25 de outubro de 2010

É preciso dizer que a segunda amiga me ligou naquele mesmo dia e conseguiu driblar minha resistência, me ouviu e me ajudou a melhorar.

Também é necessário dizer que a gente tem uma amizade, onde nem sempre concordamos, mas é sólida o suficiente para que digamos o que pensamos e sentimos com sinceridade.

Conversar com quem nos entenda faz toda a diferença em termos de qualidade. Ela me ajudou a pensar em possibilidades, mas, principalmente, a nomear algo que era difuso na dificuldade em se viver uma relação à distância: a necessidade de se manter o que se sente sob controle, pois não adianta dar vazão a sentimentos quando estes não encontrarão meio de satisfação imediata, ou sequer rápida.

E é isso que me traz grande dificuldades emocionais quando o Universo frusta meus planos de encontrar meu amado. Porque quando sei que irei vê-lo, me permito que tudo o que sinto por ele venha à tona. Principalmente porque estar com ele faz com que esse sentimento tenha dimensões normais, dimensões essas que são engrandecidas pela saudade quando passamos algum tempo sem nos ver; traduzindo: amar dói quando você não pode ver a pessoa com frequência e a única maneira de encarar uma relação assim é você não pensar tanto, não se permitir dedicação cotidiana ao sentir.

Quando o encontro não acontece, mesmo que seja pelos motivos mais justificáveis do Universo - como compromissos profissionais - é como se eu tivesse de recolocar num dedal, algo como 3 km de tecido. Dói; inclusive fisicamente.

E então eu questiono Deus né? Questiono, pois nossa relação não é distante. É tão próxima que mesmo que eu não peça sinais, Ele os envia. E eu levo algum tempo para voltar na antiga ligação. Eu me reavalio e reavalio a minha fé e embora não ache à princípio, minha fé acaba se tornando cada vez maior depois desses embates, uma vez que eles me obrigam a procurar as manifestações divinas nos detalhes.

Esse final de semana tive contato com pessoas evangélicas e percebi, mais uma vez que a devoção delas a Cristo me incomoda.

Me entendam: nada contra Cristo. Eu o acho um cara bacana por demais. Acredito nele, naquilo que ele nos ensinou, mas eu nunca consegui ter com ele uma ligação muito profunda, assim como não conseguia deixar de me sentir incomodada com essa babação de ovo nele.

Hoje pensei algo que talvez seja a luz: o que me incomoda é que acho, apenas acho, assim do verbo muito bem achado, que as pessoas trocaram a relação com Deus pela relação com o Cristo.

E ao meu ver Cristo é o caminho, mas não é o destino. O destino é Deus. E o que percebo nessas pessoas é que Deus continua um ser distante, inatingível, com quem só se pode falar, ter acesso, se for através de Cristo. E Cristo nunca desejou isso né? O que eu acho que ele sempre quis é que a gente percebesse que a mesma relação próxima que ele tem com o Pai, nós podemos ter. Deus falou com ele no Horto das Oliveiras e falará com qualquer filho em qualquer lugar, desde que o filho o chame em verdade, querendo ouvi-lo.

Gostem ou não, acreditem ou não, Deus nunca deixou de se manifestar quando pedi. E até quando não pedi. Cristo foi meu caminho, eu achava muito mais fácil ser entendida por uma ser que já havia estado na condição humana e, portanto, passado pelas nossas dificuldades, mas cheguei ao destino que era tirar Deus de lá fora e colocá-lo aqui dentro de mim. Reconhecer a divindade em mim e saber que é exatamente assim que Ele sabe o que acontece conosco, pois Ele está humano em nós da mesma forma que estamos divinamente nEle.

É a torca de centelhas.

E todos os dias rezo para que todas as pessoas sejam capazes de ter uma relação assim com Deus.

23 de outubro de 2010

Já perceberam que o netbook não serviu muito pra me motivar a escrever, não é mesmo?

Mas enfim hoje eu queria conversar e como não encontrei ninguém que quisesse me ouvir de verdade, lembrei do blog.

Não sou alguém que tem o hábito de falar de si. E cada vez que tento, me frustro. Hoje foram duas vezes. A primeira com uma amiga com quem nunca consigo conversar coisas mais profundas, pois é alguém que defino como uma pessoa que desacredita de qualquer coisa que não acontece no quintal dela, ou seja, que não tenha acontecido com ela, ou com alguém na sua presença. E o assunto era Deus. E o fato dEle conversar comigo através das borboletas. E ai, logo li que ela estava preocupada comigo, pois eu estava alimentando ilusões para evitar de romper uma situação, pois imagina que Deus ia conversar comigo, ou com alguém, até mesmo com ela...

Antes eu ficava puta com essa postura dela. Muito chato você estar contando algo a alguém e a pessoa dizer que aquilo não pode ser verdade. É, algumas vezes ela diz, outras ela insinua. Hoje não ligo mais, pois o Universo limitado é o dela e não o meu. Mas é alguém que amo e ai, vez por outra esqueço e toco em assuntos que trazem à tona essa limitação e me decepciono. Porque né? Amigos deveriam saber ouvir os outros, mesmo discordando.

Mas as pessoas têm o hábito de darem as suas opiniões sobre tudo antes de você terminar de falar. Foi o que também aconteceu com a segunda amiga. Ela acredita em tudo o que eu acredito, sabe que Deus conversa comigo, com ela e com quem se dispuser não apenas através de borboletas, mas de qualquer coisa que a pessoa escolher, porém sofre de ejaculação precoce de opiniões - como 99% das pessoas hoje em dia - e antes que eu pudesse dizer o que me angustiava, despejou tudo o que ela achava.

E o que eu mais precisava era desabafar. Falar o que entristece meu coração, olhar pras minhas ilusões - que sei que existem - ali desnudas diante do outro, me elaborar na conversa, colher opiniões, sim, e me refazer.

Muita gente pode achar que aprendi a escutar sendo terapeuta, mas não é verdade. Eu sempre soube ouvir e é por isso que sempre, desde muito nova, meus amigos me procuravam pra conversar. Tai minha mãe que não me deixa mentir, pois sempre foi o maior assombro dela em relação a mim: a quantidade de amigos que me procuravam quando não estavam bem, eu ainda muito nova. É esse o motivo dela não ter encrencado - muito - com eu ter escolhido a psicologia ao invés da nutrição, que era o ramo do negócio da família.

E ouvir tem muito mais de sensibilidade do que de formação. É querer saber do outro, de verdade. É preocupar-se mais com o outro do que com a própria opinião.

O x é que quando acontecem essas coisas eu volto ao meu mutismo costumeiro e as pessoas acham que sou fechada,concho... Não sou, mas não gosto de ter pseudo conversas.

1 de outubro de 2010

É, quase três meses sem escrever no blog e confesso que só voltei por agora ter um netbook que me permitirá fazer isso de qualquer lugar e a qualquer hora. Segundo minha mãe, agora eu conecto até no banheiro, o que até poderia ser, não fosse o medo que tenho de gadgets perto d`água... rs...

Mas porque tanto tempo sem escrever? Diria que quando estamos felizes, não temos tanta vontade de compartilhar quanto quando estamos tristes. Confirmando o dito popular de que temos a impressão de que o mal é mais abundante no nosso mundo por o "bem se calar e o mal se espalhar" com mais facilidade. A gente tem mais mania de desabafar do que de espalhar felicidade né? Até por medo do que vão colocar de olho gordo na alegria da gente.

É, eu ando feliz. Não que seja uma felicidade perfeita, mesmo porque perfeição não existe, mas é uma felicidade plena, cheia de conquistas e aprendizados no meio do caminho. Acho que um dos grandes aprendizados internalizados nos últimos tempos é, justamente, de que sempre haverá desafios às minhas habilidades, coisas a superar e aprender, ou aquilo que costumam chamar de dificuldades pelo caminho.

Não sei se já comentei aqui, acho que sim, mas um dos piores enganos que a igreja nos incutiu foi a de que ao caminharmos pelo bem, estaríamos livres de todo o mal. A discussão teria de começar pela redefinição de "mal", pois há de se reconhecer que a maioria das vezes é o mal que nos impulsiona pelos caminhos que resistimos em percorrer. Vou reduzir dizendo que o que entendemos por mal, muitas vezes, senão sempre, é o professor rigoroso para as lições que nos recusamos a aprender através do melhor caminho que é aquele que nos leva a superar as dificuldades e desafios do percurso tentando sermos inteligentes e ponderados emocionalmente.

Traduzindo: você está vivo e nesse plano dificuldades fazem parte do percurso. Cabe a você decidir se passará por elas com o mínimo de sofrimento que for capaz, prontificando-se a entender que aquilo é um estágio do caminho e não o caminho, ou fará da sua vida um verdadeiro inferno diante dos menores desafios. Porque por mais que você esteja alinhado com Deus, eles sempre existirão.

Então de que diabos serve o alinhamento com a Fonte? Ajuda a ter força, discernimento, calma, percepção do melhor caminho, inspiração para quando o que sabemos não é suficiente e precisamos desenvolver novos recursos. Fazendo um trocadilho com um desenho da minha adolescência, o alinhamento com Deus é a Espada de Thundera: dá visão além do alcance.

E o que é estar alinhado com Deus? É estar de tal forma confiante no Amor Dele por nós que nos entregamos e confiamos na Sua força nos fazendo fortes. E é ai que a porca torce o rabo, pois não confiamos em Deus. E não confiamos por conta da visão que nos foi dada de que Deus é um carrasco, vingativo e tirano, sempre pronto a nos punir ao menor deslize. Não entendemos as dificuldades como treino de habilidades, como forma de aperfeiçoar e desenvolver habilidades. Sempre que nos vemos diante de algo que não esperávamos, desejávamos, agimos como se fosse sempre um castigo, uma punição da vida por algo que fizemos ou deixamos de fazer.

As religiões nos fizeram mimados. Tudo ao nosso ver tem função e relação direta conosco e serve ou para nos punir ou para nos gratificar. Nunca entendemos de cara que é apenas uma etapa de aperfeiçoamento/aprendizagem. Choramos, bradamos, batemos o pé e agimos que somos mal recompensados pelos parcos investimentos que fazemos no aprimoramento de nós mesmos a maior parte do tempo.

E é bobagem viu gente? pois nada do que você fIZER vai impedir a vida de te desafiar e contrariar, pois ela está ai É pra isso mesmo: expandir os seus horizontes. Então o mais inteligente é ir treinando a sua capacidade em aceitar a vida como ela é, fazer o seu melhor e deixar o mimo de lado, pois ele só atrapalha com as falsas noções de especialismo que dá, uma vez que é verdade: você é especial e merece, mas ó: todo mundo também, caso contrário não estaríamos todos nesse mundo.

Parece papo de evangélico, eu sei, mas Deus é o caminho para vencer essas dificuldades. Não o Deus das religiões, mas o de fato: Aquele que vai te apoiar, vai te ampliar, mas não vai passar a mão na sua cabeça e te deixar virar uma amebinha inoperante e dependente de tudo e todos por comodismo.

E com o tempo você vai descobrindo que ao realizar a sua parte e realizar-se, a vida vai se tornando mais fácil e muito do jeito que você sempre desejou que que ela fosse, pois aprendeu a manipular as energias e recebe com infinita facilidade aquilo que precisa.

E talvez nem seja a vida te poupando, seja apenas você acostumado aos desafios, curtindo-os e deixando de reagir negativamente a eles.

É nesse ponto que estou: achando a aventura de estar na vida um tremendo barato. Hoje mesmo, nas minhas orações, eu disse à Deus que não existe outro lugar no Universo no qual gostaria de estar e nenhuma outra experiência que eu gostaria de estar vivendo a não ser a minha própria vida aqui e agora com tudo o que ela contém.