondance - Música da trilha sonora do filme August Rush - O som do coração.

O filme é bom. É, bom. Bom porque terminou e fiquei com a sensação de que faltava alguma coisa para ele ir para a categoria de filmaço, mesmo que todos os elementos estivessem ali: atores lindos e/ou consagrados como Robin Williams, Keri Russell, Jonathan Rhys Meyers e Terrence Howard em boas interpretações. Um enredo interessante, mas sei lá, sem se fixar em nenhum ponto de vista; solto. Isso acabou fazendo com que ficasse mal amarrado... Vale MESMO ser visto pela interpretação do Freddie Highmore como o menino Evan Taylor que tem, literalmente, a música na alma. A alegria dele quando em contato com a música é algo contagiante. E ai chegamos à trila sonora do filme que é lógico, amei! Tanto e tanto que às 2:45 hrs. estava eu abrindo o Dreamule pra baixá-la e só fui dormir quando ela estava todinha aqui, pois queria que fosse a primeira coisa que eu escutasse essa manhã.

4 de julho de 2008

Cor do amor sobre azul


Olhou para ele e seu coração se encheu de ternura. Lembrou-se do quanto aquele amor entrou em si pela porta dos fundos...

Nem quando o beijou pela primeira vez, tinha por ele qualquer coisa para além de uma curiosidade momentaneamente desperta por aquela boca que, subitamente, se insinuara junto à sua acordando nela o mesmo interesse que, às vezes, tinha em descobrir o sabor e a textura de uma fruta que lhe “sorria” em meio a outras.

Quando seus lábios encontraram os dele, sentiu imenso prazer naquela boca molinha cuja língua desafiava a sua de um jeito tão aveludado e suave, que projetou em sua mente e trouxe à sua boca a lembrança de um pêssego que, de tão caudaloso, escorre sumo ao ser mordido.

Por vários dias seguidos se encontraram mesmo que jurassem que não o fariam. Sempre havia um CD que queriam emprestar para que um novo grupo ou intérprete se tornasse conhecido; ou um livro que juravam que o outro ia adorar ler; ou ainda um filme que queriam assistir na certeza de uma boa companhia. Beijou-se muito e longamente, embora jurassem a si mesmos, assim que se viam a sós, que no dia seguinte, caso se encontrassem novamente, não o fariam. No entanto, quando se davam conta, já estavam entregues às carícias que suas bocas e mãos buscavam e promoviam em uníssono.

Bateram pé que não namorariam! Explicaram entre si os motivos; aceitaram e concordaram com as razões alheias e próprias. Porém em duas semanas assumiram que o faziam desde o primeiro dia. O que acontecera entre eles que fora tão forte a ponto de mudar as determinações internas que cada um havia firmado, a seu tempo, de que não se envolveriam tão cedo com outras pessoas? Fácil saber: o prazer que sentiam em estarem um na companhia do outro era imenso. Para muito além da química física, achavam bom estarem juntos fazendo o que fosse; e isso era algo tão raro de acontecer que intimamente consideraram burrice desperdiçar o que a vida achara por bem lhes oferecer.

Aliás, a química era o que por último acontecera entre eles; primeiro vieram a conversa fácil, as afinidades de valores, a oportunidade de serem eles mesmos, sem máscaras e sem medo de se decepcionarem. E em pouco tempo perceberam que quando a mente buscava por recordações de momentos felizes, os primeiros que lhes assomavam eram justos aqueles nos quais estavam juntos.

Tempos depois, conversando sobre o começo de namoro deles, ele revelara que se decidira por beijá-la por conta de um sonho. Neste, eles estavam entrando no cinema juntos quando o bilheteiro disse que os assentos ali eram numerados e que os deles eram em lugares opostos, encaminhando cada um para um lado. Ele se sentou no escuro e logo o filme começou. Achou muito ruim não poder comentar a trama com ela e buscando-a com os olhos dentro da sala de exibição, a viu sentada numa alta banqueta que tinha no balcão de um bar que lá havia, rodeada de rapazes que disputavam a sua atenção. Sentiu uma espécie de angústia e quis tirá-la logo dali, mesmo tendo o filme apenas começado. Para tanto decidiu chamar sua atenção ficando em pé e acenando. Inútil, ela não o via. Não se deu por rogado e começou a dizer seu nome em crescente desespero e mesmo assim ela agia como se dele não tivesse registro. Quando se decidiu por chegar até ela pulando por sobre a proteção que separava os dois espaços, o cinema se iluminou e ele a viu sair sorrindo de braços dados com um outro rapaz. Correu atrás deles e quando finalmente os alcançou viu, apavorado, que ela olhava apaixonadamente para o outro. Parou na frente deste disposto a disputar-lhe o afeto, espantando-o, no tapa se fosse preciso, e percebeu, estarrecido, que o outro era ele, sem ser.

Acordou banhado no mais gélido suor e não conseguiu conciliar mais o sono. Finalmente entendeu que maior que o seu medo de amá-la era o medo de perdê-la. Como pudera ser tão estúpido a ponto de achar que ela sempre estaria ali, disponível? É lógico que, mais dia menos dia, um outro iria adentrar a sua vida e mesmo que a amizade entre eles não terminasse, ela teria de dividir o seu tempo e a sua atenção com um amor que a tomaria infinitamente mais do que a amizade que tinham... E o tempo; ah! O tempo! Ele a levaria aos poucos para fora da sua vida. Inexorável... Não! Ele não suportava pensar sua vida sem a presença dela! Não sabia o que era aquilo, mas sabia que ela lhe era vital e mesmo sabendo que ela não lhe tinha mais do que amizade, resolveu tentar...

- Deu no que deu... Murmurou ela baixinho, enquanto lhe alisava os cabelos. São trinta anos de felicidade, e contra todas as expectativas, é você quem está prestes a partir e me deixar aqui...

Quantas vezes foram ambos silenciosamente criticados por ela ser quase vinte anos mais velha que ele? Incontáveis foram as vezes que percebera olhares de mudo rancor e despeito lançado em sua direção, por mocinhas que ficavam primeiro surpresas e depois indignadas ao perceberem que ele não era seu neto e muito menos seu filho, e sim seu homem; aquele que a amava. Inúmeras foram também as ocasiões onde senhoras perguntavam apenas para alfinetá-los: “é sua mãe”? E ele então se divertia as chocando ao responder a pergunta tascando-lhe um enorme beijo para logo em seguida perguntar: “te parece”? E ao lembrar disso ela sorriu...

É, se no começo a diferença de idade não fora evidente, pois ela aparentava ser bem mais nova do que verdadeiramente era, depois que fizera sessenta anos esta se tornara bastante aparente. E mesmo assim, quando ela o questionava, com sinceridade, se ele não preferia ir em busca de alguém mais nova, ele lhe respondia: “O corpo dela envelhecerá um dia, do mesmo jeito que o teu. Provavelmente até mais depressa. E prefiro as tuas poucas rugas conhecidas a qualquer lifting desconhecido. Além disso, que garantia tenho que dentro deste jovem corpo irá existir um espírito que eu possa amar e que me faça tão feliz quanto o teu me faz? Não é o teu corpo que amo e muito menos a forma que ele tem, é você. Ele me deu e dá felicidade, não nego, mas apenas porque é habitado por você. Não o fosse e não estaríamos aqui”.

Sorrindo passou mais uma vez a mão pela pele daquele rosto tão amado e agora inerte, incapaz de lhe dar um sorriso sequer, e se bem disse por não ter sido covarde em assumir o amor que ele lhe despertara a despeito de todas as oposições.

Antes dele, do amor apenas conhecera a dor. Depois dele conhecera a felicidade, não aquela de contos de fadas, feita de ilusões, mas a real, feita de cotidiano e de superações. Tiveram problemas, tiveram diferenças, tiveram incertezas e dificuldades como qualquer casal e relação, porém o amor e o bem estar em estarem juntos, sempre foram maiores e sempre fizeram valer a pena. Amou e foi amada como poucos tiveram o privilégio neste mundo...

Ele abriu os olhos e a fitou. Naquele olhar ela viu a imensidão de um amor que se despedia. Uma lágrima caiu dos seus olhos indo pingar sobre os lábios dele que se moviam num sorriso que logo congelaria e sobre o qual ela pousou os seus dizendo:

- Até breve meu amor e obrigado por haver compartilhado comigo tua imensa coragem e sabedoria.

Ele estava morto.

2 de julho de 2008

Uma vez acompanhei uma história de amor interessante que os comentários sobre o Frankstein do amor me fizeram lembrar.

A moça era absoluta e perdidamente apaixonada por um amigo meu que não valia nada, embora a amasse de verdade. Depois de muitas idas e vindas e muita confusão, eles terminaram em definitivo, pois ela percebeu que ele e a relação não a nutriam e nunca nutririam. Nesse término a minha relação com ela acabou abalada, pois não sei como, ela achou que eu tivesse responsabilidade sobre a última briga deles... Enfim, passados bem uns dois anos recebo uma ligação dela e um pedido de desculpas por ter confundido as bolas na hora do rompimento. Que gostava muito de mim e tanto que fazia questão absoluta de que eu fosse ao seu casamento. Pois é, enquanto chorava pelo ex, um colega de trabalho a consolava e com isso havia conquiistado o seu coração. Na igreja eu quase caio dura quando vejo o noivo entrar pela porta inaugurando o cortejo dos padrinhos. Rapaz!!! Ele era cara, o tamanho, o jeito, o sorriso e os olhos verdes e safados do meu amigo! Sério. Irmão gêmeo univitelíneo separados ao nascer! Mas segundo ela, o caráter era bem diferente. E a vontade que eu tinha de rir?? Nossa! Não fui na recepção, pois estava morrendo em pé numa super gripe e infelizmente perdi a chance de conversar com ele ou de mantermos contato...

Hoje que sei da lei da atração e dos seus efeitos entendo porque ele ser tão parecido e ter-se casado com ela...

1 de julho de 2008

Se tem uma coisa na qual eu não acredito no amor é na conquista. Talvez porque eu tenha sofrido de rejeição paterna e tenha passado a minha infância e começo de adolescência tentando ser alguém que meu pai pudesse amar. Não adiantou. Eu quis me transformar em outra pessoa e, no entanto, só consegui ser cada vez mais eu mesma.

Não entendo que se façam coisas no sentido de convencer ou mostrar ao outro que o que sou é passível de ser amado. Se sou, sou espontaneamente e o outro vê e em vendo, pode me amar ou não. É, ele também não tem muito controle sobre o que sente né? A gente ama ou desama sem motivo, simplesmente acontece. Não tem truque, não tem jogo de cena, não tem vontade ou razão que comande o nosso coração.

Mais ou menos. Assim: acho que a única coisa que podemos fazer com o nosso sentir é conformá-lo. Explico-me: conformar o sentimento é viver conformada em ter uma relação meia-boca com alguém de quem se gosta, mas não se ama, porque tem outras coisas consideradas mais importantes envolvidas; ou viver conformada que não se vai viver o grande amor porque ele não nos ama. O conformismo adormece e amortece o sentimento, e se ele é inevitável, prefiro só viver o segundo tipo. Que Deus me proteja de viver uma relação meia-boca seja lá pelo motivo que for.

Na minha vida afetiva não me lembro de ter sido conquistada. As coisas aconteceram ou não, mas sempre naturalmente. Primeiro surgia a paixão: às vezes a primeira vista, noutras nascida do convívio numa amizade; o namoro e a convivência mais íntima traziam o amor, ou não. E quando não, nada havia que o outro fosse, atuasse ou praticasse que me fizesse voltar atrás na decisão de romper. Da mesma forma que não sei viver sem receber amor, não sei viver sem dar o que considero justo o outro receber, pois todos têm o direito de serem amados e não apenas gostados. Arrogância suprema é a daquele que acredita que dar carinho basta. Lembro de um amigo que um dia me disse que admirava a minha capacidade e firmeza em terminar os relacionamentos e não cair nas armadilhas da carência, tanto minha quanto alheia. Para mim sempre foi muito claro que embora doa, quanto mais cedo eu liberar o outro, mais cedo ambos encontraremos a felicidade.

Talvez pela relação com o meu pai eu tenha essa necessidade primordial de me sentir amada para estar com alguém. Não sei amar sozinha, não consigo crer em que amar por dois funcione. Eu amo e quero amor de volta. Quero me sentir amada também. Posso ser maluca de paixão por alguém, mas se não sentir a reciprocidade, minha paixão não é um sentimento que vá se transformar em amor romântico. E se amo já e descubro que não sou amada da mesma forma, meu amor se fraterniza. O que não é esquecimento, é vero. É apenas encontrar a maneira sob a qual este sentimento possa sobreviver sem causar danos a ninguém, principalmente a mim mesma.

Claro que já adoeci de paixão, porém não gostei da pessoa na qual me transformei – que na verdade sou - quando obsedada pelo meu próprio sentir. Só vivi tormentos nessa situação e nem posso dizer que estes foram provocados pelo outro. Por isso, quando me dou conta que a qualidade do que sinto não me faz bem, empenho-me em me conformar com não viver aquilo. Não é fácil, pois tem dias em que dói muito. Você tem de viver num estado de atenção constante para desviar-se das armadilhas que existem pelo caminho e que sabe que se tropeçar nelas, te lançarão de volta ao sentimento que você tenta reformar.

Esquecer um amor é mais ou menos como ser um ex-viciado: você tem de evitar o "primeiro gole" pro resto da sua vida. Isso implica em evitar qualquer situação na qual possa ter seus sentimentos despertos e se por ventura isso não for possível, evitar entregar-se a fantasia de que aquilo seja mais do que demonstração de carinho.

E tem vezes nas quais nem isso é possível... Às vezes você ama e é amada, porém a pessoa está presa numa outra história que é igualmente importante, ou tem mais prioridade do que viver esse amor naquele momento... E a única opção que você tem é a de se conformar mais uma vez, pois caso contrário terá de aceitar não as migalhas do afeto alheio – a final ele corresponde ao seu amor – mas com as sobras do tempo que ele tem para dedicar-se à relação que tem com você. E viver a espera de que chegue o dia em que possam ficar juntos. Nesse caso é uma questão de auto-estima e conhecimento próprio saber se essa relação te nutre ou não.

A mim não nutre, embora dê alento.

29 de junho de 2008

Estava aqui pensando e acabei me dando conta que cada homem que passou pela minha vida colaborou pra eu saber o que quero naquele que vai ficar nela como meu companheiro... De cada um tiro um ou mais atributos que gostaria de ver reunidos em um homem só, e isso pode não torná-lo perfeito aos olhos do mundo, mas o torna aos meus olhos.
Cor da elaboração sobre o azul


Estava completamente mergulhada na leitura quando sentiu a brisa bater suavemente em seu rosto. Automaticamente deixou o livro tombar sobre seu colo, embora ainda preso pela sua mão, e levantou a face em direção ao céu com os olhos fechados. Inspirou profundamente, repetidas vezes, até achar que todas as células do seu corpo já estavam banhadas, pelo delicado e inebriante perfume que se desprendia das delicadas flores amarelo-ouro a adornarem a árvore sob a qual estava sentada, porém cujo nome desconhecia.
Abriu os olhos olhando para as árvores do outro lado do lago e foi neste momento que viu uma borboleta, de asas pretas e amarelas, vir voando em sua direção. Surpresa percebeu que a mesma não mudaria sua rota, terminando por pousar suavemente sobre seu ombro esquerdo e começando, imediatamente, a passear pelas suas costas e cabelos. Ia chegar ao seu rosto, mas antes que isso acontecesse, ela resolveu pegá-la com a mão e depositá-la na planta mais próxima.

Imaginando se a borboleta pousar nela era alguma forma de sinal, um bom agouro em relação ao futuro próximo. Esticou as pernas e escorregou malemolentemente no banco até recostar a cabeça no seu espaldar acomodando-se confortavelmente. Fechou mais uma vez os olhos e colocando o livro de lado, recomeçou mais uma série de respirações profundas, um dos métodos eficaz em colocá-la em contato consigo mesma.

Há alguns meses vivenciará uma desilusão profunda quando, após deixá-la por outra, o homem que amava, fomentado pela nova companheira, acusou-a de coisas que não fizera. Aquilo doeu infinitamente mais do que ser deixada por que, se entendia ele não se sentir mais atraído por ela enquanto mulher, não compreendia como, após cinco anos de convivência, podia acusá-la de coisas que jamais faria, nem com ele e nem com ninguém, por não ser da sua índole. Como pôde simplesmente passar a desconhecê-la só porque a mente doentia da namorada resolveu enxergar razões escusas em atitudes inocentes dela para com ele numa reunião social?

Até entendia que na cabeça medíocre da moça, assim como na de noventa e nove por cento da população feminina mundial, esta visse como ameaçadora a convivência pacífica de ambos. Porém, ele agir para com ela como se isso fosse verdade era um absurdo! Quando abriu seu e-mail e leu a mensagem na qual ele desfiava um rosário de improbidades e terminava por dizer que esperava não vê-la nunca mais, acrescentando que o deixasse em paz - como se ela vivesse à cata dele - explodiu numa onda de ódio tão intenso que acabou falando coisas com as quais jamais sonhara em sua vida. Xingou, gritou, ameaçou, e chantageou, pois em hipótese alguma admitiria ser descartada e destratada daquele jeito. Isso era demais até para ela, a rainha da compreensão e do perdão quando se tratava dele.

Quando sua ira arrefeceu e a despeito dos resultados - pois não colocou em prática nada do que disse que faria - ficou chocada com a grandeza do monstro que a habitava e com o quão baixo conseguira chegar para “corrigir um erro”. Foi então que se fez pela primeira vez à mesma e clássica pergunta que há séculos corria mundo: “um erro justifica outro”? Para si não. Nada justificava que tivesse se utilizado de meios tão sórdidos para atingir um objetivo, mesmo que o achasse justo.

E foi ai que a dor da decepção para com o outro se uniu à dor da decepção para consigo mesma e se tornou tão intensa e insuportável, que provocou como que uma rachadura na sua estrutura psíquica por onde sua alma escoou, indo se esconder em algum lugar dentro de si mesma, aonde, apesar de tudo ver, nada podia atingi-la. Ela deixou de sentir.

Se isso assustava algumas pessoas, ou todas, não a assustava por dois motivos: um, porque não era a primeira vez que aquilo lhe acontecia - numa outra ocasião quando se sentiu incapaz de lidar com a realidade circundante, apesar de não ser uma situação afetiva, também alienou-se, voltando a sentir quando o que era novo tornou-se costume - e dois porque se tinha algo que ela não queria naquele momento, de jeito algum, era sentir. Não queria sentir nem a dor e nem aquela espécie de amor, que sabia, ainda havia em si por aquele homem que não a merecia. E também sabia que apesar de todo o seu não querer, e apesar da sua incompreensão para com aquele sentimento, seria este quem a traria de volta ao mundo dos sensíveis uma vez que, ainda hoje, era impossível encontrar com o ex sem que algo dentro dela estremecesse... Mesmo que, de verdade, não soubesse mais do que estremecia... Embora ainda chamasse aquilo de amor, achava que no fundo era puro costume.

E fora isso que acontecera: havia retornado pouco a pouco, já que o conflito entre o que sentia, o que queria e o que podia só encontraria resolução se tomasse posse da totalidade do seu ser. As questões que se propunha só podiam ser respondidas mediante o contato verdadeiro com os seus conteúdos. Quais questões? Várias, mas a mais emergente delas no momento era: “Como podia ainda sentir-se atraída por alguém que sabidamente lhe fazia mal”?

Sim, por que se tinha algo que hoje ela conseguia ver com clareza era que o homem charmoso, inteligente, culto, gostoso, bonito e bem humorado por quem um dia se apaixonara, era também capaz de atitudes terríveis que machucavam profundamente, uma vez que nunca levava em consideração a existência e nem quais conseqüências teriam suas ações na vida de outrem, já que, por mais de uma vez, a atropelara, metafórica e meteoricamente, apenas para satisfazer necessidades suas ou da pessoa com quem estivesse no momento. É, ao longo desses cinco anos “juntos”, várias foram às vezes nas quais se afastaram e tiveram outros parceiros. E embora ela sempre tivesse conseguido mantê-lo à margem dos seus namoros o mesmo não acontecia com ele.

Por mais de uma vez se viu involuntariamente envolvida com as suas relações chegando ao cúmulo, certa ocasião, de ter sido perseguida por uma namorada ciumenta, com a qual convivia ocasionalmente, desconhecendo, no entanto, que eles estivessem juntos. Descobriu por mero acaso e foi só então que percebeu que por muito tempo, ele se mantivera relacionando com ambas, embora entre eles não sustentassem mais o título de namorados. Percebeu também que era a outra quem mantinha a primazia no coração dele e que era por ela que ele fazia qualquer coisa para evitar o rompimento; até pisar nela.

Nessa ocasião chegou a ficar meses afastada dele; mas sentia sempre uma falta tão absurda da convivência que acabou procurando-o como nas outras vezes. E se a princípio a intenção sempre fosse permanecer somente como amiga, isso invariavelmente desvanecia e acabavam na cama. Ele não a amava, mas tinha-lhe tesão. Ela também. E era assim que terminavam novamente por se envolver, mesmo sabendo que dali a um pouco, e a despeito das suas pretensas boas intenções, ele partiria em um outro relacionamento. Ela falava-lhe sobre isso; ele insistia em dizer que valia a pena tentarem... E não houve uma só vez que vê-lo partir não tivesse doído e muito. Não houve também uma só vez em que ele não partisse. Saber não impede a dor.

No entanto não era ingênua a ponto de culpá-lo de ser o vilão da sua existência, embora achasse que algumas responsabilidades lhe cabiam sim. Porém isso era algo que ele tinha de dizer-se e não ela. Tinha plena consciência de que todos os abusos dele foram permitidos por ela que acreditou que perdoando e desculpando sempre, ao invés de quebrar o pau e impor limites, o faria ver o quanto ela era legal e digna de ser amada.

Era a velha história da sua vida com os homens se repetindo. Primeiro foi com o pai, depois com o irmão e agora com ele. Era como se na sua relação com o masculino vivenciasse uma só premissa: “deve existir algum jeito, alguém em quem eu possa me transformar para que possam me amar”. E com isso foi deixando de ser ela mesma, foi colocando-se de lado como se fosse algo ruim que não valesse a pena.

Foi assim que entorpeceu a sua exuberância, a sua autenticidade, a sua criatividade e até a sua inteligência. Tentou ser, com todas as forças do seu ser, uma mulher que não intimidasse os homens. Alguém que eles achassem ter necessidade para viver. Nunca conseguiu. Ficou sempre à margem, nem cá e nem lá. Apenas perdida de si mesma por que ninguém consegue esconder um vulcão em erupção constante. Ele até deixa de entrar em erupção, mas a fumaça continua lá, constantemente avisando que está ativo.

Custou, doeu, sofreu, mas finalmente entendeu que só poderia ser amada sendo autêntica, sendo do jeito que realmente é. Que só pode ser amado quem existe verdadeiramente e que, a despeito de tudo o que dizem por ai, não existe garantia alguma de que, no mundo, alguém venha a amá-la mesmo que em decorrência de laços sanguíneos. Amor só nasce de afinidades.

Estava perdida nesses pensamentos quando sentiu algo muito suave tocar-lhe a ponta do nariz. Abrindo os olhos viu que a borboleta havia voltado a pousar nela. Riu alto e a tirou dali só que desta vez, ao invés de colocá-la em alguma planta, preferiu jogá-la para o alto e vê-la partir.

28 de junho de 2008

Então, decidi postar aqui alguns dos contos que escrevi e que mais gosto. Todos fazem parte de uma coletânea que denominei "Sobre o Azul".

Espero que quem já leu goste de reler e entretenha-se, e quem ainda não os leu, descubra neles prazeres.




Cor da morte sobre azul



O doutor, caneta em punho, olhou o prontuário e perguntou:

- O que você está sentindo?

- Nada. Respondeu ela olhando-o no rosto.

Ele levanta a cabeça e com expressão de quem não entendeu muito bem e volta a repetir:

- O que você está sentindo?

- Nada. Ela repete.

- Como assim nada? Ele deixa transparecer em sua expressão que, vendo-a, parece óbvio que algo vai mal: a pele branca, os lábios sem cor, o olhar vidrado e arregalado, a voz baixa, quase um sussurro, a respiração difícil.

- Eu não sinto nada doutor, tornou ela. Nem dor, nem tristeza, nem alegria, nem amor, nem raiva, nem ódio, nem ternura, nem carinho. Não sinto absolutamente nada. No meu peito só tem um vazio enorme. Um buraco negro que quando olho para ele me dá vertigem. Ai minhas vistas escurecem, fico tonta e sinto que vou desmaiar. Porque luto; luto para que não me sugue para dentro dele, para eu não me perder nesse vazio. Mas ele está aqui e está me puxando. E eu estou muito, muito cansada de lutar contra ele a minha vida toda...

O médico pousou a caneta no papel cruzando as mãos sobre o mesmo:

- Alguém te decepcionou?

- Não. Fui eu mesma quem fiz isso. Sou um monstro. Você não vê, por que tenho essa cara boazinha, essa voz mansa; mas aqui dentro existe um monstro capaz de pensar coisas terríveis quando se sente acuado. Eu achei que fosse boa, mas não sou. Sou um ser desprezível. Ataque-me injustamente e veja eu me transformar no pior ser que você já viu.

- Todos são assim.

- Será? Não sei... Para mim é tão difícil lidar com isso do que os outros são... Mal consigo lidar comigo mesma... Eu achava que o que sentia era amor; apesar de tudo; era amor. Hoje não sei mais. Parece doença. Mas não sinto mais para saber o que é, sabe? Simplesmente deixei de sentir. Sou esquizóide. Quando acuada “subo” para o meu núcleo e fico vendo o mundo de longe. Nada me atinge. Absolutamente nada. Chego a ter a sensação nítida de que quando ando flutuo. É justamente assim que sei que estou lá me defendendo da vida. Já passei meses entrincheirada na esquizoidia quando me sentia perdida, com medo do que vinha pela frente, com medo de morrer. Mas agora está diferente. Não flutuo e sinto que perdi mesmo a capacidade de sentir. O núcleo virou um buraco negro que quer me sugar e eu estou tão cansada de lutar... Tenho medo de enlouquecer, mas, às vezes, penso que seria tão mais fácil. Tão mais fácil... Também não consigo chorar sabe? Logo eu que sou uma chorona de primeira. Meus olhos até se enchem de lágrimas, mas o choro mesmo, aquele forte que seria redentor, não vem. Não sai.

- Confesso que estava tencionando te encaminhar para a psiquiatria, mas você está tão lúcida e articulada, tão senhora de si que acho que eles não podem fazer nada por você lá que eu também não possa fazer aqui. Você passou por um tremendo estresse emocional, isso é evidente, e está precisando de repouso e de calmante. Vou fazer um soro, você vai ficar deitada umas três horas e neste soro vou botar um calmante. Também vou receitar para que o tome em casa. Poucos dias, só para dar uma relaxada e conseguir ficar mais imune a tudo e a todos e daí voltar.

- Eu não quero voltar. Quero ir embora e para sempre. Eu posso um dia vir a fazer o que penso, posso vir a, de verdade, prejudicar e machucar alguém que achava que amava...

- Me parece que você foi provocada e como você mesma disse: injustamente. Apenas reagiu a isso.

- Mas quem não sofre injustiças nessa vida? Foi a primeira vez que alguém me fez isso? Não. Será a última? Também não. São versões de um mesmo filme; um filme que já vi várias vezes nos últimos anos. Agora, o quê seria do mundo se todos se reconhecessem monstros perante as injustiças sofridas? Se déssemos vazão ao que pensamos? Teriamos muitos mais crimes... E o amor não deveria ser belo e trazer felicidade? Para que seguir lutando quando o que existe reservado para si é o desamor ou quando amar vira uma batalha insana por respeito e consideração? Não. Quero isso mais não...

- Vamos, vou te colocar no soro. Lá você descansa e logo passo para te ver novamente. Hoje, graças a Deus, isso está calmo!

Colocaram-na no soro. A sala é minúscula e fria, muito fria. No entanto ela já não e capaz de distinguir se o frio vem de fora ou de dentro de si mesma. Algo rompeu no seu peito. Existe o vazio, existe o buraco, existe o nada. Ela tentou evitar, tentou desesperadamente colar os pedacinhos, feriu-se e feriu alguém com os estilhaços.

Fica ali deitada olhando as gotas do soro que caem uma a uma. Não sentiu nem picarem seu braço. Ela que sempre teve pavor de agulhas. Está ali, olhando sem ver nada de concreto, vendo apenas “um filme” se desenrolar à sua frente. “Escuta” a frase tão famosa da mãe:

- “Se você fizer algo que me desagrade, fique sabendo que não te amarei mais. Simplesmente te risco da minha vida”.

Cresceu ouvindo isso e acreditando piamente que fosse verdade. Cresceu com medo dessa capacidade que os outros têm de deixarem de amar alguém simplesmente por vontade. Como se as pessoas fossem objetos dos quais a gente se cansa e bota fora quando nos convêm, tendo por motivo apenas a percepção de que elas não são o que queremos que elas fossem.

Ela tentou fazer isso várias vezes durante sua existência, porém não conseguiu nunca. Sim, deixara de amar algumas pessoas e de falar com outras. Mas jamais conseguiu esquecer alguém que fez parte da sua vida. De sentir carinho, de lembrar e rir-se sozinha dos bons momentos. Os maus ela se permitia, com o tempo, esquecer. Só se afastava de alguém quando a pessoa demonstrava capacidade real em lhe fazer mal, e mesmo assim o fazia em silêncio, sem alarde. Parecia-lhe tão estranho isso de riscar de uma existência alguém como se essa pessoa nunca tivesse feito parte da sua vida. Viver sem que nem uma pedra, ou um cheiro, ou um sabor, ou a pétala de uma mísera flor fosse capaz de suscitar reminiscências. Não existência. Nada. Ela também tem esse discurso. Filho de peixe, peixinho é; mas na verdade nunca conseguiu. Passada a raiva sempre ficava com as coisas boas da relação e achava que valia a pena tentar novamente.

Ouviu o irmão, de novo dizer que não a amou nunca. Ouviu o pai, mais distante ainda, dizer a mesma coisa. Era pequena ainda e as pessoas próximas já não gostavam dela. Que sina é essa que traz um bebê fazendo-o capaz de suscitar repulsa nas pessoas que, por via de regra, deveriam amá-lo?

Passou a vida tentando ser alguém que pudessem amar. Amarem independente de qualquer coisa que fosse, ou fizesse. Amaren com defeitos e qualidades. Amarem sem que ela precisasse brigar por isso. Ser amada simplesmente porque existe.

Hoje até sabe que a mãe não tem o poder de deixar de amá-la, e nem a ninguém, mas o mal, o grande e profundo mal, está feito. Ela tentou por anos estabelecer com alguém uma ligação afetiva significativa, mas sem sucesso. Viu as pessoas irem embora da sua vida uma a uma. Todo mundo a festeja. Todo mundo a celebra, mas ninguém fica com ela. Sua vida se resume àquilo mesmo: um espaço minúsculo destituído de qualquer adorno, onde se dopa a fim de não sentir que o mundo não a comporta.

Porém hoje ela sabe. Hoje nada mais é capaz de fazê-la acreditar que um dia haverá para si uma existência de amor. O vazio está ali no seu peito. Algo arrebentou dentro dela sem chance de ser reconstituído. A esperança morreu. Hoje viu sua face nua frente ao espelho e viu também a face das pessoas a sua volta. Hoje sabe o porquê de não a amarem e entende. Aceita.

O médico entra na sala, silencioso, pára ao seu lado, coloca a mão em seu braço e pergunta:

- Grandes olhos tristes, você está se sentindo melhor?

Ela assente com a cabeça enquanto as lágrimas descem pelo seu rosto. Aquela mão... Aquele toque... Ela chora. Finalmente chora. Porém é um choro de despedida da pessoa que um dia foi e que sabe que ficará ali naquele cubículo para sempre quando ela for embora.

O médico puxa a cadeira e se senta. Afaga-lhe os cabelos tal como um pai faz com uma filha. Ela olha para ele e diz:

- Eu morri né? Você sabe; eu morri. Daqui a um pouco vou levantar dessa maca, vou pegar minhas coisas, vou passar na farmácia do hospital para pegar meu remédio e vou para casa. No entanto já não serei mais eu, serei outra. Já não fui eu quem chegou aqui, e também não serei eu quem daqui sairá. Eu morri e vim aqui me enterrar por que não estava conseguindo fazê-lo sozinha. Por isso não tive a sensação de flutuar; não entrei no núcleo por defesa: me transformei nele, no não sentir. O vazio é minha cova e me puxa porque tenho de ir para o meu repouso eterno. Eu seguirei vivendo e as pessoas vão até achar que sou eu, mas não sou. Será o fantasma do que um dia fui. Vou rir, vou chorar, vou viver enfim, mas jamais vou me entregar novamente.

- Será que morreu mesmo? Você pode ser Fênix e renascer das próprias cinzas.

- Eu perdi a fé. Não acredito em mim e nem nas pessoas que vêm maldade onde não existe. E também porque não nasci pra ser amada sabe? Amada com amor maiúsculo. A tal da incondicionalidade que dizem que o amor verdadeiro encerra, seja ele sexuado ou não. Não pude ser amada assim nem pela minha família e nem por ninguém. Tem gente que nasce com essa sina. Sou uma destas. E sempre soube que era. Hoje finalmente aceitei meu destino. Só não me peça para ser feliz com ele. Não vou mais tentar, não vou mais insistir, não vou mais existir. Um dia vou morrer concretamente e o mundo vai seguir como se eu nem tivesse passado por ele. Não deixei filhos, não escrevi um livro, não plantei uma árvore. Fiz um blog, mas com o tempo, se eu deixar de escrever, o Google deleta. Nem do Google vou constar, já pensou nisso? Não constar do Google hoje em dia é não existir. Morrerei e terei uma lápide na qual vai estar escrito: “sinceramente não sei o que vim fazer aqui, mas vim, fiz o melhor que pude, e espero não ter de voltar nunca mais”.

- Seu soro acabou. Você está se sentindo bem para ir para casa? Ele pergunta enquanto gentilmente tira o esparadrapo que prende a agulha ao seu braço.

- Estou sim.

- Fica em pé e vamos ver se tem vertigens ainda, pede ele.

Ela se levanta e sabe que não terá mais vertigens, não entrou no núcleo. É o núcleo. É o nada. As vertigens eram apenas a passagem de um estado para o outro. Caminha até sua bolsa, a abre, pega o batom e passa nos lábios. Guarda-o novamente, fecha a bolsa e a coloca nas costas. Volta-se para o médico que termina de prescrever o calmante numa mesinha de apoio que tem ali. Ele estende a receita, que ela pega ao mesmo tempo que sorri para ele em agradecimento.

- Gostaria de revê-la semana que vem. Estarei de plantão na segunda e na quinta-feira, se puder vir na quinta seria bom.

- Não vou prometer vir não. Vou tentar. É a única coisa que posso prometer a mim mesma a partir de hoje: tentar, mesmo sem acreditar que vá conseguir.

- Se você ao menos conseguir tentar já me darei por satisfeito.

- Obrigada. Por tudo, obrigada.

E saiu da sala.

Ela era um nada indo rumo a nada.

Seus piores temores a haviam vencido.

27 de junho de 2008

Realmente eu tenho paixão por escrever, mas ando muito distante disso ultimamente. Sinto falta dos textos mais literários, mas não sou muito fã de requentar textos no blog, mesmo sabendo que as pessoas que atualmente transitam por aqui não os conhecem provavelmente. Talvez seja hora de também repensar posturas por aqui...

Gosto de comentar sobre comportamento, porém tenho a escrita dura né? E acaba dando merda, pois as pessoas tomam pra si. Assim: muitas vezes uma pessoa próxima a mim tem um determinado comportamento e me faz pensar num texto, numa crítica que não necessariamente é dirigida à pessoa, mas sim ao comportamento, e no entanto, como não vestir a carapuça, não é mesmo? Então eu fico com o texto entalado até esquecer e isso não é bom... Vou ver como resolvo isso...

Mas tá, vou requentar alguns contos aqui no blog, vou ver se reescrevo Tambiquitu em algumas partes e termino os três capítulos que faltam do livro; vou falar de sentimento, vou falar de transformação e das coisas nas quais acredito. Vou comntar uns filmes, colocar músicas... Trazer meu bonitinho de volta á vida. Quem sabe assim os leitores voltam a aparecer né?

24 de junho de 2008



Musica de All Saints: Never Ever. Me senti assim uns tempos atrás....
Pense num blog correndo alto risco de ser deletado...

Não tenho tido vontade de escrever e ninguémn tem tido vontade de lê-lo. Empate que jamais aconteceu antes...

15 de junho de 2008

Sobre a meditação criativa, ou a imaginação ativa. Uma observação.

Um dos objetivos dessa prática é criar um campo energético positivo em nós que por sua força atraia as energias de igual valor. Só que nós estamos imersos num campo energético formado por energias densas e negativas, então é muito fácil, quando deixamos diminuir a nossa freqüência que, valendo-se da lei da atração - sim aquela da física - essas energias invadam o nosso campo sutil e comecem a nos puxar para elas. É esse o motivo do "Orai e vigiai: orai implica em ter os bons pensamentos e cultivar os bons sentimentos, porém imersos nesse "lodo" energético temos de vigiar constantemente para que não deixemos cair o padrão vibratório e com isso sermos invadidos por eles.

E é por conta desse "lodo" que perseverar no bem e criar essa frequência pode ser tão mais difícil do que fazer ou permanecer no mal. O mal é o elemento dominante do "lodo", com ele se afiniza e nele navega facilmente. O bem encontra resistência e precisa de esforço até que criemos um campo de força que possua uma forma aerodinâmica energética própria, estável e forte, que passará a "furar" esse "lodo" e então a concretizar-se com maior facilidade.
E não existe garantias para nada nessa vida, nem para o amor. Hoje posso amar loucamente alguém e amanhã ter esse sentimento completamente transformado. As pessoas vão querer justifcar - vão até me dizer que não era amor o que eu sentia, embora fosse eu quem sentisse - um desamor, para o qual não existe justificativa da mesma forma que ela inexiste para quando comecei a amar. Isso simplesmente acontece.

Quem jura amor eterno está mentindo. Eu posso querer te amar para sempre, mas não posso garantir que será assim. Quem acredita em juras de amor, está se iludindo voluntariamente também.

E amar apenas não basta, é preciso que queiramos a pessoa e o custo que essa vivência nos cobrará, pois mesmo que corresponbdido, mesmo que nos faça feliz, o amor tem um preço do qual não podemos fugir. Quem ama faz conceções, abre mão de determinadas coisas, não em função do outro, mas em favor de viver o que sente numa relação. Não existe fórmula mágica.

E às vezes a pessoa não quer pagar o preço que um amor cobra, principalmente se for um amor que tira do prumo, faz cometer desatinos...

Uma pessoa que escolhe não viver um amor é um covarde?
Alguns acontecimentos com pessoas que conheço têm me feito pensar na prepotência e na arrogância. Percebi que a gente identifica muito fácil quando alguém está sendo prepotente e arrogante se estas aparecem acompanhadas da soberba. Porém descobri que as pessoas podem ser absolutamente prepotentes e arrogantes tendo uma postura absolutamente humilde, sofredora e até quando estão sendo aparentemente amorosas...

A gente sempre está sendo prepotente e arrogante quando acha que sabe o que é melhor pro outro; quando queremos obrigar o outro a fazer as nossas escolhas e a seguir as nossas determinações; quando a gente invalida as escolhas alheias atribuindo-as a um "mau momento", a uma privação momentânea da capacidade de decidir e saber sobre si como consequência de uma paixão, por exemplo. A gente é prepotente e arrogante quando quer tornar o outro absolutamente dependente de nós em tudo, quando quer atrelar o amor à necessidade. Somos prepotentes quando invalidamos a vivência alheia só porque ela não se parece com nada do que vivemos; quando queremos transformar o mundo e toda a sua magnífica diversidade, numa extensão mediocre do nosso quintal...

E é interessante perceber que a prepotência e arrogância são frutos e se mantém ä base de ilusões. A gente inventa - e sempre inventa quem se agarra a certezas absolutas - regras e razões para os mais diversos acontecimentos e ai quando a realidade insiste em mostrar que estamos enganados, quando ela nos apresenta possibilidades diferentes daquelas que conhecemos, a gente se desilude e sofre feito cão, mas não aprende: seguimos tentando encaixar o desconhecido em velhos moldes, esquecendo de olhar para o que interessa que são as nossas verdadeiras motivações para manter determinados comportamentos e assim, diante da realidade, aprendermos a nos transformar com as situações e vivermos de forma mais plena e feliz.
Junho, mês de "paus tecnológicos"?

Saí ontem para ir ao almoço de aniversário da Mírian e deixei meu micro ligado, como sempre baixando episódios, dessa vez do do In Treatment. Chego em casa quase 21:00 horas e encontro meu micro desligado. Achei que meu irmão usou e, esquecendo do Dreamule, o encerrou. Liguei e nada.... Pois, mó-rreu! Provavelmente a fonte que queimou de novo. Espero né? Pois está na garantia e vai evitar que eu gaste meu rico dinheirinho com isso. Ando tão afim de me proporcionar mimos com o meu dinheiro esse mês...

Amanhã veremos... Torçam por mim!

12 de junho de 2008

É dia dos namorados né? E eu nem devia, porque me determinei a esquecer, mas fui ouvir uma música ali e senti uams saudade tão grande...



Eu nem disse que seria rápido, ou fácil. E não é. Mesmo.
Demorei, mas voltei!

Foi um final de Inferno Astral com um modem pifado e sem conexão rápida, o que implicou em várias ligações pra Telefônica, discussões com atendentes, reclamações no Ombudsman por visitas técnicas que não ocorreram, até que na terça veio aqui o Rogério que resolveu meu problema no maior bom-humor - enquanto o meu já era praticamente inexistente - e ainda deixou um modem novo em regime de comodato com a Telefônica, o que impediu que eu passasse mais 15 dias esperando o Terra me enviar um novo.

O aniversário foi cheio de coisas boas, de pequenas comemorações que me permitiram curtir muito e todas as pessoas que estiveram comigo em cada uma delas. E elas ainda não terminaram: sábado tem feijoada na Mírian e ai aproveito para receber um outro tanto de abraços de amigos queridos que encontro muito pouco, mas falo diariamente pela Internet e Domingo tem almoço com o pessoal do colégio, ou seja: mais uma leva de carinho.

Foram muitas as reflexões desses dias, mas sobre elas eu falo depois...

5 de junho de 2008

Uma vez um cabra disse-me que essa foi a música que melhor traduziu o dia seguinte àquele no qual nos conhecemos.

Eu gosto de homens que me associam a músicas e com elas traduzem o nosso momento.

1 de junho de 2008

Frio.

Frio.

E meditar tem me feito bem, embora seja uma metáfora silenciar meu cérebro ultimamente. Tenho me dado mais com os exercícos de imaginação ativa - que alguns chamam de meditação, porém nem sei se são - onde direciono meus pensamentos para objetivos específicos e consigo virar a sintonia dos sentimentos que me obsediam.

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Estou numa fase acirrada de debates mentais e sei que é energia gasta com nada de produtivo além de me deixar num cansaço enorme. E o trabalho de evitá-las também acaba me desgastando e me dando sono muito cedo.

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Uma coisa que percebi hoje é que tenho alguns sentimentos baseados em sensações que de fato nunca ocorreram. Como gostar de alguém porque a pessoa me dava sensação de segurança num momento da minha vida, no qual eu estava muito fragilizada. E no entanto a pessoa nunca fez nada que me desse segurança mesmo sabe? Eram as minhas projeções. E não quero com isso deixar de gostar de ninguém, só quero dar dimensão real aos meus sentimentos. Porque fantasias te fazem criar expectativas e se as reais já são complicadas, imagina as ilusórias...

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Última semana do Inferno Astral e algumas promessas no ar que me enchem o coração de esperança e se anunciam como o melhor presente de aniversário que eu posso ganhar...

Infelizmente, a tristeza de uns são a alegria de outros.

31 de maio de 2008

Durante muitos anos eu cantarolava uma música e não sabia o nome e nem quem cantava. Quer dizer, eu achava que era a Cláudia Telles e assim revirava sites, programas de baixar música e nada. Ai, conversando com uma amiga - que também achava que a música era da Cláudia - ela acabou descobrindo quem cantava e o nome da Música. Baixei-a e agora upei-a para colocá-la aqui.

AMO essa música, o estado de paixão que ela traduz...



É, e agora que achei como colocar música nos posts, me agüentem! rs...

29 de maio de 2008

Música do dia:



Right To Be Wrong
Joss Stone




I've got a right to be wrong
My mistakes will make me strong
I'm stepping out into the great unknown
I'm feeling wings though I've never flown
I've got a mind of my own
I'm flesh and blood to the bone
I'm not made of stone
Got a right to be wrong
So just leave me alone

I've got a right to be wrong
I've been held down too long
I've got to break free
So I can finally breath
I've got a right to be wrong
Got to sing my own song
I might be singing out of key
But it sure feels good to me
Got a right to be wrong
So just leave me alone

You're entitled to your opinion
But it's really my decision
I can't turn back I'm on a mission
If you care don't you dare blur my vision
Let me be all that I can be
Don't smother me with negativity
Whatever's out there waiting for me
I'm going to faced it willingly

I've got a right to be wrong
My mistakes will make me strong
I'm stepping out into the great unknown
I'm feeling wings though I've never flown
I've got a mind of my own
Flesh and blood to the bone
See, I'm not made of stone
I've got a right to be wrong
So just leave me alone

I've got a right to be wrong
I've been held down to long
I've got to break free
So I can finally breath
I've got a right to be wrong
Got to sing my own song
I might be singing out of key
But it sure feels good to me
I've got a right to be wrong
So just leave me alone

28 de maio de 2008

Acho que estou bem melhor já! Acordo e a primeira coisa que escuto quando tiro meus protetores auriculares? Uma discussão da minha mãe com o meu irmão.

O que fiz?

Recoloquei os protetores auriculares!

:oD

27 de maio de 2008

Faxina daquelas: quarto limpíssimo e eu cheirando a cloro de um jeito que nem banho e nem creme deram conta ainda. Logo, logo encaro o segundo banho, pois esse cheiro já, já me deixará com dor de cabeça. Amanhã... não, tem hospital; quinta... não, tem paciente nova (u-húúúúúúúú!); sexta-feira eu encaro o guarda-roupa e, finalmente, as gavetas da cômoda receberão os separadores que comprei há mais de ano e que ainda estão ali, guardados, esperando que eu os monte nelas. Tentativa de manter todas as coisa nos lugares certos. Às vezes acho que essa é a batalha da minha vida... Porém não sei se existem mesmo os tais lugares certos... Enfim... E assim mesmo arrumar/limpar/organizar me faz bem. Sensação de que vou arrumando fora e arrumando dentro ao mesmo tempo, e de que desta forma vou começar os 41 anos mais "aprumada".

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Ontem achei umas meditações bárbaras e fiz uma sequência toda delas. Me ajudaram e ficar mais calma e perceber algumas coisas sobre mim mesma, a principal delas? Ando de saco cheio da literalidade, principalmente por ser a sua maior vítima. Caracas! Como levo tudo ao pé-da-letra!!! Ando até com saudades da subjetividade, das metáforas, do simbólico...

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As pessoas mentem né? Todas elas. Todas nós. Dizemos o que não fazemos. Fazemos e não admitimos. Apregoamos o que gostaríamos de ser como se já fôssemos. Tentantiva de, ao falar, transformar o projeto em realidade? Pode ser...

Algumas pessoas me definem como alguém de quem não se escreve o que fala; ou não se grava em metal o que escrevo, pois mudo muito de opinião. E é verdade. E me prefiro assim... Eu sei, eu sei, parece incoerente que eu debata e defenda um ponto de vista de forma acirrada e apaixonada por horas e depois ainda vá pensar muito sobre o assunto, principalmente em tudo o que ouvi. E se em algum momento dessa reflexão me der conta que a outra pessoa tem razão, vou mudar de opinião sobre o que quer que for e faço isso de boa, sem grandes preocupações, uma vez que a única coisa certa na vida é a morte e, no entanto, não sabemos quando esta chegará. E também porque meu único compromisso é com a minha felicidade e se eu descobrir que não estou no caminho certo para conquistá-la, bora mudar de rumo, de crenças, de valores, o que for!

O que preciso entender é que embora muita gente não admita, também mentem sobre si mesmas e para si mesmas, principalmente quando agem como juram que não. Desde muito pequena acredito no que as pessoas falam e levo à sério qualquer coisa que digam acerca de si. Já me meti em várias encrencas por conta disso, mas não atentei para a necessidade de mudar... Enfim... Depois fico chocada e decepcionada quando agem de maneira diferente daquilo que apregoam... Não as pessoas mutantes como eu, que têm paixão, mas têm mobilidade, mas aquelas que mantém uma rigidez acerca do que são e fazem sabe? As pessoas que se conhecem e sabem tudo de si? As fodonas? Essas. E começa por ai justamente o motivo pelo qual eu deveria desconfiar delas né? Ninguém se conhece e sabe tudo de si e eu poderia usar um calhamaço de teorias e bibliografia para provar e comprovar o que digo, mas não vou. É simples assim: ninguém se conhece completamente, pois não fomos expostos a todas as possibilidades existênciais e nem seremos. Muitas das nossas ações só se definem - e nos definem - ali, no momento crucial de reagir a um fenômeno. E como nos surpreendemos conoscos mesmos nesses momentos! 90% das vezes não fazemos nada do que acreditávamos que faríamos!

Posso dizer que sei de mim, mas nem sempre. Porém confio em mim, pois sei que tenho um coração bom e que acredito no bem sobre todas as coisas. Sei que para muita gente isso é pouco, mas eu estou satisfeita.

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E agora estava aqui pensando que nas discussões e na hora da raiva tenho um discurso de fodona... Pois, encarno a própria! Mais fodona que eu impossível!!! Mas sabe porque? Minha família é repleta de mulheres assim. É uma persona que pelo visto está incrustrada nos meus ossos...

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É, e tem o tombo da quinta que me faz pensar em que estou mexendo no meu eixo, mas de repente comecei a achar que cai por, na verdade, estar querendo me fazer rígida em algumas coisas quando não o sou. Não, não estou querendo ludibriar a minha proposta de adquirir disciplina, não. Estou e seguirei trabalhando nisso. O x é que disciplina não tem nada a ver com rigidez, embora muitos as confundam. Disciplina é fazer algo, mesmo que não seja extremamente prazeiroso no momento, visando os resultados que são benéficos, logo ali na frente. Rigidez é achar que as coisas são só de um jeito, que existe apenas uma possibilidade de existir, de fazer algo, de sentir e etc.

E eu estava tentando deixar de ser mutante...

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E também tenho pensado no amor. Mais especificamente no fato das pessoas não amarem quem somos, mas aquilos que elas gostaríam que fôssemos. Porque as pessoas têm sempre de achar que a gente tem de mudar em algo para sermos melhores? E ai vai a primeira questão relevante no que tenho pensado: melhores para quem; para nós mesmo ou para elas? A resposta é óbvia...

Porque apenas não nos olham, nos percebem, se perguntam se convivem com quem somos, em paz e com alegria, e pronto: ou ficam conosco ou seguem em frente? Não, têm sempre um projeto para transformarem o que somos no que acreditam que deveríamos ser. A isso se junta o projeto que nós mesmo temos de quem deveríamos ser e o que resulta é numa zona do caramba!

Não me lembro de ter querido mudar alguém que amei... Mas lembro de todas as vezes em que quiseram me mudar. E que foi esse o motivo pelo qual me afastei. Já deixei pessoas de lado por não serem como eu precisava, mas nunca por eles serem o que são. Dá para perceber a diferença? A pessoa é o que é e sempre será um milagre por conta disso. Porém, algumas vezes o que alguém é, não atende as minhas necessidades e então a relação não me nutre. Com isso parto em busca de outras que me alimentem. O problema não é ela e nem sou eu. Simplesmente acontece e faz parte da diversividade de possibilidades que compõe o que chamamos "viver".

Sim, às vezes eu também sugiro que a pessoa deva tentar mudar isso ou aquilo em si mesma, mas não porque o que ela é me incomoda, mas por perceber que ela se incomoda ou que aquilo atrapalha a sua vida afastando-a dos seus sonhos. E só faço isso com pessoas muito queridas e muito íntimas e se a relação que mantemos tiver abertura para tanto. Tenho pessoas queridas e íntimas para as quais jamais sugeri absolutamente nada, mesmo percebendo algo, simplesmente por não sentir abertura.

Eu acredito que amor, amor mesmo, não quer que o outro mude; ama o que ele já é. Acredito também que sabedoria é ter consciência de que ninguém muda porque queremos, planejamos, isso só acontece quando a pessoa acha que deve; e ela pode passar a vida toda sem sequer aranhar essa percepção... Então sábio é quem não desperdiça o amor ou a vida numa pessoa que não é e talvez nunca seja: ela ama o que relamente existe.

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Ninguém imagina a vontade de me esbaldar tomando Coca-Cola ontem à noite, mas eu resisti bravamente!
Eu não vinha me sentindo bem comigo mesma. Estava extremamente melindrada - recebendo qualquer comentário como ataque pessoal - e quando comecei a perder o pé e ser grossa com as pessoas que amo, percebi que era o momento de fazer algo que há muitos anos não fazia: conchar. Traduzindo: isolei-me para poupar as pessoas do meu mau-humor e gênio, e aproveitei a deixa para pensar e repensar a mim mesma. Algo válido a qualquer momento, mas que me parece mais às portas de fazer aniversário.

Sei que pode ser o Inferno Astral me transformando numa velha rabugenta e ranzinza (brincadeirinha!) ou, o mais provável, a disfunção hormonal me colocando numa TPM alucinada quase que os 30 dias do mês, mas até para mim é difícil de acreditar que essas não sejam apenas justificativas para esconder outras coisas - mimo, mau gênio, obsessão*, babaquice - mesmo tendo sentido na carne o quão maluca já fiquei durante três meses por conta de hormônios enlouquecidos. Como defendo a teoria de que a TPM não cria nada, só amplia conteúdos pré-existentes, resolvi que era hora de parar e olhar para essas coisas. A minha preocupação nem era o mal que eu poderia vir a fazer a alguém, ou às minhas relações (quem ama perdôa sempre?), mas sim o fato de que eu realmente estava me sentindo muito mal: ansiosa, chorona, irritada, raivosa, angústiada, triste... E como decidi que estes estados não perdurariam em mim (é como tomar veneno e esperar que o outro morra, mesmo), fiz o que achei que era o mais acertado para o momento...

Não, não deixei de acessar a Internet durante esse meu "retiro espiritual", porém deixei de estar on-line nos comunicadores instantâneos: MSN, Skype e ICQ. Sinto saudades das pessoas e conversas, às vezes fico off-line só para curtir o povo entrando e saindo, mas não tenho vontade de falar com ninguém ainda, dá para entender? Também não pretendo ficar muitos dias longe, só até que eu me sinta menos vulnerável/louca.

Estou escrevendo algumas coisas e vou publicá-las aqui também... Quem sabe não serve para mais alguém né? Ou como diz uma amiga, minimamente para me conhecerem um pouco mais.

*Obsessão: eu obsediada por um sentimento meu.

24 de maio de 2008

Para as minhas duas leitoras: Já já eu volto a escrever e falarei sobre amor. (Quero ver se faço isso hoje, mas nem prometo...)

Vocês viram o filme: Fears of love (Banquete de amor)? Vale MUITO a pena. Falando de amor vou falar também dele.

Beijo!

18 de maio de 2008

E ai um dos assuntos de ontem era as pessoas que querem chamar a atenção sobre si mesmas, se tornarem marcantes e o fazem pelo lado negativo falando demais, tentando controlar o incontrolável e delimitar - feito cachorro demarcando com xixi os quatro cantos de um território - um espaço que na maioria das vezes, só existe na cabeça delas. E a coisa acaba sendo tão exagerada e soa tão falsa que se torna desagradável e pedante. NO entanto irei poupá-los da descrição dos fatos e levá-los direto à conclusão:

O ser humano é um ser tão bobo que não consegue perceber que a maneira mais acertada de chamar a atenção sobre si e cativar o outro é a generosidade. Quanto mais generosa uma pessoa for com a outra, mais ela cairá na graça alheia. Deixar que o outro fale, observá-lo, vê-lo e escutá-lo verdadeiramente são as únicas coisas capazes de garantirem um lugar no coração alheio. Porque não somos uma raça boa em essência. Somos egoístas e orgulhosos e só achamos legais as pessoas que abrem espaço para que existamos. Qualquer pessoa que tente ganhar à força um espaço que consideramos nosso, acaba conseguindo é nosso desprezo, mesmo que silencioso.
Dois sábados saindo fora para jantar com Neto e os garçons conseguem nos fazer desviar a atenção de nós mesmos. Sim porque sair com Neto é adentrar num universo tão particular e nosso que creiam-me, poucas pessoas conseguem interferir, mas os garçons têm conseguido essa proeza durante as refeições.

O primeiro foi o Barros, lá do Conchetta, no Bexiga. Simpatíssimo. Mas tanto e tanto que a gente quase precisava ajoelhar no chão e postar as mãos pra ele entender que não, não queríamos comer o que ele nos oferecia, nem um pedacinho só que fosse. E ai ficávamos eu e Neto em estado de alerta e com o riso preso quando ele se aproximava... No fim da noite estávamos quase tirando os pratos da mesa pra ver se dava resultado.

Ontem o restaurante era japonês: Kempô, em Santa Terezinha, e tudo corria bem enquanto era um garçom quem nos atendia. Porém, do meio pro fim da refeição chegou uma garçonete e a coisa começou a ficar o inverso do que foi com o Barros no Concheta; mais um pouco e ela iria nos tirar do restaurante e ter um ataque histérico se, por ventura, algum cliente chegasse. Serviu a sobremesa, trouxe as águas, a conta, serviu os copos incessantemente para retirar as garrafas, e veio buscar a conta antes sequer de terminarmos de comer e olharmos pra dita cuja. Nessa hora Neto, com toda a delicadeza que lhe é peculiar, disse que ela esperasse que quando terminássemos chamaríamos por ela. E a gente segurando o riso, claro. Bastava a moça se aproximar e ficávamos tensos e com vontade de rir e, óbvio, começamos a teorizar sobre o motivo de tamanha ansiedade. A minha teoria era a de um encontro marcado logo após o término do expediente e que, então, ela estava fazendo tudo para garantir que este terminaria o mais cedo possível. Teoria confirmada pelo namorado que pouco depois veio esperá-la na porta. O nome desta era Deusinha. É, a gente sempre acaba perguntando o nome, e desta vez soubemos até que ela é da Paraíba.

Nessas horas dou graças a Deus de estar com Neto que como eu, leva a maioria das coisas estranhas na esportiva. Sei que a maioria dos meus amigos não teriam essa postura e: ou passariam uma carraspana na moça, ou reclamariam para o gerente. Não que eu não ache certo, acho, mas prefiro voltar lá uma segunda vez e dar um toque pessoalmente. Se não funcionar, ai sim reclamo com quem de direito. Afinal a comida pode ser boa, mas se o atendimento não fizer jus, esta acaba por deixar gosto estranho em nós.

13 de maio de 2008

Volto a escrever para o endereço que você não abre; desta vez um e-mail aliviado...

Muito, muito, muito bom receber aquela ligação no Domingo à noite e te ouvir dizer, num certo tom de ansiedade amorosa, que sente tanta saudade de mim quanto sinto de ti. Que sente a mesma falta que sinto das nossas conversas... Bom te ouvir pedir para que eu te ligue, como quem pede para não ser esquecido. Melhor ainda, na segunda-feira, foi ouvir o riso baixinho quando confirmou que era você mesmo "dando um toque". Porque o barulho era tanto que eu não tinha certeza se você me ouvia perguntar se era mesmo você quem falava. Tive medo que fosse o meu desejo me pregando uma peça...

Saiba: tua ligação me trouxe grande alívio. É bom saber que a gente não é o único a navegar num barco mesmo que atualmente ele seja feito da saudade de um amor... Saiba também que ainda outro dia chorei a nossa separação como se fosse hoje... Me peguei dizendo que se tivesse noção do quanto seria difícil e solitário ficar distante de você, não teria optado por cumprir com a nossa missão. Às vezes chego a duvidar dessa transcendência mesmo sentindo-a na carne - mesmo tendo certeza de tudo o que vi, ouvi e senti àquela época - ainda hoje com a mesma clareza. Algumas vezes me pergunto se o final disso não será nos perdermos do nosso amor. Não, não na sua forma carnal e sim justo no que tínhamos de mais nosso e mais belo: a conversa olho-no-olho e a sinceridade irrestrita. Entre nós não havia julgamentos, apenas a busca por compreender as nossas motivações e nos aceitarmos com as nossas limitações. Nunca mais ninguém em ofereceu isso e quando ofereci, as pessoas me julgaram ingênua...

A verdade é que acho que o nosso prazo de validade distantes venceu. A gente precisa se encontrar, se pôr no colo e conversar olhando fundo nos olhos para então seguirmos em frente. Porque ainda temos de seguir em frente...

Estou esperando a sua ligação e nela vou te contar desses e-mails e então você os lerá; de uma lanhouse. Não quero confusão e nem atrapalhar a sua vida... Quero apenas que você saiba que aquele amor ainda existe e persiste.

É bom terminar esse e-mail sabendo que você não me achará maluca. Você me reconhecerá. Lembrei agora quando íamos nos reencontrar pela primeira vez e eu estava toda preocupada em você me achar no meio daquela multidão. E então você com a maior calma desse mundo me garantiu que o faria dizendo: "você pode estar misturada em um milhão de pessoas... Eu te acho". Achou.

Beijo!

7 de maio de 2008

Quero fazer uma retificação de algo que escrevi aqui e que uma amiga mencionou ontem enquanto conversávamos: o fato de eu não ser ciumenta.

EU SOU CIUMENTA.

O que eu não sou é gratuitamente ciumenta. Não tenho ciúmes se cobiçam quem amo. Não tenho ciúmes se o admiram e revelam a admiração. Não tenho ciúmes nem se dão em cima de quem amo se estamos juntos. Acho vulgar, pequeno, mas não tenho ciúmes. Porém como o calcanhar se percebo que ele tem interesse em outra mulher. Quem não tem ciúmes numa situação dessas?

6 de maio de 2008

Vááárias coisas, por isso esse será um post longo... Nada do que aqui escrevo é definitivo, são apenas início de questionamentos e percepções; se levarão a algum lugar não sei.

Estava pensando outro dia que na vida, ou você está num lugar ou está do lado oposto. Isso ocorreu-me quando me dei conta do tanto de gente que vive me pedindo favores, pequenos ou grandes não importa, mas favores. Logo para mim que raramente peço algo a qualquer pessoa e que, inclusive, tenho muita dificuldade nisso. Em pedir. A primeira vez em que fui obrigada pelas circunstâncias a pedir um favor a alguém, eu parecia um bicho enjaulado andando de um lado pra outro dentro do meu quarto, por dois dias inteiros e uma noite insone no meio. Horrível. Hoje, alguns pedidos depois, eu peço tranqüilamente pelo que necessito. Difícil é eu achar que não possa fazer o que preciso... E é claro que não entendo muito bem o universo das pessoas que vivem precisando de ajuda, da mesma forma que elas não devem entender o de quem se propõe a fazer tudo por si só.

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E se não me importo de ajudar quem precisa, tem uma coisa que me irrita profundamente em quem pede: quando você diz que ajuda, mas que a pessoa espere um pouquinho, pois você está ocupada ou indo fazer algo para o qual estão te esperando e a pessoa insiste dizendo que é rapidinho, e não é. Ai eu invariavelmente fico imaginando o que leva a pessoa a supor que as necessidades dela são mais relevantes que as minhas...

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Eu não me importo que não gostem de mim. Há muito tempo entendi e aceitei que não nasci para agradar a todos e sei que existem muitas pessoas que com razão ou sem, adorariam saber que morri. Quando escuto: "fulano não gosta de ti", minha reação é: "bem vindo ao clube"! Porém não deixo de achar engraçado quando alguém que escolhe os amigos se e apenas se estes têm a mesma visão de mundo que ele, não gosta de mim porque eu não digo o que a pessoa acha que eu deveria dizer. Fala sério, não é hilário? E então me pego novamente pensando sobre o quanto as pessoas podem ser minimamente sem noção e acreditarem piamente que sabem de si. E dos outros.

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E é tão ruim nos vermos refletidos no outro né? Principalmente quando a situação é negativa. Um amigo passou um perrengue danado esse fim de semana quando as expectativas não bateram em nada com a realidade da pessoa, interna ou externa. E eu lembrei das vezes em que isso aconteceu comigo e que também não consegui dar continuidade sequer a amizade. E ai fico pensando que essa é a mais brutal das rejeições e que me doeria demais passar por isso de alguém achar que nem para amiga eu valho o investimento. Porém é muito foda você idealizar uma pessoa e quando a encontra ela simplesmente não existe. É um corte tão brutal que parece, não dá pra reconstruir e a coisa se perde por completo mesmo. Mas também fico imaginando porque algumas pessoas promovem ilusões acerca de si mesmos? A resposta é triste né? Montam uma personagem, pois desacreditam completamente de quem sejam.. Se gastassem o tempo que gastam inventando quem não são, para aprimorarem quem são, os resultados seriam melhores para todos. E a pessoa não seria tão triste. Pois esse é um traço comum em quem não tem auto-estima: olhos profundamente tristes.

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Às vezes a gente conhece alguém bem, pode ser que muito bem. E pode ser que muito, muito, muito bem mesmo. E, no entanto, devemos evitar antecipar a pessoa, pois ao fazê-lo a precipitamos e com certeza erramos.

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Nenhuma massa de pão deve ser jogada fora antes de que se lhe dêem mais de 12 horas para que cresçam! Até os fermentos têm seu tempo interno para cumprirem a sua missão, e tenho dito!

4 de maio de 2008