26 de novembro de 2006

 


Eu luto contra mim mesma. A cada dia empreendo uma nova batalha contra aquilo que em mim é, mas sei que não deveria ser.

Uma das coisas que mais me incomodam em mim é algo que nomeei de “falsidade essencial”. Sei que não é uma falsidade, mas como se comporta como se fosse, e na falta de um outro termo que dê uma noção tão próxima do que seja na aparência quanto este, fica esse mesmo. É algo sobre o qual já falei neste blog: a minha capacidade de perder completamente o interesse por pessoas pelas quais fui durante muito tempo, absolutamente apaixonada, sem que esta paixão seja no sentido romântico da palavra.

Eu não quero ser assim, porém ainda sou assim. Mudar um comportamento em mim implica em muita conversação interna e muitos acordos. São tentativas e tentativas; fracassos sobre fracassos para se chegar a um novo lugar interno. Demanda tempo, paciência, tolerância e perseverança.

E mudar implica em não ter verdades absolutas. Tenho verdades; e por mais que - passional que sou - elas sejam anunciadas com força a convicção fazendo parecerem absolutas, sei que não o são. O problema é que só eu sei. Assim como sei que em algum momento do meu percurso vou me questionar sobre elas; vou me perguntar: “será mesmo verdade”? E ao fazer isso cederei no meu pseudo absolutismo e começarei a buscar possibilidades de verdades, que se transformarão em caminhos alternativos para mim. E é nesse momento, quando alternativas diferentes se abrem, que eu mudo de posição, retrocedo, volto atrás, desdigo o que disse, peço desculpas, tento refazer o meu caminho. Só que as pessoas entendem o que é o resultado de um briga ferrenha interna como “exagero”, “drama”, "charme", algo que dá e passa. E ao fazerem isso passam a ter verdades absolutas sobre quem sou ou como sou. As mesmas verdades que eu não possuo...

O que possuo são limites. Mesmo errando, mesmo prejudicando o outro e a mim mesma, existem “lugares” aos quais não me permito ir, pois aí já é questão de caráter e índole e estes, em minha opinião, são muito mais difíceis de serem transformados.

Talvez fosse mais cômodo para mim mesma que me transformasse em silêncio. Mas tá ai algo que não consigo fazer: fingir que não sinto o que sinto, representar um papel. Eu falo o que sinto, na hora que sinto. Só que em mim nem os sentimentos são imutáveis... Por conta disso as pessoas me cobram uma constância que me é impossível, principalmente por não ver problema algum em sentir raiva dentro do amor, gana dentro da alegria... Sentimentos que até podem ser contraditórios, mas que coexistem dentro da gente em relação a uma mesma coisa. E isso está ligado a procurar viver de acordo com as coisas que acredito. E acredito piamente que estamos nessa vida para nos transformarmos em algo melhor, mesmo que esse processo implique em muito erros, enganos, desilusões e dor. Só que isso só pode acontecer se não escondermos em baixo do tapete o pior de nós mesmos.

É assim que eu sou e é assim que gosto de ser: sem compromisso ferrenho com as minhas verdades.

Mutante.

24 de novembro de 2006

 

O nosso fim

Existe limite para que nos despedacem o coração? Aliás, como pode um órgão sem qualquer osso, partir-se assim tanto e tão amiúde? E como pode ainda, partindo e partindo, doer tanto e tanto e cada vez mais? Doer a ponto de quase nos enlouquecer...

Eu tentei... Deus! Como tentei manter apto o coração para o amor e a amar-te apesar de... Porém hoje recebi o golpe de misericórdia que deu fim a essa nossa história agonizante e, já há muito, cambaleante.

Chega né? Chega.

A minha dor não se traduz em palavras... As lágrimas que derramo correm quentes pelo meu rosto e selam em meus lábios o silêncio que se apossou de mim em relação a você. Já não existe nada que possa ser dito entre nós que reverta o nosso fim. Ele chegou de fato.

Sim, eu vou sobreviver; sempre sobrevivo. Só não me peçam para amar e confiar novamente; nem como “homem” e nem como "amigo"; isso não me sinto mais capaz de fazer. Sequei.

Afetos são sinceros, mas são apenas afetos e está bom que seja assim.

21 de novembro de 2006

Publiquei um dos meus contos preferidos no "Nas Asas das Palavras"

Ele faz parte de uma série de contos intitulada: sobre azul, que alguns acham que merecem virar um livro de contos.

Gostaria imensamente que vocês fossem lá lê-lo, e que me dessem suas opiniões sinceras sobre o conto.


Obrigada!

20 de novembro de 2006

 


Eu nunca achei que fosse escrever isso um dia aqui da mesma forma que você nunca achou que fosse ler isso neste blog, ou ouvir da minha boca, mas a verdade tem de ser dita.

Não sei se é duradouro, não sei se é pra valer, não sei nem como será, com quem será ou se será, mas é fato:

Ando com vontade de casar!!!!


Pronto falei!

19 de novembro de 2006

 



Eu sou um samurai!


Estão dentro do carro. Ela está de lado no banco do passageiro, uma perna dobrada sobre o corpo, ele está deitado com a cabeça encostada em seu no peito. Com a mão direita ela lhe massageia o nariz; compenetrada, está num estado flutuante de atenção que pretende captar as emanações afetivas que escapavam ao seu toque. No aparelho um CD de músicas celtas os embalava.

Pela janela aberta atrás de si entra um pequeno mosquito que vai de encontro ao vidro da frente do carro e, como é característico dos mosquitos, começa a tentar sair por ali. Ela, no estado de consciência dilatado em que estava, percebeu a sua entrada e com os dedos da mão que estava livre começou a tentar capturá-lo para o pôr para fora, uma vez que sabê-lo ali, naquela luta insana, acabou por lhe tirar a concentração. Tentou uma, tentou duas, tentou três vezes e nada, o danadinho lhe escapava sempre por entre os dedos.

Ele continuava recostado nela e absolutamente alheio ao que se passava logo ali atrás, pois graças a anos e anos de treino, ela seguia massageando-o como se nada de diferente estivesse acontecendo. Foi então que ela se lembrou dos filmes onde os samurais japoneses, como parte do treino de concentração e prontidão, tinham de capturar insetos voadores usando o hashi – pauzinhos japoneses - e sentiu que devia agir sob o mesmo princípio. Concentrou-se no mosquitinho e nas pontas dos seus dedos e quando proferiu em voz alta: “eu sou um samurai!” capturou de imediato, soltando-o do lado de fora do carro.

Voltou-se novamente para ele a tempo de o ver virar-se para olhá-la com olhos absolutamente espantados que denunciavam que ele provavelmente se perguntava: “mas que inventou essa maluca agora”? Ela caiu na risada e ele a acompanhou. Quando conseguiu fôlego para explicar-se ambos precisaram de tempo para conseguirem parar de rir e retomarem o que estavam fazendo.

Já com a mão no nariz dele e entrando no estado de atenção flutuante mais uma vez, ela bem disse em voz alta o fato de não fazer tipo ou pose, pois se esse fosse o caso, a máscara teria caído naquele dia. Sorte dela é que a única coisa que afirma sobre si mesma é: “eu não sou normal”. Ele concordou.

16 de novembro de 2006

 

E é assim que imagino o martelo que tem me acordado nos últimos dias, ele todo feliz por estar cumprindo sua missão e eu querendo mais é que ele martele o dedo de quem começa o dia empunhando-o e acordando a vizinhança toda.

Devia ter uma lei que só permitisse martelar depois das 13:00 horas.

E imagina ai o meu mal humor TPeMico com essas façanhas?

Pra ajudar a panturrilha levemente distendida hoje danou-se de vez subindo a escada e agora mal consigo pisar no chão. Fala sério! Começo a desconfiar que tenho uma relação cármica com essa escada...

15 de novembro de 2006

Amor, o nosso Deus de pés de barro.


Num dos trabalhos que faço estamos aprofundando a discussão em torno do amor e isso começou pela desmistificação do ideal romântico criado para manter e efetivar o poder, tanto nominal quanto econômico, e que acabou por substituir Deus na atualidade, se tornando, na nossa compreensão, a única e imprescindível forma de sermos felizes. Pede-se ao amor hoje em dia o que se pedia a Deus antigamente. Espera-se que o amor nos faça sentir todo o prazer e satisfação que antes obtínhamos de várias fontes.

Isso se tornou algo tão sério e internalizado que hoje nos medimos - e somos medidos - no nosso valor pessoal pela nossa capacidade em conquistar e manter alguém. Você pode ser ótimo em todas as áreas da sua vida, mas se for solteiro provavelmente se sentirá como uma grande porcaria, e o contrário também se aplica: uma pessoa pode ser a expressão absoluta da mediocridade em todos os aspectos da sua vida, e no entanto, se conseguir manter relacionamentos estáveis e duradouros é bem provável que tenha de si - e que tenham dela - uma avaliação muito positiva.

Só por ai podemos começar a pensar o preço que nos cobra esse ideal de amor inatingível que colocam e assumimos como meta das nossas vidas. Um amor que tem de ser heróico a ponto de justificar o abandono de nós mesmos em função de sermos completamente satisfeitos pelo outro e, já não bastasse isso, pela responsabilidade de satisfazê-lo com igual plenitude. Sim, porque nesse amor temos de ser o ar que ele respira tanto quanto ele tem de ser o nosso. E isso se aplica às variações de "concessões" que fazemos e que a principio usamos para justificar aos nossos próprios olhos nos dizendo que permitimos que o outro tenha uma existência própria sim. Permitimos, porém desde que essa existência seja entranhada pela nossa, quiçá subjugada. Ambos podemos trabalhar, mas o trabalho jamais pode ser mais importante do que as nossas existências e jamais suplantar as nossas necessidades; é lícito que se tenha diversão, no entanto, desde que, de longe ou de perto, sejamos, mutuamente, o passatempo preferido um do outro. E isso só para dar uma parca idéia do que falo.

Se você ainda não conseguiu perceber porque esse ideal de amor é inatingível eu simplifico e conto: porque esperamos que o outro faça por nós o que só nós podemos fazer e, principalmente, porque nos propomos a fazer pelo outro o impossível.

O que o amor nos assegura então, configurado desta forma é, 99% das vezes, frustração por não termos nossas necessidades atendidas e impotência ao percebemos que nem com nossos melhores esforços conseguimos atender as necessidades alheias.

E isso acontece não é por maldade alheia ou incompetência nossa não. Acontece porque nossas necessidades se transformam e novas se criam constantemente em acordo com a nossa psique que é mutante. Então, por melhor que seja a intenção que se tenha a única coisa certa é que frustrações e impotência sempre farão parte de qualquer relação amorosa, porém naquela que é baseada em falsas premissas a quantidade acaba por ser massacrante e nos faz sentir uma infelicidade profunda.

O que concluímos após essa primeira rodada de discussões é que o amor – não romântico, mas de fato – só pode acontecer quando cada um se incumbe da responsabilidade de se fazer feliz e se propõe a compartilhar com o outro esse processo de conquista, até contando com a sua colaboração efetiva para que a felicidade ocorra sem, no entanto, depositar sobre os ombros alheios a obrigação de nos fazer feliz.
 

E desta vez a TPM é raivosa, ou seja, o slogan é: estou na TPM, não é impressão: eu mordo!

Impressionante como tudo irrita e faz despertar o gênio bravio. E sim, lágrimas existem, mas são de pura gana. A melhor coisa que tenho a fazer é me afastar de tudo e todos, pois a probabilidade de eu comprar uma briga enorme por bobagem é de aproximadamente 99,99%.

Então se você está pensando em me procurar para conversas difíceis ou até desabafar, saiba que o que pode receber de volta é algo muito diferente do esperado, mas talvez até mais precioso desde que você não se assuste com a minha irritação característica do período.

13 de novembro de 2006

 



Nesta minha retomada profissional, um dos temas mais recorrentes com o qual tenho me deparado é aquele que fala do quanto as pessoas insistem em permanecerem numa estória que não vai “dar em nada”, por que se recusam a encarar que desperdiçaram tempo e energia investindo numa “barca furada”.

É muito mais difícil abrir mão dos sonhos e das expectativas, mesmo que frustradas, do que da realidade. Isso faz com que as pessoas insistam em tentar e tentar e tentar até não agüentar mais, mesmo quando tudo evidencia que o melhor seria deixar para lá e seguir em frente, porém em outra direção. Mas não, elas acham que não podem “desperdiçar” o que já investiram e seguem lá, insistindo. Não se dão conta que estão se desperdiçando mais ainda já que raramente a insistência muda o rumo de uma história. Quando olham para trás e avaliam a própria vida, reconhecem que teriam ganhado muito mais em desistir e ter ido cuidar de fazer outra coisa.

Com isso concluí que desistir nem sempre é sinal de fraqueza, muito pelo contrário: é sinal de inteligência emocional.
 

Esta é a árvore que tem defronte à minha casa. A foto não é nítida porque foi feita com o celular, mas dá pra perceber pequenos pontos amarelos nela né? São pequenas e delicadas flores que nascem e perfumam de tal jeito, que me pego respirando mais fundo inúmeras vezes no dia só para sorver do aroma. É um permufe delicado e nada enjoativo, mas tão penetrante que qualquer pessoa que chega aqui se questiona de onde virá, sem se dar conta que é da árvore.

E nem sonho como chama essa árvore, porém, com certeza, terei muitas delas plantadas ao derredor da casa que construirei, pois para mim é esse o cheiro do paraíso.

12 de novembro de 2006

 

Vou deixar Deus falar por mim:

Gêmeos:

12 novembro 2006

O mais importante relacionamento não é o que você mantenha com outras pessoas, mas o que estabelecer com sua própria alma, com aquele morador interno que, das profundezas do coração, guia seus passos pelo melhor caminho possível.


Quiroga

11 de novembro de 2006

 

Tal Fênix

Essa noite refleti profundamente e percebi que sou dona absoluta do meu destino e que só é importante para mim o que deixo ser importante. Sou senhora aboluta dos meus pensamentos e sentimentos.

Então fiz uma limpeza total, completa e absoluta de tudo o que dentro de mim me atrapalhava empacando a minha vida, tomando uma energia que preciso usar todinha para ser feliz. Perdoei a mim mesma por todos os meus erros e enganos; zerei todas as ilusões que tinha em aberto e que causaram os meus desarcetos emocionais, aceitei todos os meus insucessos, sorri de todas desilusões e deixei o passado no passado.

É como se eu tivesse feito uma formatação interna: desinstalei tudo e reinstalei de novo, só que tudo livre de conteúdos negativos. Todas as pessoas que um dia fizeram parte da minha vida hoje estão aqui novamente, só que zeradas, nada sinto por elas para além de amor e carinho. Os vírus da mágoa e do ressentimento foram retirados e reforcei o anti-vírus por que não quero morrer de câncer. A raiva foi armazenada de forma que se libere apenas constelada enquanto "santa ira", que preserva e não destrói. As tristezas não têm como serem evitadas, porém virão em quantidade limitada de lágrimas.

Já a alegria, a docilidade, o sorriso largo, a risada divertida, o abraço aconchegante, a capacidade de compreender e não julgar, a capacidade de perdoar e esquecer, a de recomeçar depois de cada tombo, a força de seguir em frente sempre, a paciência, a marotice, a molecagem, a festividade, a prosperidade no sentir, a fé, a confiança, a lealdade, a sinceridade, a sensibilidade, a sensualidade, a sexualidade e a capacidade de amar sempre mais e mais e mesmo que a todos pareçam impossível estão em mim agora dispostas de forma a serem facilmente acessadas e usadas não apenas por mim, mas por todos os que quiserem usufruirem do que tenho de melhor.

Essa sou eu. Essa é a vida que quero e terei para mim e que oferecerei à todos que me cercam: rica e abundante em todos os sentidos.

Todas as mesquinharias estão e ficarão do lado de fora.

Uma nova vida para uma velha Marie.

Bem vindo à minha nova vida!

6 de novembro de 2006

 

Reflexões...


Quanto mais reflito sobre as pessoas que praticam a patrulha moral, mais concluo que esse tipo de gente é quem são os verdadeiros demônios que habitam o nosso mundo, uma vez que são os que portam o mal dentro de si e os projetam nas ações alheias ininterruptamente, considerando-as sempre de maneira pejorativa. É lugar comum na psicologia o conhecimento de que só se consegue reconhecer no outro aquilo que existe dentro de nós. Isso me faz lembrar o que acontece com a laranja podre num cesto cercado por frutos sadios: sozinha ela consegue apodrecer todas as demais, por isso é retirada. Digo isso por serem essas pessoas tão malévolas e prepotentes, que se colocam acima de Deus – aquele mesmo que geralmente batem no peito para dizerem que amam e respeitam – considerando errado, feio e pecaminoso aquilo que Ele criou. Sim, porque o sexo e o prazer que lhe é inerente são obras divinas.

Foi Deus quem escolheu esta como maneira ideal de nos reproduzirmos e perpetuarmos a espécie; e também foi Ele quem achou que isso deveria ser feito com uma gama de prazer intenso. Resumidamente, foi Deus, e não o homem, quem criou a sexualidade como ela é, do mesmo jeito que criou em mim terminações nervosas tão sensíveis que são capazes de me fazer ficar plenamente excitada a um simples sussurrar de voz grave ao pé do ouvido. Foi Deus, não eu.

Mas o homem, sempre de posse da sua total ignorância e prepotência, dá um jeito de corromper o que é divino transformando o que é sagrado em promíscuo. Sim, pois o sexo associado ao amor romântico é criação do homem e não de Deus. Isso se comprova percebendo que somos capazes de sentir tesão simplesmente imaginando uma cena sensual com alguém que sequer conhecemos. E Deus nos fez assim por ter pensado em tudo, até na possibilidade de um dia só restarem sobre a terra um homem e uma mulher que não conseguem se amar, mas que mesmo assim, terão a incumbência de recomeçarem a humanidade, e já sabe né? Se ambos não se excitarem não ocorre penetração e nem a conseqüente fecundação, ou seja, nada de filhinhos a caminho. Aliás, me ocorreu agora que a bíblia nunca mencionou que Adão e Eva amavam-se. Adão foi feito - e Eva também - e postos no paraíso. Era só o que tinham: um ao outro; o amor estava fora dessa história. Deus não disse a eles: “amai-vos”, mas sim: “Crescei e multiplicai-vos; e não comei dos frutos da árvore proibida”. Nada, nem uma vírgula sobre o amor. Isso para quem crê ser essa a história do desenvolvimento humano. Eu não creio.

Acredito na evolução do Homo Sapiens e aí sim vejo Deus em toda sua sabedoria, pois Ele nunca associou o “crescei e multiplicáivos” à fidelidade e ao amor. Se acompanharmos a história da evolução humana, vamos descobrir que é apenas na idade média que - e vinculada à idéia de que o senhor feudal precisava garantir que sua herança seria desfrutada unicamente pelos seus legítimos herdeiros - se associa a idéia de fidelidade ao casamento. Porém como isso não teve muito resultado a principio, precisaram criar uma forma de incutir esse conceito de maneira definitiva nas pessoas, o que foi alcançado com êxito no momento em que associaram o casamento e à fidelidade o ideal de amor romântico. Com isso fica fácil perceber que o que os moralistas defendem como uma forma lícita espiritualmente de se fazer sexo, porque validada pelo amor, é criação dos homens e não de Deus e pior: algo criado apenas para atender a uma necessidade materialista, ou seja, nada tem a ver com o espiritual.

E, no entanto, o que mais me choca é a hipocrisia com que essa gente perpetua essa farsa achando que são morais só porque fazem sexo dentro do casamento, mesmo que este seja sem amor. E o fazem apenas por que está escrito num papel – o que faz com que o casamento mais se assemelhe a uma escritura de propriedade do que com qualquer outra coisa. Afinal é sabido que em mais de 80% das relações que se perpetuam como estáveis até o fim da vida, que isso não acontece em nome do amor e sim de outros interesses e até mesmo do comodismo. É desta forma que as pessoas conseguem se enganar quanto a que fazer sexo com um parceiro fixo, mesmo que sem amor, seja menos promíscuo do que fazê-lo com alguém por quem se esteja genuinamente interessado, mas com quem não se tem nenhum compromisso firmado, pois ainda não se sabe se é amor o que se sente; e mais: atribuem isso à Vontade Divina. Mas será? Será mesmo que Deus, tão perfeito e magnificente, vai se deixar enganar pela cupidez humana e se permitir submeter às nossas enganosas leis? Não né? Não!

Explico tudo isso para justificar porque para mim estes são os verdadeiros demônios da humanidade, denunciando os mecanismos nos quais elas se engendram e através dos quais nos julgam e rotulam. Eles não são “o grande e visível mal” que podemos combater com prisões, educação e resoluções econômicas. São o aparente “pequeno mal” que habita nossas vidas e moram, às vezes, dentro das nossas casas, ou as visitam com freqüência. Para dar-se cabo desse mal é preciso primeiro tomar consciência da sua existência dentro de nós e segundo, perpetrar uma reforma íntima baseada numa reeducação afetiva que e muito mais difícil de empreender do que qualquer outra coisa nessa vida, já que exige vigilância constante e capacidade de reconhecer a nossa capacidade de nos enganarmos conosco mesmo. Este é o mais nocivo dos males, pois se insinua nas pequenas ações cotidianas e contamina com desamor e baixa auto-estima a vida das pessoas. É o mal que nega um abraço e uma palavra de consolo. É o mal que destrói continua e cotidianamente as vidas das pessoas ao seu derredor, sem usar uma arma.

Aqui na internet, vez ou outra essas pessoas aparecem através de e-mails e comentários grotescos que tentam atacar as pessoas em suas fragilidades. E-mails e comentários anônimos, é claro, pois uma das sabidas características do diabo é agir sem jamais mostrar sua verdadeira face. E fazem isso porque provavelmente são justamente aquelas pessoas conhecidas no meio pelas mensagens bonitinhas e inofensivas que mandam e que no anonimato conferido pelo computador, enviam mensagens onde evidenciam a sua verdadeira personalidade.

Eu nunca recebi essas mensagens, mas não entendo a política do deixar para lá que a grande maioria das pessoas adotam, pois no meu mundo o mal jamais vence o bem uma vez que ele jamais se cala ou se submete.

Para finalizar quero dizer que não acredito que a maioria aqui seja do mal, acho que são mesmo é pessoas que optam por levar vida de gado. Penso que são, na verdade, como vasos cheios de terra e adubo prontos para que se plantem neles, fazendo assim com que sejam o que forem as suas sementes. Infelizmente percebemos que dificilmente esta será uma boa lavoura e tão pouco uma boa colheita.