30 de abril de 2009

Hoje vou indicar mais um livro e falar um pouco sobre ele.

Dessa vez o livro é: Um novo mundo - O despertar de uma nova consciência do Eckhart Tolle

Nesse livro o Eckhart - um alemão eradicado nos Estados Unidos e que vem desenvolvendo desde os 29 anos um trabalho muito profundo de cunho espiritual - explica os mecanismos do ego e porque devemos nos desvencilhar do seu domínio, uma vez que nele está toda a base da violência do mundo atual. Isso porque o ego acabou por tornar-se uma instância apartada da alma, apto a sufocá-la e assim capaz de produzir em nós tanta dor que acabamos por reproduzí-la no ambiente que nos circunda e nas pessoas que amamos.

E é nesse livro que você começa a entender com profundidade o porquê da meditação ser um dos instrumentos mais eficiente de transformação pessoal.

Acho-o essencial a quem quer um caminho espiritual e, sim, que deve ser lido logo após a Louise Hay - ou até mesmo antes - mas com certeza antes de começarmos a colher muitas informações a cerca das Leis Universais, pois ele nos ajuda a trabalhar a resistência às mesmas que o ego promove, pois a aplicação delas está justamente destinada à extinção do ego.

Meu único senão é que ninguém ainda falou da função saudável do ego e como tenho pra mim, por observação, que Deus não desperdiça nenhuma das suas criações, o ego deve ter um objetivo bom para existir.

29 de abril de 2009

Mais um áudio para criar o hábito...

Áudio: Luiz Antônio Gasparetto: A verdadeira arte de ser forte

Amanhã posto sobre mais um livro.

Também estou querendo saber como postar aqui filmes que tenho e que dá muito trabalho buscar links em emule e torrent: eu mesma procurei e não os achei mais por lá. Alguma sugestão?

28 de abril de 2009

E aqui vai mais um áudio do Gasparetto, pois os tenho de quilo aqui.. rs...

Esse é bastante controverso e dá um tranco nos cristãos mais fervorosos e dogmáticos, pois mexe diretamente com aquilo que acreditamos ser Jesus Cristo. Então mais uma vez ressalto: mais importante que acreditar no que é dito, é lidar com a possibilidade e entender o conceito que está por detrás da estória tá?


Áudio: Luiz Antônio Gasparetto: O seu melhor te protege.
"Há pouco tempo eu te disse que não existia no mundo ninguém com a sua capacidade de me ferir. Ninguém com tamanho potencial em me fazer doer como você. E embora isso possa parecer uma coisa ruim, e o tenha sido muitas vezes - só eu sei o quanto chorei - há muito tempo agradeço a Deus pela nossa relação, pois ela me deu casca. Pois é, levei tanta porrada que criei resistência; uma casca como a das baratas, capaz de resistir e suportar qualquer explosão atômica afetiva que desabe sobre mim. Se hoje sou uma pessoa para quem a opinião alheia pouco importa, inclusive a sua, isso é graças, única e exclusivamente, a você.

Você foi a minha última tentativa de ser outro alguém que pudesse ser amada incondicionalmente. Ah! Como eu quis ser diferente do que sou para poder ser amada sem censuras e críticas, mas mais uma vez vi que isso é impossível. Impossível por ser algo que não existe, seja com quem for, mas, principalmente, impossível porque você é uma pessoa que não se agrada de nada, ao menos em relação a mim. Se discordo, sou errada. Se concordo, também sou. Hoje foi apenas mais um perfeito exemplo disso: concordei com absolutamente tudo o que você disse e propôs; concordei com sinceridade e coração, pensei em alternativas viáveis para fazer o que você propunha reconhecendo que era o melhor para mim, e mesmo assim você achou por bem distorcer tudo o que eu disse e não disse, com intenções que absolutamente não manifestei ou tive, e assim desistir do nosso trato inicial e sair da conversa para fazer sozinho, o que disse que faria comigo. Pense em alguém com cara de tacho olhando para a tela do micro.

O fato é que você desistiu de ser Matt comigo... “(ou não) rs*”; você desistiu de mim.

E não, eu não acho ruim, muito pelo contrário, acho muito bom que isso finalmente tenha acontecido. Penso que deve ser muito difícil mesmo para alguém como você entender e conviver com alguém como eu, mesmo que apenas virtualmente. Principalmente quando você não entende que muitas vezes ser de uma determinada forma não é questão de vontade. Se eu pudesse ser como você - se características se comprassem em farmácia mesmo que durassem algumas poucas horas ou semanas - eu não seria obesa, simples assim.

E o "engraçado" é que não tenho dúvida nenhuma que você me ame do seu jeito. Mesmo que você nunca tenha sustentado qualquer mínima declaração que tenha feito nesse sentido por 24 horas seguidas, sei que o sentimento é real. E, no entanto, foi exatamente o fato de não sustentar que sempre me impediu de investir afetivamente numa relação como era desejo seu. E você nega o que estava demonstrando quando dá um jeito de transformar todas as coisas que sinto, acredito e vivencio em ilusões, sonhos e conto de fadas. Foi isso que você fez com o meu amor por você: o transformou em ilusão. Algo impossível de ser tornar real e palpável.

Algumas vezes me pego pensando, e acho até que já te perguntei isso diretamente, sobre o que você vê de positivo em mim que o faça gostar-me dessa maneira inusitada que de vez em quando você diz gostar de mim. Isso porque tirando a questão gramatical e a criatividade para escrever, não faço a menor idéia do que possa considerar legal em mim. Em contrapartida sei exatamente quais são os seus senões e críticas, tecidas ao longo desses quase 9 anos, a meu respeito. Não é triste isso? Eu acho.

Acho triste quando você diminui os meus valores e sentimentos. Acho triste quando você deixa de me escutar ou ler porque quer desesperadamente defender as suas teorias a meu respeito. Acho triste quando você tenta me encaixar em coisas que, de verdade, não sou eu. Já disse inúmeras vezes que você é uma das pessoas que mais me conhece, porém quando você "me erra" o faz de forma tão absurda que mal dá para acreditar que tenha sido a mesma pessoa.

Você não precisa concordar comigo; você não precisa me aceitar, mas você tem obrigação de respeitar quem sou; e isso é algo que você é incapaz de fazer. E embora eu saiba que não o faz com intenção, que sequer passa pela sua cabeça me qualificar como "inferior" a você, isso não muda nada, pois é o que você sempre fez, faz e seguirá fazendo todas as vezes em que tiver oportunidade. Você e qualquer pessoa que acredite que existe um, e só um, jeito certo de se atingir um objetivo, de se ser na vida, e que esse jeito é o próprio.

Nunca neguei que tenho dificuldades, algumas bem grandes em relação a algumas coisas, e inclusive de ver alguns aspectos meus com clareza – quem não tem? Porém você negar que tenho me empenhado verdadeiramente em promover as mudanças que desejo, não me ajuda em nada e nem à nossa relação. Você quer que eu mude, porém se minhas mudanças não vão de encontro ao que você quer que eu seja, ao que você acredita que seja o melhor para mim, você simplesmente invalida o que sou e me trata como se fosse exatamente a mesma pessoa que você conheceu há mais de 8 anos, ou seja: o único ser humano na face da terra incapaz de aprender qualquer coisa que seja com as próprias experiências de vida. Para mim não existe nada mais brochante numa relação.

E embora você provavelmente esteja pensando que tirei toda essa percepção do chapéu – mais uma ilusão minha - ela é a resposta àquela minha pergunta: porque, de repente, a minha questão corporal ganha uma importância desproporcional na nossa relação? Não, não é porque me incomoda como você prontamente respondeu. É porque ela se transforma numa disputa sobre “quem está certo” da sua parte. Você deixa isso claro quando é incapaz de motivar o que estou fazendo no momento e está dando certo. Quando não consegue acrescentar coisas para melhorar o desempenho e quer que eu largue o que tenho feito e faça do seu jeito. Quando você se preocupa com uma possibilidade de futuro ainda inexistente, mesmo que baseado num passado que também não existe mais e esquece-se de estar aqui para mim no presente. E juro: acreditei piamente que o começo da nossa conversa hoje tratava-se disso pela primeira vez. É... Você está coberto de razão quando diz que minha capacidade em iludir-me e acreditar em soluções mágicas e fantasiosas não é pequena.

Você tem medo que eu morra e realmente posso estar morta amanhã: atropelada por um carro e não necessariamente como consequência da minha obesidade. E também não é triste que "nossa última conversa" tenha terminado com você “vomitando” em mim a crença de que as suas escolhas e os seus desejos é que são certos?

Você sente prazer em ter e manter um corpo que desperta desejo. Eu tinha problemas quanto a isso se o desejo surgia num homem que não desejo. E embora eu entenda que para os homens seja difícil entender que o pau duro deles nem sempre seja tido como um elogio pelas mulheres, não entendo a necessidade de invalidar algo que eu precisava trabalhar em mim, fruto de um trauma de infância. É tão difícil assim conceber que forçar a barra sexualmente, não respeitar aquele "não" dito a qualquer momento durante o ato, possa causar muito mal a alguém? Você não imagina o rombo que essa sua recusa causava em mim a cada vez que me deparava com ela, embora entenda qual fosse a sua boa intenção por detrás disso, mas você nunca atingirá um bom intento desmerecendo as vivências alheias ao perder de vista que não somos pessoas iguais; a percepção de que na maioria das vezes sequer somos parecidos uns com os outros.

Você diz que me viu desistir várias vezes durante esses anos e, no entanto, não pode dizer que me viu entregar os pontos e perder a consciência de que desejo e quero fazer algo em relação a isso. E sim, não faço parte do clube dos "perfeitinhos" que escondem os fracassos embaixo do tapete para ninguém saber que eles não são exatamente como a máscara que usam. De todas as ilusões que crio, a única que sou incapaz de criar é aquela que faça qualquer pessoa acreditar que não sou quem sou. Impor um limite de proximidade não implica em desejo de não ser vista, é apenas o desejo de me proteger da dor que as relações geralmente causam quando as pessoas têm essa necessidade absurda de colocar tudo e todos em formas.

E entendo que você se pergunte porque, se tento de todas as maneiras, não me permito ao menos tentar da sua, que efetivamente é a que qualquer pessoa de bom senso no mundo sabe que dá certo e funciona. Explico: por ela ser enormemente restritiva; por eu não ter sido educada dentro dela como você foi; por implicar em abrir mão de tanta coisa que me é familiar e, consequentemente, implicar numa força de vontade que eu não tenho, pois se tivesse ao menos 1/10 da sua força de vontade, não seria obesa. Então são mudanças que vou fazendo aos poucos, por serem mudanças em todo um modo de viver, mas isso não interessa né? Não. Não interessa.

Enfim, quando o assunto é esse você já chega tão armado na conversa que sequer consegue me ouvir. E é exatamente por isso que esse não foi um e-mail e sim um texto no blog".

27 de abril de 2009

Há um tempo eu penso em dividir com as pessoas que acompanham o blog e se interessam pelo assunto, o que me ajudou a descobrir os desdobramentos da Lei da Atração, mas sempre titubeava, pois, na verdade, acho que é um processo particular e sei que, quando você se dispõe a ele o Universo se incumbe de fazer com que o que você precisa saber, chegue às suas mãos. Mas ai lembrei que eu mesma posso ser instrumento do Universo, não é mesmo? Então vou postar aqui os livros, autores, filmes e áudios que me ajudaram no caminho até o presente momento, um por vez, pois pretendo comentar algo sobre eles e o efeito que tiveram na minha experiência.

Mas gostaria de salientar que estas são apenas sugestões; sugestões que deram certo para mim. Com isso quero dizer que seu caminho e processo podem ser completamente diferentes mesmo usando os mesmos materiais, pois cada um está num lugar evolutivo e os conteúdos a serem trabalhados, podem ser completamente diferentes.

Acho que o essencial quando você sente vontade de começar são duas coisas:

1º) abrir a sua mente e estar pronto para ouvir/ler com atenção tudo o que está sendo dito e sempre se perguntar: "e se fosse verdade, como isso seria em mim, na minha vida"? Temos todo um roteiro pré-determinado de vida e valores que vão gritar bem alto quando você começar a pensar em possibilidades diferentes e é preciso curiosidade e abertura de alma e mente suficientes para se seguir em frente.

2º) Não leve ao pé da letra tudo o que dizem. As pessoas que fazem esses relatos, são humanas como você e estão em processo evolutivo, tanto quanto nos estamos, portanto têm uma percepção parcial da realidade, ainda que essa possa ser mais acurada que a nossa em alguns aspectos. Use os seus sentimentos para reter o que condiz com a sua essência e liberar aquilo que não tem nada a ver com você. Você sempre é o seu melhor guia espiritual, pois sua alma está diretamente conectada à fonte de tudo na vida que é Deus.

Porém faço um adendo: desconfie fortemente das coisas que seu sentimento berrar que são mentiras ou que te causem reações negativas fortes: isso, geralmente, é apenas um estado de negação profundo a algo que você sabe que é/tem, mas não gosta de ser/ter em hipótese nenhuma.

Bom, vamos aos primeiros:

Livro: Você pode curar sua vida - Louise Hay.

Uia, que chique! Fui procurar o link para o livro em uma livraria e achei logo foi o do pdf do livro on-line! Para quem não tem dificuldade de ler no computador... Minha busca consciente pela mudança se iniciou com esse livro. Tentei lê-lo há uns 12 anos atrás e ele acabou arremessado contra a parede quando meu namoro terminou: eu ainda não estava pronta para o processo. Há uns 3/4 anos eu o retomei e fiz todos os exercícios criteriosamente.

Na minha opinião ele propicia uma primeira e grande limpeza na alma. Sabe aquela coisa de jogar fora o que não te serve mais quando você pensa em fazer uma grande mudança de casa? É isso que o livro faz: tira aquelas coisas que você deixou entulhada na sua alma, principalmente com os exercícios de perdão.

A Louise também trabalha com as afirmações positivas e o que posso dizer além de: funciona!? Já que somos movidos por sistemas de crença, porque não escolhermos nós mesmos aquele que será capaz de trazer o melhor para as nossas vidas? Sim, no começo as afirmações te fazem sentir como falsa e mentirosa, mas com o tempo aquilo se infiltra e se torna tão verdadeiro que sem se dar conta, um dia você estará "brigando" por elas! Acho que esse processo se dá de forma interessante quando, depois de um tempo, você começa a questionar essas novas afirmações verdadeiramente, não no sentido da crítica do ego, mas com a alma. E quando isso acontece, surgem diante dos seus olhos lembranças ou questionamentos ainda mais profundos, que acabam sendo prontamente respondidos por você mesmo e que as tornam uma verdade absoluta e incontestável. Aqueilo que relatei ali embaixo sobre tratar a vida como uma inimiga? Foi uma percepção nascida desses processo.

Áudio: Luiz Antônio Gasparetto: Se deixe em Paz.


Audio Gasparetto: Se deixe em paz.

Eu sei, eu sei: tem muita gente que "odeia" o que o Gasparetto diz, mas ó, confia em mim: o cabra é bom. E o é não apenas em metafísica/espiritualidade, mas também como psicoterapeuta e faz um trabalho seríssimo e muito interessante na junção de ambos. Ele tem um jeito meio duro de falar, às vezes, e que bate direto no nosso orgulho besta, mas, geralmente, é aquilo que escrevi no adendo ali em cima: a gente só está querendo negar o que sabemos ser real. Abra sua mente; abra-se e escute o que ele tem a dizer; você dificilmente se arrependerá.

26 de abril de 2009

A transcendência não é algo fácil de se lidar. Isso porque você tem consciência de que aquilo que se apresenta a você, poderia ser facilmente tido ou interpretado como alucinação, ilusão, mas você sente com todas as fibras do seu ser que não é. E é justamente o sentir que te garante a veracidade, pois embora a psicologia e psiquiatria tenham evoluído enormemente no sentido de desvendar a mente e suas possibilidades sãs ou doentias, ninguém nunca falou de alucinação afetiva.

Os sentimentos podem ser manipulados, adoecidos, porém isso se dá após a alteração da mente, não antes. E quando você quer voltar a estabelecer a realidade, basta atentar para os sentimentos, pois eles são o primeiro a se revelarem tal como são de fato.

25 de abril de 2009

Porque usar uma ferramenta de publicação pro blog se eu tenho de clicar para usá-la o mesmo tanto que tenho de clicar para abrir o dito na web?

24 de abril de 2009

Porque uma coisa é fato: se você está pensando em desvendar e praticar os princípios da Lei da Atração pare e pense muito bem se você está disposto a pagar o preço. Porque embora a melhora material aconteça, ela se torna quase insignificante perto de todo o resto. Você vai mudar completamente. Sua visão de mundo, seus sentimentos, suas posturas, nada será o mesmo depois de um tempo.

É um caminho sem volta e no qual você será revirado do avesso várias vezes. Estava comentando isso com um amigo no Sábado mesmo: que sinto, muitas vezes que me pegam pela ponta dos dois dedões dos pés, pelo lado de dentro, e puxam até eu sair pela boca do lado do avesso. E isso pode doer um bocado, pois é claro, você fica completamente exposta.

Mas sinceramente? Acho que vale super a pena.
Nos últimos dias me dei conta de uma coisa: sempre encarei a vida como uma adversária, algo contra o qual eu sempre devia lutar para superar. Nunca me ocorreu que ela fosse, na verdade, minha aliada. Uma energia à qual eu deveria me unir para poder fluir junto e chegar mais facilmente aonde quero.

Foi lendo diariamente aquela oração de afirmações que postei ali embaixo, que isso foi ficando cada vez mais claro dentro de mim, até que um dia, em meio a um comecinho de crise, pensei para me acalmar: "minha vida é divinamente guiada" e então me dei conta que minha postura diante da vida era completamente oposta a isso, pois sempre me armava ao menor movimento contrário ao que eu acredito que ela deva fazer.

Se acredito em um Deus que quer o melhor para mim, mesmo que o melhor nem sempre seja satisfazer os meus desejos do meu jeito, porque o trato como meu inimigo? Porque desconfio das suas ações e sempre as vejo como algo do qual tenho de me defender em princípio, ou até que constate que o que aconteceu, geralmente, foi o melhor para mim?

Essa crença nos é infiltrada quando crescemos ouvindo coisas como: "a vida é dura"; "é uma batalha"; "matamos um leão por dia". Isso não é necessariamente verdade. Conheço pessoas que têm uma vida produtiva embora esta não seja difícil. Onde tudo aquilo a que a pessoa se propõe se resolve com facilidade o que faz, inclusive, com que ela sempre tenha tempo para se dedicar a novos projetos.

E é engraçado notar que essas pessoas não têm a menor dúvida do valor que têm e não querem "se provar" através das situações, o que causa dificuldades. São pessoas que não duvidam que merecem tudo o que desejam e um pouco mais. E não, não são pessoas egoístas, muito pelo contrário: são de uma generosidade ímpar, pois sempre estão convidando os demais a partilharem da sua jornada; agregam valor.

Então meu trabalho atual tem sido o de me dizer, a cada vez que me pego pensando na vida com uma certa sensação de receio, que ela não é uma inimiga da qual preciso me defender. Sei que algumas situações passadas poderiam me levar a pensar isso, mas hoje não mais. Hoje eu sei coisas que antes não sabia e posso responder de forma diferente às situações.

E nem consigo descrever aqui a diferença enorme que essa mudança de perspectiva causa em mim. O trabalho é de formiguinha, pois essa crença é arraigada. Então muda-se um pouco a cada dia. E já aprendi nesse processo que quando você acha que mudou o suficiente, novos aspectos surgem até que você tenha trabalhado todos os elementos daquela crença e ela tenha se transformado, ou até mesmo deixado de existir. Porém confesso que já sinto muito mais ânimo em olhar o mundo, pois este deixou de ser um campo de batalha e passou a ser um lugar de descobrimento e aventuras.

23 de abril de 2009

Eu estou bem. As coisas mais ou menos entraram no curso dentro de mim e a vida seguiu em frente.

Mas tem alguns "detalhes" dos últimos dias que eu não queria deixar esquecidos... Como esse trecho da conversa com um amigo...


"Toda relação pautada em brechas é inexistente, de fato. Brechas são espaços de tempo você espera acontecer na vida da outra pessoa para que esta possa se dedicar a você um pouquinho; não é um tempo que ela deliberadamente cria na própria vida para se dedicar a você porque te quer e sente como sendo importante estar com você, saber de você, compartilhar um pouco e com isso sentir que a própria vida fez mais sentido. Penso nisso há um bom tempo já. Só não sei porque algumas das relações que considero afetivamente como as mais importantes para mim acabam caindo nessa condição... Por eu não pedir/cobrar as pessoas acham que não quero ou não preciso? Por eu não reclamar e aceitar as condições que as situações têm, acabo sendo mais fácil de lidar e exijo menos atenção e empenho, pois crio a fantasia que sempre estarei lá e sempre serei passível de ser "reconquistada"? É, começo a brincar com a hipótese de que é a minha passividade decorrente de bom-sendo que acaba complicando a minha vida. Porém no fundo acho é que, na verdade, não sou tããããão importante e nem tããããõ amada e significativa quanto, às vezes, querem me fazer crer; simples assim".

19 de abril de 2009

Anorexia e Obesidade – Segunda Parte.

A meu ver, o que forma o tipo de crença primordial e disfuncional no portador de distúrbio alimentar, parece ser o fato de sempre haver perto deste alguém afetivamente significativo e que é ou excessivamente preocupado com a forma física, ou obsessivamente despreocupado da mesma. Às vezes ocorrem os dois. E sempre será aquele que promover o abandono que determinará se o distúrbio acarretará em obesidade ou anorexia. Diria que isso acontece por, na dinâmica dessa relação, ocorrer um excesso de mensagens de duplo vínculo - usando um termo que ouvi pela primeira vez estudando Pichon Rivière, e que significa a emissão de uma única mensagem, uma frase, por exemplo, mas que carrega dois significados opostos onde um infere amor e o outro rejeição. Ou seja, é um extrapolar na interação onde alguém insiste em dizer que devemos ser amados pelo que somos, ao mesmo tempo em que essa pessoa demonstra claramente não conseguir amar os outros pelo que eles são, sempre impondo condições físicas, afetivas e comportamentais e comprovando, assim, ser afetivamente tão disfuncional quanto o portador de distúrbio alimentar se torna.

É por esse motivo – e usando como premissa a teoria dos três Ds, também de Pichon Rivière, que diz que nas relações grupais, e a família é um grupo, sempre existe um depositante, um depositário e algo a ser depositado que apenas, caso o depositário não aceite mais essa função na dinâmica do grupo, mudará de lugar se não for elaborado por todos os membros do grupo - que o tratamento dessa disfunção pede pela intervenção familiar, na maioria das vezes. Traduzindo em miúdos: se não se fizer terapia familiar, um se cura e outro adoece em seu lugar, mas não necessariamente com a mesma patologia.

Mas por que um desenvolve anorexia e o outro obesidade?

O x é que o obeso desiste do controle depois que se dá conta que isso não é possível e vai em busca de formas alternativas de prazer e encontra a mais fácil na comida; já o anoréxico não, ele perversamente insiste e amplia o grau de controle que deseja ter: se não pode controlar o mundo, pode controlar a si mesmo. Grosso modo, poderíamos dizer que o obeso se vinga do amor; o anoréxico se vinga da necessidade de amor. O obeso procura o prazer que não encontra fora no comer, e tende a prolongar isso indefinidamente. O anoréxico encontra prazer em sobreviver se negando prazer, fingindo que não necessita dele.

E porque ele faz isso? Justamente porque vive na falta. Sei que é lugar comum na psicologia culpabilizar as figuras parentais por promoverem os nossos distúrbios – minimamente os seus primórdios – eu mesma pareci fazer isso lá em cima, e embora alguns realmente façam por merecer essa responsabilização em algum grau, fato é que ninguém teve os pais que quiseram 100% do tempo, e nem receberam deles toda a atenção que precisavam. Porque, então, nos portadores desse distúrbio essa falta parece ser sentida de forma mais exarcebada a ponto de causá-lo? Não sei, mas acho que é pelo mesmo motivo que o adicto é adicto. Nasce com essa conformação por motivos que transcendem o aqui e o agora.

Também é comum as pessoas se perguntarem, principalmente diante da anorexia: “onde estão os pais dessas pessoas que não percebem isso e não tomam uma providência”? E mesmo que os pais tenham o perfil que descrevi lá em cima, é comum e esperado que você os encontre atentos ao problema de peso dos filhos depois que este atinge de um determinado patamar, e é isso que me faz responder que emocionalmente estão exatamente no mesmo lugar que os pais do obeso, que também se tornam impotentes em lidar com o distúrbio do filho, mesmo quando esse é ainda leve. A comida mexe com aspectos muitos primitivos da nossa psique. Não é fácil tirar a comida de alguém e nem obrigar alguém a comer. Você pode amarrar o anoréxico e o obeso mórbido - e a fase de internação é literalmente assim - e controlar a alimentação e consequentemente, por um tempo, a disfunção, via coação, porém na primeira oportunidade ambos vão retomar os padrões anteriores se as causas emocionais não forem tratadas.

16 de abril de 2009

Bom, acho necessário esclarecer a quem me ama: ele não fez nada, e nem me magoou. Vai fazer uma cirurgia amanhã e isso me colocou na concretude da minha situação: se ele morrer, simplesmente não vou ficar sabendo, pois não existo de fato. E isso é MUITO mais foda do que eu já sabia que era. MUITO mais.

A mim resta torcer e esperar pela ligação que ele vai fazer quando tiver condições de falar novamente, o que vai levar uns 15 dias, pois o pós-operatório é muito doloroso.

Para mim também é.

Cair fora é a decisão mais lógica, racional e a mais difícil também, pois nada me protege do sofrimento que já é.

Update: Não, eu não acho que ele vá morrer, apenas exagerei na implicação das possíveis consequências; e isso não muda nada: não tenho acesso.

15 de abril de 2009

E evitei com toda força descer assim e topar com minha mãe na cozinha - que se plantou na dita cuja desde cedo - mas já era quase meio-dia e eu estava há 14 horas sem comer, e mesmo que não tivesse fome alguma, não quero me maltratar mais do que o inevitável. Até pensei em maquiagem na tentativa de disfarçar os olhos, porém ia ser mais estranho ainda e chamar muuuuuuuito mais atenção. O jeito era tentar não ficar de frente para ela e muito menos olhá-la. E tudo porque eu não quero explicar o que não tem explicação. E também porque não quero a trilha sonora de dor-de-cotovelo dela ecoando pela casa. Sim, ela tem uma ladinho sádico e sempre arruma a música perfeita para esses momentos...

E eu estava conseguindo ter sucesso na empreitada até que parei na pia para lavar meu copo e ela parou em pé na frente do fogão me olhando de lado, pois é claro que eu estava muito atenta na louça que lavava; ela diz:

- Você tá com o rosto inchado?
- Tô.
- Porque? Tá todo inchado, até os olhos.
- Não sei.
- Tá com alergia?
- Acho que sim, troquei o creme de rosto esses dias.(mentiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!)
- Ou andou chorando?
- Não.
- Brigou com algum dos namorados? (ela acredita mesmo que tenho vários e não levo nenhum a sério)
- Não.
- Olha lá heim? Essa noite sonhei que você estava casando e meus sonhos são sempre um responso.


Ai eu tive que rir né? Gargalhar mesmo.

Não, eu não quis saber detalhes. Virei as costas e subi.
Ai fui dar uma de engraçadinha e fui lá no livro da Louise Hay ver a crença limitativa que gera edema, porque né? Os olhos só não estão mais inchados, porque são só dois. O que leio?

"O que ou quem você não quer largar"?

Assim mermo, sem vaselina nem nada...

Toma!
E a música que toca no dial da minha mente quando acordei pela segunda vez essa manhã, quando meu objetivo é simplesmente não pensar...



Angra Dos Reis
Letra: Renato Russo
Música: Renato Russo/Renato Rocha/Marcelo Bonfá

Deixa, se fosse sempre assim quente
Deita aqui perto de mim
Tem dias em que tudo está em paz
E agora os dias são iguais

Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito

Pode rir agora que estou sozinho
Mas não venha me roubar

Vamos brincar perto da usina
Deixa pra lá, a angra é dos reis
Por que se explicar se não existe perigo?

Senti seu coração perfeito
Batendo à toa e isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora que estou sozinho
Mas não venha me roubar

Vai ver que não é nada disso
Vai ver que já não sei quem sou
Vai ver que nunca fui o mesmo
A culpa é toda sua e nunca foi

Mesmo se as estrelas começassem a cair
E a luz queimasse tudo ao redor
E fosse o fim chegando cedo
E você visse nosso corpo em chamas
Deixa pra lá

Quando as estrelas começarem a cair
Me diz, me diz pra onde a gente vai fugir?


Ao menos é rock and roll...

14 de abril de 2009

Sou como uma viúva: amo, mas quem amo vive uma outra vida, numa dimensão paralela à minha, embora nossos mundos tenham espaços que se contém. A diferença é que se a viúva precisa ir ao centro espírita para receber uma comunicação, quem sabe até uma carta psicografada - com muita sorte - a mim basta discar um número, tomar um ônibus para poder ver e estar com quem amo.

Sim, sou amada. Não tenho NENHUMA dúvida quanto a isso. E não, não é pretensão e nem ilusão da minha parte. Eu simplesmente sei; sempre soube.

E por amar foi que nunca me casei. Pois embora tenha me apaixonado por outros homens, sempre soube que o que eu sentia por eles não era amor - exceção feita a um só, que por ser muito parecido com quem amo em algumas coisas, teria "me levado ao altar" se tivesse tido coragem de bancar os próprios sentimentos. Hoje sinto uma certa gratidão por ele não ter conseguido fazer isso, uma vez que nos poupou de uma separação que é sempre dolorosa; mais do que já foi levar o pé na bunda naquela época.

Para além disso, nunca quis brincar com os sentimentos alheios: prometer algo que, sei, não poderei entregar. É, isso ainda é real. Se sei a quem amo, mesmo sabendo que não existe um nós - nem haverá - como envolver alguém que poderá querer mais do que o afeto que posso oferecer? Não dá! Ao menos para mim. Mesmo que hoje eu tenha decidido não ver mais quem amo... Mesmo que essa decisão esteja fazendo com que me sinta como se mil facas atravessam meu o corpo de dentro para fora e voltem.

E eu não vou, mais uma vez, lutar para esquecer, "seguir em frente", "me dar novas oportunidades", como muita gente irá me sugerir e dizer - por isso aos amigos o pedido encarecido: não digam! Não vou porque já fiz isso mais de uma vez e não deu certo: depois de muito ou pouco tempo, não importa, sempre me deparo com o mesmo amor. Não vou mais brigar com o que sinto, tentar matar o que não morre. Cansei disso. Cansei profundamente disso.

Não entendo o porquê de tudo isso, o motivo de terem tido tanto trabalho em reverter uma situação que estava estável e confortável, mas também não me importa mais. Talvez o objetivo fosse apenas esse: me fazer desistir para todo o sempre. É. Não tenho mais como carregar a esperança de um futuro, mesmo que em outra vida, como fiz até hoje. Dói demais a espera... Dói, mesmo que não doa.

Dói porque não tem como construir uma existência correndo o risco de um dia chegar à percepção de que teria trocado tudo (mesmo que eu ame profundamente esse tudo), pela oportunidade de ter vivido ao lado dele. Eu não consigo dar às coisas/pessoas o valor que sei que elas possuem quando as coloco em perspectiva com ele. Tudo se torna pequeno e insignificante, mesmo que eu tenha plena consciência que dentro de mim essas coisas/pessoas têm um valor inestimável.

Me manterei aberta para vida, mas não ao amor - ao menos esse tipo de amor - porque simplesmente não tem como não ser coerente comigo mesma. Também porque não quero novamente descobrir ali na frente que me iludi achando que esqueci o que não se esquece. Deve haver um sentido em tudo isso, mas não sei qual. E não sei se um dia saberei.

Fiz uma escolha há muitos anos e como consequência dela ele fez a escolha dele. Isso não tem volta. Nossas vidas são o que são em decorrência dessa escolha.

Ainda não comuniquei minha decisão; existe uma cirurgia no meio do caminho e cirugias são sempre delicadas. Espero fazer isso quando ele cumprir a promessa de ligar semana que vem e quase rezo para que ele não o faça; para que apenas deixemos de existir na vida um do outro como já aconteceu uma vez. É, sou covarde. Porém suspeito que meu desejo não será atendido. Hoje ele tem muitos modos de me encontrar. Então que Deus me dê forças para falar sem cair no choro e para conseguir explicar que preciso mais do que tenho e sei que quem poderia me dar, não tem essa disponibilidade. Porque não existe substituição, entende? Só não existe.

E escrevo tudo isso para que os me amam tomem ciência do motivo da minha ausência e mutismo nos próximos dias... É, conchei: preciso lamber minhas próprias feridas. Mas eu volto.

13 de abril de 2009

Anorexia e obesidade - Primeira parte




Vamos falar sobre distúrbio alimentar, mais precisamente sobre a anorexia e obesidade?

Sim, porque não dá pra falar da anorexia sem falar de obesidade, já que são, a meu ver, os pólos opostos de um mesmo distúrbio emocional, ou seja: se a questão alimentar fosse um pêndulo, num pólo você teria a anorexia, no oposto, a obesidade e no meio o equilíbrio. Passando de um pólo a outro, você teria a bulimia e o abuso do trato intestinal.

A minha proposta pessoal de fazer esse post surgiu depois de ler algumas coisas sobre a anorexia que julguei um tanto levianas a princípio, por tratarem o distúrbio como se fosse um modismo e não uma doença. Eu sei, eu sei, as anoréxicas defendem que é um estilo de vida – pró-ana, mia - mas não é: é uma doença passível de tratamento, embora não saibamos ainda se é passível de cura. Sei que é diante dessa postura de modismo – portanto escolha – que as pessoas formam conceitos, e preconceitos, embarcadas nessa onda emocional e não por mal.

A anorexia mata. A obesidade também. E ambas, depois de um determinado grau, trazem para o organismo deficiências que se tornam irreversíveis e diminuem a qualidade de vida do seu portador. A diferença é que a obesidade é mais socialmente aceita. Tal e qual a bebida que é droga e causa sérios danos do mesmo jeito que a cocaína, mas como todo mundo está acostumado e faz algum uso sem consequências, deixamos de notá-la como droga? Pois.

Além do que o obeso nos fala emocionalmente de algo que sobra, do excesso, e assim nos remete simbolicamente, embora seja uma mentira deslavada, à sensação afetiva de que ele não precisa de nada, nem de nós e isso nos deixa emocionalmente cômodos. Já o anoréxico... Esse conversa diretamente com a nossa impotência; com a “falta” num grau tão avançado que salta aos nossos olhos e mobiliza em nós uma atenção e um cuidado que acaba nos ferindo, pois o que ele nos diz incessantemente é que: não importa o que sejamos para ele nunca somos suficientemente bons a fim de nutri-lo afetivamente. O irônico aqui, se não fosse trágico e profundamente triste, é que a “falta” que move o portador de distúrbio alimentar, é justamente de ser amado exatamente “pelo que é” e “do jeito que é”.

Mas, o que é o distúrbio alimentar, mais precisamente a anorexia e a obesidade?

Dentro do meu entendimento, o distúrbio alimentar é caracterizado pela necessidade de controle obsessivo e que na anorexia se traduzirá numa compulsão pelo controle absoluto do que se come e do peso. Já a obesidade seria uma compulsão pelo descontrole, motivado pelo prazer imediato e sem resistência que a comida oferece, mas que também tem sua gênese no desejo de controle absoluto. Explico-me:

A personalidade que sofre um distúrbio alimentar quer determinar absolutamente tudo o que chega até ela, desde situações cotidianas a até, e principalmente, a afetividade daqueles que lhe são significativos. Porém a vida não é passível de controle nesse grau e quando esta personalidade começa a se dar conta da impossibilidade dos seus propósitos, transfere essa necessidade de controle para o próprio corpo. Entendam: não é que ela não receba amor, recebe, mas o amor que recebe nunca está qualificado como dentro das suas expectativas, ou seja: ela não consegue senti-lo como suficiente, pois não o considera, usando um termo de Winnicott do qual gosto muito, como sendo suficientemente bom.

E isso porque de fato e concretamente o portador de distúrbio alimentar sofreu rejeição. Seja pela separação dos pais, pelos pais serem ocupados demais com suas vidas e profissões para dar-lhe real atenção, ou até mesmo por ter pais com expectativas fantasiosas em relação aos filhos e que, portanto, estabelecem um grau de exigência muito alto, mesmo que não verbalizado. Ai não fica difícil deduzir porque ele tem necessidade de controle: quer a todo custo evitar o sofrimento que ser rejeitado causa.

É dessa forma que essa pessoa cria numa crença primordial de que não recebe amor por não ter merecimento/adequação e que, portanto, se quer ter isso, deve se transformar num outro alguém passível de ser amado como acredita que precisa ser. Um novo corpo, uma nova personalidade, a reinvenção de si mesmo está sempre como pano de fundo da pessoa que sofre de distúrbio alimentar.

E como existe uma necessidade de entender porque se foi rejeitado, e como a primeira e inaceitável resposta é que o fomos por não sermos suficientemente bons, projetamos no corpo e na sua forma o motivo para a rejeição. O obeso engorda e diz: “ninguém em ama porque sou gordo”; o anoréxico emagrece porque diz: “ninguém me ama porque sou gordo”. Sim, é justamente a mesma justificativa dada - embora com dinâmicas comportamentais diferentes frente à mesma constatação - que denota que os distúrbios têm a mesma gênese. A diferença de proposta reside no fato de que o obeso passa a usar o corpo para promover a rejeição que tanto teme e o anoréxico, na busca pela magreza, também promove a rejeição, porém acredita que existe um patamar onde será magro, e portanto, bonito o suficiente para promover a aceitação. Para ele é como se houve um padrão de beleza física tão irresistível que fizesse brotar o amor incondicional.

6 de abril de 2009

Ontem ouvi meu irmão dizendo algo que, por vir dele, dentro do contexto atual, me surpreendeu: que ele aprendeu duas coisas na vida e que uma delas é que a mesma é feita de escolhas, que escolher é direito de todo ser humano e pauta a nossa existência.

Bravo!

Ai fico pensando que as pessoas se começam a entender isso, ainda estão longe de compreender, de fato, o que isso implica.

A vida é feita de aspectos positivos e negativos e a grande maioria das vezes uma mesma situação traz ambos em seu cerne. Ao que você dará importância é escolha sua. E o que vejo acontecer, a maioria das vezes, é que, embora os aspectos positivos sejam em maior número numa mesma situação, as pessoas se focam e frisam o negativo exaustivamente. Tanto que acabam sem ânimo e desgastadas para fazer algo que, efetivamente, mude apenas a própria vida pra melhor. O pretexto interno é de que não podemos mudar o mundo se não ficarmos atentos às coisas que não vão bem, não nos precavermos delas.

Eu não sei... A única coisa que tenho percebido claramente e cada vez mais, ultimamente, é que o mundo acaba se tornando um lugar mais chato, porque as pessoas vivem de mimimi e reclamando de alguma coisa 90% do tempo. Tem lá 25 coisas bacanas acontecendo num mesmo espaço-tempo na própria vida, e uma ou duas desagradáveis e o foco se fixa onde? No negativo. Por quê? Porque se escolhe e elege olhar a sua vida e o mundo por essas lentes e depois se reclama que nada flue, que nada dá certo, que nada caminha a nosso favor. Ai me pego pensando: do que adianta o Universo te enviar coisas boas se você as despreza - cotidianamente - em nome de algo que acredita ser "ter consciência"?

E não sei quanto a vocês, mas eu, pensando cá com os meus botões, todas as vezes nessa vida em que - de fato e de direito - estive diante de problemas insolúveis por minha falta absoluta de recursos pessoais diante delas, tive a ajuda vindo inesperadamente de algum lugar/pessoa que eu não fazia idéia e quem ajudou também não sabia da minha grande necessidade. Sim, essa é a AÇÃO DE DEUS. TODAS as vezes. No demais, quando os problemas na verdade são apenas desafios e dificuldades que tenho de ultrapassar, as coisas se resolvem quando me despreocupo - por vezes desisto - pois ai eu consigo ser criativa para achar a solução que o pensamento obsessivo impede. Simplificando: ligar-me aos aspectos negativos nunca me ajudou em nada.

A perfeição não existe. Mas a imperfeição também não, embora todos julguem, porque aprendemos a pensar assim: que aquilo que não é perfeito, é, implicitamente, imperfeito. O é, mas só conceitualmente.

E que seja! Porém quem disse que o imperfeito não pode nos trazer prazer e contentamento? Não pode nos nutrir, realizar e fazer, justo pelo que falta, com que a vida se mova? Pois é essa a exata perfeição do imperfeito: impulsionar-nos a seguir em busca. O x é quando isso se torna obsessivo e desqualifica qualquer coisa em nome dessa perfeição inalcançável.

Divagações, divagações...
Pessoas que vivem afirmando que desprezam a raça humana não percebem que são animais fazendo com a própria espécie o que recriminam que a nossa espécie faça com as demais espécies né?

Não, não percebem.
E na festa, na sexta, sento pra comer o bolo e me sinto abraçada por trás; olho e dou de cara com uma das meninas que trabalhavam no local que sorrindo me diz:

- Finalmente te vejo sentada comendo! Até agora só vi você dançando, puxando trenzinho pelo salão e animando a festa por completo!

Eu ri, ela riu e se foi.

É verdade, eu larguei ou comi correndo - todas às vezes - porque tocava uma música que eu simplesmente não podia deixar passar sem me jogar na pista de dança.

Mas é engraçado o fato dela chegar em mim e comentar né? Talvez seja a surpresa, pois acho, apenas acho, que o que se espera de uma pessoa com o meu peso é que passe mesmo a festa sentada e comendo.